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<strong>Drogas</strong> <strong>psicoestimulantes</strong>:<br />

<strong>uma</strong> <strong>abordagem</strong> toxicológica sobre cocaína e metanfetamina<br />

Bárbara Elisa Pereira Alves¹<br />

Emmanuel de Oliveira Carneiro²<br />

¹Farmacêutica. Aluna de Pós-Graduação em Farmácia e Química Forense, pela Pontifícia Universidade Católica de<br />

Goiás/IFAR<br />

²Farmacêutico. Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de Goiás – UFG. Professor do<br />

IFAR/PUC-GO. Endereço: IFAR – Instituto de Estudos Farmacêuticos. SHCGN 716 Bl B Lj 05 Brasília/DF CEP:<br />

70770-732. Email: emmanuel.carneiro@gmail.com<br />

Resumo<br />

A cocaína, a anfetamina e seus derivados são as drogas de abuso que representam a classe dos <strong>psicoestimulantes</strong>.<br />

Atuam por mecanismos distintos no sistema nervoso central, que resultam no aumento da disponibilidade de<br />

monoaminas na fenda sináptica. Provocam efeitos excitatórios semelhantes que podem colocar em risco a vida do<br />

usuário. Por outro lado, parâmetros cinéticos diferem consideravelmente entre as drogas e as suas formas de<br />

apresentação sendo um fator determinante para a escolha da via de administração pelo usuário. O objetivo deste<br />

artigo é revisar a literatura referente ao tema, abordando aspectos da toxicologia destas drogas.<br />

Palavras-chave: Psicoestimulantes. Cocaína. Anfetaminas. Crack. Metanfetamina.<br />

Abstract<br />

Psychostimulant drugs:<br />

a pharmacological approach to cocaine and methamphetamine<br />

Cocaine, amphetamine and its derivatives are psychostimulants drugs used abusively. They act by different<br />

mechanisms in the central nervous system, increasing the availability of monoamines in the synaptic cleft, which<br />

induces, in general, similar excitatory effects that may endanger the user`s life. Moreover, kinetic parameters differ<br />

significantly between drugs and their presentation forms, being a determining factor for choosing the administration<br />

route by the user. The aim of this paper is to review the literature on the topic, covering toxicology aspects of these<br />

drugs.<br />

Keywords: Psychostimulants. Cocaine. Amphetamines. Crack. Meth.


1 INTRODUÇÃO<br />

O consumo de drogas é universal nas diferentes culturas h<strong>uma</strong>nas em todos os tempos.¹ O<br />

<strong>home</strong>m pela sua própria natureza procura alternativas para aumentar a sensação de prazer e<br />

diminuir o desconforto e o sofrimento. Para tanto, utiliza de maneira indiscriminada substâncias<br />

capazes de modificar o funcionamento do sistema nervoso, induzindo sensações corporais e<br />

estados psicológicos alterados.² O abuso de substâncias psicoativas tem sido alvo de preocupação<br />

na sociedade devido a sua íntima relação com o aumento da criminalidade, acidentes<br />

automotivos, comportamentos anti-sociais e evasão escolar.³<br />

A Secretaria Nacional Anti-<strong>Drogas</strong> – SENAD e o Centro Brasileiro de Informações sobre<br />

<strong>Drogas</strong> Psicotrópicas – CEBRID definem drogas psicotrópicas como:<br />

“As drogas utilizadas para alterar o funcionamento cerebral, causando modificações no<br />

estado mental são chamadas drogas psicotrópicas. O termo psicotrópicas é formado por<br />

duas palavras: psico e trópico. Psico está relacionado ao psiquismo, que envolve as<br />

funções do sistema nervoso central; e trópico significa em direção a. <strong>Drogas</strong><br />

psicotrópicas, portanto, são aquelas que atuam sobre o cérebro, alterando de alg<strong>uma</strong><br />

forma o psiquismo. Por essa razão, são também conhecidas como substâncias<br />

psicoativas”. 4,5<br />

De acordo com o mecanismo de ação no sistema nervoso central elas são classificadas<br />

em: a) Depressoras: barbitúricos, benzodiazepínicos, opiáceos, etanol, inalantes; b) Estimulantes:<br />

cocaína, anfetaminas e derivados; c) Perturbadoras: LSD, mescalina, canabinóides. 4,5<br />

O efeito estimulante no sistema nervoso central é caracterizado por euforia, acrescido de<br />

estado de alerta, aumento de energia e intensa emotividade. A cocaína e as anfetaminas são as<br />

principais representantes desta classe por exercerem poderoso efeito estimulante no sistema<br />

nervoso central. 6<br />

A cocaína tem <strong>uma</strong> origem histórica bastante rica. Existem registros do depósito das<br />

folhas de coca junto às tumbas de sepultamento em sítios arqueológicos no Peru há mais de 2.500<br />

anos. Este ritual é mantido até os dias atuais pelos índios peruanos que acreditam ser um item<br />

necessário para o “além da vida”. 7,8<br />

Em 1855, o químico alemão Friedrich Gaedecke extraiu o ingrediente ativo da folha da<br />

coca, que ele chamou de erythroxylon. Em 1859, outro químico alemão, Albert Niemann, isolou<br />

o alcalóide a partir das folhas da planta e denominou-o cocaína. 9 A partir da descoberta dos<br />

químicos alemães, a cocaína passou a ser empregada em vários produtos. 10 Inicialmente foi livre<br />

1


e bastante comercializada. Era indicada para dores, cansaços, substituto alimentar, e até mesmo<br />

empregada como anestésico. 9,11<br />

Entre o final do século XIX e o início do século XX, aconteceu <strong>uma</strong> drástica mudança na<br />

visão social da cocaína que passou de um “tônico sem efeitos colaterais” para <strong>uma</strong> droga com<br />

restrições severas, levando ao declínio do consumo. 11<br />

Entretanto, no início dos anos 70, eis que ressurge a disponibilidade e o abuso da cocaína<br />

principalmente nos Estados Unidos da América (EUA). Como conseqüência desse retrocesso,<br />

constatou-se, ao final de 1980 e início de 1990, o crescimento do consumo de cocaína também na<br />

população brasileira. 11,12,13 Weiss e cols (1994) atribuem esse fenômeno, dentre outros fatores, à<br />

considerável parcela da população que nasceu e cresceu em meio ao consumo e apologia às<br />

drogas resultando na negligência quanto às sanções legais. 14<br />

O uso da cocaína tem demonstrado aumento preocupante, pois apresentou um padrão de<br />

consumo crescente de modo significativo de acordo com Galduróz, Noto & Carlini, 1997.<br />

Segundo eles, o consumo de cocaína quadriplicou no período compreendido entre os anos 1987 e<br />

1997, passando de 0,5% para 2,0%. Um levantamento realizado no ano de 1999 na cidade de<br />

Curitiba analisou 682 prontuários de adolescentes internados naquele ano por uso de drogas. O<br />

trabalho constatou que 77,7% das internações se deram devido ao uso de cocaína e seus<br />

derivados, no caso o crack. Este quadro revelou conseqüências devastadoras para a sociedade<br />

como o abandono escolar, a prática de crimes e o envolvimento no tráfico de drogas. 7<br />

A anfetamina (1-metil-2-feniletilamina), sintetizada em 1887 na Alemanha, foi o<br />

primeiro membro de um grupo de compostos que possuem estruturas e propriedades biológicas<br />

semelhantes: as "anfetaminas". Também compõem esse grupo as metanfetaminas e 3-4<br />

metilenodioximetanfetamina (MDMA). 15,16<br />

A metanfetamina, um derivado da anfetamina com efeitos similares a esta, foi sintetizada<br />

em 1919 no Japão com o objetivo de se obter um substituto sintético para a efedrina no<br />

tratamento da congestão nasal. 16,17 Nos Estados Unidos (EUA) é conhecida também como "ice",<br />

"chalk", "speed", "meth", "glass", "crystal". 18,19,20,21,22<br />

Um breve histórico da utilização de metanfetamina demonstra o surgimento de várias<br />

epidemias relacionadas ao uso abusivo: foi introduzida no mercado farmacêutico em 1930 como<br />

descongestionante nasal, nesta época o fácil acesso ao medicamento contribuiu para o uso<br />

descontrolado nos Estados Unidos. 16,22 Teve grande participação durante a Segunda Guerra<br />

2


Mundial (1939-1945), quando foi largamente utilizada por soldados de diversos países que<br />

buscavam os efeitos euforizantes da droga, como diminuir o sono e cansaço, além de aumentar o<br />

desempenho físico e intelectual. 16,22 Novo surto foi observado em 1960, quando a metanfetamina<br />

se popularizou entre grupos sociais, como os hippies. Ainda na década de 60, era comercializada<br />

no Brasil na forma de um medicamento, o Pervitin, muito apreciado por jovens estudantes. Em<br />

pouco tempo vários casos de dependência foram descritos na literatura científica brasileira. 22<br />

Foi banida em vários países, incluindo o Brasil, devido aos efeitos danosos que causa ao<br />

coração e sistema nervoso central. Porém, no início dos anos 90, retornou aos Estados Unidos na<br />

sua forma mais poderosa e viciante, o ice. 22,17<br />

Esta forma de utilização da metanfetamina despertou o interesse dos consumidores por<br />

apresentar diversas vantagens em relação a outras preparações. O ice (forma f<strong>uma</strong>da) produz um<br />

efeito extremamente prazeroso e de maior duração, o processo de produção envolvido é simples e<br />

barato, a administração fácil (utiliza-se um cachimbo caseiro) e mais segura. Todos esses fatores<br />

fizeram do ice <strong>uma</strong> das drogas mais consumidas nos EUA. 22<br />

Atualmente, no Brasil, os grupos mais expostos que utilizam estas substâncias<br />

ilicitamente buscando os efeitos estimulantes são estudantes, motoristas de caminhão, pessoas<br />

obesas que pretendem emagrecer rapidamente e frequentadores de festas raves. 4,18<br />

O presente artigo tem como objetivo apresentar <strong>uma</strong> revisão da literatura existente sobre a<br />

classe de substâncias <strong>psicoestimulantes</strong> em especial as suas maiores representantes: a cocaína e a<br />

anfetamina, com destaque para os respectivos derivados crack e ice, cujo uso abusivo tem se<br />

tornado crescente e preocupante. A <strong>abordagem</strong> do tema contemplará desde a origem,<br />

obtenção/síntese, alcançando aspectos toxicológicos (toxicocinética e toxicodinâmica) e<br />

fisiopatológicos relacionados ao uso abusivo destas substâncias.<br />

2 METODOLOGIA<br />

Trata-se de um trabalho de revisão da literatura, em que foram pesquisados os descritores:<br />

drogas psicoativas, <strong>psicoestimulantes</strong>, cocaína, crack, anfetamina e metanfetamina nas seguintes<br />

bases de dados: Lilacs, Scielo, Bireme e Pubmed. Foram utilizados efetivamente 39 artigos<br />

indexados em revistas científicas, duas teses, <strong>uma</strong> dissertação e seis sites da internet.<br />

3


3 DISCUSSÃO<br />

3.1 Formas de apresentação da cocaína<br />

A cocaína, ou benzoilmetilecgonina, é o principal alcalóide (base fraca) natural extraído<br />

das folhas das espécies Erythroxylum coca e Erythroxylum novogranatense, após processo<br />

químico relativamente complexo. 23,24 A planta é botanicamente classificada como um arbusto,<br />

cultivado em clima tropical a altitudes que variam de 450 m a 1800 m acima do mar. 7,8 É nativa<br />

dos Andes e cresce principalmente em ambientes quentes e úmidos em países como Chile, Peru,<br />

Bolívia e Brasil. 25 Atualmente a cocaína se apresenta em diversas formas aos seus consumidores<br />

levando a perfis toxicocinéticos, toxicológicos e grau de dependência distintos.<br />

Pasta de coca: é um produto bruto, não refinado, obtido nas primeiras fases de extração da<br />

cocaína a partir das folhas de coca. É resultante da maceração das folhas com álcali, solvente<br />

orgânico como querosene ou gasolina e ácido sulfúrico. É possível encontrar também na sua<br />

composição farinha, areia, açúcar e talco. 23 Essa pasta contém em média 40 a 85% de sulfato de<br />

cocaína além de inúmeras impurezas tóxicas. 5,26 Recebe outras denominações como bazuco, pasta<br />

base ou simplesmente pasta. A pasta de coca é f<strong>uma</strong>da (inalada), pois se volatiliza a<br />

aproximadamente 90°C, produzindo efeitos quase imediatos com maior disponibilidade e<br />

facilidade de uso. 26,27,28 26, 27<br />

É utilizada como precursora na produção do cloridrato de cocaína.<br />

Cloridrato de cocaína: este sal pode ser consumido de duas maneiras, dissolvido em água e<br />

aplicado por via endovenosa ou ainda aspirado e absorvido pelas mucosas. 5,26,29 É comercializado<br />

sob a forma de um pó branco, cristalino, inodoro, de sabor amargo e conhecido entre os<br />

consumidores como “pó”, “farinha”, “neve” ou “branquinha” devido a suas características. 30 O<br />

pó é obtido mediante o processo de transformação das folhas da coca em pasta de cocaína e esta<br />

em cloridrato pela adição de ácido clorídrico. Não é estável ao calor e, portanto, não pode ser<br />

f<strong>uma</strong>do. 23,28<br />

Crack: é um subproduto da cocaína em sua forma básica obtido pelo aquecimento da solução<br />

aquosa de cloridrato de cocaína com um composto básico, geralmente o bicarbonato ou hidróxido<br />

de sódio. Esse procedimento envolve o aquecimento até a obtenção de <strong>uma</strong> solução oleosa,<br />

seguido do resfriamento até a precipitação da base livre, com a formação de “pedras” que<br />

vaporizam a 98°C e podem ser f<strong>uma</strong>das. Os consumidores dessa droga utilizam recipientes como<br />

cachimbos de fabricação caseira, onde aquecem as pedras e inalam o vapor ou, ainda, f<strong>uma</strong>m<br />

como cigarros associado com tabaco, maconha, fenciclidina entre outras drogas. 26,29 O nome<br />

4


popular crack é proveniente do ruído produzido no aquecimento dos cristais. 23, 26, 27, 28,29 O acesso<br />

é facilitado em todas as classes sociais devido ao baixo valor e a simplicidade da<br />

administração. 29,31 A sensação de prazer é percebida quase que instantaneamente (10 a 15<br />

segundos) após <strong>uma</strong> “pipada” (“f<strong>uma</strong>da no cachimbo”) e tem curta duração, de 5 minutos em<br />

média. Essa característica leva o usuário a desenvolver dependência mais rapidamente quando<br />

comparado ao uso por outras vias (nasal, endovenosa). 5,23,26<br />

Oxi: Descoberto recentemente entre 2004 e 2005, graças às pesquisas realizadas pela<br />

Organização não governamental Rede Acreana de Redução de Danos - REARD no estado do<br />

Acre (Brasil), fronteira com a Bolívia. O nome “oxi” é devido ao processo de oxidação que<br />

acontece durante a fabricação dessa droga, podendo ser considerada a cocaína “enferrujada”. 32 É<br />

obtido por um método semelhante ao crack diferindo apenas na adição de querosene e cal virgem<br />

ao cloridrato de cocaína ao invés de bicarbonato de sódio. Segundo os pesquisadores da REARD,<br />

é provável que esta droga tenha surgido a partir da tentativa dos traficantes de diminuírem o custo<br />

do refino da cocaína e da produção do crack utilizando substâncias mais baratas e tóxicas. 32,33 É<br />

vendido em pedras que apresentam coloração amarelada ou esbranquiçada dependendo da<br />

quantidade de querosene ou cal virgem. Da mesma forma que o crack, é consumido em latinhas<br />

com furos, triturado em cigarros, ou ainda aspirada na forma de pó, associado ou não a outras<br />

drogas como maconha ou tabaco. Possivelmente, trata-se de <strong>uma</strong> das mais potentes e perigosas<br />

drogas conhecidas. É muito comum o consumo acompanhado de bebidas alcoólicas. A utilização<br />

do álcool é importante no ritual de uso porque alivia os sintomas da fissura que são percebidos<br />

entre <strong>uma</strong> “pipada” e outra. Esta forma de apresentação da cocaína tem se alastrado por<br />

comunidades extremamente humildes devido ao baixo valor de venda, com o preço variando de 2<br />

a 5 reais por 5 pedras de oxi. 33<br />

É importante ressaltar que todas as preparações à base de cocaína são frequentemente<br />

adulteradas pelos fabricantes resultando em um produto diluído e com baixo grau de pureza. O<br />

objetivo é poupar o ingrediente principal, a cocaína, e aumentar o volume e o peso da droga a ser<br />

vendida, ludibriando o consumidor. Tal conduta dificulta definir a real composição da droga, o<br />

que pode levar a interações imprevisíveis e intensificar os efeitos tóxicos, arriscando ainda mais a<br />

vida do usuário. Entre os adulterantes mais comuns estão anestésicos locais (lidocaína,<br />

benzocaína), açúcares (manitol, lactose, sacarose), estimulantes (cafeína, efedrina), toxinas<br />

5


(quinina, estricnina), e compostos inertes (inositol, amido, talco), bem como outras substâncias,<br />

por exemplo, farinha, cálcio, aspirina, gesso. 23,34,31<br />

3.2 Formas de apresentação da metanfetamina<br />

É resultante da adição de um grupo metil na cadeia lateral da molécula de anfetamina, o<br />

que lhe confere maior solubilidade em lipídeos, melhor penetração, bem como aumento da<br />

permanência no sistema nervoso central (6-24h) e, consequentemente, proporciona efeitos<br />

estimulantes mais intensos e duradouros. 18,21,35 A metanfetamina se apresenta em forma de pó<br />

branco, cristalino, inodoro e com sabor amargo que é facilmente solúvel em água ou associações<br />

alcóolicas. Pode ser administrada por vias distintas: inalada, f<strong>uma</strong>da, injetada ou ingerida. As<br />

sensações são mais intensas quando utilizadas nas formas f<strong>uma</strong>da ou injetada, enquanto que pela<br />

via oral observa-se um retardo dos efeitos. 21,36 Em 1980, surge o cloridrato de metanfetamina,<br />

<strong>uma</strong> variante na forma cristalizada, fumável e com maior potencial de causar dependência que as<br />

outras modalidades de metanfetamina. 37 O cloridrato de metanfetamina é encontrado nas ruas<br />

como um sólido cristalino, incolor, muitas vezes contaminado com compostos químicos<br />

utilizados na síntese. Recebe várias denominações entre os usuários como “ice”, “speed”,<br />

“cristal”, “cranck”, “meth”, “crystal meth”, “Tina”, “Christine”, “Yaba”. 20, 21 O ice é consumido<br />

de forma semelhante ao crack, ou seja, por meio de cachimbos caseiros que permitem inalar os<br />

vapores da droga.<br />

O processo de síntese é facilmente realizado em laboratórios clandestinos utilizando como<br />

precursores medicamentos que dispensam a apresentação de receita médica indicados para tratar<br />

gripes e resfriados contendo efedrina. 20,19,36 Um dos métodos mais comuns envolve reação de<br />

redução da L-efedrina à metanfetamina utilizando ácido iodídrico (ácido hidriódico) e fósforo<br />

vermelho. O produto desta reação é a D-metanfetamina, que é lipossolúvel e volátil. Em seguida,<br />

forma-se o sal em pó solúvel em água, cloridrato de metanfetamina, pela adição de ácido<br />

clorídrico. Na etapa posterior, adiciona-se o cloridrato de metanfetamina lentamente à água e<br />

eleva-se a temperatura até aproximadamente 100°C, formando <strong>uma</strong> solução superssaturada. Por<br />

fim, a solução é resfriada, o que resulta na precipitação dos cristais de metanfetamina. 20,21 O<br />

processo de síntese rápido, fácil e relativamente barato, a utilização de ingredientes legais e<br />

disponíveis, as propriedades de reforço, o elevado potencial para abuso são fatores que tornam o<br />

ice <strong>uma</strong> droga extremamente perigosa. 38,19<br />

6


Os riscos que envolvem a exposição do usuário não são restritos apenas ao cloridrato de<br />

metanfetamina, mas também aos produtos intermediários altamente tóxicos formados durante o<br />

processo de síntese como o ácido fenilacético e o acetato de chumbo. 35 Além disso, muitos dos<br />

produtos químicos utilizados nos laboratórios clandestinos são explosivos e os resíduos gerados<br />

são corrosivos e tóxicos. 38,20<br />

3.3 Toxicocinética<br />

As diferentes vias de administração da cocaína determinam vários parâmetros<br />

toxicocinéticos como velocidade de absorção, pico de concentração plasmática entre outros. 26,39<br />

A absorção pela mucosa nasal é muito mais lenta quando comparada à via inalatória, o<br />

que se deve à baixa difusão pela mucosa naso-orofaríngea, bem como às propriedades<br />

vasoconstritoras da cocaína que dificultam o fluxo. A biodisponibilidade é da ordem de 60%,<br />

porém níveis mais baixos de concentrações plasmáticas são produzidos em tempo prolongado<br />

devido à reduzida velocidade de absorção. O pico de concentração plasmática é atingido<br />

normalmente em 60 minutos e a droga persiste no organismo por até 6 horas. 26,28,40 Embora mais<br />

lenta em relação aos aparecimentos dos efeitos, a via intranasal é equivalente no que se refere à<br />

intensidade destes, quando comparada com a via intravenosa. 39<br />

A cocaína f<strong>uma</strong>da ou crack, por sua vez, é absorvida quase que instantaneamente. A alta<br />

velocidade de penetração é explicada pela extensa área de superfície dos pulmões e a elevada<br />

vascularização deste órgão. 5 O pico plasmático é atingido rapidamente entre 5-10 minutos 28 e a<br />

biodisponibilidade é de aproximadamente 70%. O efeito farmacológico produzido é<br />

extremamente rápido e intenso podendo ser comparado à via intravenosa. 39<br />

Após a absorção, a cocaína atravessa as membranas celulares, inclusive a barreira<br />

hematoencefálica, com muita facilidade. Quando f<strong>uma</strong>da, é possível detectar cocaína no sistema<br />

nervoso central em 5 segundos, enquanto que aspirada ou administrada pela via intravenosa,<br />

atinge o cérebro em 30 segundos. 26<br />

A cocaína é rapidamente metabolizada por enzimas plasmáticas e hepáticas que<br />

hidrolisam as duas funções ésteres presentes na molécula (um grupo metil éster e outro benzoil<br />

éster). A reação mediada por carboxilesterases sobre o grupo metil éster da cocaína produz<br />

benzoilecgonina, enquanto que a ação de colinesterases sobre o grupo benzoil éster leva a<br />

formação do éster metilecgonina. Posteriormente, pequenas porções desses produtos podem ainda<br />

sofrer novo processo de hidrólise e formar, por fim, a ecgonina. A norcocaína, outro metabólito, é<br />

7


produzida em pequenas quantidades por desmetilação no fígado através do sistema citocromo<br />

P450. É o único produto da biotransformação que possui atividade biológica. 26,39,40,41<br />

Devido ao curto tempo de meia vida biológica da cocaína (aproximadamente 60 minutos),<br />

não é comum encontrá-la de forma inalterada na urina do usuário. Portanto, utiliza-se a<br />

benzoilecgonina como o principal indicador biológico de exposição para monitorar a utilização<br />

da droga. A benzoilecgonina possui tempo de meia vida biológico de 6-8 horas e pode ser<br />

detectada na urina até 14 dias após o consumo dependendo da quantidade ingerida e da<br />

28, 39,40<br />

frequência de uso.<br />

Com o uso concomitante de etanol, a cocaína é transesterificada por esterases presentes no<br />

fígado formando cocaetileno, que pode ser um biomarcador para este tipo de exposição. 39 Esse<br />

metabólito possui alta taxa de distribuição no cérebro e no sangue, meia-vida plasmática 3 a 5<br />

vezes maior que a da cocaína e ainda pode se acumular nos tecidos, dificultando a eliminação e<br />

prolongando os efeitos nocivos. A combinação aumenta os níveis plasmáticos de cocaína e,<br />

consequentemente, eleva o risco de morte súbita em até 18 vezes devido aos efeitos tóxicos<br />

principalmente no coração e fígado. 28,41<br />

A absorção da metanfetamina também depende da via de administração, refletindo<br />

posteriormente nos efeitos observados. 16,20,38 A metanfetamina f<strong>uma</strong>da, popularmente conhecida<br />

como ice ou cristal, é a preparação mais apreciada pelos usuários e diversos fatores podem<br />

explicar esta preferência. O ice alcança <strong>uma</strong> biodisponibilidade de 90,3 ± 10,4%, aproximando-se<br />

da administração parenteral sem, contudo, expor o usuário aos riscos associados ao uso de drogas<br />

intravenosas. 20 Outra característica importante da metanfetamina é a alta solubilidade em<br />

lipídeos, que facilita a distribuição rápida por todo o organismo e permite, inclusive, transpor a<br />

barreira hematoencefálica e portanto alcançar o sistema nervoso central, onde permanece por<br />

longo período. 16,42<br />

Esse perfil toxicocinético confere ao ice efeitos rápidos, intensos e duradouros (6-24<br />

horas), bem como potencializam o desenvolvimento de dependência. 21,38 A distribuição no<br />

organismo é completa podendo acumular-se especialmente nos rins, pulmões, líquido<br />

cefalorraquidiano e cérebro. A ligação às proteínas plasmáticas é baixa (15-30%) e o volume de<br />

distribuição se aproxima de 5 L/Kg de peso corporal, porém esses valores são variáveis. 16,42<br />

A biotransformação da metanfetamina ocorre principalmente por enzimas hepáticas que<br />

realizam reações de N-desalquilação, hidroxilação aromática, desaminação e oxidação resultando<br />

8


em pelo menos 7 metabólitos ativos. 16,42 A N-desalquilação da metanfetamina, via CYP 2D6,<br />

produz anfetamina como metabólito ativo. O metabolismo da anfetamina envolve desaminação<br />

pelo citocromo P450, originando p-hidroxianfetamina e fenilcetona. Esta última, por sua vez, é<br />

oxidada a ácido benzóico que é excretado como derivado glicuronado ou conjugado com a<br />

glicina (ácido hipúrico). Uma pequena parte da anfetamina é oxidada à noradrenalina, que<br />

posteriormente pode sofrer glicuronidação ou hidroxilação, o que gera neste caso outro<br />

metabólito ativo, a o-hidroxinoradrenalina, que atua como falso neurotransmissor contribuindo<br />

para o efeito da droga, especialmente nos usuários crônicos. Considerando a atividade biológica<br />

dos vários metabólitos, o tempo de meia-vida da metanfetamina se estende por 10-30 horas<br />

dependendo da pureza da droga, do pH da urina, e da quantidade consumida. 38<br />

Em condições normais, nas primeiras 24 horas, o rim excreta cerca de 40-45% da<br />

metanfetamina inalterada, 15% como p-hidroxianfetamina e 4 a 7% na forma de anfetamina. Por<br />

ser <strong>uma</strong> base fraca, o pH da urina influencia consideravelmente na taxa de excreção da<br />

metanfetamina. Sendo assim, quando a urina é alcalinizada, apenas 2% é excretado na forma<br />

inalterada e 0,1% como anfetamina, prolongando os efeitos devido ao aumento do tempo de<br />

meia-vida da droga. Na prática clínica, é comum acidificar a urina de pacientes intoxicados<br />

visando acelerar a excreção, podendo eliminar nesses casos até 76% como metanfetamina e 7%<br />

como anfetamina. 16,20,42<br />

3.4 Toxicodinâmica<br />

A cocaína e as anfetaminas são estimulantes poderosos do sistema nervoso central e<br />

exercem seus efeitos por aumentarem significativamente a concentração de monoaminas<br />

(dopamina, serotonina e noradrenalina) na fenda sináptica. Apesar de compartilharem um<br />

resultado em comum, a maior disponibilidade desses neurotransmissores, os mecanismos<br />

característicos de cada droga diferem em alguns pontos específicos. 6,20<br />

A cocaína desempenha <strong>uma</strong> ação simpaticomimética indireta, atuando principalmente nos<br />

transportadores localizados na membrana pré-sináptica, que são responsáveis por interromper a<br />

sinalização química por meio do sequestro das catecolaminas. O bloqueio ocasionado pela<br />

cocaína aumenta os níveis de dopamina, serotonina e noradrenalina na fenda sináptica e resulta<br />

na superestimulação dessas vias. 26,28,30 Está claro na literatura científica que as alterações<br />

observadas no sistema dopaminérgico são mais relevantes e estão intimamente relacionadas ao<br />

mecanismo de recompensa e adição. 43<br />

9


As metanfetaminas atuam por vários mecanismos que se associam para alcançar<br />

concentrações extremamente altas de monoaminas na fenda sináptica. 36,42,44 As metanfetaminas,<br />

assim como a cocaína, bloqueiam a recaptação das monoaminas ligando-se às proteínas<br />

transportadoras desses neurotransmissores localizadas na membrana pré-sináptica. 20,22,36,38 Neste<br />

ponto, estas drogas diferem da cocaína apenas em relação ao sítio de ligação, sendo que a<br />

metanfetamina é capaz de ocupar o mesmo local que a dopamina na proteína transportadora,<br />

enquanto a cocaína age em outra porção produzindo <strong>uma</strong> deformação alostérica que impede a<br />

recaptação da dopamina. 22 As metanfetaminas afetam a expressão de proteínas transportadoras na<br />

superfície do neurônio. 36 Outro efeito observado é a inversão da atividade do transportador de<br />

monoaminas que passa a expulsar os neurotransmissores do citosol para o meio<br />

extracelular. 20,36,44 A metanfetamina promove também a liberação das aminas biogênicas<br />

armazenadas em vesículas no citoplasma neuronal, por meio da inversão do transportador<br />

vesicular da monoamina (VMAT), impedindo a incorporação dos neurotransmissores em<br />

vesículas e causando o efluxo rápido para o citosol. 45 Outra estratégia adotada é a inibição da<br />

atividade da enzima que metaboliza as monoaminas, monoaminoxidase (MAO), além de<br />

potencializar a atividade e expressão da enzima que sintetiza dopamina, tirosina hidroxilase (TH).<br />

O resultado desses mecanismos combinados é <strong>uma</strong> maciça liberação de sinalizadores, aumentan-<br />

do, assim, a neurotransmissão monoaminérgica. 6,22,36,42<br />

Todas as drogas de abuso atuam sobre o sistema dopaminérgico, mais especificamente<br />

sobre a via mesocorticolímbica, que se projeta da área tegmentar ventral do mesencéfalo para o<br />

núcleo accumbens e o córtex pré-frontal, que compõem o chamado sistema de recompensa<br />

cerebral. Essa ação pode ocorrer de forma direta, sobre os neurônios dopaminérgicos, ou indireta,<br />

sobre neurônios de outros sistemas que modulam a atividade dopaminérgica (glutamato, ácido<br />

gama-aminobutírico - GABA, noradrenalina, serotonina, opióides). A estimulação do núcleo<br />

accumbens a partir da ativação da via mesolímbica também é responsável pela sensação de prazer<br />

obtida com o uso da droga e tem um papel central no reforço dos comportamentos de busca. O<br />

córtex pré-frontal, por sua vez, está envolvido nos processos de tomada de decisões, sendo<br />

responsável pelo controle inibitório, e cost<strong>uma</strong> estar hipofuncionante nos dependentes químicos<br />

ou indivíduos com outras comorbidades psiquiátricas, principalmente aqueles com sintomas de<br />

impulsividade. 6,43,44<br />

10


A maior disponibilidade de dopamina cerebral atribuído ao bloqueio do transportador pré-<br />

sináptico de dopamina (DAT) é responsável pelo aumento agudo da substância nos feixes<br />

dopaminérgicos incrementando a neurotransmissão e desencadeando o mecanismo de<br />

dependência por meio do sistema de recompensa. 43,46<br />

A dopamina presente em abundância na fenda sináptica se liga a diferentes tipos de<br />

receptores dopaminérgicos do neurônio pós-sináptico, denominados Tipo D1-like (D1e D5) ou<br />

Tipo D2-like (D2, D3, D4) classificados com base em propriedades moleculares e<br />

farmacológicas. A ação do neurotransmissor é finalizada por sequestro do mesmo para o interior<br />

do neurônio pré-sináptico por meio do transportador de dopamina (DAT) que está bloqueado pela<br />

ação da cocaína e da metanfetamina. A enzima catecol-O-metiltransferase (COMT) também é<br />

responsável por interromper a atividade da dopamina por mecanismo enzimático. A ativação de<br />

receptores Tipo D1-like estimula o mecanismo de transdução via Proteína G estimulatória<br />

produzindo quantidades crescentes do segundo mensageiro adenosina monofosfato cíclico<br />

(AMPc). Já a ativação de receptores tipo D2-like age diminuindo a formação de AMPc por meio<br />

da proteína G inibitória. Seguindo a via estimulatória, o aumento dos níveis de AMPc aciona <strong>uma</strong><br />

cascata de eventos incluindo ativação da proteína quinase A (PKA), que desloca-se até o núcleo<br />

onde fosforila e consequentemente ativa o fator de transcrição dependente de quinase e, por fim,<br />

modula a expressão gênica. Diferenças genéticas, bem como o uso crônico de drogas de abuso<br />

podem alterar essa cascata intracelular e influenciar significativamente na resposta de cada<br />

indivíduo às drogas. 44<br />

Com o uso crônico da cocaína é observado o desenvolvimento de tolerância devido a<br />

eventos como diminuição da liberação do neurotransmissor, alteração da sensibilidade dos<br />

receptores catecolaminérgicos, ou ainda, depleção de receptores pós-sinápticos. 43,46 No caso da<br />

metanfetamina, o fenômeno da tolerância se instala rapidamente em alguns minutos após a<br />

administração, antes mesmo que os efeitos agradáveis desapareçam e a concentração da droga no<br />

sangue caia significativamente. 19,38,43,46 Nesse caso, o mecanismo suposto consiste em<br />

fosforilação do receptor resultando no desacoplamento entre a proteína G e o receptor<br />

propriamente dito. 42 Em ambos casos os usuários, a fim de manter a sensação de euforia,<br />

administram a droga repetidamente e, assim, consolidam o comportamento compulsivo. 19,38,43,46<br />

11


3.5 Efeitos tóxicos<br />

As manifestações clínicas também dependem de diversos fatores como a droga, a dose, a<br />

via de administração, a frequência do uso e a pureza, pois a presença de adulterantes misturados<br />

pode ter efeitos tóxicos diretos. 23,28,46<br />

Inicialmente, a administração de cocaína provoca <strong>uma</strong> sensação de euforia associada com<br />

agitação, hiperatividade, insônia, aumento da percepção sensorial e do prazer sexual, melhora das<br />

funções motoras, reforço da autoconfiança, perda da sensação de fadiga e redução do<br />

apetite. 26,28,30,46 Após o efeito agudo aparece um período de desconforto, depressão, cansaço, e<br />

disforia, tão rápido e intenso quanto os efeitos produzidos pela cocaína. 28 Se instala, então, o<br />

desejo compulsivo pela droga (craving) acompanhado de ansiedade, confusão, tremores,<br />

irritabilidade, comportamento violento, alucinações visuais e táteis, crises paranóicas e<br />

convulsões tônico-clônicas. 26<br />

Efeitos simpaticomiméticos manifestam-se principalmente no sistema cardiovascular<br />

resultando em elevação da pressão arterial e frequência cardíaca, palpitações, arritmias,<br />

hipertensão pulmonar e infarto agudo do miocárdio. A cocaína também provoca sintomas de<br />

sudorese, midríase, tremores e hipertermia. 26,28 A temperatura do corpo aumenta devido à perda<br />

de controle dos receptores dopaminérgicos hipotalâmicos regulatórios. Essa hipertermia pode ser<br />

acompanhada por convulsões e causar morte súbita em doses baixas, mas contínuas da droga. 26<br />

O crack está intimamente associado com a maioria das complicações agudas,<br />

principalmente com os sintomas respiratórios. O tamanho das partículas formadas na combustão<br />

é pequeno o suficiente para depositar-se no alvéolo pulmonar, acumulando pigmentos carbônicos<br />

intra e extracelulares. Durante o tabagismo de crack, um resíduo escuro é formado, sendo<br />

reutilizado com mais droga o que agrava o quadro respiratório. Os sintomas respiratórios incluem<br />

tosse com expectoração negra, dor torácica, dispnéia, hemoptise, sibilos, e exacerbação da<br />

asma. 23<br />

Complicações neurológicas como cefaléia, acidente vascular cerebral, hemorragia<br />

cerebral e convulsões também estão descritos na literatura. 23 O mecanismo sugerido no<br />

desenvolvimento de acidente vascular cerebral inclui vasoespasmo, vasculite cerebral, agregação<br />

plaquetária, cardioembolismo e picos hipertensivos associados com descontrole do fluxo<br />

sanguíneo cerebral. 28 O crack se destaca mais <strong>uma</strong> vez por produzir facilmente esses efeitos. 23<br />

12


Em situação de overdose é observado no paciente irritabilidade, agressividade, delírios e<br />

alucinações. Ocorre também aumento da pressão arterial e da temperatura corporal, assim como<br />

taquicardia e degeneração dos músculos esqueléticos. O paciente vai a óbito por várias<br />

complicações que envolvem convulsões, hemorragia cerebral, falência cardíaca ou parada<br />

respiratória. As convulsões e morte são as consequências mais comuns relacionadas à overdose<br />

de cocaína. 30,46<br />

Além das complicações causadas pela ação da própria droga e dos adulterantes, outras<br />

consequências clínicas do consumo são determinadas pela via de administração utilizada. O uso<br />

endovenoso é o que tem maior potencial mórbido, devido à possibilidade de contaminação com o<br />

vírus HIV e hepatite. A via pulmonar acarreta lesões orais e respiratórias e a nasal causa prejuízo<br />

local na mucosa com ulcerações e sangramentos. 46<br />

Os efeitos observados em dependentes de <strong>psicoestimulantes</strong>, como a cocaína, anfetaminas<br />

e seus derivados, são coincidentes em vários aspectos. A metanfetamina também produz<br />

imediatamente após a utilização euforia intensa, com elevado estado de alerta, da autoestima,<br />

aumento da energia e incremento da libido e prazer sexual, diminuição do cansaço, da<br />

necessidade de dormir e do apetite. 21,22,47 Difere da cocaína apenas pela maior duração dos seus<br />

efeitos que pode se estender até por 12 horas. 21,37<br />

A toxicidade aguda é caracterizada pelos efeitos periféricos exacerbados, incluindo<br />

tremores, midríase, palpitações, sudorese, hipertensão, arritmias cardíacas, assistolia, colapso<br />

cardiovascular, edema pulmonar, coagulação intravascular disseminada, rabdomiólise,<br />

insuficiência renal aguda, hepatotoxicidade. Outros efeitos tóxicos graves são surtos psicóticos e<br />

transtornos paranóides, distúrios do humor, estado alucinatório, comportamento violento,<br />

depressão, hipertermia, convulsão e acidente vascular cerebral isquêmico e<br />

hemorrágico. 19,20,21,42,45,47 As principais causas dos efeitos tóxicos são o desenvolvimento de<br />

dependência e overdose, muitas vezes induzidas pela tolerância que leva o dependente de<br />

metanfetamina a aumentar a frequência e a dose ingerida para conseguir reproduzir a intensidade<br />

dos efeitos da primeira vez. 42 É comum o usuário, que faz uso compulsivo de metanfetamina,<br />

apresentar comportamento estereotipado, caracterizado por repetir movimentos inusitados por<br />

horas podendo ser acompanhado por ranger dos dentes. 22<br />

O dependente de ice caracteriza-se por fazer uso da droga por horas seguidas ou mesmo<br />

dias. No entanto, após o efeito eufórico, experimenta extrema fadiga, dores de cabeça, exaustão,<br />

13


confusão mental, hipersonolência, ansiedade, hiperfagia, depressão e fissura. Quando finalmente<br />

o usuário consegue dormir, assim permanece por 24-36 horas ininterruptas. 19,22,37,45<br />

O uso crônico da metanfetamina parece causar alterações neuronais irreversíveis. Essas<br />

mudanças podem resultar em sintomas neurológicos e psiquiátricos, que são provavelmente<br />

causados pela depleção de dopamina. A psicose anfetamínica, por exemplo, é um efeito tóxico<br />

observado após o uso continuado de derivados de anfetamina, com sintomas semelhantes aos de<br />

esquizofrenia paranóide, que pode ser associada com quadros de confusão, delírios e<br />

comportamento agressivo expondo o usuário a situações de risco. Esses sintomas psicóticos<br />

podem persistir por meses ou anos, mesmo após o uso da droga ter cessado. 22,37,42<br />

Infarto do miocárdio, doenças respiratórias, derrame, cardiomiopatia, rabdomiólise,<br />

hepatite, ansiedade, depressão, disfunção psicomotora e morte foram reportadas. 37,47,48<br />

É comum ocorrer mudanças na aparência física de usuários de metanfetamina a longo<br />

prazo, produzindo um efeito de envelhecimento. Essas mudanças geralmente resultam de<br />

desnutrição grave, cárie dentária (conhecido como "boca meth"), falta de higiene e perda de<br />

peso. 20,37<br />

Nos casos de overdose de metanfetamina, instala-se um quadro ainda mais preocupante,<br />

caracterizado por hipertermia, taquicardia, seguida por colapso circulatório e convulsões,<br />

podendo ser fatal. E ainda, usuários podem entrar em coma seguido de choque cardiovascular e<br />

morte. 22<br />

Assim como a cocaína, a via de administração utilizada influencia em parâmetros<br />

importantes como o início e duração dos efeitos. Essa característica pode ser determinante para a<br />

escolha da droga pelo usuário. Imediatamente após f<strong>uma</strong>da ou injetada intravenosamente, a<br />

metanfetamina produz um efeito extremamente prazeroso (flash, rush), porém de curta duração. 20<br />

Quando cheirada ou utilizada por via oral, esse efeito não é alcançado, apenas <strong>uma</strong> euforia mais<br />

duradoura é produzida após 15-20 minutos, mas não tão intensa como ocorre com as vias<br />

anteriores. 19,22,37<br />

A metanfetamina, quando comparada à cocaína, compartilha muitos aspectos<br />

semelhantes, a ponto de usuários de cocaína descreverem os mesmos efeitos prazerosos de<br />

recompensa dos dependentes de metanfetaminas. 26 Porém, é possível verificar diferenças quanto<br />

à duração do efeito, frequência do consumo e necessidade de repetir a droga. Por exemplo, o<br />

efeito da metanfetamina, dependendo da via de administração, varia de 4-8 horas, enquanto o<br />

14


efeito da cocaína é somente de 10-30 minutos. Dessa forma, o crack necessita ser consumido a<br />

cada 10-15 minutos, enquanto que a metanfetamina somente será utilizada novamente após horas.<br />

A duração média do uso ininterrupto do crack é de 12 horas, por outro lado, usuários de<br />

metanfetamina utilizam a droga durante 24 horas. 22<br />

O abuso de drogas, cocaína ou metanfetamina, é um grande fator de risco para o<br />

desenvolvimento de transtornos psiquiátricos e neurológicos, devido às diversas alterações na<br />

quantidade ou densidade de neurônios, bem como na expressão de fatores tróficos no cérebro e a<br />

funcionalidade da barreira hematoencefálica. 47 Estudos mostram diminuição do número de<br />

células dopaminérgicas e serotoninérgicas, diminuição da densidade dos transportadores de<br />

monoaminas e da expressão gênica do RNA, mensageiro que codifica o transportador de<br />

dopamina (DAT) e de serotonina em diversas regiões do cérebro. 25,42,47 Há evidências que o<br />

consumo de <strong>psicoestimulantes</strong> pode ocasionar perda de terminais dopaminérgicos e até mesmo de<br />

neurônios inteiros. 25<br />

Tem sido postulado que a neurotoxicidade segue mecanismos que envolvem produção de<br />

espécies reativas de oxigênio provenientes do metabolismo da dopamina e da serotonina,<br />

danificando os componentes celulares como lipídios, DNA e proteínas. 25,42 Sabe-se que a<br />

dopamina é capaz de induzir a morte celular programada ou apoptose em determinadas células. 45<br />

Além disso, a hipertemia observada na intoxicação aguda/crônica de dependentes parece<br />

incrementar a degeneração neuronal. 42<br />

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Nos dias atuais, a utilização de drogas em geral representa um dos maiores problemas que<br />

a sociedade enfrenta. Em particular, as drogas <strong>psicoestimulantes</strong> são responsáveis por afetar <strong>uma</strong><br />

imensa parcela da população, pois seus efeitos não atingem apenas o usuário, mas também a sua<br />

família e a sociedade ao redor. Vários fatores estão envolvidos na busca dos efeitos euforizantes<br />

proporcionados pelos estimulantes centrais, dentre eles cita-se frustrações particulares, problemas<br />

financeiros, rotina estressante, famílias desestruturadas, desinformação entre outros. A base da<br />

solução para esse trágico cenário está no conhecimento e na informação proporcionados por<br />

trabalhos desta natureza. Os efeitos alcançados com a utilização da cocaína e da metanfetamina<br />

refletem o mecanismo de ação dessas drogas, que permite o acúmulo de monoaminas na fenda<br />

sináptica superestimulando vias dopaminérgicas, serotoninérgicas e noradrenérgicas. A escolha<br />

15


do usuário pela forma de utilização (injetável, oral, f<strong>uma</strong>da ou inalada) está intimamente<br />

relacionada com o perfil toxicocinético obtido com o uso por meio das diferentes vias de<br />

administração. De qualquer maneira, as sensações vivenciadas parecem ser recompensadoras no<br />

início, mas muito provavelmente o indivíduo se torna dependente e as consequências desastrosas<br />

resultantes do consumo colocam em risco a vida do usuário.<br />

A estratégia do tráfico é inovar com drogas cada vez mais baratas e prejudiciais, como o<br />

oxi. Também investem no retorno de substâncias antigas, como a metanfetamina, com o perfil<br />

ainda mais tóxico. Nesse sentido, os estudos e as pesquisas devem ao menos acompanhar essas<br />

tendências, com o objetivo de subsidiar programas de educação social, orientar a alocação de<br />

recursos públicos na saúde, segurança e estrutura familiar, e inclusive embasar o<br />

desenvolvimento de novos fármacos e tratamentos para os dependentes.<br />

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