Inspiração providencial - Acil
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Fotos: Josoé de Carvalho<br />
Ano 3 - Número 30 - Distribuição gratuita - JANEIRO 2005<br />
<strong>Inspiração</strong> <strong>providencial</strong><br />
Leão avança<br />
sobre empresas<br />
de serviço<br />
Páginas 3 e 4<br />
Série mostra<br />
o perfil do<br />
Norte do PR<br />
Páginas 10 a 14<br />
Eles fazem a noite acontecer<br />
O que seria dos jovens, dos notívagos e daqueles que gostam de dançar se não fossem<br />
eles, os empresários da noite? Resposta simples, realidade nem tanto. Para os<br />
empresários que fazem a noite de Londrina ser uma das mais agitadas do Estado,<br />
independente do público, a diversão dos freqüentadores exige muito trabalho, que<br />
vara a noite e abocanha também parte do dia. O Jornal da ACIL conversou com os<br />
donos de boates, bares, conveniências e casas de show de Londrina para mostrar a<br />
realidade dessas empresas.<br />
Páginas 14 a 17<br />
Uma frase valeu para<br />
a relações públicas<br />
Fernanda Moreno Silva,<br />
27 anos, um empurrão<strong>providencial</strong>.<br />
Não foi<br />
por menos: a frase<br />
dela foi a vencedora<br />
do concurso cultural<br />
da Londrinatal<br />
2004, que valeu<br />
a ela um apartamento<br />
no valor de R$<br />
50 mil. Fernanda está<br />
de casamento marcado<br />
para outubro. Para<br />
compor a frase, ela se<br />
inspirou na falta que<br />
sentiu de Londrina<br />
quanto morou fora.<br />
Páginas 18 a 22<br />
Esporte de Londrina terá que suar muito em 2005<br />
Páginas 6 a 9
2<br />
EDITORIAL<br />
Um bom ano novo...<br />
Fechamos o ano de 2004 confirmando as expectativas de<br />
crescimento, índices mais que satisfatórios. A inflação ficou<br />
dentro do projetado, o crescimento das exportações foi<br />
recorde absoluto, as indústrias estão trabalhando com alta<br />
capacidade, o comércio fecha o ano com muito movimento e<br />
vendendo bem. A prestação de serviços não está dando conta<br />
de atender a demanda em diversos segmentos. Todos estes<br />
indicadores só não são ainda melhores porque abrimos<br />
janeiro com uma saraivada de imposições de reajustes que<br />
consomem o lucro de qualquer atividade.<br />
É mais que sabido que nenhuma atividade está com<br />
margens de lucros satisfatórias, fruto de um mercado que já<br />
vem recessivo há muito tempo e de uma economia controlada<br />
a migalhas. Quando o País começa a dar sinais de<br />
recuperação e fechamos um ano com crescimento e com<br />
indicadores de manutenção desta linha, novamente o governo<br />
em todas as esferas deixa de fazer a sua parte.<br />
Vamos imaginar como se as coisas acontecessem assim:<br />
temos uma empresa, trabalhamos desvairadamente,<br />
contratamos demais e quem quisermos, pagamos sempre os<br />
salários mais altos, por função e não por competência, não<br />
cobramos produtividade nem responsabilidade dos<br />
empregados, oferecemos benefícios muito além do que se faz<br />
no mercado, fazemos o que achamos mais correto, mesmo<br />
que não seja o mais importante nem o necessário para o<br />
momento, compramos indiscriminadamente, não cuidamos<br />
do patrimônio e estamos sempre tendo que reformar e repor,<br />
verticalizamos nossos negócios e não planejamos a longo<br />
prazo, ajudamos os conhecidos, amigos, parentes com favores<br />
direta ou indiretamente, não discriminamos quem nos trai ou<br />
nos engana, não somos justos com os desonestos, não temos<br />
o melhor produto nem o melhor serviço, mas não temos<br />
concorrência, o mercado é reservado para nós. Fazemos o<br />
nosso preço a partir da somatória dos nossos custos e da<br />
adoção de nossa margem de lucros e crescimento e impomos<br />
estes preços ao mercado que é obrigado a pagar.<br />
Certamente esta situação fictícia na iniciativa privada<br />
seria fadada ao fracasso. O empresário seria chamado de<br />
incompetente e estaria fora do mercado rapidamente, por<br />
mais necessário que fosse o produto ou serviço. Mas, para os<br />
governos, é sempre possível transformar em realidade o que<br />
para o setor privado não passa de ficção. Basta passar a<br />
conta para outro, nesse caso, nós, empresários, prestadores<br />
de serviço e profissionais liberais.<br />
O ano mal se iniciou e temos os aumentos absurdos do<br />
Imposto de Renda para a prestação de serviços, do transporte<br />
coletivo, e outros, IPTU, IPVA, etc...etc...sempre na forma de<br />
tributos, taxas e impostos, inúmeras contas que temos que<br />
pagar em janeiro, sem análise sobre se a capacidade de<br />
pagamento é suportada.<br />
Pois vai a informação oficial: ninguém suporta mais tais<br />
situações. Estão matando as galinhas!<br />
José Augusto Rapcham<br />
FUNDADA EM 5 DE JUNHO DE 1937<br />
RUA MINAS GERAIS, 297, 1º ANDAR,<br />
ED. PALÁCIO DO COMÉRCIO.<br />
LONDRINA – PR CEP 86010-905<br />
TELEFONE (43) 3374-3000<br />
FAX (43) 3374-3060<br />
E-MAIL ACIL@ACIL.COM.BR.<br />
Presidente<br />
José Augusto Rapcham<br />
Vice-Presidente<br />
Rubens Benedito Augusto<br />
Diretor-Secretário<br />
Milton Kazunobo Tamagi<br />
Segunda Diretora-Secretária<br />
Juliana de Souza<br />
Diretor Tesoureiro<br />
Francisco Ontivero<br />
Segundo Diretor Tesoureiro<br />
Francisco Henrique Francovig<br />
Diretor Comercial<br />
José Roberto Alves<br />
Segunda Diretora Comercial<br />
Silvana Martins Cavicchioli<br />
Diretor Industrial<br />
Nivaldo Benvenho<br />
Segundo Diretor Industrial<br />
Herson Rodrigues Figueiredo Junior<br />
Diretor de Serviços<br />
Bruno Veronesi<br />
Segundo Diretor de Serviços<br />
Fernando Lopes Kireeff<br />
A<br />
n<br />
SSOCIADOS<br />
o v o s<br />
Presidente do Conselho<br />
da Mulher Empresária<br />
Helenida Taufik Tauil<br />
da Costa Branco<br />
CONSELHO DELIBERATIVO<br />
George Hiraiwa, Eduardo<br />
Yoshimura Agita, Nestor Dias<br />
Correia, Brasílio Armando<br />
Fonseca, Leonardo Makoto<br />
Yoshii, Cristiane Yuri Toma<br />
SUPLENTES - Marcelo<br />
Massayuki Cassa, Nasser<br />
Hassan El Kadri, José Mario<br />
Tarozzo<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
Araci De Fatima Cabral Massariol .................................................................................................................................... Topcafé E Cia.<br />
Borges E Prado Ltda. ........................................................................................................................................................... Smart Celular<br />
Ca Moraes Calhas. ................................................................................................................................................. Funilaria Celso Calhas<br />
Classy - Gran Marmores E Granitos Ltda. ......................................................................................... Classy Gran Marmores E Granitos<br />
Cleomodas Presentes Ltda ....................................................................................................................................................... Cleomodas<br />
Danielle Fonseca Matter Pereira .............................................................................................................................................. Mega Ótica<br />
Dayanne Mendes Ferreira ............................................................................................................................................... Mercado Aliança<br />
E. De Peder Confecções<br />
Franco Marmores E Acabamentos Ltda - Me ................................................................................................................... Londrimarmore<br />
Galenika - Ind. E Comércio De Cosméticos Ltda. ...................................................................................................... Kalya - Cosméticos<br />
Helmut Baer Junior E Cia Ltda. ........................................................................................................................................ Hb Marmoraria<br />
Jadri Centro De Estética ................................................................................................................................................ Studio V Coiffeur<br />
L M. Romagnolli E Cia Ltda .................................................................................................................................... Marmoraria Athenas<br />
Luiz Carlos Santa Clara ........................................................................................................................................................... Santa Clara<br />
M3 Injection Ind. E Comércio De Prod. Automotivos Ltda .................................................................................................. M3 Injection<br />
Manancial Embalagens Ltda ................................................................................................................................ Manancial Embalagens<br />
Marcelo Passarella ................................................................................................................................................................... Phone.Com<br />
Moda 10 Confecções Ltda. ...................................................................................................................................... Moda 10 Confecções<br />
Moreno Telecomunicações Ltda. ................................................................................................................................ Londricel Celulares<br />
Ns Industria De Comércio De Pedras Ltda ............................................................................................................................ Stone House<br />
Ottimus Comércio De Roupa Lta. ...................................................................................................................................... Ottimus Moda<br />
Preciosas Promessas Livraria Cristã Ltda ................................................................................... Preciosas Promessas Produtos Cristãos<br />
Raquel O. Pinho E Amaral Ltda. .................................................................................................................................... Galeria Do Carro<br />
Regivaldo Rodrigues Confecções Me ............................................................................................................................. Loja Marcelinha<br />
Reinaldo Alves Azevedo - Lanchonete ............................................................................................................................... Torrada‘S Bar<br />
Rosemary Mariko Hirayama .................................................................................................................................. Upper Vídeo E Games<br />
Silvania Manoel De Oliveira ..................................................................................................................... Silvania Corretora De Imoveis<br />
Sirval Sindicato Reparação Veicilos ................................................................................................................................................ Sirval<br />
Souza E Cristovão Ltda. ..................................................................................................................................................... Hi-Tec Motors<br />
Turbay E Polonio Ltda ...................................................................................... T E P Assessoria E Consultoria Comércio Exterior Ltda<br />
Unidental Com. De Mat. Médicos E Odontológicos Ltda. ......................................................................................................... Unidental<br />
Verônica Mara Romanelli .......................................................................................................................................... Cefas - Marmoraria<br />
D. Campos e Castro Ltda ........................................................................................................................................................ Castrofarma<br />
Horizonte Tintas Ltda ..................................................................................................................................................... Horizonte Tintas<br />
Euclides Nandes Correia .............................................................................................................. Pontocon Contabilidade e Consultoria<br />
Elizabete Cremonini Veggiani .......................................................................................................................................... CLV Celulares<br />
José A. Garcia Armarinhos ......................................................................................................................................... Byke Center Garcia<br />
Adesivos e Etiquetas Ricovale Ind. E Com. Ltda ........................................................................................................................ Ricovale<br />
Irmãos Martins Empreendimentos S/C Ltda .............................................................................................. Vai e Vem Entregas Rápidas<br />
Paulo Roberto Martins Tristão ........................................................................................................... Dominium Assessoria Empresarial<br />
J.P.S. Alves Cia Ltda ....................................................................................................................................................... Imperial Móveis<br />
Geo Travel Agência De Viagens E Turismo Ltda - Epp ....................................................................... Geo Travel Agência De Viagens<br />
Associação de Pais e Mestres do Col. Est. Vicente Rijo .............................................................................. Associação De Paes Mestres<br />
O “Jornal da ACILé uma publicação da Associação Comercial e Industrial<br />
de Londrina. Distribuição gratuita. Correspondências para o<br />
“Jornal da ACIL”, incluindo reclamações e sugestões de reportagens,<br />
devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo e-mail<br />
roberto@acil.com.br.<br />
Coordenação e edição<br />
Roberto Francisco<br />
Fotografia<br />
Josoé de Carvalho<br />
Colaboradores<br />
Fábio Cavazotti<br />
Fernanda Mazzini<br />
Jaime Kaster<br />
Márcio Leijoto<br />
Diagramação e<br />
tratamento de imagens<br />
Alessandro Camargo<br />
Impressão<br />
Jornal de Londrina<br />
Tiragem
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
CARGA TRIBUTÁRIA<br />
Mordida silenciosa e feroz<br />
Silvio Oricolli<br />
Especial para o Jornal da ACIL<br />
“Uma mistura de imoralidade e<br />
inconstitucionalidade.” Essa é a<br />
definição que o advogado<br />
tributarista Frederico de Moura<br />
Theophilo dá à Medida Provisória<br />
232, editada no dia 30 de dezembro,<br />
que surpreendeu e decepcionou<br />
os empresários do setor de<br />
prestação de serviços. Com a medida,<br />
a carga tributária – Imposto<br />
de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ)<br />
e Contribuição Social sobre Lucro<br />
Líquido (CSLL) – calculada sobre o<br />
lucro presumido ficou 25% maior.<br />
Para Theophilo a elevação de 32%<br />
para 40% da base de cálculo do<br />
IRPJ e CSLL é “imoral”, enquanto a<br />
obrigatoriedade de pagamento da<br />
CSLL e do IRPJ sobre ganho de<br />
grandes empresas, com participação<br />
acionária no exterior, de acordo<br />
com as variações cambiais, é<br />
“inconstitucional”.<br />
O presidente do Sindicato das<br />
Empresas de Serviços Contábeis,<br />
Assessoramento, Perícias, Informações<br />
e Pesquisas de Londrina<br />
(Secon-LDA), José Joaquim Martins<br />
Ribeiro, assegura que os<br />
prestadores de serviço não têm<br />
condições de absorver novos custos,<br />
que terão de ser divididos com<br />
os clientes. “Por exemplo, no caso<br />
dos contadores, não há mais espaço<br />
para absorver o aumento pela<br />
margem pequena de ganho e nem<br />
como repassar aos clientes, que se<br />
encontram em situação delicada,<br />
tanto que atualmente, o setor convive<br />
com uma inadimplência muito<br />
alta”, constata. Tanto o presidente<br />
do Sescon_LDA como o tributarista<br />
Theophilo prevêem que a ganância<br />
do governo em aumentar a receita<br />
tributária terá dolorosos efeitos<br />
colaterais, a começar pelo desemprego.<br />
“Até por uma questão de<br />
sobrevivência, o setor terá de demitir,<br />
como forma de reduzir custos”,<br />
alertam.<br />
Ribeiro diz que o impacto da<br />
medida sobre o prestador de serviços<br />
seria menor se pudesse reajustar<br />
os honorários na mesma<br />
proporção imposta pelo governo,<br />
ou seja, em 25%. “O governo pegou<br />
pesado e vai complicar a vida de<br />
muita gente, justamente no setor<br />
MP 232, editada pelo governo na virada do ano, é<br />
definida por especialistas como “imoral” e “inconstitucional”<br />
“O governo pegou pesado e vai complicar<br />
a vida de muita gente, justamente no<br />
setor que mais emprega no País”<br />
José Martins Ribeiro<br />
que mais emprega no País” analisa<br />
o presidente do Sescon-LDA.<br />
Segundo ele, o governo ao mexer<br />
na base de cálculo da tarifa, que<br />
passou de 32% para 40%, causou<br />
impacto de 25% no valor que o<br />
empresário terá de recolher. Ribeiro<br />
exemplifica: na tabela passada,<br />
sobre o lucro de R$ 100 mil, o<br />
empresário previa ganho de R$ 32<br />
mil, ou seja, 32%, sobre o qual<br />
recaia os 15% do tributo,<br />
totalizando R$ 4,8 mil; com a MP<br />
estabelecendo os 40%, o lucro presumido<br />
passa para R$ 40 mil, o<br />
que resultará em R$ 6 mil. “É muita<br />
coisa”, conclui.<br />
MEDIDA ANTIÉTICA - Para o<br />
tributarista Frederico Theophilo, o<br />
objetivo do governo com a MP 232<br />
é tão-somente aumentar a carga<br />
tributária sobre as empresas<br />
prestadoras de serviço. “Uma medida<br />
dessa só pode ser gerada por<br />
incompetência ou por falta de ética.<br />
Como quem a elaborou não é<br />
incompetente, é, portanto, aético.<br />
É um ato que, numa análise mais<br />
profunda, ofende até a moralidade<br />
pública”, desabafa o advogado.<br />
“O aumento da carga tributária<br />
é imoral e ainda fere o princípio de<br />
igualdade, porque é o organizador<br />
da produção que acaba taxado no<br />
3
4<br />
“Uma medida dessa<br />
só pode ser gerada<br />
por incompetência<br />
ou por falta de ética.<br />
Como quem a elaborou<br />
não é incompetente,<br />
é, portanto, aético”<br />
Frederico Theophilo<br />
País. O justo seria que o empregador,<br />
que corre todo o risco, tivesse<br />
uma carga tributária menor que a<br />
dos empregados, porque é ele que,<br />
independente de qual seja a situação,<br />
terá de pagar os salários. Mas<br />
essa é uma questão muito difícil de<br />
ser discutida no Judiciário, que se<br />
tornou um apêndice do Poder Executivo,<br />
pois endossa tudo o que o<br />
governo faz. Por isso, estamos órfãos<br />
Outro aumento que teve impacto<br />
direto sobre os custos das<br />
empresas foi o do valor da tarifa<br />
do ônibus urbano de Londrina,<br />
que passou de R$ 1,60 para R$<br />
1,90, em conseqüência do reajuste<br />
de 18,75% autorizado pela<br />
Prefeitura e que está em vigor<br />
desde o dia 9. O segmento de<br />
confecções, por exemplo, que tem<br />
175 empresas e emprega cerca<br />
de 5 mil funcionários na Cidade,<br />
segundo o Sindicato das Indústrias<br />
do Vestuário do Estado do<br />
Paraná (Sivepar), já contabiliza<br />
os efeitos negativos sobre a margem<br />
de ganho. Dependendo da<br />
área, podem ocorrer até demissões<br />
para diminuir o prejuízo.<br />
Laércio João Rockenbach, proprietário<br />
da Clarear<br />
Beneficiamento de Confecções,<br />
que tem 200 funcionários, avalia<br />
que o impacto para a empresa foi<br />
muito grande, especialmente pela<br />
dificuldade que terá de repassar<br />
o aumento dos custos aos seus<br />
clientes. “A verdade é que estamos<br />
em um mercado onde a competição<br />
é globalizada, o que dificulta<br />
o repasse dos custos”, pondera.<br />
Pelos cálculos de Rockenbach, o<br />
aumento de R$ 0,30 no valor da<br />
tarifa representou acréscimo de<br />
15,46% no gasto com o vale-transporte<br />
na empresa, que passou de<br />
2,78% para 3,21% sobre o<br />
de algo que poderia assegurar os<br />
nossos direitos. Este é o sentimento<br />
de todos nós, juristas”, enfatiza o<br />
tributarista.<br />
MALDADES - Para Theophilo, o<br />
argumento utilizado pelo governo<br />
para editar a MP 232, de compensação<br />
para a queda da receita tributária<br />
que viria com a correção de 10%<br />
na tabela do Imposto de Renda da<br />
Pessoa Física (IRPF), não tem<br />
fundamento. “O governo não está<br />
perdendo nada, pois, ao contrário<br />
do que diz, vinha cobrando<br />
indevidamente, porque a defasagem<br />
do Imposto de Renda é de 46%,<br />
já que a tabela está sem correção<br />
desde 1996”, argumenta o advogado,<br />
ao acrescentar que, em vez de<br />
ter redução de R$ 1,8 bilhão com a<br />
correção do IR, como apregoa<br />
setores do governo, com a medida<br />
editada no final do ano, haverá lucro<br />
de R$ 4 bilhões.<br />
“Os 10% de correção do Imposto<br />
de Renda, como o governo anunciou,<br />
nem de longe recuperam a<br />
defasagem da tabela. Então, a título<br />
de pacote de bondade, o governo<br />
anunciou um saco de maldades,<br />
Ônibus mais caro engole<br />
parte do faturamento<br />
faturamento bruto da Clarear.<br />
“Como se pode ver, o impacto é<br />
grande, porque é preciso considerar<br />
que ele se soma a outros, como<br />
o aumento da carga tributária sobre<br />
o lucro presumido das empresas<br />
prestadoras de serviço, como é<br />
nosso caso, e também a alta do<br />
preço da matéria-prima, que não<br />
acompanha a queda do dólar. Isso<br />
causa um transtorno nos custos”,<br />
diz. Com margem de lucro reduzida,<br />
em torno de 5%, quando o ideal<br />
seria 10%, pela análise do empresário,<br />
e como o mercado não tem<br />
condições de assimilar o repasse do<br />
aumento da tarifa do transporte<br />
coletivo, Rockenbach, que também<br />
é secretário do Sivepar, diz que o<br />
empresário fica “de cabelo em pé”,<br />
porque tem de reduzir custos para<br />
poder continuar no mercado. “E<br />
isso significa redução de mão-deobra<br />
e de salário do pessoal.”<br />
De acordo com o empresário, a<br />
esperança é que as exportações<br />
aumentem, o que pode contribuir<br />
para melhorar a situação da indústria<br />
de confecção brasileira,<br />
que atualmente vende apenas 2%<br />
da produção ao mercado externo.<br />
Álvaro Augusto Gerard, assistente<br />
financeiro da Sonhart Confecções,<br />
diz que em comparação<br />
com os R$ 15 mil gastos na compra<br />
de vale-transporte no mês<br />
passado, a empresa teve de de-<br />
porque prejudica o setor terciário,<br />
que é o maior empregador do País.<br />
Por isso, se as empresas não conseguirem<br />
repassar esse aumento, vai<br />
ocorrer a demissão dos que seriam<br />
beneficiados com os dez por cento<br />
na tabela do imposto de renda. É a<br />
lei da sobrevivência, afinal vivemos<br />
em uma selva, sem nenhum direito”,<br />
argumenta.<br />
José Martins Ribeiro diz que, ao<br />
contrário do que o governo anuncia,<br />
a tão falada correção de 10% na<br />
tabela do IRPF não representará<br />
redução significativa para o contribuinte.<br />
Em alguns casos, será nula.<br />
Por isso, não teria impacto tão<br />
grande, como previsto, no resultado<br />
da arrecadação tributária do País.<br />
“No início do ano, até pode ser ocorra<br />
isso, mas depois, com os reajustes<br />
dos salários, a arrecadação desse<br />
imposto será recomposta”, prevê.<br />
Segundo Ribeiro, o empregado<br />
que pagava R$ 75,00 a título de IR<br />
sobre um salário mensal de R$ 1,5<br />
mil, irá recolher R$ 72,90, caso seu<br />
salário seja corrigido em 10% e passe<br />
para R$ 1,65 mil. Se o salário for de<br />
R$ 3 mil mensais, não haverá<br />
sembolsar R$ 18,6 mil para adquirir<br />
os vales deste mês, o que<br />
representa um acréscimo de 24%<br />
ou R$ 3,6 mil a mais. “Isso é<br />
muito, porque o preço dos nossos<br />
produtos não sobe há dois anos”,<br />
compara.<br />
Gerard diz que a Sonhart, que<br />
emprega 530 pessoas em dois turnos<br />
de trabalho, não tem condições<br />
de arcar com mais custos,<br />
considerando que sua margem de<br />
lucro é de 3%. A alternativa é<br />
repassá-lo ao preço dos produtos<br />
que vende em todo o País. “De<br />
uma forma ou de outra, haverá o<br />
repasse, porque a empresa não<br />
tem condições de absorver isso”,<br />
diz.<br />
Segundo Gerard, a empresa não<br />
pensa em demitir funcionários por<br />
causa disso. No entanto, nas futuras<br />
contratações pode dar preferência<br />
para quem mora em Cambé,<br />
porque o preço da passagem é R$<br />
1,65. “Como a Sonhart fica próxima<br />
à avenida Tiradentes, pode ser que<br />
adotemos essa estratégia, como redução<br />
de custos, porque, dependendo<br />
do número de funcionários, a<br />
economia acaba sendo expressiva”,<br />
comenta. Atualmente, quase a metade<br />
dos empregados da indústria é<br />
de Cambé, revela.<br />
(Silvio Oricolli)<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
nenhuma vantagem para o<br />
empregado, que na tabela antiga<br />
recolhia na fonte R$ 401,92: se<br />
tiver um aumento salarial de 10%,<br />
com os vencimentos passando para<br />
R$ 3,3 mil, a retenção do IR passará<br />
para R$ 442,15, pelos cálculos do<br />
contabilista. “Então, prevalece o velho<br />
ditado: o governo dá com uma<br />
mão, mas toma com duas”, ironiza.<br />
CULPA DO EMPRESÁRIO - Ribeiro<br />
diz que o governo adota essas<br />
medidas porque sabe que serão<br />
aceitas passivamente pela sociedade.<br />
“Nós, os empresários, sentimos<br />
os efeitos diretos desse tipo de medida,<br />
no entanto, aceitamos, com<br />
uma ou outra reclamação isolada, o<br />
aumento da carga tributária. Era<br />
preciso que nos uníssemos em busca<br />
de soluções para esse tipo de<br />
problema”, reclama.<br />
Já o tributarista Theophilo defende<br />
que a classe empresarial deveria<br />
ter mais representatividade no<br />
Congresso Nacional para impedir<br />
que o governo continue adotando<br />
medidas lesivas ao setor produtivo,<br />
como a MP 232. “É mais do que<br />
legítimo cobrar do sonegador. Mas é<br />
vergonhoso continuar impondo aumentos<br />
da carga tributária aos empresários”,<br />
sustenta.
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 5
6<br />
ESPORTE<br />
Dinheiro curto,<br />
Com exceção do<br />
handebol, outras equipes<br />
esportivas da Cidade<br />
decepcionaram o torcedor<br />
em 2004. Agora, têm a<br />
difícil missão de se reerguer,<br />
apesar de estarem<br />
começando o ano com o<br />
‘caixa quebrado’<br />
O Londrina Esporte Clube<br />
(LEC) terá a difícil tarefa de reatar<br />
com o torcedor, que ainda está<br />
magoado com o time, devido ao<br />
rebaixamento à Série C. O clube<br />
agora precisa dar a volta por cima<br />
e inicia a sua luta dia 19 deste<br />
mês, quando recebe o Francisco<br />
Beltrão, às 20h30, no Estádio<br />
Vitorino Gonçalves Dias, em sua<br />
estréia no Campeonato<br />
Paranaense de 2005. A meta da<br />
diretoria é que o time se classifique<br />
entre os quatro primeiros do<br />
Grupo B para disputar as quartas-de-final.<br />
“Embora estejamos com um<br />
elenco humilde e barato, com a<br />
maior parte dos jogadores formados<br />
nas nossas categorias de<br />
base, acho que temos condições<br />
até de chegar às semifinais do<br />
Estadual, como fizemos em 2003<br />
e 2004”, diz o presidente do LEC,<br />
Agostinho Garrote. No ano<br />
passado, o time terminou em 4º<br />
lugar no Paranaense e na temporada<br />
anterior havia sido o 3º.<br />
Essas boas campanhas garantiram<br />
a participação do Tubarão<br />
na Copa do Brasil. No ano passado,<br />
neste torneio nacional, a<br />
equipe passou pelo América-RJ<br />
e depois caiu diante do Grêmio-<br />
RS. Este ano voltará à Copa do<br />
Brasil fazendo sua estréia dia 2<br />
de fevereiro, contra o Esportivo,<br />
de Bento Gonçalves (RS). Se<br />
passar, enfrentará Fluminense<br />
Jaime Kaster<br />
Especial para o Jornal da ACIL<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
desafio maior<br />
2004 definitivamente não foi o ano do esporte londrinense. No futebol, o Londrina foi o último<br />
colocado da Série B e caiu para a terceira divisão do Campeonato Brasileiro. O rebaixamento<br />
agravou a crise financeira do clube. No basquete, a equipe que nos últimos oito anos sempre lotou<br />
o Moringão em jogos contra os grandes times do País por pouco não acabou. Com a perda da vaga<br />
no Campeonato Nacional para um time de Curitiba, o Londrina Basquete desmontou o elenco em<br />
novembro e o presidente já ia renunciar quando surgiu um convite da Confederação Brasileira<br />
(CBB) para a equipe jogar o Nacional de 2005.<br />
Até a bela seleção de ginástica rítmica – as meninas que sempre representaram Londrina em<br />
Olimpíadas e Mundiais da modalidade – foi dissolvida, por ordem da Confederação Brasileira de<br />
Ginástica (CBG). O motivo foi a contenção de gastos. Seria um ano perdido não fosse a boa<br />
participação da Unifil na Liga Nacional de handebol. Por isso, 2005 será o ano das equipes tentarem<br />
“juntar os cacos” para recuperarem a confiança da torcida e, esta, recobrar sua auto-estima.<br />
Futebol, com a bola baixa<br />
Agostinho Garrote: “Temos<br />
condições de chegar às<br />
semifinais do Paranaense”<br />
ou Sampaio Correa (MA).<br />
“Dada a situação ruim em que<br />
o clube se encontra, a presença<br />
na Copa do Brasil ao menos é um<br />
estímulo para os jogadores e<br />
projeta o nome do clube na mídia”,<br />
afirma Garrote. As boas<br />
participações do Londrina nesta<br />
competição vêm desde 2002,<br />
quando o time chegou à segunda<br />
fase (perdeu somente para o Cruzeiro,<br />
de Sorín e Edílson).<br />
E a equipe irá para a Copa do<br />
Brasil com o mesmo grupo inscrito<br />
no Paranaense. Fora oito a<br />
nove jogadores mais experientes,<br />
os restantes são ex-juniores<br />
oriundos das categorias de base<br />
do LEC ou de outras equipes<br />
menos expressivas. Com isso, a<br />
responsabilidade por levar o<br />
Tubarão adiante ficará com jogadores<br />
como o goleiro Vilson,<br />
os zagueiros Alex, Rodrigo e o<br />
volante Jean (vice-campeões<br />
estaduais com o Paranavaí em<br />
Mesmo com um elenco barato, com boa<br />
parte dos jogadores formado nas categorias de<br />
base, o LEC planeja chegar à fase final<br />
do Campeonato Paranaense<br />
2003); os laterais Cassiano,<br />
Fabinho e o meia Marcos Cruz<br />
(atletas revelados no LEC); e os<br />
meias Edmilson e Nem (que<br />
tiveram atuação destacada no<br />
clube sob o comando de Freitas<br />
Nascimento, em 2001). Mesmo<br />
que venha a ter limitações técnicas,<br />
o técnico Itamar<br />
Bernardes promete que o time<br />
de 2005 será “aguerrido, unido<br />
e com muita vontade de vencer”.<br />
Se dentro de campo as coisas<br />
parecem estar se encaminhando,<br />
fora dele o clima é<br />
sombrio. O clube tem uma despesa<br />
fixa mensal que chega a<br />
R$ 75 mil, mas ainda não fechou<br />
com nenhum patrocinador.<br />
O prefeito Nedson Micheleti<br />
e a Sercomtel (principal patrocinadora<br />
em 2004) ainda não<br />
receberam a diretoria para conversar<br />
sobre um possível contrato,<br />
a PVC Brazil rompeu com<br />
o clube no ano passado e o<br />
empresário Marcelo Quelho<br />
(grupo CDI) vem encontrando<br />
muita dificuldade para<br />
comercializar cotas de patrocínio<br />
do LEC. “O Londrina vê apenas<br />
os problemas de cada dia e<br />
vem contando com ajudas de<br />
pequenas empresas para conseguir<br />
se manter”, admite Agostinho<br />
Garrote.
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 7<br />
Pelos lados do Londrina Basquete<br />
Clube (LBC) a situação é ainda mais<br />
desanimadora. Após a perda do título<br />
paranaense de 2004 para o<br />
Petrocrystal, de Curitiba, a equipe pévermelho<br />
– que se tornou uma marca<br />
da Cidade e havia sido campeã das<br />
oito edições anteriores do Estadual –<br />
correu o risco de ser extinta em<br />
dezembro. Sem a vaga no Campeonato<br />
Nacional de 2005 (que ficou com<br />
Curitiba), pela primeira vez desde 1996<br />
o time londrinense ficaria sem<br />
calendário. Com isso, obviamente os<br />
patrocinadores – entre eles a TIM e o<br />
Colégio Maxi – não repassariam<br />
qualquer verba à equipe este ano. E aí<br />
restaria na Cidade apenas um time<br />
amador para disputas como a dos<br />
Jogos Abertos.<br />
Diante desse cenário desolador e<br />
do abandono total por parte dos outros<br />
diretores e conselheiros, o presidente<br />
Walter Montagna se cansou de<br />
tocar o barco sozinho e anunciou que<br />
iria renunciar em dezembro, mesmo<br />
sem haver qualquer outro diretor<br />
disposto a continuar o trabalho.<br />
Terminado o Campeonato Paranaense,<br />
no final de novembro o time sofreu um<br />
desmanche completo e foram embora<br />
os principais jogadores que haviam<br />
sido contratados às pressas para tentar<br />
salvar o time, caso dos cariocas<br />
Jamison, Mingão e Victor Mansure.<br />
Dias depois, a diretoria recebeu<br />
uma notícia que foi um alento em meio<br />
às tribulações. A CBB oficializou um<br />
convite para o Londrina participar do<br />
Nacional 2005, divido à sua boa posição<br />
no ranking nacional (8º colocado). Só<br />
que na condição de convidado, o<br />
Londrina teria de pagar<br />
antecipadamente uma cota no valor<br />
de R$ 150 mil, para custear as despesas<br />
das equipes que viriam jogar aqui.<br />
Basquete, com o pé no chão<br />
Após muitas discussões, a Prefeitura<br />
concordou em pagar o valor extra e o<br />
Londrina foi inscrito no Nacional de<br />
2005, que começa no próximo dia 23.<br />
Com essa garantia, o presidente Walter<br />
Montagna voltou atrás e decidiu<br />
permanecer à frente do clube por mais<br />
uma temporada.<br />
Porém, a novela teve novos capítulos.<br />
Como a Prefeitura não depositou<br />
os R$ 150 mil na conta da CBB até o<br />
dia 12 deste mês, o time quase ficou<br />
fora do campeonato de novo. O prefeito<br />
Nedson Micheleti disse que não poderia<br />
mais liberar o valor devido à Lei de<br />
Responsabilidade Fiscal, e a diretoria<br />
voltou a ficar na mão. O impasse e o<br />
Ginástica rítmica,<br />
sem seleção<br />
Outra notícia triste para o esporte<br />
local no ano passado foi a dissolução<br />
da seleção brasileira de ginástica<br />
rítmica (GR) de conjunto, que há<br />
12 anos estava sediada na Unopar e<br />
tinha no seu comando a técnica<br />
Bárbara Laffranchi. As meninas sempre<br />
foram um orgulho da Cidade (afinal,<br />
além da treinadora e de sua<br />
assistente Camila Ferezin, também<br />
eram londrinenses três das seis titulares<br />
que foram à Olimpíada de Atenas:<br />
Dayane Camillo, Jeniffer Oliveira<br />
e Ana Maria Maciel). Mas agora não<br />
levarão mais o nome da Cidade ao<br />
mundo.<br />
Em novembro, Bárbara Laffranchi<br />
tornou pública uma decisão que lhe<br />
foi transmitida pela presidente da<br />
Confederação Brasileira de Ginástica<br />
(CBG), Vicélia Florenzano: como a<br />
seleção de GR não possuía patrocinador<br />
oficial (a exemplo da ginástica<br />
olímpica, que é bancada pela Coca-<br />
Cola), e não teria compromissos internacionais<br />
após os Jogos Olímpicos,<br />
ela seria desfeita.<br />
Diante da negativa da CBG em<br />
Vinícius<br />
Panerari:<br />
“Como não<br />
tínhamos<br />
muitos<br />
recursos,<br />
montamos<br />
um time de<br />
garotos”<br />
O Londrina Basquete Clube vai<br />
disputar o Nacional 2005 com uma equipe<br />
renovada e com idade média de 20 anos,<br />
mas “de muita ambição”<br />
nervosismo dos jogadores só<br />
terminaram no final do dia 12, quando<br />
a TIM decidiu antecipar R$ 150 mil da<br />
verba total de patrocínio (de R$ 250<br />
mil) para bancar a vaga. O orçamento<br />
do time londrinense será<br />
complementado com uma verba de R$<br />
310 mil da Fundação de Esportes do<br />
município (FEL).<br />
Gestão terceirizada<br />
A novidade este ano foi o acerto de<br />
uma parceria com o empresário<br />
maringaense Vinícius Fontana Panerari,<br />
que irá dirigir a equipe de forma<br />
terceirizada. Ele é um dos representantes<br />
no Brasil da Soresport (empresa<br />
espanhola que agencia jogadores de basquete<br />
em toda a Europa) e empresaria,<br />
segundo ele, mais de 30 atletas brasileiros.<br />
Com o contrato assinado, Panerari foi<br />
atrás de jogadores jovens e de salário<br />
acessível e montou uma equipe com média<br />
de idade entre 20 e 21 anos. “A ordem é ter<br />
nos pés no chão. Como não tínhamos<br />
muitos recursos, a saída foi montar um<br />
time de garotos, que, embora contem com<br />
pouca experiência, têm bastante ambição<br />
e isso é importante. E dessa forma Londrina<br />
retorna à sua raiz, que sempre foi a<br />
revelação de talentos, uma marca do técnico<br />
Enio Vecchi.” Panerari compara que,<br />
enquanto os times favoritos ao título nacional,<br />
como Uberlândia e Telemar (RJ) –<br />
equipe montada por Oscar – têm uma folha<br />
mensal que chega a R$ 200 mil, o Londrina<br />
gastará cerca de R$ 50 mil com o elenco.<br />
Como todo o time só se apresentou<br />
dia 4 de janeiro, o treinador Enio Vecchi<br />
– que está na Cidade desde 1997 – terá<br />
apenas 20 dias para tentar entrosar o<br />
grupo. “É uma situação inusitada. Isso<br />
nunca aconteceu nos anos anteriores. A<br />
equipe que disputava o Paranaense sempre<br />
ficava para o Nacional e esse ano não<br />
ficou ninguém. Vamos ter que começar<br />
tudo do zero. Mas como são jovens, acredito<br />
que esses garotos poderão aprender<br />
rápido o nosso estilo de jogo”, aposta.
8<br />
manter a seleção de GR, a técnica<br />
Bárbara Laffranchi levou a polêmica a<br />
uma audiência pública realizada dia<br />
1º de dezembro, na Comissão Permanente<br />
de Turismo e Desporto da Câmara<br />
dos Deputados, em Brasília (DF).<br />
Fim da seleção brasileira<br />
de ginástica rítmica foi um duro<br />
golpe para a modalidade e para Londrina,<br />
já que o conjunto estava sediado<br />
na Unopar há 12 anos<br />
Se as outras modalidades decepcionaram<br />
em 2004, ao menos uma<br />
‘salvou a pátria’ dos londrinenses: o<br />
handebol masculino da Unifil, que<br />
conseguiu um resultado inédito na<br />
última Liga Nacional. Foi vice-campeão,<br />
perdendo a final para a<br />
heptacampeã Metodista (SP). A meta<br />
para este ano é mais arrojada. “Queremos<br />
chegar ao título e temos condições”,<br />
avisa o técnico Giancarlos<br />
Ramirez. Ancorado pela estrutura da<br />
instituição de ensino, o time vem<br />
numa ascendente e desde 2001 não<br />
fica fora das semifinais do Brasileiro.<br />
Em 2003 foi 3º colocado e em 2004<br />
fez uma final emocionante com a<br />
Metodista, levando a decisão para o<br />
terceiro jogo.<br />
O primeiro passo na busca de<br />
chegar “mais longe” será a renovação<br />
com os 16 atletas do elenco atual e a<br />
contratação de reforços. “Se quisermos<br />
ser campeões, precisamos de<br />
mais um goleiro de nível de seleção<br />
brasileira, como o Marcão e o Alexandre”,<br />
adianta o supervisor da Unifil,<br />
Júlio César Brevilhéri.<br />
Este mês os jogadores estão de<br />
férias, à exceção do armador Léo e do<br />
pivô Alê, que estão com a seleção<br />
Bárbara participou com um objetivo:<br />
exigir justiça para a sua equipe. Segundo<br />
ela, Vicélia Florenzano privilegiou<br />
a ginástica artística (olímpica) e a<br />
equipe individual de GR. A técnica<br />
conta que recebeu a notícia da pior<br />
forma possível: no dia 4 de agosto, a<br />
apenas quatro dias do embarque do<br />
grupo para competições na Europa<br />
(Rússia, Alemanha e Bulgária) e para<br />
a Olimpíada.<br />
“Com tudo pronto, depois de meses<br />
de preparação, a presidente da<br />
CBG nos comunicou que a seleção<br />
iria acabar. Disse ainda que só a<br />
Handebol cresce<br />
e quer o título<br />
brasileira e viajaram no último dia 5<br />
para disputar torneios na Europa.<br />
Eles participarão de três competições<br />
na França e na Dinamarca antes<br />
de embarcarem para o Mundial da<br />
Tunísia, que acontece de 23 de janeiro<br />
a 6 de fevereiro. Os demais só<br />
voltam às atividades em fevereiro. No<br />
calendário, o grupo terá a Copa do<br />
Brasil, em março, em Londrina; um<br />
torneio sul-americano, em junho; e a<br />
Liga Nacional, de julho a dezembro.<br />
Comparado às outras modalidades<br />
da Cidade, o handebol é o que<br />
deverá sofrer menos para obter recursos<br />
para disputar os seus campeonatos.<br />
Já tem garantidos R$ 200 mil<br />
da Fundação de Esportes e pelo<br />
menos R$ 300 mil da Unifil (valor<br />
aproximado que a universidade já<br />
injetou no time em 2004). Fora isso,<br />
a equipe recebeu R$ 50 mil da<br />
Sercomtel e espera renovar o patrocínio.<br />
“Mesmo com alguns valores já<br />
certos, vamos em busca de outros<br />
parceiros porque, se quisermos chegar<br />
ao título, teremos que trabalhar<br />
com um orçamento anual de R$ 800<br />
mil”, prevê Brevilhéri. (J.K.)<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
Daiane dos Santos (da ginástica artística)<br />
tinha chance de medalha em<br />
Atenas”, criticou Bárbara.<br />
“Estamos todos indignados com o<br />
descaso por parte da CBG. Vou cobrar<br />
providências. Quem perde é o<br />
esporte e principalmente nós de Londrina,<br />
que sempre apoiamos a GR”,<br />
desabafou a treinadora. Com o fim da<br />
seleção, as ginastas agora se mantêm<br />
apenas como atletas da Unopar, que<br />
ganhou com folga o último Campeonato<br />
Brasileiro, disputado entre 9 e<br />
12 de dezembro, em Curitiba.<br />
Atravessando um<br />
bom momento, como<br />
vice-campeão da última<br />
Liga Nacional, o handebol<br />
masculino da Unifil não<br />
deverá ter dificuldades<br />
para fechar os patrocínios<br />
para o ano<br />
Giancarlos Ramirez:<br />
“Queremos chegar ao titulo<br />
e temos condições”
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 9<br />
Com um perfil diferente<br />
dos outros esportes, que<br />
dependem ou de verba pública<br />
para se manter (basquete,<br />
handebol ou futsal) ou de<br />
grande apoio da torcida local<br />
para obter resultados (como<br />
é o caso do futebol), o<br />
automobilismo de Londrina<br />
sobrevive de forma<br />
independente e atravessa<br />
períodos de crise sem correr<br />
o risco de ver seus<br />
campeonatos esvaziados.<br />
Isso porque a maior parte<br />
dos pilotos corre em categorias<br />
que não exigem grande<br />
investimento (como Speed<br />
Fusca e Marcas) e por isso<br />
eles próprios bancam parte<br />
das despesas da equipe.<br />
Aqueles que não são empresários<br />
ou profissionais<br />
liberais correm atrás de vários<br />
patrocínios e geralmente<br />
são atendidos por empresas.<br />
O resultado vem sendo<br />
um Campeonato Metropolitano<br />
bastante movimentado,<br />
com mais de 30 carros em<br />
cada grid, e nove etapas ao<br />
longo do ano (entre março e<br />
novembro). O Metropolitano<br />
de Velocidade é organizado<br />
pelo Automóvel Clube do<br />
Café, que este ano está com<br />
nova diretoria, com Márcio<br />
de Albuquerque Lima na presidência.<br />
Além das provas<br />
regionais, o Autódromo<br />
Ayrton Senna também recebe<br />
as etapas paranaenses –<br />
serão nove este ano, nas<br />
mesmas categorias do<br />
Metropolitano (Speed,<br />
Marcas, Protótipos), e cinco<br />
delas serão em Londrina. Em<br />
cada uma dessas provas, o<br />
autódromo recebe pelo<br />
menos 3 mil pessoas.<br />
Fora as provas dos carros,<br />
desde o ano passado<br />
vêm ocorrendo simultaneamente<br />
etapas dos campeonatos<br />
Metropolitano e<br />
Paranaense de<br />
Motovelocidade, organizadas<br />
pelo Moto Clube de Londrina.<br />
É um festival de motos na<br />
pista, divididas em categorias<br />
que vão desde as tradicionais<br />
125cc até ‘Superbikes’ (motos<br />
de 500cc a 1.000cc). Londrina<br />
é referência também em provas<br />
nacionais, uma vez que<br />
recebe as principais categorias<br />
do calendário da CBA -<br />
Confederação Brasileira de<br />
Automobilismo.<br />
TURISMO DE EVENTOS<br />
- “Além de ser esporte para o<br />
Autonomia dà estabilidade<br />
ao automobilismo<br />
praticante, o automobilismo<br />
é também um evento que<br />
reúne grandes públicos e gera<br />
divisas para o município, pois<br />
a cada prova nacional os<br />
hotéis, restaurantes e<br />
shoppings da Cidade ficam<br />
lotados. É o turismo de<br />
eventos, que movimenta<br />
milhões em uma cidade do<br />
porte de Londrina”, observa<br />
o presidente da ACIL, José<br />
Augusto Rapcham, que além<br />
de empresário é piloto – corre<br />
na categoria Protótipos (carros<br />
em geral com motor 2.0,<br />
montados somente para as<br />
pistas) pela equipe Indrel<br />
Racing.<br />
E Londrina tem sido privilegiada<br />
nos últimos anos,<br />
com a realização de duas<br />
etapas da Stock Car V8, a<br />
principal categoria do País e<br />
que tem provas transmitidas<br />
pela Rede Globo. “As equipes<br />
e pilotos gostam daqui porque<br />
o nosso autódromo é seletivo;<br />
exige arrojo e habilidade do<br />
piloto. Outro atrativo é que a<br />
Cidade está numa localização<br />
intermediária para quem<br />
vem de Brasília, do Rio ou de<br />
Porto Alegre. Além disso, o<br />
autódromo aqui está inserido<br />
no Centro da Cidade e não<br />
como nas capitais, onde fica<br />
muito fora de mão”, comenta<br />
Augusto Rapcham.<br />
Para ele, é por esse motivo<br />
que os promotores da<br />
categoria optam por vir duas<br />
vezes a Londrina. “Em Porto<br />
Alegre o autódromo fica no<br />
município de Viamão, a 50<br />
km do Centro, e no caso de<br />
Curitiba, fica em Pinhais, a<br />
25 km da capital”, compara.<br />
Para este ano, segundo o<br />
diretor do autódromo,<br />
Gumercindo Marcantonio,<br />
por enquanto só está confirmada<br />
uma etapa da Stock:<br />
dia 7 de agosto.<br />
A vinda de qualquer pro-<br />
Divulgação<br />
va nacional para Londrina é<br />
comemorada como um evento<br />
pelos empreendedores<br />
locais, pois fazem girar a<br />
economia. “Uma corrida destas<br />
tem pelo menos 30 carros<br />
no grid, e cada carro uma<br />
equipe com sete a dez pessoas.<br />
Somados aos familiares<br />
que vêm para acompanhar o<br />
piloto e desfrutar dos serviços<br />
que a Cidade oferece são pelo<br />
menos 600 pessoas de bom<br />
poder aquisitivo se hospe-<br />
PROVAS QUE MOVIMENTARÃO O AUTÓDROMO EM 2005<br />
dando e comprando aqui”,<br />
calcula o presidente da ACIL.<br />
(J.K.)<br />
Do calendário da FPA (Federação Paranaense de Automobilismo)<br />
Campeonato Metropolitano de Velocidade (março a novembro)*<br />
Paranaense Velocidade (março a novembro)*<br />
Campeonato Metropolitano de Motovelocidade (março a novembro)<br />
Paranaense Motovelocidade (março a novembro)<br />
Categorias Speed, Marcas, Multimil 1.0 e Protótipos<br />
Do calendário da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo)<br />
Fórmula Renault ......................................................................................................... 13 de março<br />
Copa Clio .................................................................................................................... 13 de março<br />
Copa Mitsubishi MM........................................................................................................ 3 de julho<br />
Fórmula Truck ................................................................................................................. 10 de julho<br />
Stock Car V8 .................................................................................................................7 de agosto<br />
Stock Car Light .............................................................................................................7 de agosto<br />
Brasileiro de Sport Protótipos (Brascar)<br />
5º Encontro Internacional de Motociclismo<br />
500 Milhas de Londrina .......................................................................................10 de dezembro<br />
Campeonato Brasileiro de Endurance (categorias Turismo e Protótipos)**<br />
** Esta competição, que reúne importados de grandes marcas, como Audi, BMW, Ferrari e Mercedes, ainda<br />
não está com a etapa confirmada em Londrina
10<br />
Fábio Cavazotti<br />
Especial para o Jornal da ACIL<br />
Fundada em 1947 pela Companhia<br />
Melhoramentos Norte do<br />
Paraná, empresa sucessora da<br />
Companhia de Terras Norte do<br />
Paraná, que 13 anos antes havia<br />
iniciado a colonização de Londrina,<br />
a cidade de Maringá desponta,<br />
58 anos depois, como o<br />
segundo pólo da região e um dos<br />
principais do Estado.<br />
Posicionada geograficamente<br />
no limite das férteis terras roxas<br />
com a formação conhecida como<br />
“arenito caiuá”, característica do<br />
Noroeste do Paraná, Maringá se<br />
transformou, por meio da diversificação<br />
econômica e cultural,<br />
no centro de referência de uma<br />
região com 127 municípios e população<br />
próxima a 1,7 milhão de<br />
habitantes.<br />
Quando se fala em integração<br />
da região Norte para fins de desenvolvimento<br />
socioeconômico,<br />
é preciso apontar o papel de destaque<br />
que Londrina e Maringá,<br />
as duas maiores cidades do eixo<br />
de 13 municípios, exercem sobre<br />
a região.<br />
A estratégia de somar os potenciais<br />
locais e “vender” o eixo<br />
como um todo, visando a atração<br />
de investimentos, recebeu<br />
forte impulso do setor privado<br />
com a criação da Agência Regional<br />
de Desenvolvimento “Terra<br />
Roxa Investimentos”, no último<br />
dia 10 de dezembro, em<br />
Rolândia.<br />
Com participação das associações<br />
comerciais dos 13 municípios<br />
do eixo Ibiporã-<br />
Paiçandu – a leste de Londrina e<br />
oeste de Maringá, respectivamente<br />
- entre outras entidades<br />
dos poderes público e privado, a<br />
Agência elegeu uma diretoria<br />
executiva e nomeou como primeiro<br />
presidente o executivo<br />
Adrian von Treunfels, cônsul<br />
honorário da Alemanha em<br />
Rolândia, cidade que também<br />
abriga a sede da entidade.<br />
A partir desta edição, o Jornal<br />
da ACIL inicia a publicação<br />
INTEGRAÇÃO REGIONAL<br />
Nas pegadas do<br />
desenvolvimento<br />
Londrina e Maringá se integram em torno de um eixo macrorregional<br />
com 13 município em busca de expansão socioeconômica<br />
À frente da média nacional, Maringá<br />
obteve o sexto melhor Índice de<br />
Desenvolvimento Humano do Paraná<br />
(IDH), com 0,841%<br />
de uma série de seis matérias<br />
para mostrar um pouco da realidade<br />
econômica dos municípios<br />
que dividem com Londrina a<br />
tarefa de integrar as estratégias<br />
de desenvolvimento para<br />
“turbinar” o crescimento regional.<br />
Maringá, também conhecida<br />
como “Cidadão Canção”, é a cidade<br />
que abre a série.<br />
HISTÓRIA - O planejamento<br />
inicial de Maringá foi feito pelo<br />
arquiteto paulistano Jorge<br />
Macedo de Vieira, que, segundo<br />
a bibliografia histórica, não chegou<br />
a conhecer pessoalmente a<br />
região.<br />
Com base em informações repassadas<br />
pela Companhia Melhoramentos,<br />
ele desenhou uma<br />
cidade bastante arborizada, com<br />
amplas avenidas, calçadas e canteiros.<br />
O zoneamento se divide<br />
em zonas residenciais, comerciais<br />
e industriais, e reserva como<br />
parques municipais duas áreas<br />
de floresta nativa, com quase<br />
100 hectares, praticamente no<br />
centro da cidade.<br />
Em 1951, quatro anos após a<br />
fundação, quando a população<br />
já se aproximava de 40 mil habitantes,<br />
Maringá deixa de ser distrito<br />
de Mandaguari e é elevada<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
a município.<br />
Desde as origens, a cidade<br />
cumpriu importante papel como<br />
núcleo de comercialização agrícola,<br />
centro de abastecimento,<br />
negociação de terras e prestação<br />
de serviços, para os municípios<br />
vizinhos. Remonta daí sua<br />
importância como pólo regional,<br />
condição que hoje alcança parte<br />
dos estados do Paraná, São Paulo<br />
e Mato Grosso do Sul.<br />
INDUSTRIALIZAÇÃO - Até o<br />
início da década de 1960, a população<br />
de Maringá era predominantemente<br />
rural. O processo<br />
de industrialização e a redução<br />
do cultivo do café contribuíram<br />
para a migração de milhares<br />
de pessoas do campo para a<br />
cidade.<br />
Nos anos 70, a taxa de urbanização<br />
chegou a 82,6%, decorrente<br />
da diversificação da economia<br />
urbana. Contribuiu para<br />
isso, também, a introdução de<br />
novas técnicas agrícolas que reduziam<br />
o uso de mão-de-obra. O<br />
êxodo rural, entre os anos 60 e<br />
70, alcançou aproximadamente<br />
30 mil pessoas, para uma população<br />
total de 123 mil ao final do<br />
período.<br />
O processamento da produção<br />
obtida no campo deu origem<br />
à agroindústria, primeiro ramo<br />
industrial desenvolvido na região<br />
e, até hoje, um dos mais<br />
importantes da economia local.<br />
Da década de 70 para cá, a<br />
indústria maringaense se diversificou<br />
muito, com forte presença<br />
nos setores de tecelagem, confecções<br />
e calçados, metal-mecânico<br />
e mobiliário.<br />
O crescimento das indústrias<br />
impulsionou, a partir de meados<br />
dos anos 70, o comércio<br />
varejista e atacadista, ramo que,<br />
atualmente, registra quase 10<br />
mil estabelecimentos no município.<br />
Além do comércio e da indústria,<br />
a cidade desenvolveu a
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 11<br />
área de prestação de serviços,<br />
com destaque para educação<br />
(fundamental a superior),<br />
saúde (atendimento básico e especializado),<br />
e as áreas de telecomunicações<br />
(jornais, rádios e<br />
TVs) e financeira (bancos).<br />
SÉC. XXI - EM 1998, a Assembléia<br />
Legislativa aprovou a criação<br />
da Região Metropolitana de<br />
Maringá (RMM), composta por 12<br />
municípios – Maringá, Sarandi,<br />
Paiçandu, Mandaguaçu,<br />
Mandaguari, Marialva, Iguaraçú,<br />
Floresta, Ivatuba, Ângulo, Itambé<br />
e Doutor Camargo -, com de<br />
493.853 habitantes. A população<br />
INDICADORES DE MARINGÁ<br />
O setor privado, com a criação da<br />
Agência Regional de Desenvolvimento<br />
“Terra Roxa Investimentos”, aderiu à<br />
estratégia de somar os potenciais locais e<br />
“vender” o eixo como um todo, em busca<br />
de investimentos que garantam a<br />
expansão dos 13 municípios<br />
regional somava, em 2000,<br />
493.853 habitantes, segundo o<br />
IBGE.<br />
A exemplo de Londrina, que<br />
também teve sua região metropolitana<br />
contemplada por Lei Estadual,<br />
Maringá não sentiu os<br />
efeitos práticos da medida até<br />
hoje, porque o Governo do<br />
Estado ainda não tirou os projetos<br />
metropolitanos do papel.<br />
Em 2004, Maringá obteve o<br />
sexto melhor Índice de Desenvolvimento<br />
Humano do Paraná<br />
(IDH), à frente de Londrina e os<br />
demais municípios da região<br />
Norte. A média da cidade,<br />
0,841%, é sensivelmente maior<br />
que a do País, de 0,764%.<br />
ANO POPULAÇÃO CRESCIMENTO ANUAL URBANIZAÇÃO<br />
1950 38.588 - 18,8%<br />
1960 94.450 9,36% 46,8%<br />
1970 123.111 2,55% 82,6%<br />
1980 160.240 3,31% 95,5%<br />
1991 240.141 3,29% 97,4%<br />
2000 288.650 1,93% 98,4%<br />
Fonte: IBGE<br />
Fonte: Codem (2000)<br />
PRINCIPAIS SETORES ECONÔMICOS<br />
Industria – 51%<br />
Serviços – 35%<br />
Comércio – 13%<br />
Agropecuária – 1%<br />
PRINCIPAIS SETORES INDUSTRIAIS<br />
SETOR NÚMERO DE ESTABELECIMENTO<br />
Vestuário, Calçados e Tecidos ........................................................................ 858<br />
Produtos Alimentares ......................................................................................... 304<br />
Metalúrgica ......................................................................................................... 240<br />
Mobiliário ............................................................................................................. 177<br />
Mecânica .............................................................................................................. 99<br />
Fonte: Caged/Sine (1998)<br />
Cidades-pólo estão à frente da integração<br />
Para o prefeito de Maringá, Silvio<br />
Barros II, as duas maiores cidades da<br />
região têm a obrigação de liderar o<br />
processo de integração e desenvolvimento.<br />
“É função das cidades-pólo; os<br />
outros municípios esperam isso da<br />
gente.”<br />
Formado em engenharia pela Universidade<br />
Estadual de Maringá (UEM),<br />
consultor do Sebrae por quase uma<br />
década, filho e irmão de ex-prefeitos<br />
de Maringá, Silvo Barros II, que foi<br />
Secretário de Turismo durante a gestão<br />
do ex-governador Jaime Lerner,<br />
assumiu o primeiro cargo eletivo de<br />
sua vida, no dia 1º de janeiro, prome-<br />
tendo todo o apoio possível à iniciativa<br />
deflagrada pelo setor privado, por meio<br />
da Agência. “O primeiro setor é o<br />
governo, o segundo, a classe empresarial,<br />
e o terceiro, a sociedade civil<br />
organizada, e eles não devem trabalhar<br />
dissociados. Quando a parceria<br />
está orientada e dirigida pelo setor<br />
privado o modelo é vacinado contra a<br />
descontinuidade política”, afirmou o<br />
prefeito.<br />
“A fórmula adequada para o nosso<br />
desenvolvimento passa pela consolidação<br />
das regiões metropolitanas de<br />
Maringá e Londrina, nas duas pontas,<br />
e a integração do eixo. Isso nos torna<br />
Com a integração, as<br />
prefeituras irão oferecer o<br />
suporte necessário às ações a serem<br />
desenvolvidas pelo empresariado<br />
Prefeito Silvio Barros II: “Quando a<br />
parceria está orientada e dirigida pelo<br />
setor privado o modelo é vacinado contra<br />
a descontinuidade política”<br />
uma região muito mais competitiva,<br />
com dois aeroportos, mais universidades<br />
e uma estrutura muito superior.<br />
Essa consolidação vai nos ajudar a<br />
crescer e aumentar nossa produção,<br />
em volume e valor agregado”, acrescenta.<br />
Silvio Barros, três semanas antes<br />
de assumir o cargo de prefeito, participou<br />
da solenidade de lançamento da<br />
Agência, em Maringá, onde conversou<br />
com o prefeito de Londrina, Nedson<br />
Micheleti (PT), pela primeira vez. Ambos<br />
deixaram o encontro com o mesmo<br />
discurso de oferecer o suporte<br />
necessário às ações desenvolvidas pelo<br />
empresariado da região.<br />
Sobre as rixas regionais, Nedson e<br />
Silvio Barros, declaram que elas já<br />
ficaram para trás. “O momento é de<br />
somar. Maringá está um pouco atrás<br />
de Londrina, temos que reconhecer<br />
isso, mas vamos trabalhar para ir<br />
chegando junto. Queremos aproveitar<br />
os exemplos de Londrina e deixar à<br />
disposição as experiências bem<br />
sucedidas de Maringá, nacional e internacionalmente,<br />
em diversos setores”,<br />
disse Barros.<br />
(Fábio Cavazotti)
12<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
"Democracia participativa deve prevalecer"<br />
Somar esforços para consolidar o eixo<br />
Londrina-Maringá como pólo de uma<br />
região de 4 milhões de habitantes significa<br />
uma estratégia de desenvolvimento com<br />
alcance de “um pequeno estado brasileiro”,<br />
de acordo com o professor de economia<br />
e diretor da Faculdade Nobel, de<br />
Maringá, João Celso Sordi. Além de coordenador<br />
técnico do Conselho de Desenvolvimento<br />
Econômico de Maringá<br />
(Codem), Sordi é representante da Associação<br />
Comercial e Empresarial de<br />
Maringá (ACIM) na diretoria executiva da<br />
Agência de Desenvolvimento Terra Roxa.<br />
“Atualmente, a sociedade só evolui se<br />
se organizar, o empresariado não deve<br />
pensar apenas no mercado local, há grandes<br />
oportunidades regionais”, defende o<br />
professor. “Associações, como essa, criam<br />
oportunidades para o empresário participar<br />
do processo de desenvolvimento:<br />
a democracia representativa está chegando<br />
ao final. Cada vez mais, passa a<br />
prevalecer a democracia participativa.”<br />
A seguir, os principais trechos da<br />
entrevista concedida ao Jornal da ACIL<br />
sobre o processo de integração do norte:<br />
Jornal da ACIL - Quando se espera<br />
obter os primeiros resultados do trabalho<br />
desenvolvido pela Agência?<br />
João Celso Sordi - O trabalho é de<br />
longo prazo. É preciso definir primeiro o<br />
que se quer, quais as atuações prioritárias,<br />
para agir sobre elas. O resultado leva<br />
algum tempo, é um trabalho que se inicia<br />
agora, mas não tem fim. Esperamos que<br />
em torno de uma geração haja reflexos<br />
bastante significativos no contexto da<br />
região de Londrina a Maringá.<br />
Jornal da ACIL - A Agência pretende<br />
atuar no apoio aos ramos empresariais<br />
que fazem parte do potencial de cada<br />
município. Não há risco de problemas entre<br />
as cidades que compartilham determinados<br />
setores industriais, como têxtil e de<br />
confecções, por exemplo?<br />
João Celso Sordi - Veja, é até bom<br />
que haja pontos comuns entre cidades,<br />
porque, para quem vai fazer investimento,<br />
há mais opções. De repente, dentro de<br />
um mesmo ramo de atividade, há demandas<br />
muito características que são<br />
atendidas por uma única cidade, então,<br />
no conjunto, há mais possibilidades de<br />
atender a necessidade de quem vai se<br />
instalar. Além disso, já estão definidos<br />
em nosso plano de trabalho os chamados<br />
mecanismos de compensação, de maneira<br />
que quando a Agência vai atuar por<br />
uma cidade - porque sob o ponto de vista<br />
dela aquela é a melhor oportunidade<br />
para determinado investimento – os outros<br />
municípios não vão brigar, porque<br />
estarão participando do resultado daquele<br />
empreendimento. É o mecanismo<br />
de compensação.<br />
Jornal da ACIL - Num processo de<br />
integração regional, cada município entra<br />
com um pouco do seu potencial e das suas<br />
qualidades econômicas, e tem a expectativa<br />
de obter algum tipo de retorno. O que<br />
Maringá tem a fornecer para os outros<br />
municípios e, por outro lado, o que espera<br />
receber?<br />
João Celso Sordi - Maringá pode<br />
contribuir de várias maneiras. Primeiro,<br />
por suas características, não tem praticamente<br />
área rural, só urbana, e enfrenta<br />
dificuldades para localização industrial,<br />
então muitas empresas podem se<br />
instalar em cidades próximas, utilizando<br />
a infra-estrutura, a parte de formação de<br />
recursos humanos, a disponibilidade de<br />
conhecimento tecnológico, entre outros,<br />
que Maringá tem. Esse tipo de contribuição,<br />
tanto Londrina quanto Maringá deverão<br />
dar a toda a região. E o que recebe?<br />
O empresário não deve pensar<br />
apenas no mercado local, mas também nas<br />
grandes oportunidades regionais<br />
Sabemos que Londrina e Maringá são os<br />
pólos, então qualquer empreendimento<br />
novo, num raio de 100 a 150 quilômetros,<br />
irá beneficiar diretamente essas duas<br />
cidades.<br />
Jornal da ACIL - A integração econômica<br />
da região norte pode reverter a contínua<br />
concentração de força econômica em<br />
Curitiba, nas últimas três décadas?<br />
João Celso Sordi - Eu acho que pode,<br />
porque nós temos um potencial muito<br />
grande que ainda não foi devidamente<br />
explorado. Somos uma região para a<br />
qual, infelizmente, os governos estadual<br />
e federal pouco olharam. Os programas<br />
federais de investimentos são definidos<br />
em cima da Região Metropolitana de<br />
Curitiba. É o tal negócio, quando há<br />
aglomeração urbana, se cria demanda; a<br />
demanda é atendida pelo governo e esse<br />
atendimento vai atrair novos agrupamentos,<br />
que vão gerar novas demandas.<br />
Precisamos quebrar esse círculo em torno<br />
apenas da capital, com organização,<br />
para fazer com que as demandas locais<br />
também sejam atendidas.<br />
(Fábio Cavazotti)
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 13<br />
Estudo elaborado pelo Banco Nacional de<br />
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),<br />
em 1998, e atualizado em 2002, aponta o<br />
trecho Londrina-Maringá como o mais viável<br />
do País para a retomada do transporte ferroviário<br />
de passageiros. O custo de recuperação<br />
da malha e compra dos dois módulos de<br />
vagões, para um total de 500 a 600 passageiros,<br />
foi estimado em torno de R$ 95 milhões.<br />
A taxa de retorno pode chegar a 47,2%.<br />
“O potencial é muito grande, representa<br />
um dos melhores trechos do País porque liga<br />
centros economicamente fortes - não só Londrina<br />
e Maringá -, mas cidades intermediarias<br />
de grande importância regional”, disse por<br />
A VOLTA DO TREM<br />
Londrina e Maringá<br />
Projeto, com custo estimado<br />
em R$ 95 milhões pelo BNDES e<br />
que já está nas mãos do<br />
Governo Federal, pode trazer o<br />
trem de passageiros de volta à<br />
região<br />
telefone ao Jornal da ACIL, o chefe de Desenvolvimento<br />
Urbano do BNDES, João<br />
Scharinger. O estudo do banco selecionou 14<br />
regiões do País com distância máxima de 100<br />
quilômetros e pelo menos uma cidade com<br />
mais de 100 mil habitantes, situação que o<br />
Norte do Paraná ultrapassa com folga.<br />
Os vagões, menores que os trens normais,<br />
seriam movidos a óleo diesel e desenvolveriam<br />
velocidade entre 80 e 110 Km/hora. A previsão<br />
é que a passagem fique 10% mais cara que o<br />
transporte rodoviário.<br />
“Em compensação seria mais seguro, menos<br />
poluente, não precisaria parar em sinaleiros<br />
e quebra-molas e permitira um novo eixo<br />
de desenvolvimento ao longo da via”, declarou<br />
Scharinger. “Além disso, o custo de manutenção<br />
de ferrovia é bem menor que o das estradas.”<br />
Scharinger acredita que é grande a possibilidade<br />
do projeto virar realidade nos próximos<br />
anos. “Depende de uma decisão de<br />
governo, o presidente Lula e o presidente do<br />
Banco, Guido Mantega, têm essa visão, de que<br />
o transporte de passageiros é um serviço<br />
público. O BNDES está profundamente envolvido<br />
nisso”.<br />
O volume de tráfego da linha ferroviária de<br />
passageiros pode atingir, inicialmente, sete<br />
milhões de pessoas ao ano, entre Londrina e<br />
Maringá, cerca de 20% da movimentação<br />
rodoviária atual. A previsão é de que haja<br />
estações intermediárias em Cambé, Rolândia,<br />
Apucarana, Jandaia do Sul e Mandaguari.<br />
De acordo com o BNDES, a instalação de<br />
trens de passageiros iria aumentar a taxa de<br />
ocupação da linha férrea entre Londrina e<br />
Maringá, atualmente circunscrita aos seis meses<br />
do ano em que há transporte da safra<br />
agrícola.<br />
Fábio Cavazotti<br />
pela linha férrea
14<br />
Márcio Leijoto<br />
Especial para o Jornal da ACIL<br />
Um senhor com cabelos e bigode grisalhos,<br />
camisa vinho de mangas cumpridas<br />
arregaçadas nos ombros, calça jeans<br />
e um perfume perceptível mesmo não tão<br />
perto se aproxima e cumprimenta Mauro.<br />
Este senhor pede a Mauro que libere a<br />
entrada de uma moça sem carteira de<br />
identidade na boate, uma casa de música<br />
dançante destinada a um público mais<br />
adulto. Mauro Antonio Garcia está há<br />
sete anos administrando a Casa de Shows<br />
Albatroz, boa parte deste tempo com o<br />
sócio Pedro dos Santos, e todas as noites<br />
ouve inúmeros pedidos como este ou de<br />
clientes querendo um favor. Mauro sabe<br />
que alguns ele não pode atender, mas tem<br />
de ter muito jogo de cintura para não<br />
perder o cliente.<br />
Naquele momento, a casa estava ainda<br />
metade ocupada, uma banda tocava<br />
alguma música de forró e várias pessoas<br />
já haviam cumprimentado ou pedido um<br />
favor para o empresário. E ainda eram<br />
22h30 de uma sexta-feira. Normalmente,<br />
nestes dias, a casa fecha no final da<br />
madrugada. Mauro não permitiu a entrada<br />
da mulher, alegando que se o juizado<br />
de menores aparecesse lá, e ela fosse<br />
menor de idade, iria dar problemas para<br />
ele. O senhor ainda tentou argumentar,<br />
garantiu que ela tinha mais de 18, mas<br />
não adiantou. Mesmo assim, ele se despede<br />
de Mauro com um sorriso. “O segredo<br />
do sucesso de uma casa está em tratar<br />
todo mundo bem, dando atenção a todos”,<br />
diz Mauro.<br />
Esse caso é um dos mais leves, considerando<br />
todos os problemas enfrentados<br />
pelos empresários de bares, boates e casas<br />
noturnas que agitam a noite londrinense.<br />
Quanto mais cheio for o local, mais trabalho.<br />
“Você tem sempre de estar atento,<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
VIDA NOTURNA<br />
Cores, sons, sabores nas noites londrinenses<br />
A magia que bares, restaurantes e boates exercem sobre seus freqüentadores tem origem complexa,<br />
que passa pela estrutura do local, boa música, atendimento e muito jogo de cintura dos empresários<br />
vendo se as pessoas estão satisfeitas, se o<br />
atendimento está sendo rápido, se a música<br />
e o ambiente estão agradando, se não<br />
está muito quente, se os funcionários<br />
estão sendo educados, impedir que haja<br />
confusão, verificar se não está faltando<br />
nada”, disse Carlos Eduardo Carvalho<br />
Grade, coordenador de marketing da boate<br />
Empório Guimarães. E se não for assim,<br />
um dado é bastante ilustrativo: segundo<br />
Carlos, desde que o Empório funciona, há<br />
oito anos, 34 boates abriram as portas e<br />
fecharam. Fruto da má administração,<br />
segundo os entrevistados.<br />
De acordo com o sindicato local dos<br />
proprietários de hotéis, restaurantes,<br />
bares e similares, Londrina tem 35 estabelecimentos<br />
para os notívagos – levando<br />
em conta aqueles com um público considerado<br />
grande. São 10 boates e casas de<br />
shows e o resto bares, freqüentados por<br />
pessoas de 15 a 40 anos. “É difícil agradar<br />
tanta gente diferente. Nunca dá para saber<br />
como vai ser a noite, por mais que o<br />
público seja quase o mesmo. É uma incerteza<br />
gostosa, mas muito trabalhosa”,<br />
conta William Amador Bueno de Moraes,<br />
que há 26 anos administra o tradicional<br />
bar e restaurante Vilão.<br />
E ainda tem o trabalho que o público<br />
não vê, realizado durante o dia. “É repor<br />
o estoque, comprar o que foi perdido,<br />
como copos, conversar com fornecedores,<br />
resolver pendengas, avaliar se os funcionários<br />
estão trabalhando bem, estar se<br />
atualizando, ver o que pode ser melhorado...<br />
enfim, trabalho para o dia inteiro”,<br />
diz Gilberto Camargo, sócio-proprietário<br />
da boate GLS Friends, aberta há 13 anos.<br />
Há muito trabalho durante o dia, com<br />
alguns absurdos. “Teve uma época que<br />
toda a semana tínhamos de refazer uma<br />
parede, porque no final da noite sempre<br />
apareciam buracos provocados por chutes<br />
e pancadas”, conta Carlos Grade, do<br />
Empório Guimarães.<br />
Manter um local funcionando para<br />
atender quem sai à noite não é fácil. O<br />
cliente que vai num lugar e acha que lá<br />
apenas trabalham os donos, os garçons,<br />
os caixas e o segurança, mas está errado.<br />
Existe toda uma estrutura invisível aos<br />
nossos olhos. Por exemplo, o Pátio São<br />
Miguel, uma espécie de confeitaria, lanchonete,<br />
loja de conveniência e local de<br />
venda de ingressos para a maioria dos<br />
eventos londrinenses, funciona 24 horas<br />
por dia, desde sua inauguração há 10<br />
anos (completados no dia 11 deste mês).<br />
Para manter tudo isso impecável, são<br />
cinco sócios administrando 95 funcionários.<br />
“Aqui nunca faltou nada. Você pode<br />
vir a hora que for, que vai encontrar o<br />
produto que quer”, diz Alexandre Alves.<br />
Se não tiver jeito<br />
para o negócio, o<br />
empresário pode se<br />
dar mal: em oito<br />
anos, 34 boates<br />
tiveram vida<br />
efêmera em Londrina<br />
“É uma estrutura enorme, envolvendo<br />
vários fatores, por isso não existem outros<br />
pátios em Londrina. Não é só abrir e<br />
pronto. É preciso uma bagagem e um<br />
capital que muitos não têm”, comenta. O<br />
pátio se tornou ponto de encontro de<br />
jovens um ano depois de inaugurado,<br />
pois era a única alternativa de “reabastecimento”<br />
para quem estava na “balada”.<br />
De acordo com os entrevistados, os<br />
locais preferidos pelos londrinenses à<br />
noite são bares. Como a Casa de Cachaça,<br />
inaugurada em 1991, pelos cunhados<br />
Osmaldo Bueno de Oliveira e João Francisco<br />
Brandão. “Nós trabalhávamos em<br />
outras áreas e um dia resolvemos abrir<br />
um bar. Encontramos essa casa para<br />
alugar, antes era uma escola de línguas e<br />
vimos aqui um ponto bom para começar”,<br />
disse Osmaldo, referindo-se ao ponto<br />
numa rua central da Cidade.<br />
Há cinco anos, eles resolveram abrir<br />
um outro bar, o Pau Brasil. “É preciso<br />
muito jogo de cintura. Mas o segredo para<br />
dar certo eu acredito que está na paciência,<br />
porque o retorno não é imediato e<br />
num conjunto de outros fatores: o estilo<br />
do bar, o atendimento, a cerveja bem<br />
gelada, a altura do som, a qualidade da<br />
música, a segurança. Hoje vivemos disso<br />
e não podemos descuidar de nada”, afirma.<br />
E existem boates, poucas, mas há.<br />
Tecno, pop-rock, aberta para bandas<br />
covers e de garagem, elitizadas, GLS, não<br />
importa o estilo, o tempo tem mostrado<br />
uma coisa: só estão sobrevivendo as que<br />
investem em infra-estrutura e as quais o<br />
proprietário procura dar atenção especial<br />
no atendimento. Os proprietários do Empório,<br />
Alexandre Guimarães, e da Friends,<br />
os sócios Gilberto Camargo e Miguel Palma,<br />
são donos dos prédios das boates e<br />
gastam bastante em infra-estrutura e<br />
novidades. “Você pode ver que nas boates<br />
que abrem e fecham normalmente os<br />
empresários alugam o prédio e por isso<br />
não querem gastar muito dinheiro na<br />
modificação do imóvel e, mais, querem<br />
um retorno imediato do dinheiro, o que<br />
não existe”, diz Gilberto, cuja boate ficou<br />
um ano no vermelho até se tornar uma<br />
referência do público GLS.<br />
“Contratamos os melhores profissionais,<br />
investimentos em equipamentos<br />
modernos, buscamos as músicas que estão<br />
tocando nas melhores boates da Europa<br />
e dos Estados Unidos, sempre promovemos<br />
festas, atualizamos a decoração,<br />
sempre tentando agradar o público.<br />
E temos conseguido”, completa. Carlos<br />
Grade informa também que Guimarães<br />
tem contratado profissionais de destaque<br />
nacional para trazer as novidades para o<br />
Empório.<br />
Mas esse é o segredo do sucesso? Ou<br />
tem mais? A reportagem ouviu 19 empresários<br />
de bares, boates e estabelecimentos<br />
que atendem os notívagos<br />
londrinenses. Num determinado momento<br />
da conversa, os entrevistados acabam<br />
repetindo muitas coisas, como o amor<br />
pelo negócio, o envolvimento deles com o<br />
local, as dificuldades enfrentadas por<br />
quem resolve trabalhar no ramo e os<br />
motivos pelos quais outros não dão certo.<br />
É preciso gostar da noite, ou pelo<br />
menos de lugares semelhantes ao qual o<br />
empresário resolve abrir? Se você perguntar<br />
isso para Alexandre Vieira, sócio<br />
de Alexandre Guimarães na boate Luz, ou<br />
para Edmar Matos, da casa noturna Acústico,<br />
ambos vão responder que sim. Os<br />
dois foram promotores de festas boêmias,<br />
shows e por um tempo trabalharam como<br />
promoters de boates. Até que resolveram<br />
abrir cada um o seu próprio negócio. “O<br />
que me ajudou bastante é que eu tenho<br />
uma boa base de trabalho na rua, no<br />
contato com o público, do tempo em que<br />
trabalhava para outros. Acho que tenho<br />
um pouco de prática em saber o que o<br />
15<br />
Continua na página 16
16<br />
Gilberto Camargo,<br />
da Friends<br />
Alexandre Alves,<br />
do Pátio São Miguel<br />
público está querendo, se está gostando<br />
ou não”, diz Edmar.<br />
Outros que gostam do que fazem e<br />
sempre estiveram envolvidos no ramo<br />
são filhos de gente que já estava na<br />
noite. Jean de Souza Pêra é filho de José<br />
Pêra Neto e os dois administram o bar<br />
underground Armazém, aberto há 13<br />
anos e destinado ao público que gosta<br />
de rock e com apresentações de bandas<br />
locais e exibição de vídeos de shows<br />
internacionais, com mesas de sinuca e<br />
pimbolim. “Sempre esteve cheio aqui. E<br />
eu cresci neste meio. Não é algo que dê<br />
um retorno financeiro imediato, mas<br />
estamos há bastante tempo aí”, disse.<br />
Marlon Augusto Zanoni tinha oito anos<br />
quando o tio, Laerte, começou a vender<br />
gelo e carvão, em 1992. Logo depois, o tio<br />
ampliou o negócio e passou a fazer churrasco.<br />
Em 12 anos, o Gelobel se tornou<br />
uma das principais referências para quem<br />
busca comer e beber à noite com os amigos.<br />
Laerte foi assassinado durante um<br />
assalto perto de casa há quase dois anos<br />
e desde então o irmão, Odair, e o sobrinho<br />
cuidam do local. Há uma filial do Gelobel<br />
que é administrada pela viúva de Laerte,<br />
Maria Cristina. “Eu ajudo meu pai há<br />
quatro anos, sempre gostei daqui. É uma<br />
casa sempre movimentada e ajudo em<br />
tudo. Não fui forçado a nada, faço porque<br />
gosto”, afirma Marlon, enquanto coordena<br />
a equipe antes de abrir a casa para o<br />
público num sábado. Ele estava sozinho<br />
naquele dia, pois seu pai viajara.<br />
Os entrevistados reconheceram que<br />
muitas vezes o bar “ganha vida própria”,<br />
a tradição do nome e o boca-a-boca<br />
(principal forma de propaganda de uma<br />
casa noturna) dão tanta fama ao local,<br />
que as pessoas vão independente da<br />
estrutura.<br />
Lourival Brasil e a esposa Mara, há<br />
16 anos tocam o tradicional Bar Brasil,<br />
que desde sua fundação, na década de<br />
80, passou pelas mãos de quatro proprietários<br />
e várias reformas. “Quando chegamos<br />
aqui, havia apenas esta parte”,<br />
explica Lourival, apontando para uma<br />
área equivalente a um terço do bar. “Mas<br />
aí o lugar foi enchendo de jovens e<br />
precisamos ampliar.”<br />
O Bar Brasil, quem entra percebe, é<br />
Os locais preferidos pelos<br />
londrinenses são os bares. Por isso,<br />
há alguns que se tornaram tradicionais e<br />
se incorporaram à cultura da cidade<br />
um local que, mesmo depois de ampliado,<br />
se mantém apertado, quente e com<br />
certas curiosidades, como as caixas de<br />
ovos que fazem o revestimento acústico<br />
do ambiente. Mesmo assim, o bar é um<br />
sucesso, principalmente nas quartasfeiras<br />
e sábados. “Não sei porque começou<br />
a encher de jovens, depois que compramos<br />
aqui. A nossa intenção era fazer<br />
um bom bar. Antes eram mais aposentados<br />
e idosos e estava muito feio. Há<br />
uns 10 anos que isso aqui começou a<br />
virar point e aí não parou mais”, afirma<br />
o proprietário, acrescentando que nestes<br />
anos eles foram fazendo pequenas<br />
adaptações, como investir na transmissão<br />
de jogos de futebol nas noites de<br />
quarta e no final de semana e de DVDs<br />
musicais. “A tradição ajuda, mas o<br />
importante é a amizade que vamos<br />
fazendo com o tempo”, diz Lourival.<br />
Outro bar que não tem muita estrutura,<br />
que fica lotado e apertado mesmo<br />
sem receber tanta gente, mas que é<br />
bastante freqüentado é o Bar do Jota,<br />
localizado na rua João Cândido, quase<br />
esquina com a avenida JK. A atual proprietária,<br />
Maib Piassa das Neves, que<br />
antes trabalhou por 12 anos como garçonete<br />
do bar, conta com a ajuda de seu<br />
companheiro, Joaquim Biz, e de outros<br />
poucos funcionários para tocar o bar<br />
seis noites por semana. Enquanto Maib<br />
recebia o Jornal da ACIL, dois secretários<br />
municipais e outros dois membros do<br />
primeiro escalão da prefeitura de Londrina<br />
tomavam suas cervejas e conversavam<br />
animadamente com colegas. “O<br />
segredo aqui é não termos preconceitos<br />
contra ninguém. Somos bastante democráticos.<br />
Quem quiser vir aqui se divertir<br />
com amigos, tomar uma cerveja, jogar<br />
conversa fora, pode se sentar, não importa<br />
o que ele é, como se veste, ou que<br />
gosta. Só não pode importunar os outros”,<br />
resume a Maib.<br />
É necessário ser “da noite” para saber<br />
tocar um estabelecimento “da noite”?<br />
Valdomiro Chammé diz que ele e<br />
sua esposa, Rosangela, freqüentam o<br />
bar deles, o Valentino, de vez em quando,<br />
mas há quatro anos tem dormido<br />
cedo para cuidar da farmácia que mantém<br />
em sociedade com Rosângela. Foi<br />
naquela época que ele passou a admi-<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
nistrar o bar durante o dia, deixando a<br />
noite para dois garçons antigos que se<br />
tornaram sócios.<br />
Tirando os dez anos que ficou com a<br />
esposa cuidando integralmente do<br />
Valentino, nunca havia se envolvido com<br />
a noite como empresário ou funcionário.<br />
“O Valentino tem vida própria e isso<br />
é muito interessante. As mudanças, o<br />
ritmo de funcionamento quem determina<br />
é o público e mais importante do que<br />
qualquer coisa, para o sucesso de um<br />
lugar como este é preciso essa interação<br />
entre o público e o lugar”, comenta<br />
Chammé.<br />
Lourival Brasil,<br />
do Bar Brasil<br />
Osmaldo Bueno de<br />
Oliveira, do Pau Brasil
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 17<br />
Pizzaria no lugar de um ex-badalado<br />
bar<br />
Às vezes, gostar da noite, de música<br />
e do ambiente notívago de um bar não<br />
basta para o sucesso da casa.<br />
Wanderley Carlos administrou por<br />
quase sete anos o MPB Bar, que pelo<br />
nome já se tem uma idéia da proposta.<br />
Foram duas fases. Na a primeira, de<br />
1993 a 1995, a casa sempre estava<br />
cheia – “Fechei porque me mudei para<br />
o nordeste”. A segunda come;ou em<br />
2000, quando o empresário voltou<br />
para Londrina, e foi até 2004. Neste<br />
retorno, o início foi promissor. “No<br />
começo, na fase do modismo, a casa<br />
recuperou o público de antes, mas<br />
depois foi esvaziando”, conta.<br />
Mas o que aconteceu então? “O<br />
problema é que fui muito radical. Não<br />
me arrependo, pois não saberia fazer<br />
algo diferente. Mas é que acredito que<br />
no momento da apresentação musical,<br />
o público deve permanecer em<br />
silêncio. E a proposta deste bar não<br />
era ser da balada, para encher, ficarem<br />
todos de pé, tumulto. E eu me envolvi<br />
emocionalmente com o local. Nestes<br />
anos todos não houve alteração da<br />
minha proposta”, disse. Há poucas<br />
semanas, Waldomiro, que diz gostar<br />
da noite e que freqüentaria um bar do<br />
mesmo estilo que o seu, caso houvesse<br />
um, inaugurou uma pizzaria no<br />
mesmo espaço do antigo bar.<br />
Talvez o caso mais emblemático<br />
de que para tocar a noite é preciso<br />
gostar da noite seja o de Jonisvaldo<br />
Castanho, 53 anos. Em abril de 1983,<br />
William Amador Bueno<br />
de Moraes, do Vilão<br />
Marlon Zanoni,<br />
do Gelobel<br />
O tempo passou e o empresário<br />
da noite cansou-se da noite. E hoje<br />
tem saudades do bar que vendeu<br />
ele inaugurou o Clube da Esquina,<br />
que seis meses depois, após um<br />
incêndio que destruiu toda sua estrutura,<br />
se transformou num dos<br />
principais points da Cidade. “Tínhamos<br />
de tudo aqui, universitários,<br />
políticos, trabalhadores, gente querendo<br />
bater papo, namorar, muita<br />
gente que viveu nestes últimos 20<br />
anos em Londrina e que era da noite<br />
tem história para contar no bar”,<br />
relembra, saudoso.<br />
A saudade vem do fato que em<br />
novembro do ano passado, Jonisvaldo<br />
passou o ponto à frente. “Na verdade,<br />
eu já estava estressado com aquilo<br />
tudo. Quem toca a noite tem de estar<br />
na mesma freqüência que os seus<br />
clientes e eu já não agüentava mais<br />
ter de ficar acordado todos os dias até<br />
o sol nascer, esperando os clientes<br />
irem todos embora. Chegou um<br />
momento em que comecei a chutar<br />
todo mundo”, conta. Nos últimos anos,<br />
o Clube da Esquina já não lotava<br />
como nos anos 80 e boa parte da<br />
década passada. E os novos<br />
proprietários ainda não conseguiram<br />
trazer o público de volta.<br />
Outro bar que corre o risco de<br />
fechar, mas não por vontade do dono<br />
(aliás, pelo contrário, segundo o próprio)<br />
é um dos mais tradicionais e<br />
sempre um dos mais cheios da cidade,<br />
o Valentino, freqüentado por estudantes,<br />
pessoas ligadas ao meio<br />
artísticos, adultos que um dia foram<br />
estudantes e o público GLS. O bar<br />
corre o sério risco de fechar porque os<br />
proprietários do terreno onde ele está<br />
localizado querem transformar o<br />
espaço num estacionamento de um<br />
centro comercial ainda em construção.<br />
O imóvel do bar deveria ter sido<br />
entregue no final de 2004, mas os<br />
proprietários prolongaram o prazo<br />
para o final deste ano. Outra possibilidade<br />
é transferir a casa para outro<br />
local ou abrir o Valentino em outro<br />
espaço. Há também um movimento<br />
para que se convença o dono do<br />
terreno a deixar o bar onde está.<br />
(Márcio Leijoto)<br />
Mistura de entretenimento com cultura<br />
Uma das características da noite<br />
londrinense é a verve cultural<br />
forte. É comum bares e restaurantes<br />
investirem em exposições e apresentações<br />
artísticas. Várias bandas<br />
e músicos de relativo sucesso local,<br />
muitos com composições próprias<br />
e conhecidas nacionalmente, começaram<br />
suas carreiras tocando<br />
em bares da cidade, como o<br />
Valentino, o antigo Clube da<br />
Esquina entre outros.<br />
Recentemente, os londrinenses<br />
passaram a contar com mais um<br />
espaço para comer, beber e apreciar<br />
um espetáculo. O Tomate Seco -<br />
Café Teatro há um ano oferece exposições,<br />
filmes fora do circuito comercial,<br />
apresentações musicais,<br />
de circo e teatro. Arnaldo Falanca,<br />
53 anos, veio para Londrina há cinco<br />
anos e acabou montando “sem<br />
querer” o bar/restaurante. Ele veio<br />
para ajudar um amigo dono de uma<br />
lanchonete e acabou montando uma<br />
filial em outro bairro da cidade. Aos<br />
poucos, foi fazendo modificações<br />
até transformar o local no que é<br />
hoje. “Eu viajei muito, vivi na Índia,<br />
na Europa, em São Paulo. Vi muita<br />
coisa. Não tenho experiência com a<br />
noite, sou projetista por profissão,<br />
mas fui fazendo modificações que<br />
achava interessante e resolvi investir<br />
na parte cultural. Londrina tem<br />
muita gente boa em várias áreas<br />
artísticas. Mas é um investimento a<br />
longo prazo”, disse.<br />
Mas quem resolve investir em<br />
cultura em casas noturnas e bares<br />
sofre. Que o diga Arnaldo, Maib,<br />
Chammé, Vanderley, entre outros.<br />
Todos reclamaram de vários problemas<br />
imposto pelo município ou<br />
Por falta de espaços adequados, alguns<br />
bares e restaurantes se dão ao requinte de<br />
brindarem os freqüentadores com<br />
exposições e apresentações artísticas<br />
Mauro Antonio Garcia,<br />
do Albatroz<br />
Jean de Souza Pêra,<br />
do Armazém<br />
pelo próprio público. “O público<br />
daqui é muito exigente. Quer sair<br />
bem, como se sai em São Paulo,<br />
mas sem gastar nada. O que lá<br />
custa R$ 50, R$ 100, aqui você tem<br />
de fazer por R$ 10, R$ 30. Mas os<br />
londrinenses estão aprendendo”,<br />
reclama Carlos Grade, do Empório<br />
Guimarães.<br />
Mas a principal reclamação de<br />
quem tenta promover eventos na<br />
cidade é a falta de espaço adequado.<br />
“Nós já tivemos de cancelar dois<br />
shows de cantores nacionais neste<br />
mês porque Londrina não tem um<br />
lugar apropriado para receber muita<br />
gente sem gerar reclamações do<br />
público e da sociedade. A cidade<br />
tem público para um show de médio<br />
porte a cada quinze dias e um de<br />
grande porte a cada dois meses.<br />
Mas não tem local para isso”, afirma<br />
Eduardo Martins, sócio da<br />
organizadora de shows e eventos<br />
Madame X. Mesmo com tanta dificuldade,<br />
ele e seu sócio, André<br />
Guedes, conseguiram promover 30<br />
shows de músicos de nove países<br />
desde 1997 quando fizeram sociedade.<br />
“Mas poderíamos ter feito<br />
mais”, reclama.<br />
(Márcio Leijoto)
18<br />
Fernanda Mazzini<br />
Especial para o Jornal da ACIL<br />
Os consumidores do comércio<br />
de Londrina foram<br />
os grandes vencedores da<br />
campanha Londrinatal Premiado,<br />
idealizada pela ACIL<br />
em parceria com a Prefeitura<br />
de Londrina e a Sercomtel.<br />
No total, foram distribuídos<br />
R$ 108 mil em prêmios. Ao<br />
invés de sorteios de prêmios,<br />
a campanha elaborada neste<br />
ano trouxe uma inovação:<br />
foi um concurso de cunho<br />
cultural. Para participar da<br />
promoção, os consumidores<br />
tiveram que responder a uma<br />
questão: Como você<br />
comemora o Natal dos 70<br />
anos de Londrina?<br />
Entre os cerca de 100 mil<br />
participantes, uma frase foi<br />
escolhida e contemplada<br />
com um apartamento no<br />
valor de R$ 50 mil. A<br />
composição vencedora “Comemoro<br />
entre os mais diversos<br />
povos, que aqui construíram<br />
morada, erguendo<br />
as mãos para o céu e agradecendo<br />
pela terra abençoada!”,<br />
foi escrita pela relações<br />
públicas Fernanda Moreno<br />
Silva, de 27 anos.<br />
No entanto, foram distribuídos<br />
prêmios praticamente<br />
durante todo o mês de<br />
dezembro. Desde o início da<br />
promoção (dia 2) até o dia 28<br />
foram entregues diariamente<br />
42 vale-compras de R$<br />
50. No último dia da<br />
NATAL DOS 70 ANOS<br />
Bem traçadas linhas<br />
Consumidores fizeram do concurso de frases da<br />
Londrinatal 2004 uma grande vitrine da criatividade e do<br />
amor à Cidade. Prêmios foram mais do que merecidos<br />
promoção, além do apartamento,<br />
foram entregues oito<br />
vales-compra de R$ 1 mil.<br />
Os consumidores já premiados<br />
durante o mês com os<br />
vales de R$ 50 é que concorreram<br />
ao apartamento e aos<br />
vales de R$ 1 mil.<br />
Esses cupons deveriam<br />
ser gastos até o dia 8 de<br />
janeiro em qualquer uma das<br />
274 lojas participantes da<br />
promoção. A quantia teria<br />
que ser gasta integralmente<br />
em uma única empresa. O<br />
processo de seleção das<br />
frases premiadas foi um<br />
Se não tiver jeito para<br />
o negócio, o empresário<br />
pode se dar mal: em<br />
oito anos, 34 boates<br />
tiveram vida efêmera<br />
em Londrina<br />
Avaliadores da Unopar acompanhados de<br />
diretores da ACIL: melhores frases venceram<br />
trabalho diário e exaustivo,<br />
que contou com a participação<br />
de mais de 30 pessoas,<br />
entre diretores da ACIL, professores<br />
da Unopar do Departamento<br />
de Comunicação<br />
e Artes e estagiários.<br />
A seleção seguiu os critérios<br />
determinados no regulamento<br />
do concurso e foi<br />
baseada em uma contagem<br />
de pontos, que obedeceu a<br />
itens como: criatividade,<br />
adequação ao tema proposto<br />
e estilo literário. Foram<br />
considerados critérios de<br />
exclusão a legibilidade das<br />
informações pessoais e da<br />
frase, além da utilização<br />
correta da língua<br />
portuguesa.<br />
Durante o processo de<br />
elaboração da campanha, o<br />
objetivo da ACIL era oferecer<br />
um prêmio que agregasse<br />
valor entre o comércio e os<br />
consumidores. “Uma casa<br />
própria ainda é o sonho de<br />
boa parcela da população e<br />
esse prêmio (o apartamento)<br />
vai agregar valor à família,<br />
que pode usufruir o imóvel<br />
ou ter uma outra fonte de<br />
renda com ele”, destacou o<br />
presidente da entidade José<br />
Augusto Rapcham.<br />
Segundo ele, a participação<br />
na campanha foi positiva.<br />
“A premiação despertou<br />
interesse em todas as<br />
camadas da população, uma<br />
vez que um apartamento é<br />
um bem almejado por todos”,<br />
disse. O número de<br />
participantes também<br />
surpreendeu, já que um concurso<br />
de cunho cultural não<br />
tem a adesão de todos os<br />
consumidores que recebem<br />
o cupom de participação.<br />
Na avaliação da coorde-<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
nadora da equipe de correção<br />
das frases, Sônia Maria<br />
Mendes França, coordenadora<br />
de extensão universitária<br />
e dos cursos de Artes<br />
Visuais, no geral as frases<br />
apresentadas tinham um<br />
bom nível para competir.<br />
“Gostaria de ressaltar a<br />
importância de um concurso<br />
cultural que incentiva o<br />
pensamento criativo, que<br />
exige raciocínio e que os participantes<br />
devem pensar em<br />
uma resposta”, afirmou.<br />
Ela lembra, no entanto,<br />
que muitos participantes<br />
não entenderam a proposta<br />
do concurso. “Muitos escreveram<br />
poemas belíssimos,<br />
fizeram homenagens<br />
bonitas e inteligentes à<br />
Cidade, mas não responderam<br />
à pergunta do concurso<br />
e acabaram fugindo do<br />
seu foco”, explicou. Sônia<br />
acrescenta que a avaliação<br />
foi feita pela equipe com<br />
muita responsabilidade<br />
para que a sociedade tivesse<br />
uma resposta séria e<br />
coerente do resultado concurso.<br />
“Foram seguidos todos<br />
os critérios propostos<br />
no regulamento”, observou.<br />
Os nomes de todos os consumidores<br />
premiados e o regulamento<br />
do concurso estão<br />
disponíveis no site da entidade<br />
(www.acil.com.br).<br />
Os locais preferidos<br />
pelos londrinenses são<br />
os bares. Por isso, há<br />
alguns que se tornaram<br />
tradicionais e se incorporaram<br />
à cultura da cidade
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 19<br />
Confira as melhores frases<br />
Ganhadora do Apartamento<br />
Fernanda Moreno Silva<br />
“Comemoro entre os mais diversos povos, que aqui construíram morada, erguendo<br />
as mãos para o céu e agradecendo pela terra abençoada!”<br />
Ganhadores dos vales-compras R$ 1.000,00<br />
Elias Alves Pinheiro<br />
“Comemoro encontrando amigos em cada canto<br />
que vou; comemoro fazendo amigos em cada passo<br />
que dou. Em tantos anos de Londrina, minha<br />
grande amiga a cidade se tornou.”<br />
Iuri de Godoi<br />
“Anunciando: Londrina brilha e sempre brilhará,<br />
pois é a estrela guia do norte do Paraná.”<br />
Maria José<br />
dos Santos<br />
“Brindando a visão<br />
dos que aqui se<br />
instalaram.<br />
Saudando os<br />
pioneiros que aqui<br />
plantaram e<br />
desejando<br />
prosperidade aos<br />
que aqui ficaram.”<br />
Maria Luiza<br />
das Dores<br />
“Fazendo uma<br />
retrospectiva:<br />
‘Londrina das<br />
perobas rosas às<br />
extensas lavouras<br />
cafeeiras, hoje<br />
cidade cosmopolita,<br />
metrópole, mas<br />
sempre<br />
hospitaleira’”.<br />
Sandra Jaqueline Kalocsay<br />
“Com orgulho, trabalho e dignidade. Porque<br />
assim foi escrita a história desta cidade.”<br />
Zélia de Souza Zago<br />
“Comemoro agradecendo a Deus por nos ter dado<br />
esse lar. Aqui tudo prospera, basta semear.”<br />
NATAL DOS 70 ANOS<br />
Isabelle Perez Frisa<br />
“Da vida uma história, da cidade uma memória, do<br />
comércio uma glória. É assim Londrina, que<br />
comemoro os 70 anos de sua vitória.”<br />
Márcio Nascimento<br />
“Londrina do tempo da lamparina, Londrina dos<br />
tempos da brilhantina, quero comemorar seus<br />
setenta anos, dançando contigo, menina.”
20<br />
Inspirada na saudade<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
Vencedora da Londrinatal 2004, Fernanda Moreno Silva diz que a falta que sentiu da<br />
Cidade quando morou fora inspirou a criação da frase vencedora<br />
A londrinense Fernanda<br />
Moreno Silva se considera<br />
uma pessoa sem sorte. Nunca<br />
havia ganhado prêmios distribuídos<br />
ou sorteados em concursos<br />
e promoções. No entanto,<br />
sua estréia não poderia ser melhor.<br />
Ela, que tem apenas 27<br />
anos, foi a vencedora da campanha<br />
Londrinatal Premiado, idealizada<br />
pela ACIL em parceria<br />
com a Prefeitura e a Sercomtel.<br />
Fernanda ganhou um apartamento<br />
com valor estimado em<br />
R$ 50 mil.<br />
Fernanda participou da promoção<br />
e sua frase foi considerada<br />
a melhor entre cerca de 100<br />
mil composições. A promoção<br />
pedia aos consumidores que elaborassem<br />
uma frase com base<br />
na seguinte pergunta: “Como<br />
você comemora os 70 anos de<br />
Londrina?” “Comemoro entre os<br />
mais diversos povos, que aqui<br />
construíram morada, erguendo<br />
as mãos para o céu e agradecendo<br />
pela terra abençoada!”, a frase<br />
de Fernanda.<br />
Além do apartamento, ela já<br />
havia ganhado um vale-compra<br />
de R$ 50, gasto na compra do<br />
presente de Natal do seu pai.<br />
Fernanda recebeu o cupom<br />
depois de comprar o presente de<br />
Natal do noivo em uma loja de<br />
artigos esportivos no Calçadão,<br />
a Bolivar Sportware. Preferiu não<br />
elaborar a frase na hora. Levou<br />
o cupom para a casa para pensar<br />
na melhor resposta. Depois<br />
de “dois ou três dias” achou que<br />
tinha encontrado a solução e<br />
preencheu o papel.<br />
A resposta à pergunta veio<br />
das saudades que Fernanda<br />
sentiu de Londrina, onde nasceu,<br />
quando ficou um ano e<br />
NATAL DOS 70 ANOS<br />
Fernanda, no apartamento que ganhou da Londrinatal:<br />
prêmio mais que bem-vindo para ela e o noivo, que<br />
estão de casamento marcado para outubro<br />
meio longe da Cidade. Ela, que é<br />
relações públicas, trabalhou em<br />
São Francisco do Sul (litoral de<br />
Santa Catarina) em uma usina<br />
do ramo siderúrgico e tinha<br />
voltado para Londrina há apenas<br />
um mês e meio. Conseguiu emprego<br />
na indústria farmacêutica<br />
Hexal, em Cambé. Foi o único<br />
período longe da Cidade.<br />
“Quando estava fora sentia<br />
falta daqui e conversava sobre<br />
isso com meus amigos. Fazia<br />
propaganda mesmo de Londrina,<br />
falava do clima bom e do<br />
povo que é bastante acolhedor.<br />
Todos ficavam com vontade de<br />
conhecer a Cidade”, conta<br />
Fernanda. Partindo deste princípio,<br />
ela acreditava que deveria<br />
expressar esse sentimento na<br />
frase. E deu certo.<br />
A relações públicas lembra<br />
que para compor a frase escreveu<br />
em uma folha “palavraschave”<br />
que lembravam a Cidade<br />
como: terra vermelha, saudade,<br />
comemoração, agradecimento.<br />
“Não queria dizer que iria comemorar<br />
o aniversário de Londrina<br />
com festa, queria uma coisa mais<br />
subjetiva. Aí lembrei da terra<br />
abençoada e fértil, do clima bom<br />
e as coisas foram se encaixando”,<br />
comenta.<br />
A frase vencedora foi a primeira<br />
das cinco composições que<br />
Fernanda elaborou para<br />
participar do concurso. Apenas<br />
uma foi premiada. E justamente<br />
a frase vencedora foi a mais fácil<br />
de ser escrita, na sua opinião.<br />
“Como usei a idéia da saudade<br />
na primeira, achei mais difícil<br />
pensar em assuntos diferentes<br />
nas outras frases”, diz.<br />
Embora tenha formação católica,<br />
atualmente ela não é<br />
praticante de nenhuma religião.<br />
No entanto, a relações públicas<br />
“Quando estava fora sentia falta daqui<br />
e conversava com meus amigos. Fazia<br />
propaganda de Londrina, falava do clima<br />
bom e do povo que é bastante acolhedor.”<br />
diz acreditar muito na existência<br />
de Deus. Por isso, ela agradeceu<br />
pela “terra abençoada”. E<br />
mesmo lembrando do Criador,<br />
Fernanda diz que não esperava<br />
receber o prêmio máximo da<br />
campanha. “Quando recebi o<br />
vale-compra de R$ 50 fiquei com<br />
esperança, mas muito remota”,<br />
conta. Esperança que se tornou<br />
realidade.<br />
Fernanda estava em Meia<br />
Praia (litoral de Santa Catarina)<br />
quando recebeu a notícia que<br />
tinha ganhado o apartamento<br />
da campanha. Tinha chegado à<br />
praia naquele dia com uma amiga<br />
e iria passar quatro dias. Voltaria<br />
a Londrina para passar o<br />
Rèveillon com os familiares.<br />
Acabou voltando no mesmo dia<br />
e chegou à sede da ACIL no dia<br />
seguinte, ainda com algumas<br />
horas de folga para receber as<br />
chaves do apartamento.<br />
“O apartamento é muito bom,<br />
não é pequeno nem grande.<br />
Tem dois quartos. Ideal para<br />
um casal recém-casado.”<br />
O prêmio agora vai fazer parte<br />
do seu futuro. Ela está de casamento<br />
marcado para outubro.<br />
Fernanda e o noivo já estavam<br />
procurando um imóvel para<br />
morar e mesmo recebendo o<br />
apartamento não há possibilidade<br />
de adiantar a união. “O<br />
buffet já foi contratado”, diz. No<br />
entanto, ainda não está decidido<br />
se o apartamento 903 do Condomínio<br />
Residencial D’Angelo, localizado<br />
na Vila Nova, será o<br />
novo endereço do casal. Afinal, a<br />
decisão tem que ser tomada em<br />
conjunto com o noivo.<br />
Fernanda diz ter gostado<br />
muito do imóvel e, por enquanto,<br />
descarta a sua venda mesmo<br />
que o casal não se instale<br />
inicialmente no imóvel. “O apartamento<br />
é muito bom, não é<br />
pequeno nem grande. Tem dois<br />
quartos. Ideal para um casal<br />
recém-casado”, reforça.
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 21<br />
Comerciantes também foram premiados<br />
O Londrinatal Premiado deste ano<br />
não premiou somente os consumidores.<br />
Os comerciantes também receberam<br />
prêmios através do concurso de<br />
decoração de fachadas e vitrines. Foram<br />
premiados os seguintes estabelecimentos:<br />
Shopping Via Pio XII, A<br />
Vantajosa e Celular Mendes. Cada<br />
um recebeu R$ 5 mil, R$ 3 mil e R$ 2<br />
mil, respectivamente. Os prêmios foram<br />
entregues durante solenidade na<br />
sede da ACIL, no último dia 28.<br />
Podiam participar do concurso apenas<br />
os associados da ACIL. Vinte e<br />
cinco empresas estabelecidas na região<br />
central e na Zona Norte aderiram<br />
à competição. Durante o mês de dezembro,<br />
uma equipe formada por cinco<br />
profissionais (quatro professores da<br />
Unopar das áreas de Arquitetura,<br />
Design e Artes Visuais e um arquiteto)<br />
visitou todas as lojas e empreendimentos<br />
inscritos no concurso.<br />
Foram avaliados itens como<br />
criatividade, harmonia e composição<br />
do tema natalino. Para cada um dos<br />
três critérios foram dadas notas de 0<br />
a 10. Neste caso, cada loja poderia<br />
conseguir no máximo 150 pontos. O<br />
vencedor foi o empreendimento que<br />
obteve a maior somatória de notas. Na<br />
avaliação do arquiteto Edson Júnior,<br />
coordenador dos trabalhos, todos os<br />
participantes apresentaram um bom<br />
nível na decoração.<br />
“Vimos decorações muito interessantes,<br />
mas acreditamos que os empresários<br />
poderiam ter valorizado mais<br />
uma decoração para o dia, sem o uso<br />
de muita luz, já que estamos com o<br />
horário de verão e há pouco tempo<br />
para aproveitar essas luzes. Em muitas<br />
decorações as luzes é que faziam<br />
a diferença”, avalia Edson Júnior.<br />
No entanto, na sua opinião, o objetivo<br />
do concurso foi fazer com que a<br />
cidade se enfeitasse para a chegada<br />
do Natal. “Com isso o comércio fica<br />
mais atrativo e os consumidores se<br />
sentem estimulados a consumir. Há<br />
Loja da Tim – Celular Mendes,<br />
em seu primeiro ano de funcionamento:<br />
criação coletiva dos funcionários<br />
NATAL DOS 70 ANOS<br />
uma potencialização do consumo.<br />
Neste caso, o concurso foi um mero<br />
coadjuvante”, diz. Como esta<br />
competição foi uma das primeiras já<br />
realizadas na cidade, o arquiteto<br />
acredita que no próximo ano haverá<br />
mais participação dos empresários.<br />
“Esse foi o primeiro e agora todos<br />
viram que é possível competir e ganhar”,<br />
afirma.<br />
SURPRESA - Já os comerciantes<br />
premiados manifestaram surpresa<br />
pela premiação. Mas apesar da reação,<br />
todos planejaram a decoração<br />
com uma certa antecedência e até<br />
contaram com a ajuda de especialistas.<br />
Foi o caso do primeiro colocado, o<br />
Shopping Via Pio XII. Os enfeites<br />
natalinos começaram a ser pensados<br />
em outubro, quando foi realizada uma<br />
reunião com o decorador Sergio<br />
Figueiredo, autor da decoração do<br />
shopping.<br />
“Queríamos que o shopping ficasse<br />
bonito e que atraísse os consumidores”,<br />
explica André Sipoli Fontana<br />
Bertin, sócio-proprietário do estabelecimento.<br />
O investimento na decoração<br />
variou de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Parte<br />
desse recurso foi tirado de um fundo<br />
de promoção, arrecadado entre os<br />
lojistas durante o ano. A outra parte<br />
foi bancada pela própria administra-<br />
Shopping Via Pio<br />
II, vencedor do<br />
concurso de<br />
decoração de<br />
fachadas e<br />
vitrines: enfeites<br />
começaram a ser<br />
estudados em<br />
outubro<br />
ção do shopping. Agora, o dinheiro do<br />
prêmio será guardado e aplicado na<br />
decoração natalina do próximo ano.<br />
“Com esse prêmio ficamos mais animados<br />
e vamos caprichar mais no<br />
ano que vem”, diz Bertin.<br />
Já a decoração da loja A Vantajosa<br />
foi planejada pelo departamento de<br />
marketing da empresa e montada pela<br />
Tok Final, empresa especializada em<br />
decoração. “Foi uma decoração simples,<br />
mas que chamou a atenção.<br />
Todos os anos planejamos a decoração<br />
de Natal com capricho e vontade,<br />
mas não esperávamos receber este<br />
prêmio”, comenta o gerente Osmar<br />
A Vantajosa:<br />
decoração criada<br />
pelo departamento<br />
de marketing da<br />
empresa e<br />
montada por loja<br />
especializada<br />
Cassoto. Ele também revela que a<br />
premiação lhes deu mais ânimo para<br />
continuar caprichando na decoração.<br />
REFERÊNCIA - Os enfeites da<br />
Celular Mendes foram planejados<br />
pelos próprios funcionários da loja.<br />
Este foi o primeiro ano de funcionamento<br />
da empresa e, por isso, os<br />
empreendedores nunca tinham trabalhado<br />
com decoração natalina. “Fizemos<br />
um treinamento de decoração<br />
de vitrines e, a partir daí, cada membro<br />
da nossa equipe deu uma opinião”,<br />
explica a vendedora Regiane<br />
Oldembergas. Segundo ela, a decoração<br />
foi montada para dar mais visibilidade<br />
à loja e, conseqüentemente,<br />
atrair mais clientes.<br />
E o sucesso da decoração da Celular<br />
Mendes foi tanto que a TIM (operadora<br />
de telefonia celular da qual a loja<br />
é franqueada) elegeu a decoração da<br />
empresa como uma das melhores<br />
entre todas as suas representantes.<br />
“Isso também foi um reconhecimento<br />
ao nosso trabalho”, observa Regiane.
22<br />
As estatísticas do concurso<br />
cultural da Londrinatal 2004<br />
mostram que a campanha teve<br />
um público heterogêneo. Os<br />
dados referentes às frases premiadas,<br />
num total de 1.008,<br />
atestam que o concurso foi<br />
democrático e que a<br />
criatividade não tem endereço<br />
preferido em Londrina. O maior<br />
número de premiados é da Zona<br />
Norte, com 22%, seguida da<br />
Zona Leste, com 17% das cartas<br />
premiadas. Outra estatística<br />
importante que o Jornal da<br />
ACIL traz é o das empresas que<br />
mais distribuíram prêmios.<br />
Confira os gráficos:<br />
NATAL DOS 70 ANOS<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
Uma campanha democrática
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
23
24<br />
MORTE SÚBITA CARDÍACA<br />
O músculo da vida<br />
Negligenciar a saúde e ignorar problemas com pressão,<br />
colesterol e diabetes podem ocasionar a parada cardíaca.<br />
É preciso evitar e também socorrer a tempo<br />
Quais são as chances de você<br />
estar andando na rua, de repente<br />
sentir uma dor no peito, um<br />
ataque cardíaco fulminante, cair<br />
e morrer? Depende. Se você leva<br />
uma vida sedentária, fuma, sofre<br />
e não cuida de diabete, pressão<br />
alta ou colesterol alto, não tem<br />
uma alimentação saudável, está<br />
acima do peso, então a chance é<br />
grande. Mesmo que você só tenha<br />
um dos problemas citados,<br />
estes são os principais fatores<br />
de risco para uma doença<br />
cardiovascular – a principal causa<br />
de morte segundo estatísticas<br />
da maior parte do mundo.<br />
E as chances de você morrer<br />
por causa de um ataque cardíaco<br />
são maiores no Brasil e em<br />
lugares onde a maioria da população<br />
não sabe o que fazer diante<br />
de uma vítima de enfarte.<br />
“Quando uma pessoa tem uma<br />
parada cardíaca, quem está por<br />
perto tem até dez minutos para<br />
conseguir salvá-la sem lesão cerebral.<br />
A cada minuto, 10% dos<br />
que tiveram parada cardíaca<br />
morrem, então em 10 minutos<br />
100% faleceram. Por isso a ajuda<br />
precisa ser rápida”, explica o<br />
cardiologista Cláudio Fuganti.<br />
O médico é especialista em<br />
marca-passo, trabalha em seu<br />
consultório e nos hospitais da<br />
Cidade e faz parte da diretoria<br />
do Departamento de Cardiologia<br />
da Associação Médica de Londrina<br />
(AML). Ele deu recentemente<br />
uma palestra para empresários<br />
sobre “Morte Súbita<br />
Cardíaca”, no auditório da ACIL,<br />
numa parceria entre as duas<br />
entidades.<br />
O mote do evento foi a morte<br />
do zagueiro Serginho, do São<br />
Caetanto, no dia 27 de outubro,<br />
em jogo válido pelo Campeonato<br />
Brasileiro de Futebol. É claro<br />
que a causa da morte do atleta é<br />
diferente da maioria das vítimas<br />
de paradas cardíacas com perfil<br />
semelhante ao público presente<br />
na palestra. Fuganti explica que<br />
o atleta sofreu o ataque porque<br />
apresentava, aparentemente,<br />
um engrossamento do músculo<br />
do coração. “É uma doença que<br />
provoca arritmia. Quem tem isso<br />
não pode praticar atividade física<br />
competitiva”, afirmou.<br />
O médico aproveitou que toda<br />
a atenção da mídia estava voltada<br />
para o caso Serginho para<br />
dar um aviso aos empresários e<br />
às pessoas que participaram da<br />
palestra: “A morte súbita, na<br />
maior parte das vezes, é de origem<br />
cardíaca. E destes, 85% dos<br />
casos são por problema em uma<br />
das coronárias (artérias que irrigam<br />
o coração). Ou entupimento<br />
parcial, ou uma isquemia<br />
(deficiência de circulação) parcial<br />
ou um enfarte mesmo. Como<br />
85% das causas são relaciona-<br />
As medidas<br />
preventivas só funcionam,<br />
é lógico, se tomadas<br />
com antecedência<br />
Cláudio Fuganti:<br />
“Deveríamos ter de<br />
20% a 30% das<br />
pessoas treinadas<br />
para este<br />
atendimento<br />
emergencial”<br />
das a doenças da coronária,<br />
então temos de estar atentos<br />
aos fatores que predispõe ao<br />
rompimento das coronárias”,<br />
disse. E quais são os fatores de<br />
risco? São os citados no primeiro<br />
parágrafo da reportagem.<br />
“Você tem de evitar ter pressão<br />
alta, evitar a obesidade, ter<br />
uma dieta saudável, estilo de<br />
vida saudável, ter uma atividade<br />
física, não fumar, controlar o<br />
peso... Se você já tem algum dos<br />
problemas, então tem estar<br />
sempre se tratando com o médico,<br />
tomar os remédios indicados<br />
e não abusar”, diz Fuganti à<br />
reportagem do Jornal da ACIL.<br />
Fuganti comenta que as pessoas<br />
ainda procuram os médicos<br />
só quando apresentam os<br />
sintomas da doença, mas acredita<br />
que a população está mais<br />
consciente da importância da<br />
prevenção. “Lógico que as pessoas<br />
estão bem mais conscientes.<br />
Se não estiverem, por falta<br />
de informação não é. A prevenção<br />
é divulgação. E acho que<br />
está havendo bastante. Não<br />
passa três meses sem que saia<br />
na revista Veja, por exemplo,<br />
uma reportagem sobre coração”,<br />
afirmou.<br />
Mesmo assim, ainda é pou-<br />
co, na opinião do médico. “Apesar<br />
de estarem mais conscientes,<br />
elas ainda estão pouco informadas.<br />
Porque só se consegue<br />
falar sobre morte súbita ou<br />
prevenção quando você tem<br />
algo como a morte de um atleta,<br />
por exemplo, que é quando<br />
a população se assusta. Aí vem<br />
a discussão que deveria haver<br />
sempre. Fora isso, cai um idoso<br />
na rua, não chama tanto a<br />
atenção. Nem da imprensa”,<br />
disse.<br />
As medidas preventivas só<br />
funcionam, é lógico, se tomadas<br />
com antecedência. Na hora em<br />
que a pessoa tem um ataque<br />
cardíaco, é preciso agir com rapidez<br />
para socorrê-la. “As pessoas<br />
não estão preparadas para<br />
este tipo de socorro. Deveríamos<br />
ter de 20% a 30% das pessoas<br />
treinadas para este atendimento<br />
emergencial. É um cálculo<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
que leva em conta que não importa<br />
onde a vítima esteja, teoricamente<br />
vai haver uma pessoa preparada<br />
para socorre-la”, comenta o<br />
cardiologista.<br />
E Fuganti falou que a população<br />
sabe muito pouco sobre como tratar<br />
e atender uma vítima de parada<br />
cardíaca. “Porque aí que entra a<br />
questão do atendimento rápido. Em<br />
nenhuma hipótese se deve tentar<br />
levar esta pessoa para o hospital. O<br />
importante é prevenir. Mas se a<br />
pessoa tiver o ataque cardíaco,<br />
alguém que estiver por perto tem de<br />
saber o que fazer e também<br />
precisamos de um sistema de saúde<br />
emergencial rápido e ágil para que<br />
possa intervir nos pacientes em<br />
casa (local onde acontecem a maioria<br />
dos casos de enfarte, ressalta o<br />
médico) e, quando forem locais de<br />
grande circulação, precisamos ter<br />
os aparelhos “de choque” à disposição”,<br />
comentou o médico, referindo-se<br />
ao desfribilador, aparelho<br />
muito comentado depois da morte<br />
de Serginho.<br />
“Se você começar a fazer uma<br />
massagem cardíaca imediatamente<br />
e conseguir um aparelho que dá<br />
choque no coração, e faça o coração<br />
bater novamente, quanto menor for<br />
este intervalo, maior a chance de<br />
recuperar a vítima. Nos melhores<br />
centros, hoje se consegue sucesso<br />
em 25% a 30% dos casos. Cerca de<br />
85% dos que têm parada cardíaca<br />
por problemas na coronária são<br />
pessoas que tiveram arritmia<br />
cardíaca e precisam do aparelho<br />
que dá choque para o coração voltar<br />
a bater. Então se o aparelho não<br />
chegar rapidamente, não adianta”,<br />
explica o médico, lembrando que<br />
Londrina tem uma legislação que<br />
obriga locais de grande circulação<br />
de gente a terem estes aparelhos,<br />
como rodoviária, shopping. “E, é<br />
claro, precisa ter gente preparada<br />
para mexer neste aparelho”,<br />
complementou.<br />
Cerca de 85% dos que têm<br />
parada cardíaca por problemas<br />
na coronária são pessoas<br />
que tiveram arritmia cardíaca
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
Investimentos buscam criar<br />
A falta de estrutura para abrigar<br />
eventos de grande porte pode comprometer<br />
a exploração deste tipo de turismo.<br />
Londrina perde para outras cidades,<br />
principalmente, a realização de eventos<br />
técnico-científicos que necessitam de<br />
diversas salas de apoio. Além do Centro<br />
de Eventos - o maior estabelecimento do<br />
gênero - o município conta com espaços<br />
de médio e pequeno porte.<br />
Uma das provas desta falta de estrutura<br />
é a realização do Congresso<br />
Brasileiro de Soja, promovido pela<br />
Embrapa Soja. O evento já estava<br />
agendado para maio de 2006 e deve<br />
contar com a participação de mais de 1,5<br />
mil pessoas. No entanto, a direção da<br />
instituição voltou atrás e a definição se o<br />
evento fica mesmo na Cidade só sairá no<br />
final deste mês. Esse recuo é resultado<br />
do assédio de outras cidades, que<br />
estariam melhor preparadas para receber<br />
congressos com essas dimensões.<br />
A direção da Embrapa Soja ainda não<br />
bateu o martelo. Segundo a chefe do<br />
órgão, Vânia Castiglione, os<br />
organizadores ainda estão discutindo o<br />
assunto. “O evento precisa ser realizado<br />
em um local próximo ao Centro da cidade<br />
ou que ofereça condições de alimentação.<br />
As salas onde ficarão expostos os<br />
trabalhos e as pesquisas também devem<br />
ficar no mesmo local do congresso para<br />
que haja maior integração entre os<br />
participantes”, explica.<br />
Mas estão sendo feitos esforços para<br />
melhorar a estrutura local. A direção do<br />
Centro de Eventos, por exemplo, já se<br />
dispôs a fazer algumas adaptações em<br />
seu prédio. Já foram construídas quatro<br />
salas de apoio, com investimentos de<br />
estrutura para grandes<br />
eventos<br />
Londrina conta com excelentes estruturas de pequeno e médio portes,<br />
mas sofre com a falta de espaço para eventos de grande público Catuaí vai<br />
montar espaço<br />
para 2 mil pessoas<br />
mais de R$ 200 mil. “Mas como o custo<br />
é alto, essa produção é feita aos poucos”,<br />
diz Maitê Ulhman, diretora executiva do<br />
Londrina Convention & Visitors Bureau.<br />
Foram esses investimentos que<br />
seguraram na Cidade a realização do 4º<br />
Simpósio de Pesquisa de Cafés do Brasil,<br />
marcado para maio. O evento é<br />
organizado pelo Iapar, em parceria com<br />
o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e<br />
Desenvolvimento do Café, através da<br />
Embrapa Café. Segundo Isaura Pereira<br />
Granzotti, coordenadora de eventos do<br />
Iapar, caso o Centro de Eventos não se<br />
dispusesse a fazer algumas modificações<br />
o simpósio não seria realizado em<br />
Londrina. O Centro de Eventos cons-<br />
Congresso Brasileiro de<br />
Soja, que estava confirmado<br />
para Londrina, poderá ir<br />
para outra cidade<br />
Operários montam estrutura metálica de novas salas do Centro<br />
de Eventos: adequação atende exigências do mercado<br />
truiu três auditórios: dois com capacidade<br />
para 150 pessoas cada um e outro vai<br />
abrigar 250.<br />
RETORNO - O investimento em eventos<br />
de grande porte pode ser alto, mas<br />
traz retorno. O orçamento do Congresso<br />
Brasileiro da Soja, por exemplo, que será<br />
realizado em quatro dias, é de cerca de<br />
R$ 1 milhão. “Esse dinheiro é dividido<br />
entre todos os setores da Cidade.<br />
Movimenta a economia formal e<br />
informal”, salienta Maitê. Ela acrescenta<br />
que cada turista que chega à Cidade<br />
para participar deste tipo de evento<br />
costuma gastar cerca de R$ 300 por dia,<br />
entre hospedagem, alimentação, lazer e<br />
souvenires.<br />
Maitê afirma que Londrina tem grande<br />
potencial para a realização deste tipo<br />
de evento, principalmente nas áreas<br />
técnico-científicas, saúde, ciência e<br />
tecnologia. Os organizadores são atraídos<br />
pelo baixo custo de hotéis e alimentação<br />
(em média 30% a 40% mais barato<br />
do que Curitiba ou municípios do interior<br />
de São Paulo); pela qualidade de vida (a<br />
cidade é bonita, limpa e relativamente<br />
segura); e também oferece mão-de-obra<br />
barata.<br />
“Por isso é preciso incentivar e apoiar<br />
a realização deste tipo de evento. Há<br />
25<br />
O Catuaí Shopping também está<br />
de olho no turismo de eventos. Os<br />
empreendedores do estabelecimento<br />
já estão à procura de parceiros<br />
para investir em melhorias na infraestrutura<br />
de um espaço com capacidade<br />
para abrigar cerca de 2 mil<br />
pessoas. Com 2,5 mil metros quadrados,<br />
o espaço fica no mezanino<br />
logo acima da entrada principal do<br />
Catuaí, onde já funcionaram algumas<br />
boates.<br />
Deverão ser investidos R$ 1 milhão,<br />
em obras de acústica e na compra<br />
de equipamentos e mobília. A<br />
intenção ainda é disponibilizar divisórias<br />
removíveis para montar até seis<br />
salas de apoio. Neste caso, o salão<br />
maior teria capacidade para abrigar<br />
até 700 pessoas. A expectativa é que<br />
as obras sejam iniciadas ainda neste<br />
semestre.<br />
algumas parcerias com a Codel, mas não<br />
é efetivamente uma política municipal. A<br />
Prefeitura poderia ser mais pontual”,<br />
sugere Maitê. Ela acrescenta que o<br />
governo municipal deveria investir mais<br />
no turismo de eventos, enquanto a<br />
iniciativa privada poderia aderir a<br />
entidades que incentivam essa prática,<br />
como o Convention. “Com maior adesão,<br />
teríamos mais poder de fogo para negociar<br />
a realização destes eventos. Poderíamos<br />
fazer mais investimentos para vender a<br />
imagem da Cidade”, observa.<br />
A reportagem tentou conversar sobre<br />
o assunto com o novo presidente da<br />
Codel, Cláudio Tedeschi, mas não foi<br />
atendida.
26<br />
A história de que o mês de<br />
janeiro é uma época marcada pela<br />
retração do mercado surgiu possivelmente<br />
da idéia de que os<br />
brasileiros só funcionam após o<br />
Carnaval. Sem dúvida, este é um<br />
conceito ultrapassado, característica<br />
de um Brasil que vivia<br />
baseado na trilogia futebol-samba-carnaval.<br />
O Brasil de hoje é muito mais<br />
ativo e produtivo. Os indicadores<br />
de nossa economia comprovam<br />
este cenário. Em 2004, as<br />
exportações atingiram o recorde<br />
de U$ 87 bilhões. Em dezembro<br />
de 2004, o Brasil vendeu US$<br />
9,149 bilhões no comércio internacional,<br />
valor recorde para meses<br />
de dezembro e 30,3% superior<br />
à média de embarques registrada<br />
em igual período de<br />
2003. As importações<br />
totalizaram US$ 5,684 bilhões e<br />
não batiam recorde desde 1996,<br />
quando alcançou US$ 5,635 bilhões.<br />
O saldo comercial do período,<br />
que também é recorde,<br />
ESPAÇO ESPAÇO APP APP APP LONDRINA<br />
LONDRINA<br />
Janeiro:<br />
mês de retração do mercado ou mito?<br />
totalizou US$ 3,510 bilhões e se<br />
tornou o sétimo mês do ano em<br />
que o superávit comercial fica<br />
acima da marca dos US$ 3 bilhões.<br />
Hoje, a palavra-chave é<br />
competitividade, condição somente<br />
conquistada e mantida com<br />
muito trabalho. Parar suas atividades<br />
por um mês, ou simplesmente<br />
diminuir o ritmo, pode<br />
significar sair em desvantagem<br />
sobre a concorrência no ano que<br />
começa. Podemos entender o<br />
mundo dos negócios como uma<br />
maratona. Na maratona, a vantagem<br />
de um corredor sobre o outro<br />
não pode ser muito grande porque,<br />
caso contrário, quem está atrás<br />
dificilmente alcançará aquele<br />
segue na frente.<br />
Imaginemos uma empresa<br />
como um corredor de maratona.<br />
Se esta empresa conseguiu conquistar<br />
uma vantagem competitiva,<br />
ficar parada ou simplesmente<br />
diminuir o ritmo significa<br />
possibilitar que o concorrente a<br />
Parar suas atividades por um<br />
mês, ou simplesmente diminuir<br />
o ritmo, pode significar sair<br />
em desvantagem sobre a<br />
concorrência no ano que começa<br />
alcance, fazendo com que todo o<br />
esforço para manter a concorrência<br />
à distância tenha sido em<br />
vão.<br />
É por esta razão que acredito<br />
que, se o início do ano for uma<br />
época de retração, as empresas<br />
estarão perdendo terreno para a<br />
concorrência que manteve o ritmo<br />
ou acelerou para se distanciar<br />
dos outros competidores.<br />
O consumo não pára no mês<br />
de janeiro e, sim, obedece a uma<br />
sazonalidade de segmentos diferentes.<br />
Existem alguns setores<br />
em que o pico ocorre nesta época<br />
do ano, como o de educação e<br />
material escolar, por exemplo.<br />
Há outros que também ficam<br />
mais ativos neste período: bebidas,<br />
turismo, higiene pessoal e<br />
beleza são alguns deles. Mesmo<br />
o setor de varejo, que tem seu<br />
pico no final do ano, começa o<br />
ano com as grandes liquidações<br />
de estoque. Na verdade, as empresas,<br />
em sua maioria, não pos-<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
Início do ano não é de retração e<br />
sim de oportunidades. Na maratona<br />
que é a competição do mercado,<br />
qualquer vantagem pode ser decisiva<br />
para o sucesso de uma organização<br />
suem uma grande quantidade<br />
de estoques acumulados. Hoje,<br />
elas estão adotando uma<br />
estratégia de marketing com o<br />
objetivo de levar o consumidor<br />
às compras.<br />
Em resumo, o início do ano<br />
não é de retração e sim de oportunidades.<br />
Na maratona que é a<br />
competição do mercado, qualquer<br />
vantagem pode ser decisiva<br />
para o sucesso de uma organização.<br />
A Rede Globo, por exemplo,<br />
apesar de sua liderança folgada<br />
em relação às outras emissoras,<br />
lança novas atrações no<br />
início do ano, enquanto a grande<br />
maioria reprisa programas. A<br />
recomendação é aproveitar o mês<br />
de janeiro para abrir vantagem<br />
sobre a concorrência, deixandoa<br />
que corra atrás de quem já<br />
disparou na frente ao longo do<br />
ano.<br />
Dirceu Simabucuru<br />
Gerente de Marketing RPC-TV<br />
Espaço APP-Londrina é uma publicação da Associação dos Profissionais<br />
de Propaganda – Capítulo Londrina em parceria com a Associação<br />
Comercial e Industrial de Londrina.<br />
Sede: Rua Minas Gerais, 297, 2 o andar – Edifício Palácio do Comércio –<br />
Tel.: (43) 3329-5999.<br />
Endereço eletrônico: applondrina@sercomtel.com.br<br />
Edição: Claudia Romariz - CR Comunicação<br />
Texto: Chico Amaro<br />
Editoração eletrônica: Jornal da ACIL<br />
APP-Londrina<br />
Presidente: Rafael Lamastra Jr.<br />
Vice-presidente: JB Faria<br />
Diretor financeiro: Nivaldo Benvenho<br />
Diretora secretária: Rosana Modelli Kuhnlein<br />
Diretores e membros do Conselho de Administração:<br />
Antonio Carlos Macarini, Carlos Roberto Cunha, Cláudia Romariz,<br />
Francisco Senra Neto, Maria Aparecida Miranda, Nilton Tanabe, Renato<br />
Bastos Junior, Rosana Andrade, Valduir Pagani e Wagner Rodrigues<br />
Conselho Fiscal:<br />
Alexandre Pankoski, Carlos Umberto Forti Galli, José Jarbas Gomes da<br />
Silva, Luiz Felipe Moreira de Souza, Milton Fabrício Pereira e Victor<br />
Gouveia
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
PAINEL PPAINEL AINEL JURÍDICO<br />
JURÍDICO<br />
Cláudia Rodrigues<br />
Especial para o Jornal da ACIL<br />
Cheques sustados:<br />
inadimplência ou fraude?<br />
Atualmente o comércio vem<br />
enfrentando um problema que<br />
está se tornando muito comum,<br />
a inadimplência. A falta de cumprimento<br />
das dívidas contraídas<br />
pelo consumidor têm se<br />
manifestado tanto através da<br />
emissão de cheques sem fundos<br />
como também pela falta de<br />
pagamento à prazo nos<br />
crediários.<br />
Entretanto, é com relação<br />
aos pagamentos feitos através<br />
de cheque que um problema<br />
maior vem se instaurando: a<br />
sustação dos cheques, prática<br />
que se tornou muito comum na<br />
esfera comercial e nos bancos.<br />
A sustação dessas cártulas<br />
muitas vezes é utilizada – e é<br />
uma tendência crescente – como<br />
um meio fraudulento para livrar<br />
o mal pagador da obrigação<br />
assumida, ou seja, do<br />
pagamento de seu débito.<br />
Através desse expediente,<br />
o devedor livra-se tanto do pagamento<br />
como da inclusão de<br />
seu nome nos bancos de dados<br />
de inadimplentes, isto é, além<br />
de não pagar a dívida, ainda<br />
não é incluído no Cadastro<br />
Emitentes de Cheques sem<br />
Fundos do Banco Central, uma<br />
vantagem, sem dúvida, já que<br />
hoje o comércio verifica a idoneidade<br />
do pagamento através<br />
de cheques nesse cadastro.<br />
A sustação de cheques só<br />
pode ser feita antes da compensação<br />
dos mesmos, por<br />
escrito e com a justificativa<br />
fundada em relevante razão de<br />
direito, dispõe a Lei dos Cheques<br />
e a Resolução 2747/2000.<br />
O que ocorre normalmente é<br />
um grande engano quanto às<br />
razões para se sustar um cheque.<br />
Fala-se e até mesmo adota-se<br />
esse procedimento, que<br />
um cheque pode ser sustado<br />
quando é roubado, furtado ou<br />
extraviado. Esses três motivos<br />
não ensejam a sustação de cheque,<br />
mas sim, o cancelamento<br />
do título por parte da Instituição<br />
Financeira, que deverá<br />
adotar o mesmo procedimento<br />
da sustação, ou seja, o pedido<br />
por escrito do correntista com a<br />
declaração do motivo.<br />
momento é exatamente esclarecer<br />
acerca da possibilidade<br />
da sustação de cheque, visto<br />
que sua utilização tem sido feita<br />
como forma do devedor não<br />
pagar sua dívida.<br />
Conforme foi dito acima, o<br />
pedido de sustação de cheque<br />
deve ser feito por escrito à Instituição<br />
Financeira, com a declaração<br />
do motivo em que se<br />
funda o pedido, sendo que este<br />
motivo deve configurar<br />
relevante razão de direito, não<br />
cabendo à Instituição Financeira<br />
julgar a relevância da razão<br />
invocada pelo emitente.<br />
E o que se entende por relevante<br />
razão de direito já que a<br />
Lei não traz um rol das hipóteses<br />
de se encaixam nessa expressão?<br />
A questão deve, sempre,<br />
ser analisada em vista ao<br />
caso concreto, pois só é possível<br />
analisar a relevância da<br />
razão de direito diante da realidade<br />
negocial apresentada.<br />
Uma hipótese muito comum<br />
e corriqueira é o conhecido de-<br />
sacordo comercial, isto é, aqueles<br />
casos onde fica caracterizado<br />
que uma das partes do<br />
negócio não cumpriu ou cumpriu<br />
defeituosa ou diversamente a<br />
obrigação por si assumida.<br />
Exemplo disso tem-se no caso<br />
da entrega do produto ao<br />
comprador fora do prazo ou das<br />
especificações do pedido.<br />
Aqui a sustação tem a finalidade<br />
de evitar maiores prejuízos<br />
ao comprador, pois a lei<br />
civil prevê expressamente que<br />
uma das partes não pode deixar<br />
de cumprir sua obrigação<br />
alegando que a outra deixou de<br />
cumprir a sua. Ou seja, imaginese<br />
o caso do comprador de<br />
determinada matéria prima que<br />
diante da entrega de<br />
mercadoria diversa da comprada,<br />
tem que pagar o preço, para<br />
só depois, através de ação judicial,<br />
discutir que o negócio não<br />
se concretizou nos termos do<br />
pactuado e só depois de ficar<br />
comprovado esse fato, poder<br />
pedir o valor que pagou de volta<br />
por ser indevido e, ainda,<br />
correndo o risco de mesmo<br />
tendo o direito a esse recebimento,<br />
o vendedor não ter numerário<br />
para saldar essa<br />
dívida.<br />
Então, pode-se dizer que a<br />
relevante razão de direito está<br />
configurada em todas as hipóteses<br />
em que há<br />
descumprimento contratual de<br />
qualquer natureza (empresarial<br />
ou prestação de serviços).<br />
Sustado o cheque, o favorecido<br />
ou portador tem o direito<br />
de conhecer a razão apontada<br />
pelo emitente como relevante<br />
para fundamentar esse pedido,<br />
para poder verificar se realmente<br />
é caso de sustação ou se<br />
a sustação está sendo usada<br />
como expediente fraudulento,<br />
apenas para inibir o pagamento.<br />
Assim, se solicitado, o banco<br />
sacado é obrigado a fornecer<br />
ao portador ou favorecido as<br />
informações acerca do motivo<br />
da sustação, não bastando,<br />
somente, como ocorre geralmen-<br />
O art. 171 do Código Penal prevê<br />
expressamente a figura criminosa da fraude<br />
no pagamento por meio de cheque<br />
sustado sem relevante razão jurídica<br />
27<br />
te, o carimbo no verso do cheque<br />
indicando a alínea da<br />
devolução.<br />
Embora os bancos geralmente<br />
se neguem a fornecer<br />
essas informações, alegando o<br />
dever de sigilo bancário, eles<br />
estão obrigados a fornecê-las<br />
se solicitado, nos termos da<br />
normatização da apresentação<br />
de informações por parte das<br />
instituições financeiras, regulamentada<br />
pelo Banco Central<br />
do Brasil (Circular 2.989 de<br />
2000, art. 4 o , caput e inc. II).<br />
De posse do motivo declarado<br />
pelo emitente como apto a<br />
justificar a sustação, o favorecido<br />
ou portador poderá tomar<br />
as medidas cabíveis para o recebimento<br />
do valor do cheque<br />
sustado, pois se não estiver<br />
configurada a relevante razão<br />
jurídica, além da cobrança do<br />
valor, poderá valer-se da via<br />
criminal, para apurar a responsabilidade<br />
do emitente por<br />
fraude realizada através da<br />
injustificada sustação.<br />
O art. 171, do Código Penal,<br />
prevê expressamente a figura<br />
criminosa da fraude no pagamento<br />
por meio de cheque sustado<br />
sem relevante razão jurídica<br />
como uma modalidade de<br />
estelionato, prevendo uma pena<br />
de 1 a 5 anos para quem<br />
realizar esse delito.<br />
Em suma, a sustação de<br />
cheques nos dias atuais tem<br />
sido utilizada<br />
indiscriminadamente nas relações<br />
comerciais, como uma<br />
forma do mal pagador livrarse<br />
do pagamento da dívida e<br />
da inclusão do seu nome nos<br />
cadastros de inadimplentes,<br />
sem configurar a relevante razão<br />
jurídica, única hipótese<br />
legal para a sustação. Assim,<br />
o portador ou favorecido de<br />
cheque sustado, querendo,<br />
tem o direito de conhecer a<br />
razão declinada para a<br />
sustação, para que, diante da<br />
inexistência de causa a justificar<br />
a sustação, possa tomar<br />
as medidas cíveis para o recebimento<br />
da dívida e criminais<br />
para punição do<br />
estelionatário.<br />
Cláudia Rodrigues é doutoranda<br />
em Direito Comercial pela<br />
PUC/SP. Sócia da Pinheiro,<br />
Rodrigues & Advogados<br />
Associados em Londrina
28<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005