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<strong>UNIVERSIDA<strong>DE</strong></strong> <strong>CATÓLICA</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOIÁS</strong><br />
<strong>PRÓ</strong>-REITORIA <strong>DE</strong> PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA<br />
COOR<strong>DE</strong>NAÇÃO <strong>DE</strong> PÓS-GRADUAÇÃO<br />
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO FINANCEIRA<br />
FLUXO <strong>DE</strong> CAIXA COMO FERRAMENTA <strong>DE</strong> GESTÃO FINANCEIRA<br />
ARTIGO CIENTÍFICO<br />
CLEI<strong>DE</strong> DA COSTA SANTOS<br />
EDA JANINA DIAS MEN<strong>DE</strong>S CARNEIRO<br />
GOIÂNIA, GO<br />
2009
<strong>UNIVERSIDA<strong>DE</strong></strong> <strong>CATÓLICA</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOIÁS</strong><br />
<strong>PRÓ</strong>-REITORIA <strong>DE</strong> PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA<br />
COOR<strong>DE</strong>NAÇÃO <strong>DE</strong> PÓS-GRADUAÇÃO<br />
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO FINANCEIRA<br />
CLEI<strong>DE</strong> DA COSTA SANTOS<br />
EDA JANINA DIAS MEN<strong>DE</strong>S CARNEIRO<br />
FLUXO <strong>DE</strong> CAIXA COMO FERRAMENTA <strong>DE</strong> GESTÃO FINANCEIRA<br />
GOIÂNIA, GO<br />
2009<br />
Artigo científico apresentado como<br />
requisito parcial para a conclusão do<br />
curso de Especialização em Gestão<br />
Financeira.<br />
2
FLUXO <strong>DE</strong> CAIXA COMO FERRAMENTA <strong>DE</strong> GESTÃO FINANCEIRA<br />
3<br />
Cleide da Costa Santos 1<br />
Eda Janina Dias Mendes Carneiro 2<br />
RESUMO: O presente artigo apresenta um estudo sobre o fluxo de caixa e sua<br />
demonstração estruturada conforme disposições contidas na regulamentação<br />
societária vigente a partir do exercício de 2008. A Demonstração do Fluxo de Caixa<br />
consiste em ferramenta de gestão financeira, tendo como principal função o suporte<br />
ao processo decisório nas organizações. A metodologia adotada foi a pesquisa<br />
bibliográfica. O estudo revela que a gestão do fluxo de caixa é fundamental para o<br />
controle financeiro de todas as organizações, sejam elas com fins lucrativos ou não,<br />
e classificadas como pequenas, médias ou grandes empresas.<br />
Palavras-chave: Fluxo de Caixa, Gestão Financeira, Demonstração de Fluxo de<br />
Caixa.<br />
1 Cleide da Costa Santos é graduada em Administração pela Associação de Educação e Cultura do<br />
Estado de Goiás - Faculdade Padrão e cursa Especialização em Gestão Financeira Pela<br />
Universidade Católica do Estado de Goiás. Atualmente é Gerente de Produção da RGR Decorações.<br />
2 Eda Janina Dias Mendes Carneiro é graduada em Administração pela Universidade Católica de<br />
Goiás – UCG, e cursa Especialização em Gestão Financeira também por esta instituição. Atualmente<br />
é Gestora de Contas a Receber na empresa Consciente Construtora e Incorporadora Ltda.
INTRODUÇÃO<br />
O atual mercado de negócios se apresenta cada vez mais competitivo e<br />
exigente, características do mundo globalizado. Em decorrência disso, as<br />
organizações atuam para a melhoria da eficiência e da eficácia em sua gestão, na<br />
busca de melhor desempenho em suas atividades para assim, diminuir custos e<br />
proporcionar melhor qualidade e menor preço ao mercado consumidor, no intuito de<br />
se manter nesse mercado e garantir sua sobrevivência.<br />
Um dos fatores que pode favorecer o bom desempenho de uma organização<br />
é o controle dos fluxos financeiros, pois isto poderá contribuir no processo decisório<br />
de forma rápida e segura, com vistas à captação e a aplicação de recursos da<br />
empresa.<br />
O controle dos fluxos financeiros inclui e requer, indispensavelmente, a<br />
gestão de caixa em qualquer situação organizacional.<br />
Tanto que, para Santos (2001, p.57), "a necessidade de planejamento de<br />
caixa está presente tanto em empresas com dificuldades financeiras, como naquelas<br />
bem capitalizadas".<br />
Mesmo em momentos de equilíbrio e estabilidade financeira as empresas<br />
devem administrar bem seus recursos, a partir da adoção de um rígido controle<br />
financeiro, pois as mudanças são contínuas e podem provocar retração de mercado<br />
e escassez de recursos. Podem, também, diminuir a liquidez da empresa, e, como<br />
consequência, comprometer o seu desempenho econômico-financeiro.<br />
Para minimizar o efeito destas situações adversas, é necessário manter um<br />
equilíbrio entre receitas e despesas, responsáveis, em situações normais, pelos<br />
fluxos das operações de caixa, e assim a empresa deve perseguir operações em<br />
que as entradas de recursos sejam suficientes para cobrir as saídas dos mesmos.<br />
Uma ferramenta de fundamental importância para que as empresas<br />
visualizem a existência ou não desse equilíbrio é o demonstrativo de fluxo de caixa,<br />
que além de projetar entradas e saídas de recursos em curto e longo médio prazo, o<br />
que evidencia sua capacidade de pagar as dívidas no dia determinado, mostra qual<br />
o montante que a empresa pode dispor para aplicações, dividendos para acionistas,<br />
entre outros, sem prejudicar a capacidade de cumprir com suas obrigações no prazo<br />
certo. Isto permite buscar a tempo, caso necessário, recursos para tal, sem grandes<br />
prejuízos no desempenho e imagem de empresa.<br />
4
O presente artigo busca apresentar o fluxo de caixa como instrumento<br />
gerencial que pode auxiliar os gestores financeiros na tomada de decisões e a<br />
executar suas funções de planejamento e controle e foi fundamentado a partir das<br />
argumentações de doutrinadores conceituados, com maior ênfase para Assaf Neto,<br />
Braga, Dalbello, Santos, Hoji, Iudícibus e Marion, e também, alguns artigos e<br />
publicações do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas<br />
Empresas).<br />
MÉTODO E METODOLOGIA<br />
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa utiliza-se, quanto aos meios, a<br />
pesquisa bibliográfica, cujas técnicas de coleta de dados utilizadas são o uso de<br />
livros de autoria clássica e contemporânea e análise de atos normativos que<br />
dispõem sobre a legislação societária e artigos publicados na internet.<br />
5
1. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E FLUXO <strong>DE</strong> CAIXA<br />
Uma empresa que pretende se manter em mercados cada vez mais<br />
competitivos faz-se mister que o gestor financeiro tome suas decisões apoiadas em<br />
informações precisas, preparadas e atualizadas nas diversas áreas desta empresa.<br />
O alcance dos resultados pressupõe a implantação e adoção de alguns relatórios<br />
gerenciais e de indicadores de desempenho para que se faça o acompanhamento<br />
periódico da sua performance. Uma das principais ferramentas gerenciais da área<br />
financeira é o de controle do fluxo de caixa e sua evidenciação, objeto de estudo<br />
deste trabalho.<br />
1.1. O Papel da Administração Financeira<br />
Para Braga (1995, p.23) “todas as atividades empresariais envolvem recursos<br />
financeiros e orientam-se para a obtenção de lucros (...) Desse modo, cada empresa<br />
pode ser visualizada como um sistema que multiplica recursos financeiros nela<br />
investidos.”<br />
Assim, a gestão financeira consiste em um conjunto de ações e<br />
procedimentos administrativos, envolvendo o planejamento, a análise e controle das<br />
atividades financeiras da empresa, visando maximizar os resultados econômico-<br />
financeiros decorrentes de suas atividades operacionais.<br />
Ressalta-se que as atividades das empresas estão envolvidas com captação<br />
e utilização de recursos e o papel do administrador financeiro é o de captar recursos,<br />
em condições favoráveis, e o gerenciamento da utilização dos mesmos, através da<br />
sua alocação eficiente para favorecer desempenho da Administração Geral, uma vez<br />
que a gestão financeira atua na distribuição de recursos na organização.<br />
1.2. Administração do capital de giro<br />
As empresas realizam operações diárias como compra e venda de<br />
mercadorias ou produtos e, para tanto, necessitam de recursos financeiros. Esses<br />
6
ecursos são denominados capital de giro ou capital circulante, isto é, são os<br />
recursos que movimentam as operações diárias de uma organização.<br />
Segundo Braga (1995, p. 81) “a administração do capital de giro envolve um<br />
processo contínuo de tomada de decisões voltadas principalmente para a<br />
preservação da liquidez da empresa, mas que também afetam a sua rentabilidade”.<br />
Já Assaf Neto (2002, p.14) afirma que:<br />
A administração do Capital de Giro encontra-se inserida no contexto<br />
decisorial das finanças das empresas, permitindo melhor entendimento de<br />
como as organizações geram, aplicam e gerenciam seus recursos<br />
financeiros. Constitui-se, em outras palavras, num conjunto de regras que<br />
tem por objetivo a preservação da saúde financeira da empresa.<br />
Percebe-se que as opiniões dos autores são convergentes no sentido de que<br />
as decisões tomadas pelo gestor a respeito da utilização do capital de giro na<br />
organização influenciam em seu desempenho.<br />
Um dos grandes problemas enfrentados pela administração financeira no<br />
Brasil é a limitação de políticas de captação de recursos para suprir as necessidades<br />
de capital de giro afetada pelas oscilações constantes na economia do país.<br />
Estudos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –<br />
SEBRAE, por Eduardo Kehdi em 2008, confirmam que é possível solucionar o<br />
problema da falta de capital de giro com a recuperação da lucratividade da empresa<br />
e a consequente recomposição de seu fluxo de caixa. E ainda reforça que para isso<br />
“é necessário que as medidas financeiras estejam associadas às estratégias,<br />
operações e práticas gerenciais para que se alcance o resultado esperado”.<br />
Esta realidade demonstra o quanto as organizações precisam de profissionais<br />
que sejam preparados e tenham conhecimento sobre a dinâmica do fluxo de caixa.<br />
1.3. Fluxo de Caixa e suas características<br />
Os gestores estão sempre preocupados com demonstrações que permitam<br />
visualizar a realidade financeira e patrimonial nas organizações. Neste sentido, é<br />
necessário que entendam o fluxo de caixa como um dos processos de formação de<br />
liquidez na empresa. Este entendimento envolve a identificação das atividades que<br />
liberam ou retiram recursos do caixa.<br />
7
1.3.1. Evolução e utilização do controle de fluxo de caixa<br />
De acordo com Sá (2004) a história mostra que a busca do entendimento do<br />
<strong>home</strong>m sobre a capacidade financeira de seus negócios, data de muitos séculos,<br />
aproximadamente 600 a.C. com Tales de Mileto, que teria estudado contabilidade no<br />
Egito. Mas foi em 1494 que o monge franciscano Luca Pacciolo publicou a obra<br />
denominada “Método das Partidas Dobradas” que hoje representa a base de uma<br />
doutrina contábil. Essa obra foi destinada a explicar a contabilidade aos<br />
comerciantes da época.<br />
A partir da Revolução Industrial, no século XVIII, devido ao grande interesse<br />
por sistemas de controle financeiro e patrimonial, a escola Inglesa formulou modelo<br />
e aplicou normas contábeis.<br />
No século XX, com a crise financeira mundial que se instalou após a quebra<br />
da bolsa de valores americana em 1929, percebeu-se a necessidade de utilização<br />
da contabilidade como sistema de informações para análise e tomada de decisões<br />
financeiras nas empresas.<br />
O primeiro estudo sobre a análise de balanços, baseados nos Índices de<br />
Balanço, foi publicado pelo American Institute of Certified Public Accountants<br />
(AICPA) em 1934.<br />
Em 1961 o interesse pelo estudo do fluxo de caixa foi ressaltado pela<br />
publicação do Accounting Research 2, denominado Cash Flow: Analysis and the<br />
Funds Statement.<br />
Em 1986 o Financial Accounting Standards Board (FASB) publicou o Boletim<br />
nº 23 propondo às empresas americanas a adoção do relatório de Fluxo de Caixa<br />
das Atividades Operacionais em lugar da tradicional Demonstração das Origens e<br />
Aplicações de Recursos - DOAR, o que passou a ser obrigatório e parte integrante<br />
das Demonstrações Financeiras norte-americanas, para empresas de capital aberto<br />
a partir de 15 de novembro de 1988, com a publicação do Boletim nº. 95 de 1987:<br />
Statement of Cash Flows.<br />
Essa mudança foi seguida internacionalmente em países como Japão, Nova<br />
Zelândia, Canadá, África do Sul, entre outros.<br />
Em 1992, na Inglaterra, implantou-se a obrigatoriedade do uso da<br />
Demonstração do Fluxo de Caixa.<br />
8
No Brasil, de 1977 a 2007, no que se refere às normas societárias, Lei n.º<br />
6404/76, as sociedades estavam obrigadas a elaborarem o Balanço Patrimonial,<br />
Demonstração do Resultado do Exercício, a Demonstração de Lucros e Prejuízos<br />
Acumulados e a Demonstração das Origens de Aplicação e Recursos, e, caso fosse<br />
aberta, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, por exigência da CVM<br />
– Comissão de Valores Mobiliários. Em 28/12/2007 foi promulgada a Lei 11.638/07<br />
que introduziu diversas alterações na Lei 6.404/76, para nivelar as práticas<br />
contábeis brasileiras ao cenário internacional e obrigar as companhias abertas com<br />
patrimônio líquido, na data do balanço, superior a dois milhões de reais, a<br />
elaborarem e publicarem a Demonstração do Fluxo de Caixa, segregando as<br />
alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa,<br />
em, no mínimo, três fluxos, conforme artigo 188, inciso I: das operações, dos<br />
financiamentos e dos investimentos.<br />
1.3.2. Conceitos de fluxo de caixa<br />
É muito frequente, na gestão empresarial, o administrador se deparar com<br />
muitas dúvidas sobre o controle financeiro da empresa, dentre elas, como tornar o<br />
controle financeiro eficiente para que sirva de base no processo decisório. Assim,<br />
cabe ao gestor financeiro analisar, compreender e informar sobre o fluxo de caixa e<br />
seus equivalentes.<br />
Os elementos que envolvem as operações de fluxo de caixa são em número<br />
restrito, conforme pontuados a seguir.<br />
A estruturação dos fluxos e do demonstrativo deverá contemplar:<br />
a) caixa: compreende numerário em mão e depósito bancário disponível;<br />
b) equivalente à caixa: são investimentos a curto prazo, de alta liquidez, que<br />
são prontamente conversíveis em valores conhecidos de caixa e que estão sujeitos<br />
a um insignificante risco de mudança de valor;<br />
Os fluxos podem ser indicados em:<br />
a) fluxos de caixa: são entradas e saídas de caixa e equivalentes ao caixa;<br />
b) fluxo das operações: são as principais atividades geradoras de receita da<br />
empresa e outras atividades diferentes das de investimento e financeiras;<br />
9
c) fluxo do investimentos: são as aquisições e venda de ativos permanente e<br />
outros investimentos não inclusos nos equivalentes ao caixa;<br />
d) fluxo dos financiamentos: são atividades que resultam em mudanças no<br />
tamanho e na composição do capital e empréstimo a pagar da empresa.<br />
Assim, tem-se que a DFC ( Demonstração de Fluxo de Caixa) é a previsão<br />
de entradas e saídas de recursos monetários, por um determinado período, devendo<br />
ser baseado em dados levantados nas projeções econômico-financeiras atuais da<br />
empresa, tendo como principal objetivo o fornecimento de informações para a<br />
tomada de decisões, o que o torna uma ferramenta que auxilia nesse processo, pois<br />
permite a visualização das movimentações financeiras num período futuro<br />
preestabelecido.<br />
A DFC é construída a partir das informações relativas a todos os dispêndios e<br />
entradas de caixa já conhecidos e dos projetados tem uma grande importância, pois<br />
poderá indicar, com antecedência, quando vai ocorrer escassez ou excedente de<br />
recurso, dando a oportunidade ao administrador de planejar melhor suas ações.<br />
Neste sentido, a Administração Financeira exige a utilização de instrumentos<br />
gerenciais eficazes, como a Demonstração do Fluxo de Caixa, que auxilia a Gestão<br />
Financeira a melhor desempenhar suas funções, e segundo Silbger (apud Dalbello,<br />
1999), evitar problemas de liquidez; demonstrar como serão pagos os compromissos<br />
e como será gerado o caixa; quais as políticas financeiras serão adotadas pela<br />
empresa; enfim planejar e administrar as fontes e necessidades de caixa.<br />
Para que a administração de fluxo de caixa produza um resultado eficaz é<br />
imprescindível que as informações sobre entradas e saídas da DFC sejam<br />
atualizadas continuamente, a fim de possibilitar um diagnóstico precoce da real<br />
situação da empresa, se ela possui ou não capacidade de saldar seus<br />
compromissos na data certa, com seus próprios recursos.<br />
A administração de fluxo de caixa proporciona ainda a percepção antecipada<br />
de sobras de caixa que podem ser aplicadas a curto, médio e longo prazo, de<br />
acordo com o prazo em que se caracteriza o excedente de caixa e a data de sua<br />
utilização para cobrir as necessidades da empresa.<br />
Para Hoji (2001, p.79), “o Fluxo de Caixa é um esquema que representa as<br />
entradas e saídas de caixa ao longo do tempo. Em um Fluxo de caixa, deve existir<br />
pelo menos uma saída e pelo menos uma entrada (ou vice-versa)”.<br />
10
De acordo com Sanvicente (1997), o objetivo do Fluxo de Caixa é a projeção<br />
das entradas e saídas de recursos financeiros para determinado período, visando<br />
verificar a necessidade de captar empréstimos ou aplicar excedentes de caixa nas<br />
operações mais rentáveis para a empresa.<br />
Santos (2001, p. 57) afirma que o “Fluxo de Caixa é um instrumento de<br />
planejamento financeiro que tem por objetivo fornecer estimativas da situação de<br />
caixa da empresa em determinado período de tempo à frente”.<br />
As definições apontam o controle e a demonstração do fluxo de caixa como<br />
um poderoso instrumento de planejamento financeiro, que tem como função<br />
primordial projetar entradas e saídas de caixa, em um período determinado, que<br />
pode ser uma semana, um mês, um ano, etc., demonstrando com antecedência a<br />
real situação financeira especificamente recursos com liquidez imediata da empresa,<br />
e, portanto, capaz de auxiliar os administradores nas suas principais atividades,<br />
quais sejam, a tomada de decisões e a elaboração de um planejamento financeiro<br />
eficaz.<br />
1.3.3. Finalidades da Demonstração do Fluxo de Caixa<br />
Além das normas relativas à sociedades de grande porte, o Guia do<br />
empreendedor do Sistema Brasileira de Apoio às Pequenas e Micro Empresas –<br />
SEBRAE orienta sobre o Fluxo de Caixa e aponta várias de suas serventias, quais<br />
sejam:<br />
a) auxiliar o empresário a tomar decisões antecipadas sobre a falta ou sobra<br />
de dinheiro na empresa;<br />
b) avaliar a capacidade de pagamentos antes de assumir compromissos;<br />
c) avaliar o melhor momento para efetuar as reposições de estoque em<br />
função dos prazos de pagamento e da disponibilidade de caixa;<br />
d) avaliar o momento mais favorável para realizar promoções de vendas<br />
visando melhorar o caixa do negócio;<br />
e) avaliar se o recebimento das vendas é suficiente para cobrir os gastos<br />
assumidos e previstos no período considerado;<br />
f) conhecer previamente (planejamento estratégico) os grandes números do<br />
negócio e sua real importância no período considerado;<br />
11
determinado;<br />
g) planejar e controlar as entradas e saída de caixa num período de tempo<br />
h) planejar melhores políticas de prazos de pagamentos e recebimentos;<br />
i) verificar se a empresa está trabalhando com aperto ou folga financeira no<br />
período avaliado; e,<br />
j) verificar se os recursos financeiros são suficientes para tocar o negócio em<br />
determinado período ou se há necessidade de obtenção de capital de giro.<br />
Neste contexto, o controle do fluxo de caixa como uma ferramenta de<br />
informação gerencial permite identificar o processo de circulação do dinheiro, a<br />
variação das disponibilidades da empresa e as necessidades futuras de caixa,<br />
demonstrando se o fluxo de recebimento em determinado período é suficiente para<br />
cobrir os pagamentos deste mesmo período. Essas informações, associadas a<br />
outras obtidas através das demonstrações contábeis, proporcionam maior<br />
segurança na tomada de decisões, conforme orienta Santos (2001, p.57):<br />
12<br />
A administração de caixa numa empresa abrange as atividades de<br />
planejamento e controle das disponibilidades financeiras que é a parcela do<br />
ativo circulante representada pelos depósitos nas contas correntes<br />
bancárias e aplicações financeiras de liquidez imediatas.<br />
Portanto, a gestão e a Demonstração de Fluxo de Caixa permitem a<br />
elaboração de um planejamento financeiro mais seguro e eficiente, pois ajuda a<br />
prever com antecedência quando ocorrerá excesso de caixa, que pode ocasionar<br />
prejuízo se não for devidamente percebido e investido de acordo com os objetivos<br />
da empresa, e caso haja escassez de caixa, qual o montante certo para cobri-la e<br />
como captar recursos para tal, se precisará recorrer a empréstimos, financiamentos<br />
ou outras fontes.<br />
1.3.4. Informações geradas a partir do controle do fluxo de caixa<br />
As informações contidas na Demonstração de Fluxo de Caixa, de acordo com<br />
Teles (apud Dalbello, 1999), são relevantes tanto para usuários internos quanto para<br />
usuários externos.<br />
Frequentemente investidores, credores e a administração interna buscam<br />
respostas para certas perguntas sobre os financiamentos para um empreendimento;
também se o fluxo de caixa líquido e as atividades operacionais são suficientes para<br />
custear a expansão da empresa; ainda, que quantia pode-se obter emprestada sem<br />
comprometer a estabilidade e reputação da empresa. São dados e informações não<br />
visíveis nas demonstrações contábeis como o Balanço Patrimonial, a Demonstração<br />
do Resultado do Exercício e a extinta Demonstração das Aplicações e Origens de<br />
Recursos. Daí a necessidade das organizações em preparar uma demonstração<br />
financeira que contemple tais dados, no caso a Demonstração de Fluxo de Caixa.<br />
1.3.5. Relevância do controle e avaliação do fluxo de caixa<br />
Através do conhecimento da movimentação de caixa poderá se fazer uma<br />
eficiente análise financeira da empresa, quanto à capacidade de gerar caixa, pagar<br />
dívidas, fazer investimento, etc. A Demonstração do Fluxo de Caixa possibilita<br />
identificar as variações que podem vir a ocorrer no ambiente empresarial e afetar<br />
diretamente a gestão do negócio, facilitando o controle das movimentações de caixa<br />
e seus equivalentes.<br />
Assim, as empresas que se utilizam da Demonstração de Fluxo de Caixa<br />
como ferramenta de planejamento e controle dos recursos com liquidez imediata,<br />
minimizam os riscos de fracassos, isto é, através da gestão do fluxo de caixa a<br />
empresa poderá saber antecipadamente quais as decisões deverá tomar para<br />
otimizar seus recursos.<br />
1.3.6. Composição do fluxo de caixa<br />
Segundo Pinho (1996), os componentes do Fluxo de Caixa estão<br />
classificados em atividades operacionais, atividades de investimentos e atividades<br />
de financiamentos.<br />
a) Atividades Operacionais: fluxo de caixa das atividades operacionais está<br />
relacionado com as principais atividades geradoras de receita da empresa, tais<br />
como: recebimentos pelas vendas de produtos e serviços; pagamentos de<br />
fornecedores; pagamentos de despesas operacionais, salários e encargos sociais;<br />
13
ecebimentos e pagamentos que não sejam atividades de investimentos ou de<br />
financiamentos.<br />
b) Atividades de Investimentos: fluxo de caixa das atividades de<br />
investimento demonstra as entradas e as saídas de caixa decorrentes das variações<br />
ocorridas no ativo da empresa: variação em ativos imobilizados e variação em<br />
participação societária.<br />
c) Atividades de Financiamentos: os fluxos de caixa das atividades de<br />
financiamentos relacionam-se às alterações no passivo exigível e no patrimônio<br />
líquido: variações em títulos a pagar; variações no exigível em longo prazo;<br />
variações no patrimônio líquido e dividendos pagos.<br />
A Lei 11.638/2007, que alterou a Lei 6.404/1976, das S.As. extinguiu a DOAR<br />
e tornou obrigatória a elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa e do Valor<br />
Adicionado, conforme dispõem os artigos 176 e 188:<br />
14<br />
Art.176 (...)<br />
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e<br />
V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.<br />
§ 6.º A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço,<br />
inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à<br />
elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa.<br />
(...)<br />
Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art.<br />
176 desta Lei indicarão, no mínimo:<br />
I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante o<br />
exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas<br />
alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos:<br />
a) das operações;<br />
b) dos financiamentos; e<br />
c) dos investimentos;<br />
II – demonstração do valor adicionado – o valor da riqueza gerada pela<br />
companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a<br />
geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas,<br />
governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída.<br />
Apesar de a Lei definir o mínimo de fluxos que devem conter na DFC, as<br />
empresas podem, se julgarem necessário, apresentar outros fluxos, como, por<br />
exemplo, de acionistas que, dependendo do ramo de atividade e das<br />
movimentações financeiras, em muitas empresas é o que as mantém em<br />
funcionamento ou que financia seu crescimento.<br />
Como se percebe há uma convergência entre Pinho (1996) e o entendimento<br />
disposto na Lei 11.638/2007 em vigor no Brasil desde 28/12/2007, apenas uma<br />
variação no que diz respeito à utilização das palavra "atividades" e "fluxo" na
definição das movimentações de entrada e saída de caixa contidos e obrigatórios<br />
na Demonstração o Fluxo de caixa. Na Lei é utilizada, para isso, a própria palavra<br />
fluxo e Pinho (1996) utilizou atividades; exemplo: Atividades Operacionais para<br />
Pinho (1996) e Fluxos das Operações na Lei 11.638/2007; e assim também para os<br />
demais fluxos.<br />
1.3.7. Fatores que afetam o caixa<br />
De acordo com Dalbello (1999), a projeção mensal do fluxo de caixa ajuda a<br />
identificar e eliminar insuficiência de caixa e a visualização e aplicação das sobras<br />
do mesmo. Se o fluxo de caixa apresentar-se negativo, o gestor financeiro deve<br />
alterar seus planos para conseguir mais dinheiro. Por outro lado, um fluxo de caixa<br />
com grandes sobras de recursos pode indicar que se pediu dinheiro emprestado<br />
além do necessário ou que não foram investidos os excedentes de caixa. O objetivo<br />
é obter um equilíbrio entre as entradas e saídas de caixa e mantê-lo no mínimo,<br />
somente para suprir as necessidades da empresa.<br />
Caso o fluxo de caixa apresente saldo negativo, a empresa pode utilizar-se de<br />
vários meios para reverter a situação, como por exemplo, aumentar as vendas.<br />
Porém, para que haja ingressos imediatos no caixa, essas vendas devem ser<br />
realizadas à vista. Caso contrário, o aumento das vendas não resultará<br />
necessariamente em entrada imediata dos recursos com liquidez imediata. Além<br />
disso, o aumento das vendas pode diminuir o estoque que precisará ser reposto,<br />
aumentando assim as despesas. Portanto, o critério de aumento das vendas para<br />
suprir as necessidades de caixa deve ser rigorosamente estudado, para não se<br />
correr o risco de aumentar as despesas ao invés de aumentar reservas de recursos<br />
em disponibilidades.<br />
Ao diminuir as vendas a prazo a empresa poderá aumentar seus recursos<br />
financeiros, pois quanto mais seus clientes pagarem à vista, mais recursos terá<br />
disponíveis, diminuindo o risco de inadimplência. Entretanto, a diminuição de crédito<br />
poderá causar redução das vendas. Portanto, precisará avaliar as vantagens e<br />
desvantagens de manter uma política de crédito mais restrita. Outra opção de<br />
aumento de recursos para cobrir insuficiência de caixa é a tomada de empréstimos<br />
15
de curto prazo, nos quais os juros são menores e não comprometem tanto a<br />
capacidade futura da empresa.<br />
Dentre as movimentações das atividades representadas na DFC, algumas<br />
são apontadas por Marion (2003) como sendo as principais transações que afetam o<br />
caixa, divididas em 2 (dois) grupos distintos: as transações que aumentam e as que<br />
diminuem o caixa e os seus equivalentes.<br />
Segundo Marion (2003) as transações que aumentam o caixa, são:<br />
integralização do capital pelos sócios ou acionistas em dinheiro, empréstimos<br />
bancários, financiamentos, venda de itens do ativo permanente, outras entradas tais<br />
como juros recebidos, dividendos recebidos de outras empresas, indenizações de<br />
seguros recebidas. Todas essas transações, representam quando ocorre entrada de<br />
caixa e equivalentes.<br />
O mesmo autor aponta que as transações relacionadas ao segundo grupo<br />
são as que diminuem o caixa: pagamento de dividendo aos acionistas, pagamento<br />
de juros e amortização de dívida, aquisição de itens de ativo permanente, compra a<br />
vista e pagamentos de fornecedores, pagamento de despesa/custo, contas a pagar<br />
e outros.<br />
Marion (2003) ainda apresenta as transações que não afetam o caixa:<br />
depreciação, amortização e exaustão, provisão para devedores duvidosos,<br />
reavaliação, acréscimo (ou diminuições) de itens de investimentos pelo método de<br />
equivalência patrimonial. Essas transações não representam desembolso de caixa,<br />
portanto, não afetam o Caixa.<br />
1.3.8. Estruturação e elaboração do fluxo de caixa<br />
O Fluxo de Caixa se constitui em um grande sistema de informações para o<br />
qual convergem os dados financeiros gerados em diversas áreas da empresa. Para<br />
sua elaboração, a empresa dispõe internamente de informações que permitem a<br />
visualização, oriundas das contas a receber, contas a pagar e de todos os<br />
desembolsos geradores em sua operacionalização.<br />
De acordo com Dalbello (1999), as informações para permitir a elaboração da<br />
Demonstração de Fluxo de Caixa geralmente vêm do Balanço comparativo, da<br />
Demonstração do Resultado do Exercício e dos dados selecionados do livro Razão<br />
16
que gera informações necessárias para determinar como o caixa foi gerado e<br />
utilizado durante o período.<br />
O desenvolvimento de um plano de vendas tem grande relevância na<br />
elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa. Ao se buscar informações através<br />
do plano de vendas deve-se considerar, além das receitas, o tipo de produtos e a<br />
quantidade prevista para a venda, para isso se deve levar em conta as expectativas<br />
com relação à área de atuação da empresa e à situação macroeconômica, para se<br />
ter mais confiabilidade em relação a projeção das vendas.<br />
Outro aspecto importante para elaboração da Demonstração do Fluxo de<br />
Caixa é o planejamento dos gastos com objetivos de prever os desembolsos que a<br />
empresa terá no decorrer do período em análise, que deve ser realizado<br />
criteriosamente para não haver erros na projeção das saídas de caixa o que poderá<br />
atrapalhar a eficiência do planejamento de caixa.<br />
1.4 Formas de Apresentação da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC)<br />
A elaboração da DFC pode ser apresentada sob duas formas: o método<br />
direto e o método indireto. Estes dois métodos diferenciam-se pela forma como são<br />
apresentados os recursos provenientes das operações que envolvem o fluxo de<br />
caixa e os equivalentes.<br />
Método direto<br />
Para Marion (2003, p.431), o método direto pode ser assim detalhado:<br />
17<br />
O Fluxo de Caixa pelo método direto é também denominado Fluxo de Caixa<br />
no Sentido Restrito. Muitos se referem a ele como o “verdadeiro Fluxo de<br />
Caixa”, porque, (...) nele são demonstrados todos os recebimentos e<br />
pagamentos que efetivamente concorreram para a variação das<br />
disponibilidades no período.<br />
No método direto, nas atividades operacionais, são apresentados primeiro os<br />
itens referentes às entradas depois às saídas. Primeiramente apresenta-se o valor<br />
da receita de vendas de mercadorias e serviços que geraram caixa, depois se
subtraem os pagamentos efetuados a fornecedores, salários e encargos sociais,<br />
impostos e outras despesas, em seguida são adicionados os dividendos recebidos,<br />
os recebimentos de seguros e outros.<br />
A apresentação da Demonstração do Fluxo de Caixa pelo método direto<br />
permite uma melhor visualização e compreensão das principais transações de<br />
encaixe e desembolso de Caixa, conforme evidencia o Quadro 1.<br />
Quadro 1: Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Direto<br />
Método indireto<br />
Período de 19X2<br />
a) Atividades Operacionais<br />
Recebimentos de Vendas<br />
(-) Pagamento de Compras<br />
Caixa Bruto obtido nas Operações<br />
(-) Despesas Operacionais Pagas de Vendas Administrativas<br />
Caixa Gerado no Negócio<br />
b) Atividades de Investimentos<br />
(-) Aquisição de permanentes<br />
Móveis e Utensílios<br />
Terrenos<br />
Ações de Outras Cias.<br />
Caixa Gerado após as Operações de Investimento<br />
c) Atividades de financiamentos<br />
Integralização de Capital<br />
Empréstimos Bancários<br />
(-) Dividendos Pagos<br />
Caixa Gerado após as Operações Financeiras<br />
Resultado Final de Caixa<br />
+ Saldo Existente em 31-12-X1<br />
Saldo Existente em 31-12-X2<br />
Fonte: adaptado de Marion (2005, p. 444)<br />
Marion (2003, p. 431), descreve também o método indireto:<br />
18<br />
O Método Indireto é estruturado por meio de um procedimento semelhante<br />
ao da Doar podendo mesmo ser considerado como uma ampliação da<br />
mesma. Consiste em estender à análise dos itens não circulantes – própria<br />
daquele relatório – as alterações ocorridas nos itens circulantes (passivo e<br />
ativo circulante), excluindo, logicamente, as disponibilidades, cuja variação<br />
estamos buscando demonstrar.
O Método Indireto consiste na integração entre o lucro líquido da<br />
Demonstração do Resultado do Exercício e os valores que não representam<br />
desembolso: depreciação e amortização; provisão para devedores duvidosos;<br />
aumento ou diminuição referente a fornecedores, aumento ou diminuição de valores<br />
em contas a receber.<br />
Quadro 2.<br />
A elaboração da DFC pelo método indireto encontra-se representado no<br />
Quadro 2: Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Indireto<br />
Período de 19X2<br />
ATIVIDA<strong>DE</strong>S OPERACIONAIS<br />
Lucro Líquido apurado no /exercício<br />
+ Depreciação<br />
Lucro que afeta o Caixa<br />
Variações no Circulante (Capital de Giro)<br />
Ativo – Aumento de Duplicatas a Receber (reduz o Caixa)<br />
– Aumento de Estoques (reduz o Caixa)<br />
Passivo – Aumento de Fornecedores (melhora o Caixa)<br />
– Aumento de Impostos a Pagar (melhora o Caixa)<br />
Caixa Gerado nos Negócios<br />
ATIVIDA<strong>DE</strong>S <strong>DE</strong> INVESTIMENTOS<br />
Aquisição de permanentes<br />
- Móveis e Utensílios<br />
- Terrenos<br />
- Ações de Outras Cias.<br />
ATIVIDA<strong>DE</strong>S <strong>DE</strong> FINANCIAMENTOS<br />
- Integralização de Capital<br />
- Novos Empréstimos Bancários<br />
- Dividendos Pagos<br />
RESULTADO FINAL DO CAIXA<br />
+ Saldo Existente em 31-12-X1<br />
Saldo Existente em 31-12-X2<br />
Fonte: adaptado de Marion (2005, p. 447)<br />
Conforme demonstrado, na comparação entre os dois métodos, é importante<br />
que seja considerada a realidade do local em estudo, principalmente a realidade<br />
brasileira.<br />
19
Algumas das vantagens do Método Indireto são o baixo custo e a<br />
evidenciação da diferença na conciliação entre o lucro contábil e o fluxo de caixa<br />
operacional líquido.<br />
Este método apresenta como algumas desvantagens o tempo necessário<br />
para gerar as informações pelo regime de competência e só depois convertê-las<br />
para regime de caixa e a interferência da legislação fiscal na contabilidade oficial<br />
que proporciona a este método eliminar apenas parte destas distorções.<br />
O método direto também apresenta algumas vantagens como apresentar<br />
condições favoráveis para que a classificação dos recebimentos e pagamentos siga<br />
critérios técnicos e não fiscais, permitir que a cultura de administrar pelo caixa seja<br />
introduzida mais rapidamente nas empresas, além de disponibilizar diariamente as<br />
informações de caixa.<br />
Algumas desvantagens apresentadas por este método podem ser o custo<br />
adicional para classificar os recebimentos e pagamentos e a falta de experiência dos<br />
profissionais da área financeira em usar as partidas dobradas para classificar os<br />
recebimentos e pagamentos.<br />
1.5. Fluxo de Caixa e Demonstrações Contábeis Convencionais<br />
Marion (2003, p. 426), de forma complementar, destaca a relevância do<br />
controle e evidenciação do fluxo de caixa de forma complementar às Demonstrações<br />
Contábeis, e afirma que:<br />
20<br />
Além das Demonstrações Financeiras ou Contábeis estabelecidas por Lei<br />
(Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultado do Exercício,<br />
Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados e Demonstração de<br />
Origens e Aplicações de Recursos), há outros relatórios de grande<br />
relevância. É o caso da Demonstração do Fluxo de Caixa que, embora no<br />
Brasil ainda não seja exigido por Lei, é de grande utilidade interna na<br />
entidade.<br />
No Brasil, a partir de 2008, com a promulgação da Lei 11638/2007, tornou-se<br />
obrigatória a Demonstração do Fluxo de Caixa.<br />
No ambiente competitivo em que as empresas estão inseridas com<br />
constantes oscilações na economia, os resultados das demonstrações contábeis<br />
convencionais que utiliza apenas o princípio da competência na apuração de seus
esultados, não permitem visualizar a capacidade da empresa em liquidar suas<br />
dívidas de curto e médio prazo na data determinada.<br />
Santos (2001, p. 56), já criticava as limitações dos modelos de<br />
demonstrações quanto ao nível de informação ao argumentar que “uma das<br />
características da Contabilidade é que ela não precisa apurar resultados por período<br />
muito curtos, como um dia ou semana. Entretanto, o administrador financeiro precisa<br />
conhecer a situação do caixa diária ou semanalmente”. E ainda afirma que, “em<br />
diversas ocasiões, o administrador financeiro precisa fazer nítida distinção entre a<br />
geração de caixa e de lucro na empresa. Para isso, as informações produzidas pela<br />
Contabilidade são insuficientes. Cabe à Administração de Caixa produzir e utilizar os<br />
dados sobre o dinheiro disponível na empresa”.<br />
A contabilidade é indispensável como fonte de dados, entretanto o regime de<br />
competência tem provocado preocupações quanto à sua utilização na gestão do<br />
capital de giro. Isso devido à estaticidade dos demonstrativos patrimoniais, que<br />
refletem situação de um determinado momento, e não leva em conta o dinamismo<br />
dos ciclos operacionais.<br />
A Demonstração de Fluxo de Caixa, por sua vez, mostrará os fluxos de<br />
movimentação referentes a entradas e saídas no caixa que contribuíram para<br />
aumento ou diminuição de seu saldo líquido.<br />
O Balanço Patrimonial mostra resumidamente uma situação patrimonial da<br />
empresa em determinada data, representando uma imagem estática naquele<br />
momento .<br />
Em relação à Demonstração do Resultado do Exercício, Marion (2003, p.427),<br />
a compara com a Demonstração do Fluxo de Caixa dizendo que:<br />
21<br />
A DFC vem esclarecer situações controvertidas na empresa, como por<br />
exemplo, na comparação com a DRE, o porquê de a empresa ter um lucro<br />
considerável e estar com o Caixa baixo, não conseguindo liquidar todos os<br />
seus compromissos. Ou, ainda, embora seja menos comum, o porquê de a<br />
empresa ter prejuízo este ano, embora o Caixa tenha aumentado.<br />
A Demonstração do Resultado do Exercício indica o volume de vendas, o<br />
custo das mercadorias vendidas, as despesas variáveis, as despesas fixas, e apura<br />
o lucro líquido pelo regime de competência no momento em que esses eventos<br />
ocorrem independentemente de seu recebimento ou pagamento.
O objetivo é mostrar o resultado financeiro das vendas realizadas no período.<br />
No demonstrativo de resultados deverá constar o valor total das vendas<br />
realizadas no período, independentemente do seu recebimento, o custo das<br />
mercadorias vendidas, independentemente de seu pagamento, e as despesas<br />
decorrentes de suas atividades operacionais.<br />
O registro dos recebimentos das vendas e dos pagamentos dos custos e das<br />
despesas é feito na Demonstração do Fluxo de Caixa.<br />
Portando, a Demonstração do Fluxo de Caixa é um instrumento econômico-<br />
financeiro dinâmico e eficiente na avaliação financeira das empresas, que permite<br />
ajustar os dados e cobrir as lacunas deixadas pela as análises financeiras<br />
convencionais que podem ser consideradas como base de informações para a<br />
administração do caixa.<br />
22
2. CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAIS<br />
O êxito de qualquer empreendimento depende da capacidade que tem o<br />
mesmo em quitar suas dívidas no prazo previsto. Para tanto, é preciso de equilíbrio<br />
entre as entradas e as saídas de caixa e os seus equivalentes. A melhor opção é<br />
aquela que prioriza os recebimentos operacionais, maiores que seus pagamentos<br />
operacionais.<br />
Para a gestão destas compatibilizações a ferramenta importante, que auxilia o<br />
Gestor na tomada de decisões, conforme apresentado, é a Demonstração de Fluxo<br />
de Caixa. Através das análises de fluxos passados e previsão de fluxos futuros é<br />
possível, tanto ao gestor quanto aos demais usuários das informações contábeis,<br />
como investidores e credores, terem uma base para avaliar a capacidade da<br />
empresa em gerar caixa e valores equivalentes de caixa e a utilização desses<br />
recursos.<br />
Como os recursos monetários são essenciais para a solvência da empresa,<br />
destacou-se a necessidade da implementação da projeção da Demonstração do<br />
Fluxo de Caixa, com a finalidade de estimar o saldo disponível para os proprietários,<br />
investidores e credores.<br />
O presente estudo mostrou que, além de ser possível estimar a liquidez da<br />
empresa, o fluxo de caixa permite um planejamento e controle dos recursos<br />
financeiros com o fornecimento de informações essenciais para tomada de decisões,<br />
minimizando, assim, os riscos eventuais.<br />
Outro fator que se nota no estudo realizado é que o objetivo do controle de<br />
fluxo de caixa não é o de demonstrar o lucro. Sua finalidade é demonstrar as<br />
movimentações de entrada e saída de recursos com liquidez imediata, que<br />
possibilite estimar a capacidade de quitar seus compromissos, de se auto-financiar,<br />
visualizar a necessidade de financiamento e as oportunidades de investimento, com<br />
antecedência. Neste sentido, tal controle facilita as decisões do gestor financeiro, no<br />
que diz respeito à identificação dos recursos próprios e de terceiros, bem como a<br />
busca de recursos menos onerosos.<br />
Com a Demonstração de Fluxo de Caixa é possível ainda, prever os<br />
recebimentos e pagamentos das receitas e das despesas e assim antecipar<br />
decisões, para vencer obstáculos, aproveitar oportunidades e obter benefícios.<br />
Alguns dos principais benefícios são: a diminuição de perdas financeiras, por meio<br />
23
de decisões como antecipação de pagamentos com a possibilidade de receber<br />
descontos e evitar multas; melhor uso do capital financeiro disponível; visualização<br />
de possibilidade de investimentos; e antecipação de compras, com o aumento do<br />
poder de negociação.<br />
O estudo mostra que no Brasil a obrigatoriedade da elaboração da<br />
Demonstração dos Fluxos de Caixa, conforme dispõe a Lei 6.404/1976, alterada<br />
pela Lei 11.638/07, além de ferramenta de controle financeiro, passa a ser também<br />
um instrumento contábil legal e equipara o país a outros países em nível de<br />
demonstrações contábeis/financeiras, como EUA, Canadá, Japão, Nova Zelândia,<br />
África do Sul, Inglaterra e outros que já adotaram a DFC, antes.<br />
Doutrinadores renomados, como Assaf Neto (2002), Hoji (2001), Iudícibus<br />
(1999), Santos (2001), Marion (2003) e outros, bem antes da Lei 11.638/07, já<br />
discorriam sobre os benefícios da adoção da DFC como instrumento contábil que<br />
deveria ser obrigatório no Brasil, ressaltando sempre sua relevância, tanto contábil<br />
como financeira, nas tomadas de decisões na empresa.<br />
A obrigatoriedade ainda é apenas para as empresas de capital aberto e<br />
demais empresas de grande porte, que tiverem, na data do balanço, patrimônio<br />
liquido a partir 2.000.000,00 (dois milhões de reais), entretanto isso não impede que<br />
as demais empresas, além de utilizá-la como ferramenta de gestão, a utilizem<br />
também como Demonstrativo Contábil, e com isso enriqueçam as informações<br />
vindas dessa área nas organizações.<br />
O presente artigo não tem a intenção de finalizar o estudo, pois mudanças,<br />
tanto nas leis como no mundo dos negócios, ocorrem sistematicamente e o estudo<br />
contínuo proporciona o desenvolvimento de métodos e recursos cada vez mais<br />
eficientes e/ou eficazes para soluções de problemas já existentes e outros que<br />
possam surgir mediante a evolução natural do universo. Recomenda-se então, a<br />
continuidade do estudo, na busca de novos meios e ferramentas de controle e<br />
planejamento financeiro, visando a melhoria continua para os problemas de caixa e<br />
liquidez da empresa.<br />
24
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26