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Inspiração providencial - Acil

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4<br />

“Uma medida dessa<br />

só pode ser gerada<br />

por incompetência<br />

ou por falta de ética.<br />

Como quem a elaborou<br />

não é incompetente,<br />

é, portanto, aético”<br />

Frederico Theophilo<br />

País. O justo seria que o empregador,<br />

que corre todo o risco, tivesse<br />

uma carga tributária menor que a<br />

dos empregados, porque é ele que,<br />

independente de qual seja a situação,<br />

terá de pagar os salários. Mas<br />

essa é uma questão muito difícil de<br />

ser discutida no Judiciário, que se<br />

tornou um apêndice do Poder Executivo,<br />

pois endossa tudo o que o<br />

governo faz. Por isso, estamos órfãos<br />

Outro aumento que teve impacto<br />

direto sobre os custos das<br />

empresas foi o do valor da tarifa<br />

do ônibus urbano de Londrina,<br />

que passou de R$ 1,60 para R$<br />

1,90, em conseqüência do reajuste<br />

de 18,75% autorizado pela<br />

Prefeitura e que está em vigor<br />

desde o dia 9. O segmento de<br />

confecções, por exemplo, que tem<br />

175 empresas e emprega cerca<br />

de 5 mil funcionários na Cidade,<br />

segundo o Sindicato das Indústrias<br />

do Vestuário do Estado do<br />

Paraná (Sivepar), já contabiliza<br />

os efeitos negativos sobre a margem<br />

de ganho. Dependendo da<br />

área, podem ocorrer até demissões<br />

para diminuir o prejuízo.<br />

Laércio João Rockenbach, proprietário<br />

da Clarear<br />

Beneficiamento de Confecções,<br />

que tem 200 funcionários, avalia<br />

que o impacto para a empresa foi<br />

muito grande, especialmente pela<br />

dificuldade que terá de repassar<br />

o aumento dos custos aos seus<br />

clientes. “A verdade é que estamos<br />

em um mercado onde a competição<br />

é globalizada, o que dificulta<br />

o repasse dos custos”, pondera.<br />

Pelos cálculos de Rockenbach, o<br />

aumento de R$ 0,30 no valor da<br />

tarifa representou acréscimo de<br />

15,46% no gasto com o vale-transporte<br />

na empresa, que passou de<br />

2,78% para 3,21% sobre o<br />

de algo que poderia assegurar os<br />

nossos direitos. Este é o sentimento<br />

de todos nós, juristas”, enfatiza o<br />

tributarista.<br />

MALDADES - Para Theophilo, o<br />

argumento utilizado pelo governo<br />

para editar a MP 232, de compensação<br />

para a queda da receita tributária<br />

que viria com a correção de 10%<br />

na tabela do Imposto de Renda da<br />

Pessoa Física (IRPF), não tem<br />

fundamento. “O governo não está<br />

perdendo nada, pois, ao contrário<br />

do que diz, vinha cobrando<br />

indevidamente, porque a defasagem<br />

do Imposto de Renda é de 46%,<br />

já que a tabela está sem correção<br />

desde 1996”, argumenta o advogado,<br />

ao acrescentar que, em vez de<br />

ter redução de R$ 1,8 bilhão com a<br />

correção do IR, como apregoa<br />

setores do governo, com a medida<br />

editada no final do ano, haverá lucro<br />

de R$ 4 bilhões.<br />

“Os 10% de correção do Imposto<br />

de Renda, como o governo anunciou,<br />

nem de longe recuperam a<br />

defasagem da tabela. Então, a título<br />

de pacote de bondade, o governo<br />

anunciou um saco de maldades,<br />

Ônibus mais caro engole<br />

parte do faturamento<br />

faturamento bruto da Clarear.<br />

“Como se pode ver, o impacto é<br />

grande, porque é preciso considerar<br />

que ele se soma a outros, como<br />

o aumento da carga tributária sobre<br />

o lucro presumido das empresas<br />

prestadoras de serviço, como é<br />

nosso caso, e também a alta do<br />

preço da matéria-prima, que não<br />

acompanha a queda do dólar. Isso<br />

causa um transtorno nos custos”,<br />

diz. Com margem de lucro reduzida,<br />

em torno de 5%, quando o ideal<br />

seria 10%, pela análise do empresário,<br />

e como o mercado não tem<br />

condições de assimilar o repasse do<br />

aumento da tarifa do transporte<br />

coletivo, Rockenbach, que também<br />

é secretário do Sivepar, diz que o<br />

empresário fica “de cabelo em pé”,<br />

porque tem de reduzir custos para<br />

poder continuar no mercado. “E<br />

isso significa redução de mão-deobra<br />

e de salário do pessoal.”<br />

De acordo com o empresário, a<br />

esperança é que as exportações<br />

aumentem, o que pode contribuir<br />

para melhorar a situação da indústria<br />

de confecção brasileira,<br />

que atualmente vende apenas 2%<br />

da produção ao mercado externo.<br />

Álvaro Augusto Gerard, assistente<br />

financeiro da Sonhart Confecções,<br />

diz que em comparação<br />

com os R$ 15 mil gastos na compra<br />

de vale-transporte no mês<br />

passado, a empresa teve de de-<br />

porque prejudica o setor terciário,<br />

que é o maior empregador do País.<br />

Por isso, se as empresas não conseguirem<br />

repassar esse aumento, vai<br />

ocorrer a demissão dos que seriam<br />

beneficiados com os dez por cento<br />

na tabela do imposto de renda. É a<br />

lei da sobrevivência, afinal vivemos<br />

em uma selva, sem nenhum direito”,<br />

argumenta.<br />

José Martins Ribeiro diz que, ao<br />

contrário do que o governo anuncia,<br />

a tão falada correção de 10% na<br />

tabela do IRPF não representará<br />

redução significativa para o contribuinte.<br />

Em alguns casos, será nula.<br />

Por isso, não teria impacto tão<br />

grande, como previsto, no resultado<br />

da arrecadação tributária do País.<br />

“No início do ano, até pode ser ocorra<br />

isso, mas depois, com os reajustes<br />

dos salários, a arrecadação desse<br />

imposto será recomposta”, prevê.<br />

Segundo Ribeiro, o empregado<br />

que pagava R$ 75,00 a título de IR<br />

sobre um salário mensal de R$ 1,5<br />

mil, irá recolher R$ 72,90, caso seu<br />

salário seja corrigido em 10% e passe<br />

para R$ 1,65 mil. Se o salário for de<br />

R$ 3 mil mensais, não haverá<br />

sembolsar R$ 18,6 mil para adquirir<br />

os vales deste mês, o que<br />

representa um acréscimo de 24%<br />

ou R$ 3,6 mil a mais. “Isso é<br />

muito, porque o preço dos nossos<br />

produtos não sobe há dois anos”,<br />

compara.<br />

Gerard diz que a Sonhart, que<br />

emprega 530 pessoas em dois turnos<br />

de trabalho, não tem condições<br />

de arcar com mais custos,<br />

considerando que sua margem de<br />

lucro é de 3%. A alternativa é<br />

repassá-lo ao preço dos produtos<br />

que vende em todo o País. “De<br />

uma forma ou de outra, haverá o<br />

repasse, porque a empresa não<br />

tem condições de absorver isso”,<br />

diz.<br />

Segundo Gerard, a empresa não<br />

pensa em demitir funcionários por<br />

causa disso. No entanto, nas futuras<br />

contratações pode dar preferência<br />

para quem mora em Cambé,<br />

porque o preço da passagem é R$<br />

1,65. “Como a Sonhart fica próxima<br />

à avenida Tiradentes, pode ser que<br />

adotemos essa estratégia, como redução<br />

de custos, porque, dependendo<br />

do número de funcionários, a<br />

economia acaba sendo expressiva”,<br />

comenta. Atualmente, quase a metade<br />

dos empregados da indústria é<br />

de Cambé, revela.<br />

(Silvio Oricolli)<br />

JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />

nenhuma vantagem para o<br />

empregado, que na tabela antiga<br />

recolhia na fonte R$ 401,92: se<br />

tiver um aumento salarial de 10%,<br />

com os vencimentos passando para<br />

R$ 3,3 mil, a retenção do IR passará<br />

para R$ 442,15, pelos cálculos do<br />

contabilista. “Então, prevalece o velho<br />

ditado: o governo dá com uma<br />

mão, mas toma com duas”, ironiza.<br />

CULPA DO EMPRESÁRIO - Ribeiro<br />

diz que o governo adota essas<br />

medidas porque sabe que serão<br />

aceitas passivamente pela sociedade.<br />

“Nós, os empresários, sentimos<br />

os efeitos diretos desse tipo de medida,<br />

no entanto, aceitamos, com<br />

uma ou outra reclamação isolada, o<br />

aumento da carga tributária. Era<br />

preciso que nos uníssemos em busca<br />

de soluções para esse tipo de<br />

problema”, reclama.<br />

Já o tributarista Theophilo defende<br />

que a classe empresarial deveria<br />

ter mais representatividade no<br />

Congresso Nacional para impedir<br />

que o governo continue adotando<br />

medidas lesivas ao setor produtivo,<br />

como a MP 232. “É mais do que<br />

legítimo cobrar do sonegador. Mas é<br />

vergonhoso continuar impondo aumentos<br />

da carga tributária aos empresários”,<br />

sustenta.

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