II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial
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corpo.” (Idem, p.149) A angústia gerada pela intuição de que “ele, Manuelzão, levava a<br />
breca, no bom repente ia bater com o rabo na cerca?” (Idem, p.178), sem haver<br />
aproveitado o melhor da vida ou logrado êxito nos seus objetivos, será pensada e digerida<br />
pela personagem por meio das estórias que, a todo custo, procurava evitar.<br />
Ao voltar de viagem, quando indagado pelos irmão sobre os possíveis presentes,<br />
Miguilim oferece uma estória: “ – Estava tudo num embrulho, muitas coisas... caiu dentro<br />
do corgo, a água fundou... dentro do corgo tinha um jacaré, grande...” (Idem, p.20) O<br />
menino, que trazia na algibeira “um pedaço de barbante e as bolinhas de resina de<br />
almecêga, que unhara da casca da árvore” (idem), interessado em brincadeiras, em<br />
fantasia, e forçado a viver “uma lenda cruel”, oferece o que tem de melhor, o que ainda<br />
resiste de sonho e está lá dentro, sobre o que ele tem poder de mandar, porque “podia<br />
brincar de pensar” (Idem, p.24) e criar. Drelina, a irmã mais velha, confunde o presente<br />
com mentira, que Tomezinho, de quatro anos, e Dito aceitariam de bom grado.<br />
Noutra ocasião, ao receber do tio Terêz, expulso de casa pela Vovó Izidra, um<br />
bilhete para entregar à mãe, Miguilim vive um dilema. Sem saber que atitude tomar, o<br />
menino indaga os que o cercam sobre quando se deve ou não fazer determinada coisa. As<br />
respostas que recebe são as mais diversas, de acordo com os pensamentos ou preocupações<br />
de cada um, suas conveniências, e não ajudam Miguilim. Ainda com o bilhete na algibeira,<br />
o menino repete o caminho – não há outro possível – com o tabuleiro do almoço do pai<br />
sobre a cabeça. Procura então transformar em estória sua dúvida, vista de outro ângulo,<br />
bem poderia achar uma solução.<br />
Ah, meu-Deus, mas, e fosse em estória, numa estória contada, estoriazinha assim e<br />
ele inventando estivesse – um menino indo levando um tabuleirinho com o almoço<br />
– e então o que era que o Menino do Tabuleirinho decifrava de fazer? Que palavras<br />
certas de falar?! (Idem, p.79)<br />
Mas Miguilim estava tão aflito com a situação, que nem a estória poderia socorrê-lo,<br />
nem a estória ele controlava: “Mas, aí, Tio Terêz não era da estória, aí ele pegava escrevia<br />
outro bilhete, dava a ele outra vez; tudo, pior de novo, recomeçava.” (Idem, p.79-80)<br />
Outras vezes, Miguilim busca, não uma resposta, mas um consolo ou a alegria, que<br />
pode ser também a do outro, nas estórias. Quando o irmão Dito está acamado, gravemente<br />
enfermo,