Inspiração providencial - Acil
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24<br />
MORTE SÚBITA CARDÍACA<br />
O músculo da vida<br />
Negligenciar a saúde e ignorar problemas com pressão,<br />
colesterol e diabetes podem ocasionar a parada cardíaca.<br />
É preciso evitar e também socorrer a tempo<br />
Quais são as chances de você<br />
estar andando na rua, de repente<br />
sentir uma dor no peito, um<br />
ataque cardíaco fulminante, cair<br />
e morrer? Depende. Se você leva<br />
uma vida sedentária, fuma, sofre<br />
e não cuida de diabete, pressão<br />
alta ou colesterol alto, não tem<br />
uma alimentação saudável, está<br />
acima do peso, então a chance é<br />
grande. Mesmo que você só tenha<br />
um dos problemas citados,<br />
estes são os principais fatores<br />
de risco para uma doença<br />
cardiovascular – a principal causa<br />
de morte segundo estatísticas<br />
da maior parte do mundo.<br />
E as chances de você morrer<br />
por causa de um ataque cardíaco<br />
são maiores no Brasil e em<br />
lugares onde a maioria da população<br />
não sabe o que fazer diante<br />
de uma vítima de enfarte.<br />
“Quando uma pessoa tem uma<br />
parada cardíaca, quem está por<br />
perto tem até dez minutos para<br />
conseguir salvá-la sem lesão cerebral.<br />
A cada minuto, 10% dos<br />
que tiveram parada cardíaca<br />
morrem, então em 10 minutos<br />
100% faleceram. Por isso a ajuda<br />
precisa ser rápida”, explica o<br />
cardiologista Cláudio Fuganti.<br />
O médico é especialista em<br />
marca-passo, trabalha em seu<br />
consultório e nos hospitais da<br />
Cidade e faz parte da diretoria<br />
do Departamento de Cardiologia<br />
da Associação Médica de Londrina<br />
(AML). Ele deu recentemente<br />
uma palestra para empresários<br />
sobre “Morte Súbita<br />
Cardíaca”, no auditório da ACIL,<br />
numa parceria entre as duas<br />
entidades.<br />
O mote do evento foi a morte<br />
do zagueiro Serginho, do São<br />
Caetanto, no dia 27 de outubro,<br />
em jogo válido pelo Campeonato<br />
Brasileiro de Futebol. É claro<br />
que a causa da morte do atleta é<br />
diferente da maioria das vítimas<br />
de paradas cardíacas com perfil<br />
semelhante ao público presente<br />
na palestra. Fuganti explica que<br />
o atleta sofreu o ataque porque<br />
apresentava, aparentemente,<br />
um engrossamento do músculo<br />
do coração. “É uma doença que<br />
provoca arritmia. Quem tem isso<br />
não pode praticar atividade física<br />
competitiva”, afirmou.<br />
O médico aproveitou que toda<br />
a atenção da mídia estava voltada<br />
para o caso Serginho para<br />
dar um aviso aos empresários e<br />
às pessoas que participaram da<br />
palestra: “A morte súbita, na<br />
maior parte das vezes, é de origem<br />
cardíaca. E destes, 85% dos<br />
casos são por problema em uma<br />
das coronárias (artérias que irrigam<br />
o coração). Ou entupimento<br />
parcial, ou uma isquemia<br />
(deficiência de circulação) parcial<br />
ou um enfarte mesmo. Como<br />
85% das causas são relaciona-<br />
As medidas<br />
preventivas só funcionam,<br />
é lógico, se tomadas<br />
com antecedência<br />
Cláudio Fuganti:<br />
“Deveríamos ter de<br />
20% a 30% das<br />
pessoas treinadas<br />
para este<br />
atendimento<br />
emergencial”<br />
das a doenças da coronária,<br />
então temos de estar atentos<br />
aos fatores que predispõe ao<br />
rompimento das coronárias”,<br />
disse. E quais são os fatores de<br />
risco? São os citados no primeiro<br />
parágrafo da reportagem.<br />
“Você tem de evitar ter pressão<br />
alta, evitar a obesidade, ter<br />
uma dieta saudável, estilo de<br />
vida saudável, ter uma atividade<br />
física, não fumar, controlar o<br />
peso... Se você já tem algum dos<br />
problemas, então tem estar<br />
sempre se tratando com o médico,<br />
tomar os remédios indicados<br />
e não abusar”, diz Fuganti à<br />
reportagem do Jornal da ACIL.<br />
Fuganti comenta que as pessoas<br />
ainda procuram os médicos<br />
só quando apresentam os<br />
sintomas da doença, mas acredita<br />
que a população está mais<br />
consciente da importância da<br />
prevenção. “Lógico que as pessoas<br />
estão bem mais conscientes.<br />
Se não estiverem, por falta<br />
de informação não é. A prevenção<br />
é divulgação. E acho que<br />
está havendo bastante. Não<br />
passa três meses sem que saia<br />
na revista Veja, por exemplo,<br />
uma reportagem sobre coração”,<br />
afirmou.<br />
Mesmo assim, ainda é pou-<br />
co, na opinião do médico. “Apesar<br />
de estarem mais conscientes,<br />
elas ainda estão pouco informadas.<br />
Porque só se consegue<br />
falar sobre morte súbita ou<br />
prevenção quando você tem<br />
algo como a morte de um atleta,<br />
por exemplo, que é quando<br />
a população se assusta. Aí vem<br />
a discussão que deveria haver<br />
sempre. Fora isso, cai um idoso<br />
na rua, não chama tanto a<br />
atenção. Nem da imprensa”,<br />
disse.<br />
As medidas preventivas só<br />
funcionam, é lógico, se tomadas<br />
com antecedência. Na hora em<br />
que a pessoa tem um ataque<br />
cardíaco, é preciso agir com rapidez<br />
para socorrê-la. “As pessoas<br />
não estão preparadas para<br />
este tipo de socorro. Deveríamos<br />
ter de 20% a 30% das pessoas<br />
treinadas para este atendimento<br />
emergencial. É um cálculo<br />
JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005<br />
que leva em conta que não importa<br />
onde a vítima esteja, teoricamente<br />
vai haver uma pessoa preparada<br />
para socorre-la”, comenta o<br />
cardiologista.<br />
E Fuganti falou que a população<br />
sabe muito pouco sobre como tratar<br />
e atender uma vítima de parada<br />
cardíaca. “Porque aí que entra a<br />
questão do atendimento rápido. Em<br />
nenhuma hipótese se deve tentar<br />
levar esta pessoa para o hospital. O<br />
importante é prevenir. Mas se a<br />
pessoa tiver o ataque cardíaco,<br />
alguém que estiver por perto tem de<br />
saber o que fazer e também<br />
precisamos de um sistema de saúde<br />
emergencial rápido e ágil para que<br />
possa intervir nos pacientes em<br />
casa (local onde acontecem a maioria<br />
dos casos de enfarte, ressalta o<br />
médico) e, quando forem locais de<br />
grande circulação, precisamos ter<br />
os aparelhos “de choque” à disposição”,<br />
comentou o médico, referindo-se<br />
ao desfribilador, aparelho<br />
muito comentado depois da morte<br />
de Serginho.<br />
“Se você começar a fazer uma<br />
massagem cardíaca imediatamente<br />
e conseguir um aparelho que dá<br />
choque no coração, e faça o coração<br />
bater novamente, quanto menor for<br />
este intervalo, maior a chance de<br />
recuperar a vítima. Nos melhores<br />
centros, hoje se consegue sucesso<br />
em 25% a 30% dos casos. Cerca de<br />
85% dos que têm parada cardíaca<br />
por problemas na coronária são<br />
pessoas que tiveram arritmia<br />
cardíaca e precisam do aparelho<br />
que dá choque para o coração voltar<br />
a bater. Então se o aparelho não<br />
chegar rapidamente, não adianta”,<br />
explica o médico, lembrando que<br />
Londrina tem uma legislação que<br />
obriga locais de grande circulação<br />
de gente a terem estes aparelhos,<br />
como rodoviária, shopping. “E, é<br />
claro, precisa ter gente preparada<br />
para mexer neste aparelho”,<br />
complementou.<br />
Cerca de 85% dos que têm<br />
parada cardíaca por problemas<br />
na coronária são pessoas<br />
que tiveram arritmia cardíaca