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Os grupos de plantas e seus ciclos de vida

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110<br />

Capítulo<br />

6<br />

Neste capítulo<br />

Características<br />

gerais e<br />

classificação do<br />

reino das <strong>plantas</strong>.<br />

As briófitas.<br />

As pteridófitas.<br />

As gimnospermas.<br />

As angiospermas.<br />

<strong>Os</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> e<br />

<strong>seus</strong> <strong>ciclos</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

As <strong>plantas</strong> estão presentes na Terra há<br />

milhões <strong>de</strong> anos, em praticamente todos<br />

os biomas do planeta. Desempenhando<br />

papel fundamental na produção <strong>de</strong> matéria<br />

orgânica e <strong>de</strong> gás oxigênio, juntamente<br />

com as algas e cianobactérias, elas são as<br />

principais responsáveis pela nutrição dos<br />

<strong>de</strong>mais seres vivos da Terra. Além disso,<br />

as <strong>plantas</strong> são importantes em diversas<br />

ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s humanas, como a medicina,<br />

a indústria farmacêutica, cosmética e<br />

moveleira. Neste capítulo, você estudará<br />

as características das <strong>plantas</strong> e sua classificação<br />

em quatro <strong>grupos</strong>, <strong>de</strong>ntre os<br />

quais o das angiospermas será visto com<br />

mais <strong>de</strong>talhes.<br />

> As florestas tropicais mantêm uma gran<strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong>, com as quais milhares <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong><br />

seres vivos interagem. Nesta fotografia, <strong>plantas</strong> <strong>de</strong> diferentes <strong>grupos</strong> formam diversos níveis na floresta,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> as rasteiras e trepa<strong>de</strong>iras, passando pelos arbustos até as árvores mais altas.


Reino Planta<br />

Muitos cientistas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que todas as <strong>plantas</strong> provavelmente<br />

evoluíram <strong>de</strong> ancestrais protoctistas pluricelulares, como<br />

as algas ver<strong>de</strong>s. Existem evidências <strong>de</strong> que, a partir <strong>de</strong>les, as <strong>plantas</strong><br />

se diversificaram em <strong>grupos</strong> e <strong>de</strong>senvolveram inúmeros mecanismos<br />

anatômicos e fisiológicos, como sistemas <strong>de</strong> condução da seiva, produção<br />

<strong>de</strong> flores, frutos e sementes, entre outros. Atualmente, há cerca<br />

<strong>de</strong> 280 mil espécies <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> catalogadas e, com base em características<br />

comuns, é possível dividi-las em quatro gran<strong>de</strong>s <strong>grupos</strong>: briófitas,<br />

pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.<br />

Características gerais<br />

As <strong>plantas</strong> são organismos eucariontes, pluricelulares e autótrofos. Diversos<br />

pigmentos, como os fotossintetizantes (clorofilas a e b) e os acessórios<br />

(carotenoi<strong>de</strong>s e ficobilinas, entre outros), estão presentes nesses<br />

organismos. A realização da fotossíntese, fenômeno biológico crucial para<br />

a <strong>vida</strong> na Terra, é uma das características mais marcantes das <strong>plantas</strong>. No<br />

entanto, a fotossíntese também é realizada por representantes <strong>de</strong> outros<br />

reinos, como Monera e Protoctista. A característica que distingue <strong>plantas</strong><br />

<strong>de</strong> algas é que todos os membros do reino Planta possuem embriões multicelulares<br />

e nutricionalmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes das <strong>plantas</strong> que os originaram.<br />

Existem representantes <strong>de</strong>sse reino em praticamente todos os ambientes<br />

<strong>de</strong> nosso planeta, tanto terrestres quanto aquáticos, incluindo algumas<br />

espécies marinhas e <strong>de</strong> água salobra. Entre as <strong>plantas</strong> que se <strong>de</strong>senvolvem<br />

em ambientes terrestres, algumas árvores como a sequoia e o eucalipto<br />

australiano são os maiores seres vivos em altura e biomassa da Terra.<br />

A variação <strong>de</strong> formas, cores e estruturas vegetativas e reprodutivas é<br />

imensa. Quanto ao tamanho, a diferença entre as <strong>plantas</strong> é muito gran<strong>de</strong>:<br />

eucaliptos australianos po<strong>de</strong>m atingir mais <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> altura, enquanto<br />

certas espécies <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> aquáticas são minúsculas e atingem<br />

apenas 1 mm <strong>de</strong> comprimento.<br />

Uma observação mais atenta <strong>de</strong> um simples jardim ou do interior <strong>de</strong><br />

uma mata ou outra formação vegetal provavelmente revelará a gran<strong>de</strong><br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses organismos.<br />

Todas as <strong>plantas</strong> possuem como reserva energética nutritiva o<br />

amido, substância resultante da união <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> moléculas<br />

<strong>de</strong> glicose (produto da fotossíntese), e a celulose como o principal<br />

componente da pare<strong>de</strong> celular.<br />

Embora nem todas as <strong>plantas</strong> possuam flores, sementes e frutos, essas<br />

estruturas constituem importantes estratégias reprodutivas originadas em<br />

<strong>grupos</strong> mais recentes, como as gimnospermas e angiospermas.<br />

As <strong>plantas</strong> po<strong>de</strong>m reproduzir-se <strong>de</strong> forma assexuada ou sexuada. No<br />

primeiro caso, estão envolvidos mecanismos <strong>de</strong> multiplicação vegetativa,<br />

apresentados no volume 1 <strong>de</strong>sta coleção. No segundo caso, ocorrem complexos<br />

<strong>ciclos</strong> envolvendo diversas estruturas, como veremos adiante.<br />

Saiba mais<br />

gimnospermas<br />

pteridófitas<br />

vaso condutor<br />

flor e<br />

fruto<br />

semente<br />

organismo ancestral<br />

angiospermas<br />

briófitas<br />

As <strong>plantas</strong> e o registro fóssil<br />

A Paleobotânica é uma área da Biologia que tem como principal objetivo o estudo dos fósseis <strong>de</strong> <strong>plantas</strong>. Ao investigar<br />

os fósseis <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> primitivas e extintas, os paleobotânicos tentam utilizar características evolutivas para estabelecer<br />

relações <strong>de</strong> parentesco entre os diversos <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong>, em diferentes momentos geológicos. Além disso,<br />

esse estudo também permite imaginar como seriam os ambientes on<strong>de</strong> essas <strong>plantas</strong> provavelmente se <strong>de</strong>senvolveram<br />

milhões <strong>de</strong> anos atrás. No Brasil, existem diversos sítios paleobotânicos importantes nas Regiões Nor<strong>de</strong>ste e Sul.<br />

><br />

Esquema simplificado da evolução das<br />

<strong>plantas</strong>. <strong>Os</strong> círculos indicam o surgimento <strong>de</strong><br />

características evolutivas importantes.<br />

111


6<br />

112<br />

><br />

><br />

<strong>Os</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> e <strong>seus</strong> <strong>ciclos</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

Representação da flor <strong>de</strong> uma angiosperma<br />

primitiva extinta, <strong>de</strong> aproximadamente<br />

80 milhões <strong>de</strong> anos atrás. <strong>Os</strong> registros<br />

fósseis são importantes para traçar, entre<br />

outras coisas, relações <strong>de</strong> parentesco entre<br />

as <strong>plantas</strong>.<br />

Briófitas<br />

musgos<br />

outros<br />

<strong>grupos</strong><br />

Pteridófitas<br />

filicíneas<br />

outros<br />

<strong>grupos</strong><br />

Esquema representativo dos <strong>grupos</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>plantas</strong> e <strong>seus</strong> maiores sub<strong>grupos</strong>. Nas<br />

briófitas, pteridófitas e gimnospermas,<br />

somente o subgrupo com maior número<br />

<strong>de</strong> espécies foi representado.<br />

Questões <strong>de</strong> revisão<br />

PLANTAS<br />

Gimnospermas<br />

coníferas<br />

outros<br />

<strong>grupos</strong><br />

1. Cite três características comuns às <strong>plantas</strong>.<br />

2. Quais são os gran<strong>de</strong>s <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong>?<br />

<strong>Os</strong> sistemas <strong>de</strong> classificação<br />

e os gran<strong>de</strong>s <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong><br />

A classificação das <strong>plantas</strong> baseia-se em diversos parâmetros ou categorias,<br />

como anatomia, embriologia, ecologia e, mais recentemente,<br />

genética molecular e bioquímica. Além <strong>de</strong> padronizar um conjunto <strong>de</strong><br />

dados relacionados a <strong>de</strong>terminados <strong>grupos</strong>, a classificação é importante<br />

para as <strong>de</strong>mais áreas do conhecimento, como a ecologia, por exemplo.<br />

A classificação é uma das áreas da Biologia continuamente atualizadas<br />

<strong>de</strong> acordo com as contribuições resultantes <strong>de</strong> novas pesquisas.<br />

Muitos pensadores antigos, como Aristóteles, propuseram mo<strong>de</strong>los<br />

ou sistemas <strong>de</strong> classificação para os seres vivos. Esses sistemas representaram<br />

importantes avanços para o conhecimento daquela época,<br />

embora muitas vezes não encontrem respaldo nas <strong>de</strong>scobertas científicas<br />

atuais.<br />

No século XVIII ocorreu um gran<strong>de</strong> marco na história do sistema<br />

classificatório; baseado nas propostas do naturalista sueco Lineu (1707-<br />

-1778), que em parte ficou conhecido <strong>de</strong>vido ao seu sistema binomial,<br />

<strong>de</strong> 1758. Nos dois séculos seguintes, diversos sistemas foram extensamente<br />

utilizados pelos cientistas. Alguns <strong>de</strong>sses mo<strong>de</strong>los, criados nos<br />

séculos XIX e XX, são utilizados até hoje.<br />

Em muitos <strong>de</strong>sses sistemas, as algas multicelulares são incluídas no mesmo<br />

reino que as <strong>plantas</strong>, embora hoje seja consenso remanejá-las para o<br />

reino Protoctista, juntamente com as algas unicelulares e os protozoários.<br />

Atualmente, as <strong>plantas</strong> estão divididas em quatro gran<strong>de</strong>s <strong>grupos</strong>:<br />

briófitas, que incluem os musgos e as hepáticas;<br />

pteridófitas, que incluem as samambaias;<br />

gimnospermas, que incluem os pinheiros;<br />

angiospermas, que incluem as <strong>plantas</strong> com frutos.<br />

Dentro <strong>de</strong> cada grupo, existem sub<strong>grupos</strong><br />

com muitas divisões, algumas das quais<br />

serão estudadas neste capítulo. Mais importante,<br />

porém, que memorizar nomes complicados<br />

é conhecer as principais caracterís-<br />

Angiospermas<br />

magnolií<strong>de</strong>as<br />

eudicotiledôneas<br />

monocotiledôneas<br />

ticas <strong>de</strong> cada grupo e as relações entre eles.<br />

Por sua importância tanto numérica quanto<br />

econômica, o grupo das angiospermas é o<br />

mais intensamente investigado. Com os avanços<br />

da microscopia eletrônica e pesquisas <strong>de</strong>talhadas<br />

em filogenia (estudo das linhas evolutivas<br />

entre os seres vivos, procurando suas<br />

relações <strong>de</strong> parentesco), novos sistemas têm<br />

sido propostos para este grupo.<br />

O sistema conhecido como APG-II, criado em 2003, propôs a divisão<br />

das angiospermas em três sub<strong>grupos</strong> principais (e não dois, co mo comumente<br />

eram classificadas): monocotiledôneas, magnolií<strong>de</strong>as e eudicotiledôneas.<br />

A velocida<strong>de</strong> das novas <strong>de</strong>scobertas e propostas é tão gran<strong>de</strong><br />

que os cientistas precisam se esforçar para acompanhá-las <strong>de</strong> perto.<br />

3. Por que as angiospermas representam o grupo mais intensamente investigado entre as <strong>plantas</strong>?<br />

4. Explique por que os cientistas continuamente modificam e propõem novos sistemas <strong>de</strong> classificação das <strong>plantas</strong>.


Briófitas<br />

As briófitas (do grego, bryo, “musgo”, e phyto, “planta”, “vegetal”) são<br />

<strong>plantas</strong> <strong>de</strong> tamanho reduzido, frequentemente encontradas em ambientes<br />

úmidos, como o interior <strong>de</strong> matas e áreas próximas a rios. Entretanto,<br />

algumas espécies também são encontradas em ambientes secos, como <strong>de</strong>sertos,<br />

e em regiões frias, muitas vezes ficando abaixo <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong> neve<br />

durante o inverno rigoroso. Há algumas espécies <strong>de</strong> água doce. Espécies<br />

marinhas, contudo, não foram encontradas até o momento.<br />

As <strong>plantas</strong> <strong>de</strong>ste grupo foram as primeiras a se <strong>de</strong>senvolverem<br />

completamente em ambiente terrestre, embora ainda <strong>de</strong>pendam da<br />

água para a reprodução. São organismos vegetais muito simples,<br />

<strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> um sistema condutor <strong>de</strong> seiva e, por essa razão, raramente<br />

ultrapassam alguns centímetros <strong>de</strong> comprimento.<br />

As briófitas são frequentemente encontradas sobre folhas, troncos e<br />

outras espécies <strong>de</strong> <strong>plantas</strong>. Mas isso não significa que elas sejam parasitas:<br />

pelo contrário, são <strong>de</strong>nominadas epífitas, ou seja, <strong>plantas</strong> que utilizam<br />

outras <strong>plantas</strong> apenas para suporte e fixação, sem prejudicá-las.<br />

As briófitas formam um grupo com aproximadamente 25 mil espécies<br />

distribuídas em todo o mundo, sendo o grupo dos musgos o maior<br />

em número <strong>de</strong> espécies. <strong>Os</strong> musgos também representam as briófitas<br />

mais conhecidas e mais comuns. Além dos musgos, as hepáticas e os<br />

antóceros também são representantes das briófitas.<br />

Organização geral do corpo<br />

As briófitas são <strong>plantas</strong> avasculares, ou seja, não dispõem <strong>de</strong> um<br />

sistema especializado que conduza seiva. Assim, a água e os sais minerais<br />

absorvidos do ambiente passam <strong>de</strong> célula a célula até atingir toda a<br />

planta. O mesmo ocorre com os produtos da fotossíntese.<br />

Esse processo é relativamente lento e, por esse motivo, as briófitas<br />

são <strong>plantas</strong> <strong>de</strong> pequeno porte: a maioria não ultrapassa poucos centímetros<br />

<strong>de</strong> altura, sendo muito raras as espécies cujos indivíduos alcançam<br />

20 cm ou mais. Em algumas espécies <strong>de</strong> musgos, porém, existe um cordão<br />

central <strong>de</strong> células condutoras que se assemelham àquelas encontradas<br />

em <strong>plantas</strong> vasculares primitivas.<br />

<strong>Os</strong> termos raiz, caule e folha não são aplicados às briófitas, já que<br />

são relacionados às <strong>plantas</strong> vasculares, como as pteridófitas. Nas briófitas,<br />

as estruturas vegetativas que se assemelham à raiz são <strong>de</strong>nominadas<br />

rizoi<strong>de</strong>s: filamentos diminutos que pren<strong>de</strong>m a planta ao substrato<br />

(rocha, solo, tronco <strong>de</strong> árvore, etc.). Nos musgos, uma pequena haste<br />

geralmente vertical é bastante evi<strong>de</strong>nte. Essa estrutura é o cauloi<strong>de</strong>, em<br />

analogia ao caule das <strong>plantas</strong> vasculares. As estruturas em forma <strong>de</strong> folhas<br />

são <strong>de</strong>nominadas filoi<strong>de</strong>s (pequenas lâminas ver<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>lgadas).<br />

><br />

Biologia no cotidiano<br />

Briófitas como bioindicadores<br />

As briófitas, assim como os liquens,<br />

são extremamente sensíveis à poluição<br />

atmosférica. Estudos comprovaram<br />

que musgos e hepáticas toleram<br />

apenas quantida<strong>de</strong>s muito baixas <strong>de</strong><br />

poluentes atmosféricos, principalmente<br />

o dióxido <strong>de</strong> enxofre (SO2), um<br />

poluente comum originado <strong>de</strong> diversas<br />

ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s industriais.<br />

Em áreas sujeitas a esse poluente,<br />

as briófitas são muito raras ou praticamente<br />

inexistentes. Assim, essas <strong>plantas</strong><br />

atuam como bioindicadores, seres<br />

vivos cuja presença ou ausência permite<br />

avaliar a qualida<strong>de</strong> do ar ou da<br />

água em certa região ou ecossistema.<br />

> <strong>Os</strong> três representantes do grupo das briófitas:<br />

musgo (à esquerda), hepática (ao centro) e<br />

antócero (à direita).<br />

filoi<strong>de</strong><br />

cauloi<strong>de</strong><br />

Musgo preso ao solo. A planta pren<strong>de</strong>-se ao<br />

substrato por meio <strong>de</strong> filamentos chamados<br />

rizoi<strong>de</strong>s.<br />

113


6<br />

114<br />

<strong>Os</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> e <strong>seus</strong> <strong>ciclos</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

> Representação da alternância <strong>de</strong> gerações<br />

em um musgo. Cores-fantasia. Estruturas<br />

representadas fora <strong>de</strong> escala.<br />

gametófito<br />

(n)<br />

gametófito<br />

(n)<br />

A caliptra é<br />

uma estrutura<br />

que recobre<br />

o esporângio<br />

dos musgos,<br />

presente na<br />

parte final do<br />

esporófito.<br />

><br />

arquegônios<br />

caliptra<br />

esporângio<br />

esporângio<br />

esporos<br />

Ciclo <strong>de</strong> <strong>vida</strong> das briófitas<br />

No início do módulo, foi visto que as briófitas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da água<br />

para se reproduzirem. <strong>Os</strong> gametas masculinos <strong>de</strong>ssas <strong>plantas</strong> somente<br />

alcançam os gametas femininos em meio aquoso. A reprodução <strong>de</strong><br />

briófitas que habitam locais mais secos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da água da chuva ou<br />

do orvalho.<br />

Como nos <strong>de</strong>mais <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong>, também entre as briófitas a reprodução<br />

ocorre através <strong>de</strong> um processo composto <strong>de</strong> duas fases, uma<br />

sexuada e outra assexuada, <strong>de</strong>nominado metagênese ou alternância<br />

<strong>de</strong> gerações. Observe o esquema abaixo, representando a metagênese<br />

em um musgo, e acompanhe as explicações no texto a seguir.<br />

anterídios<br />

oosfera<br />

caliptra<br />

anterozoi<strong>de</strong><br />

meiose<br />

fecundação<br />

esporófito<br />

adulto (2n)<br />

zigoto<br />

A fase sexuada <strong>de</strong>sse ciclo inicia-se com a produção dos gametas nos<br />

gametófitos, que são haploi<strong>de</strong>s e geralmente dioicos. Somente em algumas<br />

espécies ocorrem gametófitos hermafroditas.<br />

O gameta masculino, <strong>de</strong>nominado anterozoi<strong>de</strong>, é formado em uma<br />

estrutura especial chamada anterídio. O anterozoi<strong>de</strong> tem flagelos que o<br />

auxiliam na locomoção em meio líquido. O gameta feminino, a oosfera,<br />

é formado no interior <strong>de</strong> uma estrutura pluricelular, o arquegônio.<br />

Em presença <strong>de</strong> água, o anterozoi<strong>de</strong> locomove-se em direção à oosfera,<br />

fecundando-a. Desse processo surge um zigoto, que dá origem a um esporófito<br />

jovem diploi<strong>de</strong>.<br />

A fase assexuada inicia-se no esporófito maduro. <strong>Os</strong> esporos são formados<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong>nominadas esporângios, cobertas por<br />

uma espécie <strong>de</strong> tampa chamada caliptra. Nos esporângios ocorre meiose.<br />

Quando completamente maduros, os esporângios rompem-se, liberando<br />

os esporos, que po<strong>de</strong>m germinar e originar novos gametófitos,<br />

reiniciando o ciclo. Ao germinarem, os esporos dos musgos originam<br />

pequenos filamentos que constituem o protonema. Mitoses contínuas<br />

transformam, gradativamente, o protonema em um gametófito masculino<br />

ou feminino <strong>de</strong>senvolvido.<br />

Nas briófitas o gametófito persiste durante toda sua <strong>vida</strong>, por isso ele<br />

é a fase duradoura <strong>de</strong>ssas <strong>plantas</strong>. O esporófito, porém, é bastante efêmero.<br />

Assim, ele é a fase passageira ou efêmera das briófitas.


Outras formas <strong>de</strong> reprodução<br />

das briófitas<br />

O anterídio e o arquegônio, locais <strong>de</strong> produção<br />

<strong>de</strong> gametas, representam importantes<br />

avanços na sobrevivência das briófitas em<br />

meio terrestre, pois evitam a <strong>de</strong>ssecação dos<br />

gametas que ser formam em seu interior. Mas<br />

as briófitas também se reproduzem vegetativamente,<br />

sem envolvimento <strong>de</strong> gametas.<br />

Uma das formas mais comuns <strong>de</strong> reprodução<br />

vegetativa é a fragmentação, pela<br />

qual fragmentos do corpo da planta <strong>de</strong>senvolvem-se<br />

em outro indivíduo. A formação<br />

<strong>de</strong> gemas ou propágulos ocorre em estruturas<br />

especiais, em forma <strong>de</strong> taça, chamadas<br />

conceptáculos. Essas estruturas são especialmente<br />

comuns entre as hepáticas. A<br />

partir <strong>de</strong>las, os propágulos originam novos<br />

indivíduos (fotografia abaixo).<br />

><br />

Nessa fotografia, são vistos vários conceptáculos<br />

da hepática do gênero Marchantia. Um <strong>de</strong>les está<br />

em <strong>de</strong>staque no círculo branco.<br />

As briófitas ainda apresentam outras formas<br />

<strong>de</strong> reprodução vegetativa. Em certos casos,<br />

o esporófito <strong>de</strong>senvolve-se sem que haja<br />

fecundação. Tais processos ainda não são totalmente<br />

compreendidos.<br />

Musgos, hepáticas<br />

e antóceros<br />

As briófitas são divididas em três sub<strong>grupos</strong>.<br />

O subgrupo dos musgos, com aproximadamente<br />

15 mil espécies conhecidas, é o<br />

maior e mais facilmente observável. Geralmente<br />

são encontrados em ambientes com<br />

pH ligeiramente ácido.<br />

Questões <strong>de</strong> revisão<br />

1. Cite três características comuns às briófitas.<br />

2. Explique os termos: filoi<strong>de</strong>, cauloi<strong>de</strong> e rizoi<strong>de</strong>.<br />

3. O que é metagênese? Nas briófitas, quais são suas fases?<br />

A fotografia ao lado representa musgos<br />

sobre solo e rochas. Neste grupo <strong>de</strong> briófitas,<br />

a estrutura folhosa vertical é a mais frequente.<br />

Nessas <strong>plantas</strong>, os filoi<strong>de</strong>s possuem<br />

células clorofiladas intercaladas com células<br />

sem cloroplastos, cujo vacúolo po<strong>de</strong> armazenar<br />

gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água.<br />

Nos musgos, os rizoi<strong>de</strong>s são pluricelulares;<br />

o protonema é uma característica comum;<br />

e o esporófito geralmente é uma longa<br />

haste que se <strong>de</strong>senvolve na parte <strong>de</strong> cima do<br />

gametófito. <strong>Os</strong> estômatos estão presentes em<br />

todo o corpo da planta, exceto nos rizoi<strong>de</strong>s.<br />

As hepáticas formam outro subgrupo<br />

com cerca <strong>de</strong> 9 mil espécies. O gênero mais<br />

conhecido é Marchantia. O termo “hepática”<br />

tem relação direta com a forma <strong>de</strong> seu corpo,<br />

que lembra a <strong>de</strong> um fígado. As hepáticas<br />

são consi<strong>de</strong>radas as briófitas mais primitivas<br />

e, em certos aspectos, semelhantes a diversas<br />

algas ver<strong>de</strong>s.<br />

O corpo <strong>de</strong>ssas <strong>plantas</strong> é prostrado, ou<br />

seja, <strong>de</strong>senvolve-se rente ao chão ou a outro<br />

substrato (tronco, pedra, etc.). Em diversas<br />

espécies, os rizoi<strong>de</strong>s do protonema são unicelulares,<br />

e o protonema é bastante reduzido.<br />

As hepáticas não possuem estômatos em<br />

nenhuma estrutura corporal.<br />

<strong>Os</strong> antóceros ou antocerotas são um pequeno<br />

subgrupo <strong>de</strong>ntre as briófitas, com aproximadamente<br />

100 espécies, <strong>de</strong>sconhecido da<br />

maioria das pessoas. O gametófito é semelhante<br />

ao das hepáticas e cresce paralelamente<br />

ao substrato. Nessas <strong>plantas</strong> não há protonema,<br />

os rizoi<strong>de</strong>s são unicelulares e os estômatos<br />

ocorrem no gametófito, exceto nos rizoi<strong>de</strong>s.<br />

Importância das briófitas<br />

As briófitas são consi<strong>de</strong>radas <strong>plantas</strong> pioneiras,<br />

pois estabelecem-se em locais inóspitos,<br />

como rochas nuas, colonizando-os. Além<br />

disso, mantêm a superfície do solo úmida<br />

pelo acúmulo <strong>de</strong> água das chuvas em <strong>seus</strong> vacúolos<br />

e pela retenção da umida<strong>de</strong>. Algumas<br />

espécies servem <strong>de</strong> combustível, e muitas são<br />

usadas comercialmente em floriculturas.<br />

4. Cite algumas formas <strong>de</strong> reprodução vegetativa presentes nas briófitas.<br />

5. Quais são os sub<strong>grupos</strong> representativos das briófitas?<br />

><br />

Em locais úmidos,<br />

os musgos po<strong>de</strong>m<br />

recobrir o solo e as<br />

rochas.<br />

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6<br />

116<br />

><br />

<strong>Os</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> e <strong>seus</strong> <strong>ciclos</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

Folhas jovens <strong>de</strong> samambaia, chamadas báculos,<br />

enroladas em sua posição característica.<br />

> Duas diferentes pteridófitas: à esquerda, uma<br />

samambaia arborescente com vários metros<br />

<strong>de</strong> altura, e à direita, uma avenca, planta<br />

<strong>de</strong>licada e <strong>de</strong> pequeno porte.<br />

Pteridófitas<br />

Este grupo <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> compartilha algumas características em comum<br />

com as briófitas, como a <strong>de</strong>pendência da água para a reprodução,<br />

e apresenta características evolutivas novas, como o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

completo <strong>de</strong> um sistema vascular.<br />

Evidências paleobotânicas sugerem que as primeiras pteridófitas tenham<br />

surgido no período Devoniano (408 a 360 milhões <strong>de</strong> anos atrás). À época<br />

da extinção dos dinossauros, há cerca <strong>de</strong> 65 milhões <strong>de</strong> anos, as pteridófitas<br />

ocupavam extensas áreas e formavam florestas imensas. Alguns <strong>de</strong> <strong>seus</strong><br />

representantes extintos eram bem maiores que as maiores pteridófitas atuais,<br />

sendo algumas <strong>de</strong>las árvores com mais <strong>de</strong> 25 m <strong>de</strong> altura. A <strong>de</strong>nominação<br />

do grupo é <strong>de</strong> origem grega (pterís ou pteridós, “feto”, e phyto, “planta”)<br />

e possivelmente foi dada em razão <strong>de</strong> algumas espécies apresentarem as folhas<br />

jovens enroladas, à semelhança da posição dos fetos humanos. Essas<br />

folhas jovens são <strong>de</strong>nominadas báculos.<br />

As pteridófitas também apresentam alternância <strong>de</strong> gerações, porém,<br />

ao contrário das briófitas, nas pteridófitas a fase duradoura é o esporófito,<br />

que assume diferentes tamanhos e formas, e a fase passageira<br />

ou efêmera é o gametófito.<br />

Há aproximadamente 13 500 espécies <strong>de</strong> pteridófitas dispersas pelo<br />

mundo todo, nos mais variados ambientes. São conhecidas espécies terrestres,<br />

aquáticas, trepa<strong>de</strong>iras e também epífitas. Em relação ao tamanho,<br />

existem representantes pequenas, como a aquática Salvinia, e árvores<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 10 m <strong>de</strong> altura, como algumas espécies <strong>de</strong> samambaias<br />

e samambaiaçus.<br />

O subgrupo das samambaias é o mais conhecido e com o maior número<br />

<strong>de</strong> espécies. Entre as pteridófitas também po<strong>de</strong>m ser citadas as cavalinhas,<br />

os licopódios e as selaginelas.<br />

Organização geral do corpo<br />

As pteridófitas são <strong>plantas</strong> vasculares. O aparecimento dos sistemas<br />

especializados no transporte da seiva é consi<strong>de</strong>rado uma gran<strong>de</strong> no<strong>vida</strong><strong>de</strong><br />

evolutiva, pois permitiu às <strong>plantas</strong> atingir tamanhos maiores. As primeiras<br />

<strong>plantas</strong> vasculares, das quais as pteridófitas evoluíram, apareceram há<br />

mais <strong>de</strong> 450 milhões <strong>de</strong> anos. Como a água não tem <strong>de</strong> passar <strong>de</strong> célula<br />

a célula por todo o corpo da planta, como ocorre nas briófitas, há maior<br />

eficiência no fluxo <strong>de</strong> água e <strong>de</strong> nutrientes no interior do indivíduo.<br />

As pteridófitas diferenciam-se das outras<br />

<strong>plantas</strong> vasculares pela ausência <strong>de</strong> flores e sementes.<br />

As estruturas presentes nas pteridófitas<br />

são raízes, caules e folhas, que, em alguns sub<strong>grupos</strong>,<br />

encontram-se bastante <strong>de</strong>senvolvidos.<br />

<strong>Os</strong> caules das pteridófitas, <strong>de</strong>nominados rizomas,<br />

geralmente são subterrâneos. Há pteridófitas,<br />

principalmente do grupo das samambaias,<br />

que possuem caules aéreos.<br />

As folhas das pteridófitas po<strong>de</strong>m apresentar<br />

uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as mais<br />

simples (sem divisão da lâmina foliar) às recortadas<br />

e compostas, em que a lâmina foliar po<strong>de</strong><br />

ser dividida em inúmeras partes, <strong>de</strong>nominadas<br />

folíolos. A samambaia arborescente (fotografia<br />

ao lado) apresenta folhas compostas. Algumas<br />

samambaias possuem folhas com mais <strong>de</strong> 2 m<br />

<strong>de</strong> comprimento.


Ciclo <strong>de</strong> <strong>vida</strong> das pteridófitas<br />

Assim como nas briófitas, os gametas das<br />

pteridófitas estão sempre protegidos no interior<br />

dos arquegônios e anterídios. A alternância<br />

<strong>de</strong> gerações das pteridófitas po<strong>de</strong> ser observada<br />

na ilustração abaixo. Observe como<br />

os processos <strong>de</strong> formação do esporófito, do<br />

gametófito, dos esporos e dos gametas são semelhantes<br />

aos que ocorrem nas briófitas.<br />

Assim como acontece nas briófitas, os<br />

anterozoi<strong>de</strong>s das pteridófitas também necessitam<br />

<strong>de</strong> um meio aquoso para po<strong>de</strong>r<br />

alcançar e fecundar a oosfera.<br />

Uma diferença em relação à metagênese<br />

das briófitas é que, nas pteridófitas, o gametófito<br />

é extremamente reduzido em relação<br />

ao esporófito. O gametófito, que recebe<br />

o nome <strong>de</strong> protalo, é clorofilado e po<strong>de</strong> ser<br />

monoico ou dioico.<br />

esporófito<br />

(2n)<br />

Biologia no cotidiano<br />

zigoto<br />

folha com<br />

soros<br />

fecundação<br />

anterídio<br />

Xaxim<br />

Você provavelmente já ouviu falar em xaxim, um material<br />

fibroso utilizado em vasos ornamentais e encontrado<br />

frequentemente em floriculturas e lojas <strong>de</strong> jardinagem.<br />

O xaxim é um conjunto <strong>de</strong> fibras oriundas do caule da<br />

samambaia arborescente conhecida como samambaiaçu<br />

ou samambaia-imperial (Dicksonia sellowiana). Essa<br />

samambaia, que po<strong>de</strong> atingir mais <strong>de</strong> 5 m <strong>de</strong> altura e<br />

possui folhas compostas <strong>de</strong> até 2 m <strong>de</strong> comprimento,<br />

é nativa da Mata Atlântica. A extração <strong>de</strong>senfreada<br />

O esporófito, fase duradoura do ciclo, apresenta<br />

esporângios, nos quais são produzidos<br />

esporos. Em algumas pteridófitas, os esporângios<br />

ficam reunidos em conjuntos chamados<br />

soros. As pteridófitas são <strong>de</strong>nominadas isosporadas<br />

quando os esporos produzidos são<br />

idênticos, e heterosporadas quando os esporos<br />

são <strong>de</strong> dois tipos: um maior (megásporo)<br />

e outro menor (micrósporo).<br />

Reprodução vegetativa<br />

em pteridófitas<br />

Em muitas espécies <strong>de</strong> pteridófitas, o rizoma<br />

que cresce paralelamente à superfície do<br />

solo po<strong>de</strong>, em <strong>de</strong>terminados pontos, <strong>de</strong>senvolver<br />

folhas e raízes. Dessa forma, novos indivíduos<br />

po<strong>de</strong>m ser originados. Ao apodrecer<br />

em certos pontos, o rizoma se parte e cada<br />

fragmento dá origem a <strong>plantas</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />

soro<br />

arquegônio<br />

anterozoi<strong>de</strong><br />

oosfera<br />

esporângio<br />

meiose<br />

gametófito (n)<br />

esporos<br />

> Representação<br />

da alternância <strong>de</strong><br />

gerações em uma<br />

samambaia. Cores-<br />

-fantasia. Estruturas<br />

representadas fora<br />

<strong>de</strong> escala.<br />

e criminosa do xaxim levou a espécie praticamente à extinção.<br />

A samambaiaçu já é consi<strong>de</strong>rada extinta nos estados<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro e Minas Gerais. A extração do<br />

xaxim está proibida no Brasil, e os infratores respon<strong>de</strong>m<br />

judicialmente pelo crime.<br />

Atualmente vasos feitos da casca do coco ou <strong>de</strong> pneus<br />

reciclados são usados no lugar do xaxim. Essa medida<br />

mostra que o ser humano po<strong>de</strong> encontrar alternativas que<br />

assegurem o uso sustentável dos recursos.<br />

117


6<br />

118<br />

><br />

<strong>Os</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> e <strong>seus</strong> <strong>ciclos</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

Esporângios reunidos em soros na parte<br />

inferior da folha <strong>de</strong> samambaia.<br />

><br />

Da esquerda para direita: licopódio,<br />

chifre-<strong>de</strong>-veado e cavalinha.<br />

Fotografias fora <strong>de</strong> escala.<br />

Questões <strong>de</strong> revisão<br />

1. Cite três características comuns às pteridófitas.<br />

Transporte <strong>de</strong> seiva e folhas especiais<br />

A água e os sais minerais que são absorvidos do ambiente pelas pteridófitas<br />

fluem pelo interior do corpo da planta em direção às folhas através<br />

<strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> células especializadas que formam uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> pequenos<br />

tubos. Esse sistema é <strong>de</strong>nominado xilema. Nas folhas, ocorre a fotossíntese,<br />

cujo resultado é a produção <strong>de</strong> glicose. Saindo das folhas, a água e<br />

a glicose fluem para todas as partes da planta no interior <strong>de</strong> outro sistema<br />

<strong>de</strong> vasos igualmente especializado, <strong>de</strong>nominado floema. Esses dois sistemas<br />

serão estudados em maiores <strong>de</strong>talhes no próximo capítulo.<br />

Entre as pteridófitas, as folhas po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar funções vegetativas<br />

e reprodutivas. Nas folhas <strong>de</strong> samambaias e avencas, por exemplo,<br />

po<strong>de</strong>m existir soros. Cada soro tem a aparência <strong>de</strong> um ponto acastanhado<br />

ou da cor <strong>de</strong> ferrugem e apresenta diversos esporângios reunidos.<br />

Samambaias, cavalinhas, licopódios<br />

e selaginelas<br />

As pteridófitas são divididas em diversos sub<strong>grupos</strong>.<br />

O subgrupo das filicíneas inclui as <strong>plantas</strong> conhecidas como samambaias,<br />

samambaiaçus, avencas, rendas-portuguesas e chifres-<strong>de</strong>-veado<br />

(estas últimas possuem folhas simples e alongadas). As filicíneas formam<br />

o subgrupo mais numeroso em espécies entre as pteridófitas. Muitas<br />

espécies aquáticas <strong>de</strong> pequeno porte, como salvínia, azola e marsília,<br />

pertencem a este subgrupo. Muitas espécies <strong>de</strong> filicíneas são utilizadas<br />

<strong>de</strong>corativamente em vasos, como a samambaia-<strong>de</strong>-metro.<br />

As cavalinhas pertencem ao subgrupo das equisetíneas. São pteridófitas<br />

menos conhecidas e possuem uma estrutura corporal bastante interessante,<br />

com folhas diminutas e semelhantes a escamas.<br />

As licopodíneas formam um pequeno subgrupo,<br />

no qual se <strong>de</strong>stacam as espécies licopódio e selaginela.<br />

O licopódio é uma planta encontrada frequentemente<br />

em locais <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada e em condições especiais<br />

<strong>de</strong> solo. As selaginelas são muito comuns em locais<br />

sombrea dos e úmidos.<br />

Existe, ainda, um subgrupo com características muito<br />

particulares, representado por espécies do gênero<br />

Psilotum. Alguns pesquisadores consi<strong>de</strong>ram tais pteridófitas<br />

as mais primitivas ainda existentes. Veja nas<br />

fotografias ao lado alguns representantes dos diversos<br />

sub<strong>grupos</strong> <strong>de</strong> pteridófitas.<br />

Importância das pteridófitas<br />

As pteridófitas são comercializadas <strong>de</strong>vido à beleza <strong>de</strong> suas folhagens,<br />

compondo arranjos e vasos vendidos em floriculturas e casas do gênero.<br />

Elas dominaram diversas áreas no mundo inteiro durante o período Carbonífero<br />

e, sob condições especiais, transformaram-se em carvão mineral<br />

(o chamado “carvão-<strong>de</strong>-pedra”), utilizado atualmente como combustível.<br />

De uma espécie <strong>de</strong> samambaia, o feto-macho (Athyrium filix-mas),<br />

extrai-se uma substância empregada contra certas verminoses.<br />

2. Que diferenças há entre o gametófito e o esporófito das pteridófitas e os das briófitas?<br />

3. Explique as diferentes funções <strong>de</strong>sempenhadas pelas folhas das pteridófitas.<br />

4. Quais são os principais sub<strong>grupos</strong> <strong>de</strong> pteridófitas?


Gimnospermas<br />

As gimnospermas provavelmente foram as primeiras <strong>plantas</strong> com sementes<br />

que apareceram em terra firme, há cerca <strong>de</strong> 350 milhões <strong>de</strong><br />

anos, ao final do período Devoniano. Originadas <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> ancestrais<br />

com características ainda comuns às das pteridófitas, as gimnospermas<br />

representam um importante passo evolutivo das <strong>plantas</strong>, pois sua<br />

reprodução não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> mais diretamente da água para ocorrer.<br />

Além disso, o embrião <strong>de</strong>senvolve-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma estrutura protetora,<br />

a semente.<br />

O termo gimnosperma <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> duas palavras gregas: gymné, “nua”,<br />

e sperma, “semente”. Essa <strong>de</strong>nominação se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> as gimnospermas<br />

produzirem sementes, mas não frutos. Essas <strong>plantas</strong> apresentam, em<br />

geral, árvores <strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte. As sequoias, uma espécie <strong>de</strong> gimnosperma<br />

encontrada na costa oeste da América do Norte, estão entre as<br />

maiores árvores do mundo.<br />

As gimnospermas são <strong>plantas</strong> muito comuns nas regiões frias e temperadas.<br />

De fato, são as árvores mais abundantes em alguns biomas terrestres<br />

como a taiga, localizada na Sibéria e no Canadá, também conhecida<br />

como floresta <strong>de</strong> coníferas. As coníferas formam o maior grupo das<br />

gimnospermas, representado principalmente pelos pinheiros. Além<br />

<strong>de</strong>ssas regiões, as gimnospermas também ocorrem, com menor frequência,<br />

em zonas subtropicais, e existe uma espécie, a Welwitschia mirabilis,<br />

que é encontrada em <strong>de</strong>sertos da África.<br />

A Welwitschia mirabilis<br />

é uma gimnosperma<br />

encontrada em regiões<br />

<strong>de</strong>sérticas da África.<br />

A planta mantém-se<br />

viva absorvendo água<br />

do orvalho matutino.<br />

A araucária, ou pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), é uma<br />

gimnosperma comum na Região Sul do Brasil. Ela <strong>de</strong>u nome a um dos<br />

ecossistemas brasileiros, a Mata <strong>de</strong> Araucárias. De suas pinhas originam-se,<br />

após a fecundação, o pinhão, uma semente comestível apreciada<br />

tanto pelos seres humanos quanto por aves como a gralha-azul, em<br />

perigo <strong>de</strong> extinção <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>smatamento.<br />

Organização geral do corpo<br />

Assim como ocorre nas pteridófitas, o esporófito é a fase duradoura<br />

das gimnospermas.<br />

As gimnospermas são <strong>plantas</strong> vasculares que se apresentam, em sua<br />

gran<strong>de</strong> maioria, como árvores com troncos fortes e resistentes. As gimnospermas<br />

não apresentam frutos nem flores, estruturas exclusivas das<br />

angiospermas. As estruturas reprodutivas das gimnospermas reúnem-se<br />

geralmente em estróbilos, conhecidos popularmente como<br />

pinhas ou cones.<br />

As folhas das <strong>plantas</strong> <strong>de</strong>ste grupo po<strong>de</strong>m ter inúmeras variações <strong>de</strong><br />

formato, tamanho e cor, porém as mais comuns são as folhas alongadas<br />

e em forma <strong>de</strong> agulha, <strong>de</strong>nominadas folhas aciculadas. De algumas folhas<br />

se extraem óleos aromáticos e medicinais.<br />

><br />

><br />

><br />

Representação <strong>de</strong> Pteridospermae<br />

(“samambaias com sementes”), um<br />

interessante grupo extinto <strong>de</strong> gimnospermas<br />

do Carbonífero, que se assemelhavam às<br />

samambaias arborescentes.<br />

O pinheiro-do-paraná é uma<br />

gimnosperma nativa do Brasil.<br />

119


6<br />

120<br />

<strong>Os</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> e <strong>seus</strong> <strong>ciclos</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

> Representação da alternância <strong>de</strong> gerações<br />

em uma araucária. Cores-fantasia. Estruturas<br />

representadas fora <strong>de</strong> escala.<br />

araucária<br />

(esporófito)<br />

(2n)<br />

araucária<br />

jovem<br />

araucária<br />

(esporófito)<br />

(2n)<br />

semente<br />

(pinhão)<br />

embrião<br />

> Dois estróbilos <strong>de</strong> pinheiro: à esquerda, o<br />

masculino, e à direita, o estróbilo feminino.<br />

Ciclo <strong>de</strong> <strong>vida</strong> das gimnospermas<br />

O ciclo vital das gimnospermas será explicado com base na reprodução<br />

do pinheiro-do-paraná (araucária), espécie na qual as <strong>plantas</strong> são dioicas,<br />

ou seja, têm sexos separados. Algumas gimnospermas possuem órgãos reprodutivos<br />

masculinos e femininos na mesma planta: são monoicas. Observe<br />

a ilustração abaixo e acompanhe os <strong>de</strong>talhes do ciclo no texto a seguir.<br />

estróbilos<br />

oosfera<br />

(n)<br />

gametófito<br />

tubo polínico<br />

microsporângio<br />

megasporângio<br />

megásporo<br />

(n)<br />

micrósporos<br />

(n)<br />

grão <strong>de</strong> pólen em<br />

germinação (gametófito)<br />

núcleos<br />

espermáticos (n)<br />

grão <strong>de</strong><br />

pólen<br />

<strong>Os</strong> elementos reprodutivos das gimnospermas são formados em estruturas<br />

chamadas estróbilos. <strong>Os</strong> estróbilos crescem no indivíduo adulto, que<br />

é o esporófito. No caso da araucária, esses estróbilos são popularmente conhecidos<br />

como pinhas. No estróbilo masculino, que é menor que o feminino,<br />

formam-se esporângios <strong>de</strong>nominados microsporângios. Por meio<br />

da meiose, cada saco polínico produzirá micrósporos, que se <strong>de</strong>senvolvem<br />

em grãos <strong>de</strong> pólen. No estróbilo feminino, formam-se esporângios,<br />

<strong>de</strong>nominados megasporângios, que originam, por meiose, os megásporos.<br />

Note que, nas gimnospermas, há diferenças <strong>de</strong> tamanho nos estróbilos<br />

e também nos esporos (micrósporos e megásporos).<br />

O megásporo fica retido no interior do esporângio feminino formando<br />

uma estrutura pluricelular, o óvulo (que não é<br />

o gameta feminino). Este contém, em seu interior,<br />

o gametófito feminino, <strong>de</strong>nominado megaprótalo.<br />

No interior do gametófito feminino será formada a<br />

oosfera, que é o gameta feminino.<br />

O gametófito masculino é o grão <strong>de</strong> pólen em germinação<br />

e é chamado microprótalo. Essa estrutura<br />

é responsável pela formação dos gametas masculinos<br />

da araucária, <strong>de</strong>nominados núcleos espermáticos.<br />

Na página seguinte é explicado como o encontro<br />

do tubo polínico com o gametófito feminino<br />

levará à formação do embrião.


Polinização e fecundação<br />

Polinização é o transporte do grão <strong>de</strong> pólen até o óvulo. O grão <strong>de</strong> pólen<br />

da araucária, assim como em praticamente todas as gimnospermas, é<br />

leve e facilmente transportado <strong>de</strong> uma planta a outra pelo vento.<br />

Uma vez junto ao óvulo, o grão <strong>de</strong> pólen <strong>de</strong>senvolve-se e dá origem<br />

ao tubo polínico. Dentro do tubo polínico há dois gametas<br />

masculinos, que são núcleos gaméticos haploi<strong>de</strong>s. Esses núcleos espermáticos<br />

são correspon<strong>de</strong>ntes aos anterozoi<strong>de</strong>s encontrados nas<br />

briófitas e pteridófitas.<br />

Apenas um <strong>de</strong>sses núcleos espermáticos irá fecundar a oosfera. O outro<br />

núcleo gamético <strong>de</strong>genera e morre. A fecundação dá origem ao zigoto<br />

que, após sucessivas mitoses, origina o embrião.<br />

Germinação da semente<br />

Após a fecundação e a formação do embrião, o óvulo converte-se em<br />

semente. A semente, como visto anteriormente, é uma no<strong>vida</strong><strong>de</strong> evolutiva<br />

importante das gimnospermas, pois ela protege o embrião, que<br />

dará origem ao futuro esporófito.<br />

A semente é formada por três partes.<br />

A casca ou tegumento, uma parte externa, é geralmente dura e<br />

resistente.<br />

O embrião, que dará origem ao esporófito. O embrião das gimnospermas<br />

apresenta folhas especiais chamadas cotilédones.<br />

O endosperma, tecido materno haploi<strong>de</strong> utilizado como reserva nutritiva<br />

pelo embrião durante a germinação. Por exemplo: a parte comestível<br />

do pinhão é formada pelo embrião e pelo endosperma, que<br />

se torna mastigável após cozimento.<br />

As sementes das gimnospermas po<strong>de</strong>m cair no solo por gra<strong>vida</strong><strong>de</strong> ou<br />

ser dispersas pelo vento ou por animais, como a gralha-azul (ver boxe abaixo,<br />

ao lado). A disseminação das sementes é um fator importante para a<br />

sobrevivência das espécies: se as sementes continuamente caírem em locais<br />

inapropriados ou forem <strong>de</strong>struídas por quaisquer outros fatores, novos indivíduos<br />

não nascerão, colocando em risco a perpetuação da espécie.<br />

Ao encontrar condições i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>, temperatura e luz, a semente<br />

po<strong>de</strong> germinar, originando o futuro esporófito. Depen<strong>de</strong>ndo da<br />

espécie e das condições ambientais, a semente po<strong>de</strong> ficar em estado <strong>de</strong><br />

latência, adormecida durante meses ou até anos. Atingidas as condições<br />

a<strong>de</strong>quadas, a germinação po<strong>de</strong> ocorrer.<br />

Muitas sementes tratadas em experimentos <strong>de</strong> laboratório não germinam,<br />

mesmo que sejam mantidas as condições i<strong>de</strong>ais ou próximas das<br />

encontradas nos ambientes <strong>de</strong> origem da planta matriz, <strong>de</strong>vido à morte<br />

do embrião ou inaptidão do ambiente <strong>de</strong> laboratório para a germinação<br />

da semente.<br />

À esquerda, plântula<br />

(planta jovem, em início<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento) <strong>de</strong><br />

araucária. Se sobreviver e<br />

crescer, essa plântula po<strong>de</strong>rá<br />

originar uma árvore com<br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> metros <strong>de</strong> altura.<br />

><br />

><br />

endosperma<br />

casca<br />

Pinhão aberto para mostrar<br />

as partes da semente.<br />

Saiba mais<br />

embrião<br />

Pinhões e gralhas-azuis<br />

A gralha-azul (Cyanocorax caeruleus),<br />

ave símbolo do Paraná, é um animal<br />

com um curioso hábito: ela coleta os<br />

pinhões da araucária e os enterra no<br />

solo, em diferentes locais, para ingeri-los<br />

<strong>de</strong>pois. Nem todas as sementes<br />

enterradas, entretanto, são comidas<br />

posteriormente. Dessa maneira, alguns<br />

pinhões acabam germinando e<br />

originando novos indivíduos adultos<br />

do pinheiro-do-paraná.<br />

A gralha-azul, portanto, <strong>de</strong>sempenha<br />

importante papel na disseminação<br />

e germinação das sementes <strong>de</strong>ssa importante<br />

gimnosperma representativa<br />

dos ecossistemas sulinos brasileiros.<br />

121


6<br />

122<br />

<strong>Os</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> e <strong>seus</strong> <strong>ciclos</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

Questões <strong>de</strong> revisão<br />

Principais representantes<br />

das gimnospermas<br />

O grupo das gimnospermas é formado por<br />

aproximadamente mil espécies, sendo subdividido<br />

em coníferas, gnetáceas, gingkoáceas<br />

e cicadáceas. As fotografias ao lado mostram<br />

alguns representantes <strong>de</strong>sses sub<strong>grupos</strong>.<br />

As coníferas formam o maior subgrupo,<br />

com aproximadamente 550 espécies. O<br />

nome é dado em função da estrutura reprodutiva<br />

típica <strong>de</strong> <strong>seus</strong> representantes, o cone.<br />

<strong>Os</strong> pinheiros, ciprestes, abetos, cedros e sequoias<br />

são coníferas bastante conhecidas e<br />

abundantes principalmente nas regiões ao<br />

norte do hemisfério Norte. A Sequoia<strong>de</strong>ndron<br />

giganteum, ou sequoia gigante, po<strong>de</strong> atingir<br />

mais <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> altura. Algumas <strong>de</strong>ssas<br />

árvores possuem a maior biomassa, isto<br />

é, volume <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>ntre todas as árvores<br />

da Terra. O pinheiro-do-paraná e o<br />

podocarpo (Podocarpus sp.) são coníferas<br />

nativas do Brasil.<br />

As gnetáceas formam um subgrupo com<br />

características muito particulares. As folhas e<br />

os estróbilos <strong>de</strong> <strong>seus</strong> representantes possuem<br />

semelhanças com as folhas e as flores encontradas<br />

no grupo das angiospermas. <strong>Os</strong> gêneros<br />

Ephedra, Gnetum e Welwitschia fazem parte<br />

das gnetáceas.<br />

Atualmente há apenas uma espécie <strong>de</strong> ging-<br />

koácea, Gingko biloba, que cresce principalmente<br />

na Ásia oriental (China, Japão, etc.).<br />

De diferentes partes da árvore se extraem<br />

compostos com proprieda<strong>de</strong>s medicinais.<br />

As cicadáceas formam um importante subgrupo<br />

<strong>de</strong> gimnospermas, com <strong>plantas</strong> cujas<br />

folhas se assemelham às <strong>de</strong> diversas samambaias.<br />

<strong>Os</strong> gêneros Cycas, Zamia e Encephalartos<br />

são representativos <strong>de</strong>sse subgrupo, havendo<br />

muitas espécies nas regiões tropicais.<br />

De cima para baixo: pinheiro, sequoia (encontrada<br />

somente na costa oeste dos EUA), arbusto <strong>de</strong> Ephedra<br />

em ambiente <strong>de</strong>sértico, folhas <strong>de</strong> Gingko biloba e<br />

exemplar <strong>de</strong> Cycas revoluta.<br />

1. Que características evolutivas distinguem uma gimnosperma <strong>de</strong> uma pteridófita?<br />

2. Explique os termos: megásporo, micrósporo e grão <strong>de</strong> pólen.<br />

3. Qual é a importância evolutiva da semente para as <strong>plantas</strong> terrestres?<br />

4. Cite alguns representantes do grupo das gimnospermas.<br />

Importância das gimnospermas<br />

Muitas gimnospermas têm aplicação industrial.<br />

Papéis, gomas e colas, remédios e<br />

diversos produtos antissépticos, como <strong>de</strong>sinfetantes<br />

e bactericidas, po<strong>de</strong>m ser obtidos<br />

<strong>de</strong> diversas espécies, com <strong>de</strong>staque para<br />

os pinheiros.<br />

As gimnospermas também têm importância<br />

para a reconstituição do passado da<br />

Terra. Uma substância viscosa produzida<br />

por diversas gimnospermas, a resina, solidifica-se<br />

em contato com a atmosfera, formando<br />

o âmbar. Há milhões <strong>de</strong> anos, insetos<br />

e outros organismos agora extintos<br />

ficaram imersos nessas substâncias, que se<br />

solidificaram, aprisionando-os e conservando-os.<br />

Ao estudá-los, os cientistas obtêm<br />

importantes pistas sobre o passado <strong>de</strong> nosso<br />

planeta, especialmente da fauna da época<br />

(como na fotografia ao abaixo).<br />

Insetos<br />

fossilizados<br />

em âmbar.<br />

Esses<br />

animais<br />

viveram há<br />

20 milhões<br />

<strong>de</strong> anos.<br />

Algumas espécies, como os pinheiros,<br />

possuem resinas com aplicações terapêuticas.<br />

As árvores <strong>de</strong> algumas gimnospermas<br />

apresentam ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, utilizada<br />

na indústria ma<strong>de</strong>ireira e <strong>de</strong> mobiliá-<br />

rio. Por outro lado, o rápido crescimento<br />

urbano e rural também tem levado ao<br />

<strong>de</strong>smatamento da Mata <strong>de</strong> Araucárias, um<br />

ecossistema brasileiro. Além do pinheiro-<br />

-do-paraná, principal representante vegetal<br />

<strong>de</strong>sse ecossistema, diversos animais também<br />

são afetados pelo <strong>de</strong>smatamento.<br />

><br />

>


Angiospermas<br />

Pense nestas cenas: um jardim florido,<br />

um vaso com rosas ou margaridas, uma cesta<br />

<strong>de</strong> frutas, um bom suco <strong>de</strong> laranja, limão<br />

ou manga e um prato com arroz, feijão e salada<br />

<strong>de</strong> tomate com alface. O que elas têm<br />

em comum? Todas essas situações envolvem<br />

<strong>plantas</strong> que pertencem ao grupo vegetal<br />

com maior número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>ntre<br />

todos os <strong>de</strong>mais <strong>grupos</strong>: as angiospermas.<br />

Surgidas provavelmente há mais <strong>de</strong> 120<br />

milhões <strong>de</strong> anos, as angiospermas já eram<br />

as <strong>plantas</strong> mais abundantes em todas as partes<br />

do mundo há pelo menos 100 milhões<br />

<strong>de</strong> anos. Atualmente, estima-se que existam<br />

aproximadamente 250 mil espécies, e com<br />

frequência os botânicos anunciam <strong>de</strong>scobertas<br />

<strong>de</strong> novas espécies em locais remotos,<br />

como o interior da floresta Amazônica.<br />

As angiospermas ocupam praticamente<br />

todos os ambientes <strong>de</strong> nosso planeta, incluindo<br />

ambientes aquáticos, sejam <strong>de</strong> água<br />

doce, salgada ou salobra. Elas po<strong>de</strong>m ser árvores<br />

imensas, com várias <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> metros<br />

<strong>de</strong> altura e vários metros <strong>de</strong> diâmetro, como<br />

a gigante brasileira sumaúma (uma das maiores<br />

árvores da Amazônia), ou então <strong>plantas</strong><br />

minúsculas como algumas espécies <strong>de</strong> água<br />

doce. As angiospermas também incluem ervas,<br />

gramas, arbustos, trepa<strong>de</strong>iras e cipós.<br />

Evolutivamente, as angiospermas apresentam<br />

duas estruturas muito importantes<br />

para sua adaptação e diversificação: a<br />

flor e o fruto. De fato, a palavra angiosperma<br />

vem do grego angiós, “urna”, e sperma,<br />

“semente”. A urna, nesse caso, refere-se ao<br />

fruto, que encerra em seu interior uma ou<br />

mais sementes.<br />

As flores das angiospermas po<strong>de</strong>m ser<br />

gran<strong>de</strong>s ou pequenas, brancas ou multicoloridas;<br />

po<strong>de</strong>m possuir aromas perfumados,<br />

ou então odores fétidos que atraem moscas<br />

e besouros. Há milhares <strong>de</strong> anos o ser humano<br />

parece manter uma relação estreita<br />

com as flores, usando-as para fins <strong>de</strong>corativos<br />

ou como matéria-prima para perfumes,<br />

medicamentos e outros produtos.<br />

A inter<strong>de</strong>pendência entre organismos polinizadores,<br />

como insetos e aves, e certas angiospermas<br />

fez com que ambos evoluíssem<br />

concomitantemente. A especialização <strong>de</strong> certas<br />

flores é tão gran<strong>de</strong> que algumas orquí-<br />

<strong>de</strong>as têm cores e formas que lembram vespas<br />

ou abelhas. Algumas angiospermas, como as<br />

gramíneas, são polinizadas pelo vento.<br />

<strong>Os</strong> frutos das angiospermas são igualmente<br />

variados em cores, formas, tamanhos,<br />

sabores e texturas. São consumidos por insetos,<br />

aves, répteis, peixes e mamíferos.<br />

Saiba mais<br />

Um campo florido<br />

po<strong>de</strong> conter <strong>de</strong>zenas<br />

ou centenas<br />

<strong>de</strong> espécies <strong>de</strong><br />

angiospermas.<br />

Plantas como combustível alternativo<br />

Biodiesel é um combustível bio<strong>de</strong>gradável <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> fontes<br />

renováveis, que po<strong>de</strong> ser obtido por diferentes processos […].<br />

Po<strong>de</strong> ser produzido a partir <strong>de</strong> gorduras animais ou <strong>de</strong> óleos vegetais,<br />

existindo <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> espécies vegetais no Brasil que po<strong>de</strong>m<br />

ser utilizadas, tais como mamona, <strong>de</strong>ndê (palma), girassol, babaçu,<br />

amendoim, pinhão-manso e soja, <strong>de</strong>ntre outras.<br />

O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel <strong>de</strong> petróleo<br />

em motores ciclodiesel automotivos (<strong>de</strong> caminhões, tratores,<br />

camionetas, automóveis, etc.) ou estacionários (geradores <strong>de</strong><br />

eletricida<strong>de</strong>, calor, etc.). Po<strong>de</strong> ser usado puro ou misturado ao diesel<br />

em diversas proporções. A mistura <strong>de</strong> 2% <strong>de</strong> biodiesel ao diesel <strong>de</strong><br />

petróleo é chamada <strong>de</strong> B2 e assim sucessivamente, até o biodiesel<br />

puro, <strong>de</strong>nominado B100.<br />

[…]<br />

A transesterificação é o processo mais utilizado atualmente para<br />

a produção <strong>de</strong> biodiesel. Consiste numa reação química dos óleos<br />

vegetais ou gorduras animais com o álcool comum (etanol) ou o metanol,<br />

estimulada por um catalisador, da qual também se extrai a glicerina,<br />

produto com aplicações diversas na indústria química.<br />

Além da glicerina, a ca<strong>de</strong>ia produtiva do biodiesel gera uma série<br />

<strong>de</strong> outros coprodutos (torta, farelo, etc.) que po<strong>de</strong>m agregar<br />

valor e se constituir em outras fontes <strong>de</strong> renda importantes para<br />

os produtores.<br />

Governo Fe<strong>de</strong>ral. Disponível em: .<br />

Acesso em: 19 maio 2009.<br />

><br />

A mamona é uma planta<br />

promissora para a<br />

produção <strong>de</strong> biodiesel.<br />

><br />

123


6<br />

124<br />

><br />

<strong>Os</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> e <strong>seus</strong> <strong>ciclos</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

Cajueiro em Natal, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte. Parte do<br />

tronco da árvore está enterrado.<br />

> Em (A), morangueiro. Note que o caule lateral<br />

po<strong>de</strong> enraizar-se no solo, originando um novo<br />

morangueiro. (B), diversos enxertos em uma<br />

planta matriz. <strong>Os</strong> enxertos são cortes <strong>de</strong> caules<br />

que, ao ser inseridos na planta matriz (“cavalo”),<br />

po<strong>de</strong>m crescer, originando novos indivíduos.<br />

A B<br />

estolho<br />

Organização geral do corpo<br />

As angiospermas são consi<strong>de</strong>radas <strong>plantas</strong> completas, pois possuem<br />

todos os órgãos vegetativos (raiz, caule e folha) e todos os órgãos reprodutivos<br />

(flor, fruto e semente). Algumas espécies apresentam ainda variações<br />

<strong>de</strong>ssas estruturas, como estípulas, gavinhas, brácteas, etc., que<br />

serão comentadas em outros capítulos.<br />

A disposição <strong>de</strong> raízes, caules e folhas no corpo da planta é muito diversificada:<br />

algumas angiospermas possuem raízes profundas e <strong>de</strong> grosso<br />

calibre, enquanto outras têm raízes superficiais e finas. As folhas po<strong>de</strong>m<br />

ser simples ou compostas, extremamente duras e resistentes, ou<br />

então finas e frágeis. O caule po<strong>de</strong> ser aéreo, subterrâneo ou aquático.<br />

Essas características serão discutidas em <strong>de</strong>talhes no capítulo 8.<br />

As flores e os frutos das angiospermas apresentam uma extensa lista<br />

<strong>de</strong> tipos e subtipos. As sementes, que po<strong>de</strong>m ser únicas ou ocorrer às<br />

<strong>de</strong>zenas por fruto, serão comentadas ainda neste capítulo.<br />

Reprodução assexuada<br />

As angiospermas po<strong>de</strong>m reproduzir-se <strong>de</strong> forma assexuada utilizando<br />

mecanismos <strong>de</strong> propagação vegetativa, envolvendo principalmente<br />

caules e folhas.<br />

O caule <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> como a grama, o morangueiro e outras cresce horizontalmente<br />

e, em certos pontos, toca o solo, enraíza-se e dá origem a<br />

novas <strong>plantas</strong>. Esse caule é <strong>de</strong>nominado estolho ou estolão e permite<br />

a propagação vegetativa, pois possui gemas ou botões que po<strong>de</strong>m originar<br />

novos indivíduos. Alguns caules subterrâneos, como os da bananeira<br />

e do bambu, também po<strong>de</strong>m originar novos indivíduos a partir<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento das gemas. Por exemplo: <strong>de</strong> uma única bananeira,<br />

diversos novos indivíduos po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>senvolver em um espaço amplo<br />

ao redor da planta-mãe <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>senvolvimento das gemas presentes<br />

no caule subterrâneo.<br />

caule <strong>de</strong><br />

outra<br />

planta<br />

planta<br />

matriz<br />

Plantas como a fortuna e a begônia dão origem a novos indivíduos<br />

a partir <strong>de</strong> gemas localizadas nas folhas. Ao atingir certo tamanho,<br />

os brotos <strong>de</strong>stacam-se das folhas da planta-mãe, <strong>de</strong>senvolvem raízes<br />

e crescem.<br />

Observando tais mecanismos naturais, o ser humano <strong>de</strong>senvolveu técnicas<br />

para propagar vegetativamente as <strong>plantas</strong>. Essas técnicas incluem,<br />

entre outras, a estaquia, a mergulhia e a enxertia. O objetivo <strong>de</strong>ssas técnicas<br />

é melhorar o rendimento agrícola e econômico <strong>de</strong> certas espécies.


Flor<br />

Assim como o fruto, a flor é uma estrutura<br />

característica das angiospermas, embora<br />

as gimnospermas já apresentem estruturas<br />

compostas <strong>de</strong> folhas modificadas, os estróbilos,<br />

que originam os gametas femininos<br />

e masculinos. As flores das angiospermas<br />

apresentam ampla complexida<strong>de</strong> e varieda<strong>de</strong>.<br />

Por esse motivo, as angiospermas são<br />

<strong>de</strong>nominadas, também, antófitas (do grego,<br />

anthós, “flor”, e phytos, “planta”).<br />

A flor é um conjunto <strong>de</strong> folhas modificadas<br />

que po<strong>de</strong>m ser agrupadas em subconjuntos<br />

<strong>de</strong>nominados verticilos, que po<strong>de</strong>m<br />

ser <strong>de</strong> proteção (como pétalas e sépalas), ou<br />

<strong>de</strong> reprodução (como estames e pistilos).<br />

Nem todas as flores possuem todos os verticilos;<br />

por exemplo, existem flores sem pistilos<br />

ou sem estames. <strong>Os</strong> verticilos partem <strong>de</strong><br />

um local geralmente mais largo, <strong>de</strong>nominado<br />

receptáculo, localizado na base da flor.<br />

Na ilustração abaixo, é possível ver sépalas<br />

e pétalas, que formam os verticilos <strong>de</strong> proteção.<br />

O conjunto <strong>de</strong> sépalas <strong>de</strong> uma flor recebe<br />

o nome <strong>de</strong> cálice, ao passo que o conjunto <strong>de</strong><br />

pétalas recebe o nome <strong>de</strong> corola. Características<br />

específicas do cálice e da corola, como formatos<br />

e cores, são importantes para atrair insetos<br />

polinizadores, por exemplo.<br />

><br />

flor completa<br />

estame<br />

sépala<br />

gineceu<br />

receptáculo<br />

pétala<br />

Ilustração <strong>de</strong> uma flor completa <strong>de</strong> angiosperma<br />

mostrando suas diferentes estruturas.<br />

<strong>Os</strong> verticilos <strong>de</strong> reprodução incluem<br />

folhas muito modificadas e especializadas<br />

na produção dos gametas masculinos e femininos,<br />

como veremos mais adiante no<br />

ciclo <strong>de</strong> <strong>vida</strong> <strong>de</strong>ssas <strong>plantas</strong>. Essas folhas<br />

são <strong>de</strong>nominadas estame e carpelo:<br />

Estame,<br />

que correspon<strong>de</strong> à estrutura<br />

que origina o gameta masculino. Algumas<br />

flores possuem um único estame,<br />

embora a maior parte das angiospermas<br />

><br />

possua dois ou mais estames. O estame é<br />

formado por um filamento <strong>de</strong>nominado<br />

filete, na ponta do qual se encontra uma<br />

estrutura dilatada, a antera. O conjunto<br />

<strong>de</strong> estames <strong>de</strong> uma flor recebe o nome <strong>de</strong><br />

androceu.<br />

Carpelo,<br />

que correspon<strong>de</strong> à estrutura que<br />

origina o gameta feminino. <strong>Os</strong> carpelos<br />

são folhas modificadas que, em algumas<br />

<strong>plantas</strong>, apresentam-se fundidas. Carpelos<br />

isolados ou fundidos formam uma estrutura<br />

chamada pistilo. Cada pistilo é constituído<br />

<strong>de</strong> um estigma, um estilete e um<br />

ovário, <strong>de</strong>ntro do qual se encontram óvulos<br />

e, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stes, o gameta feminino<br />

(oosfera). O conjunto <strong>de</strong> pistilos <strong>de</strong> uma<br />

flor é <strong>de</strong>nominado gineceu.<br />

gineceu<br />

estame antera<br />

pistilo<br />

pólen<br />

filete<br />

No esquema à esquerda, uma antera<br />

do estame com sua estrutura interna;<br />

à direita, visão geral do gineceu.<br />

filete<br />

antera<br />

estame<br />

ovário<br />

oosfera<br />

saco<br />

embrionário<br />

Flor <strong>de</strong> lírio.<br />

Note os<br />

estames ao<br />

redor do<br />

gineceu.<br />

><br />

estigma<br />

estilete<br />

óvulo<br />

125


6<br />

bráctea<br />

126<br />

><br />

><br />

<strong>Os</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> e <strong>seus</strong> <strong>ciclos</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

P<br />

espádice<br />

pistilo<br />

F<br />

E<br />

estame<br />

À esquerda: flor da Rafflesia arnoldii,<br />

encontrada em Sumatra e Bornéu, exala<br />

odor <strong>de</strong> carne em <strong>de</strong>composição, atraindo<br />

moscas, <strong>seus</strong> polinizadores. À direita, flor<br />

hermafrodita <strong>de</strong> hibisco. Observe os estames<br />

ao redor dos pistilos.<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F E F<br />

F E<br />

F F<br />

Diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> flores e inflorescências<br />

As angiospermas po<strong>de</strong>m ser dioicas, quando cada indivíduo apresenta<br />

apenas um sexo, ou monoicas, espécies nas quais o mesmo indivíduo<br />

apresenta ambos os sexos.<br />

Nas <strong>plantas</strong> dioicas, cada indivíduo apresenta apenas<br />

flores masculinas ou femininas. Ou seja, há indivíduos<br />

que produzem apenas flores com estames e outros que<br />

produzem apenas flores pistiladas, como acontece com<br />

certas figueiras.<br />

Nas <strong>plantas</strong> monoicas, a mesma planta produz gametas<br />

masculinos e femininos. Em algumas espécies, como<br />

certas palmeiras, o mesmo indivíduo apresenta flores<br />

unissexuadas, masculinas e femininas. Em outras, como a<br />

roseira, a planta produz flores hermafroditas, que têm estames<br />

e pistilos na mesma flor.<br />

Em muitas angiospermas, as flores encontram-se reunidas em <strong>grupos</strong><br />

<strong>de</strong>nominados inflorescências. As inflorescências das angiospermas são<br />

muito diversificadas. Alguns exemplos são apresentados nas fotografias<br />

abaixo. Ao lado <strong>de</strong> cada fotografia há um esquema representando a posição<br />

das flores em cada tipo <strong>de</strong> inflorescência.<br />

F F<br />

F<br />

O espádice do antúrio (à esquerda) é um tipo <strong>de</strong> espiga com eixo carnoso, protegida por folhas especiais <strong>de</strong>nominadas brácteas. No<br />

esquema, E = eixo, F = flor. À direita, a inflorescência do tipo espiga encontrada na grama (Stryphno<strong>de</strong>ndron sp.). No esquema, F = flor.<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F F<br />

A margarida (à esquerda) possui flores reunidas em uma inflorescência complexa<br />

<strong>de</strong>nominada capítulo. A parte amarela é formada por minúsculas e numerosas flores.<br />

No esquema, E = eixo (expandido lateralmente); P = pétala maior da margem; F = flor. As<br />

flores do gerânio (acima) estão reunidas em uma inflorescência <strong>de</strong>nominada umbela, em<br />

que todas as flores partem do mesmo ponto. No esquema, F = flor.<br />

><br />

F


Ciclo <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

O ciclo <strong>de</strong> <strong>vida</strong> das angiospermas é muito semelhante ao encontrado<br />

entre as gimnospermas. A ilustração abaixo apresenta o ciclo em uma<br />

planta com flor hermafrodita.<br />

(<strong>de</strong>generam)<br />

núcleo da<br />

oosfera<br />

albúmen (3n)<br />

embrião da<br />

semente (2n)<br />

núcleos<br />

polares<br />

semente<br />

dupla fecundação<br />

fruto<br />

formação <strong>de</strong><br />

saco polínico<br />

esporófito<br />

diploi<strong>de</strong><br />

antera<br />

núcleos<br />

haploi<strong>de</strong>s<br />

saco<br />

embrionário<br />

Ao se tornarem maduras, as anteras dos estames produzem grãos <strong>de</strong><br />

pólen. Cada grão <strong>de</strong> pólen possui dois núcleos espermáticos haploi<strong>de</strong>s,<br />

que são os gametas masculinos das angiospermas. Ao chegar ao estigma<br />

da flor, o grão <strong>de</strong> pólen <strong>de</strong>senvolve o tubo polínico, pelo qual os núcleos<br />

espermáticos migram em direção ao óvulo, como representado na ilustração<br />

ao lado.<br />

O tubo polínico cresce por <strong>de</strong>ntro do estigma e atravessa o estilete até<br />

alcançar a abertura do megagametófito, representado por uma estrutura<br />

multicelular <strong>de</strong>nominada saco embrionário e localizado no interior<br />

do ovário da flor. No saco embrionário existem oito células, geradas por<br />

meiose da célula-mãe do megásporo:<br />

uma oosfera, o gameta feminino das angiospermas;<br />

dois núcleos polares (secundários);<br />

cinco células, chamadas antípodas quando localizadas no lado oposto<br />

da oosfera e sinérgi<strong>de</strong>s quando localizadas ao lado da oosfera.<br />

Diferentemente das gimnospermas, em que um dos núcleos espermáticos<br />

<strong>de</strong>genera e morre, nas angiospermas os dois núcleos são funcionais.<br />

Entre as angiospermas, ocorre um fenômeno biológico exclusivo <strong>de</strong>sse<br />

grupo <strong>de</strong> <strong>plantas</strong>: a dupla fecundação. Um dos núcleos espermáticos<br />

irá fecundar a oosfera, que é o gameta feminino das angiospermas, dando<br />

origem ao embrião diploi<strong>de</strong>. O outro núcleo irá fundir-se aos dois núcleos<br />

polares, originando um tecido triploi<strong>de</strong> (3n), <strong>de</strong>nominado albúmen ou<br />

endosperma, que nutre o embrião durante a germinação. As outras células<br />

do saco embrionário <strong>de</strong>generam e morrem.<br />

Após a fecundação, o ovário da flor ganha volume e cresce, dando<br />

origem ao fruto das angiospermas, <strong>de</strong>ntro do qual se encontra a semente,<br />

originada do <strong>de</strong>senvolvimento do óvulo. Assim, nas angiospermas, o<br />

fruto é originário do ovário, e a semente é originária do óvulo.<br />

grãos <strong>de</strong><br />

pólen<br />

><br />

> Representação da alternância <strong>de</strong> gerações em<br />

uma angiosperma. Cores-fantasia. Estruturas<br />

representadas fora <strong>de</strong> escala.<br />

grão <strong>de</strong><br />

pólen<br />

núcleos<br />

haploi<strong>de</strong>s<br />

ovário<br />

megásporo<br />

núcleos que<br />

<strong>de</strong>generam<br />

tubo<br />

polínico núcleos<br />

espermáticos<br />

núcleos<br />

polares<br />

óvulo<br />

saco<br />

embrionário<br />

oosfera<br />

Representação da fecundação nas<br />

angiospermas. O tubo polínico (ampliado no<br />

<strong>de</strong>talhe acima) cresce pelo estilete da flor,<br />

alcançando o saco embrionário.<br />

127


6<br />

128<br />

><br />

><br />

><br />

<strong>Os</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> e <strong>seus</strong> <strong>ciclos</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

autopolinização<br />

Representação <strong>de</strong> autopolinização e<br />

polinização cruzada.<br />

estames<br />

polinização cruzada<br />

espiga<br />

estigma<br />

flor <strong>de</strong> trigo<br />

Representação <strong>de</strong> uma flor <strong>de</strong> trigo (muito<br />

ampliada), na qual ocorre anemofilia.<br />

Abelha polinizando flor. Ao sugar o néctar, o<br />

inseto roça nos estames da flor, e grãos <strong>de</strong><br />

pólen a<strong>de</strong>rem ao seu corpo.<br />

Polinização<br />

Na polinização, os grãos <strong>de</strong> pólen são transportados dos estames até<br />

os estigmas das flores. A polinização é fundamental para que ocorra a<br />

fecundação e a formação do zigoto.<br />

Embora pareça ser um processo simples, a polinização das flores das<br />

angiospermas envolve estratégias muito variadas e por vezes complexas.<br />

Estames, pétalas, sépalas e outras estruturas adaptaram-se a mecanismos<br />

específicos <strong>de</strong> polinização, como ocorre com espécies polinizadas<br />

exclusivamente por um tipo <strong>de</strong> polinizador.<br />

A autopolinização ocorre quando o grão <strong>de</strong> pólen alcança o estigma<br />

da mesma flor ou <strong>de</strong> flores situadas na mesma planta. Esse processo<br />

é pouco frequente entre as angiospermas. O mecanismo mais<br />

comum é o da polinização cruzada, no qual o grão <strong>de</strong> pólen alcança<br />

o estigma <strong>de</strong> flores pertencentes a outros indivíduos. Essa estratégia<br />

aumenta a variabilida<strong>de</strong> genética das populações <strong>de</strong> <strong>plantas</strong>.<br />

Muitas <strong>plantas</strong> apresentam mecanismos que evitam a autopolinização.<br />

Um <strong>de</strong>les é o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pistilos e anteras em momentos<br />

diferentes: enquanto o pistilo está maduro, as anteras ainda<br />

estão imaturas.<br />

A polinização cruzada envolve diversos agentes polinizadores, como<br />

vento, aves, insetos e mamíferos. Abelhas, beija-flores e outros seres vivos<br />

transportam grãos <strong>de</strong> pólen ao visitar diversas <strong>plantas</strong> em busca <strong>de</strong><br />

néctar, seu alimento. O néctar é um líquido açucarado produzido em<br />

nectários, órgãos presentes em certas <strong>plantas</strong>.<br />

As estratégias <strong>de</strong> polinização recebem nomes específicos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

do agente polinizador envolvido.<br />

Anemofilia:<br />

o vento é o agente polinizador.<br />

Entomofilia:<br />

a polinização é realizada por insetos, como borboletas,<br />

moscas, abelhas e vespas.<br />

Ornitofilia:<br />

as flores são polinizadas por aves, como os beija-flores.<br />

Mastofilia:<br />

mamíferos, como morcegos, realizam a polinização.<br />

><br />

aparelho<br />

sugador<br />

<strong>de</strong> inseto<br />

nectário<br />

pistilo imaturo<br />

estame<br />

murcho<br />

Exemplo <strong>de</strong> entomofilia: abelha transporta grãos <strong>de</strong> pólen <strong>de</strong> uma flor a outra,<br />

fecundando-a.<br />

pistilo<br />

maduro


Estrutura e germinação das sementes<br />

As sementes das angiospermas são formadas por três partes.<br />

A parte mais externa, geralmente dura e resistente, é <strong>de</strong>nominada<br />

casca ou tegumento. É essa estrutura que protege o embrião contra<br />

possíveis choques mecânicos, evitando também que ele fique <strong>de</strong>sidratado.<br />

Para que o embrião germine, porém, é necessário que a casca se<br />

rompa. Isso po<strong>de</strong> ocorrer em contato com água ou umida<strong>de</strong> no solo, ou<br />

então por algum mecanismo traumático (por exemplo, quebra, raspagem<br />

ou trituração por algum animal), químico (contato com enzimas<br />

digestivas no interior do trato digestório <strong>de</strong> aves, por exemplo) ou mesmo<br />

físico (em diversas <strong>plantas</strong> do Cerrado, o tegumento das sementes<br />

se rompe após incêndios ou temperaturas altas no solo).<br />

No interior da semente está o embrião. É ele que, ao germinar, dará<br />

origem ao esporófito jovem ou plântula. Se encontrar condições favoráveis<br />

<strong>de</strong> temperatura, umida<strong>de</strong>, nutrientes necessários, entre outros, a<br />

plântula cresce e <strong>de</strong>senvolve um novo indivíduo.<br />

A parte entre o tegumento e o embrião é <strong>de</strong>nominada albúmen ou<br />

endosperma. Essa parte é responsável pela nutrição do embrião nos<br />

primeiros estágios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, até que a plântula se <strong>de</strong>senvolva<br />

e passe a realizar fotossíntese. Em geral, o endosperma é rico<br />

em óleos, amido e proteínas. A concentração <strong>de</strong> cada nutriente varia<br />

<strong>de</strong> acordo com a espécie. O endosperma é reduzido em algumas sementes,<br />

como o feijão. Nesse caso, a reserva nutritiva fica armazenada<br />

em folhas especiais, os cotilédones.<br />

<strong>Os</strong> cotilédones são formados durante o <strong>de</strong>senvolvimento do embrião.<br />

Eles são bem visíveis durante a germinação do feijoeiro. Em outras espécies,<br />

os cotilédones ficam enterrados durante a germinação. Algumas<br />

angiospermas possuem apenas um cotilédone, como as monocotiledôneas<br />

(milho, arroz e trigo); outras, como feijão, soja e amendoim, possuem<br />

dois cotilédones. O capítulo 8 apresenta mais <strong>de</strong>talhes sobre a estrutura<br />

das sementes das angiospermas.<br />

Saiba mais<br />

cotilédones<br />

Alguns termos utilizados em Botânica<br />

Diversos termos são utilizados para <strong>de</strong>screver os <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong>. Esses termos, criados em diferentes momentos<br />

históricos, são apresentados a seguir.<br />

Antófitas – <strong>plantas</strong> que produzem flores. O termo é geralmente aplicado somente às angiospermas.<br />

Cormófitas – <strong>plantas</strong> que possuem órgãos vegetativos (raiz, caule e folha) bem <strong>de</strong>senvolvidos. As pteridófitas, gimnospermas<br />

e angiospermas são <strong>plantas</strong> cormófitas.<br />

Criptógamas – <strong>plantas</strong> historicamente <strong>de</strong>finidas como produtoras <strong>de</strong> gametas não contidos em flores ou estruturas<br />

evi<strong>de</strong>ntes, como os estróbilos das gimnospermas. As briófitas e pteridófitas são <strong>plantas</strong> criptógamas.<br />

Espermatófitas – <strong>plantas</strong> que produzem sementes, com ou sem frutos. Somente as gimnospermas e as angiospermas<br />

são <strong>plantas</strong> espermatófitas atualmente.<br />

Fanerógamas – <strong>de</strong>signa as <strong>plantas</strong> com gametas aparentes. Embora esse termo seja criticado por alguns pesquisadores<br />

e ainda seja encontrado com frequência na literatura, ele ten<strong>de</strong> a ser substituído por espermatófitas.<br />

Talófitas – termo geral que tem sido atribuído somente às algas pluricelulares, classificadas entre os protoctistas.<br />

Alguns autores, entretanto, <strong>de</strong>finem certas hepáticas e antóceros como <strong>plantas</strong> talófitas, pois quase não há diferenciação<br />

<strong>de</strong> tecidos vegetais.<br />

Traqueófitas – tradicionalmente, as traqueófitas incluem as pteridófitas, gimnospermas e angiospermas, pois<br />

possuem sistemas vasculares.<br />

Uma mesma planta po<strong>de</strong>, então, ser <strong>de</strong>finida com diversas combinações dos termos acima. Por exemplo, as angiospermas<br />

são <strong>plantas</strong> antófitas, cormófitas, espermatófitas e traqueófitas.<br />

><br />

meristema<br />

apical<br />

restos do<br />

tegumento<br />

primeiras<br />

folhas<br />

radícula<br />

ápice<br />

Representação da germinação <strong>de</strong> uma<br />

semente <strong>de</strong> feijão.<br />

129


6<br />

130<br />

<strong>Os</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> e <strong>seus</strong> <strong>ciclos</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

O carrapicho é um fruto<br />

que se pren<strong>de</strong> ao pelo dos<br />

animais ou às roupas dos<br />

seres humanos.<br />

><br />

Fruto<br />

<strong>Os</strong> frutos das angiospermas originam-se<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento do ovário da flor. São<br />

extremamente variados em formas, cores,<br />

sabores e texturas: há frutos carnosos, com<br />

polpa doce e líquida, e frutos duros e secos.<br />

Alguns frutos possuem espinhos na parte<br />

externa, como o carrapicho da fotografia<br />

abaixo. O capítulo 8 apresenta a classificação<br />

dos frutos em maiores <strong>de</strong>talhes.<br />

Juntamente com a flor, o fruto é uma<br />

gran<strong>de</strong> no<strong>vida</strong><strong>de</strong> evolutiva das angiospermas.<br />

Fósseis <strong>de</strong>monstram uma transição entre<br />

gimnospermas primitivas que possivelmente<br />

apresentavam estruturas semelhantes<br />

a frutos. No fruto, a semente permanece<br />

protegida e po<strong>de</strong> também ser dispersa para<br />

locais distantes da planta-mãe, o que reduz<br />

a competição por água e nutrientes e permite<br />

que a espécie colonize outros lugares.<br />

<strong>Os</strong> frutos po<strong>de</strong>m ser disseminados por<br />

diversos mecanismos: eles po<strong>de</strong>m cair junto<br />

à planta-mãe por ação da gra<strong>vida</strong><strong>de</strong>, flutuar<br />

na água, a<strong>de</strong>rir-se ao corpo <strong>de</strong> diversos seres<br />

vivos, ser ingeridos por animais ou simplesmente<br />

se abrir e expulsar as sementes <strong>de</strong> seu<br />

interior. Qualquer que seja a estratégia <strong>de</strong>senvol<strong>vida</strong>,<br />

o fruto é uma importante estrutura<br />

presente em todas as angiospermas.<br />

Importância das angiospermas<br />

Cruas, cozidas, refogadas ou fritas – as<br />

angiospermas estão nos pratos do mundo<br />

inteiro. Boa parte dos alimentos <strong>de</strong> origem<br />

vegetal que consumimos todos os dias inclui<br />

frutos, folhas, raízes e caules comestíveis<br />

<strong>de</strong> angiospermas. Milho, arroz, soja,<br />

feijão, amendoim, batata-inglesa e cereais<br />

como aveia, trigo e centeio são apenas alguns<br />

exemplos.<br />

A pecuária <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> diretamente das angiospermas<br />

para existir, pois o gado alimenta-se<br />

principalmente <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> <strong>de</strong>sse grupo,<br />

como as gramíneas.<br />

A indústria farmacêutica fabrica medicamentos<br />

variados tendo como matéria-prima<br />

diversas angiospermas. Cosméticos e<br />

perfumes são produzidos a partir das proprieda<strong>de</strong>s<br />

medicinais e aromáticas <strong>de</strong>ssas<br />

<strong>plantas</strong>. As flores das angiospermas são utilizadas<br />

<strong>de</strong>corativamente em ambientes internos<br />

e externos.<br />

><br />

<strong>Os</strong> frutos, as raízes, os legumes e as hortaliças que<br />

fazem parte <strong>de</strong> nossa alimentação são, na maioria,<br />

angiospermas.<br />

Biologia e Química<br />

Fitoterapia<br />

Há muito tempo o ser humano utiliza as<br />

<strong>plantas</strong> como remédios. O emprego <strong>de</strong> preparados<br />

medicinais à base <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> é conhecido<br />

como fitoterapia (do grego, phytos,<br />

“planta”, e therapía, “tratamento”).<br />

São muitos os preparados medicinais<br />

utilizando flores, folhas, raízes e caules<br />

<strong>de</strong> <strong>plantas</strong>.<br />

><br />

Medicamentos à base <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> medicinais.


Classificação das<br />

angiospermas<br />

As angiospermas po<strong>de</strong>m ser atualmente<br />

divididas em três gran<strong>de</strong>s sub<strong>grupos</strong> com<br />

base em características evolutivas e filogenéticas.<br />

Esses sub<strong>grupos</strong> já estiveram classificados<br />

<strong>de</strong> maneiras muito distintas, e mesmo<br />

hoje ainda há intenso <strong>de</strong>bate entre os pesquisadores<br />

a respeito <strong>de</strong> como interpretar a classificação<br />

<strong>de</strong>sse imenso grupo <strong>de</strong> <strong>plantas</strong>.<br />

O subgrupo das monocotiledôneas recebe<br />

esse nome porque suas sementes possuem<br />

apenas um cotilédone, como o milho<br />

e as orquí<strong>de</strong>as. Algumas <strong>de</strong> suas características<br />

são citadas a seguir.<br />

Folhas com nervuras paralelas.<br />

Raízes sem um ramo principal, mas formadas<br />

por inúmeras raízes finas que se<br />

assemelham a fios ou cabelos.<br />

Flores com cálice, corola e elementos reprodutivos<br />

baseados em múltiplos <strong>de</strong> três<br />

(por exemplo, três estames, três ou seis<br />

pétalas, etc.).<br />

A orquí<strong>de</strong>a é uma<br />

angiosperma<br />

do grupo das<br />

monocotiledôneas.<br />

Entretanto, há exceções a todas essas<br />

regras. A maior parte das orquí<strong>de</strong>as, por<br />

exemplo, apresenta um único estame unido<br />

ao estilete.<br />

As magnolií<strong>de</strong>as formam um subgrupo<br />

gran<strong>de</strong>, com representantes presentes em<br />

diversos ecossistemas brasileiros. Louro, pimenta<br />

e magnólia são exemplos <strong>de</strong> <strong>plantas</strong><br />

pertencentes a esse subgrupo. As principais<br />

características das magnolií<strong>de</strong>as são mencionadas<br />

a seguir.<br />

Questões <strong>de</strong> revisão<br />

><br />

Folhas com nervuras que não seguem<br />

um padrão paralelo.<br />

Raízes que não se assemelham<br />

a fios; predominância <strong>de</strong> uma<br />

raiz principal e presença <strong>de</strong> raí-<br />

zes secundárias. (A estrutura e a<br />

classificação das raízes são apresentadas<br />

no capítulo 8.)<br />

Nem todas as magnolií<strong>de</strong>as possuem<br />

flores gran<strong>de</strong>s e vistosas: algumas,<br />

como as canelas e o jaborandi, possuem<br />

flores pouco vistosas e praticamente sem nenhum<br />

odor. Também há gran<strong>de</strong> variação no<br />

número <strong>de</strong> pétalas, sépalas e <strong>de</strong>mais estruturas<br />

da flor.<br />

As eudicotiledôneas formam o maior<br />

subgrupo <strong>de</strong> angiospermas, com representantes<br />

no mundo inteiro. No Brasil, as eudicotiledôneas<br />

são representadas por <strong>plantas</strong><br />

como pau-brasil, trepa<strong>de</strong>iras, cipós, margarida,<br />

feijão, etc.<br />

A variação no número e disposição<br />

<strong>de</strong> elementos florais, formas e<br />

cores das flores e folhas, entre outras<br />

características, fazem <strong>de</strong>ste subgrupo<br />

o mais diversificado entre todos<br />

os <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> existentes.<br />

Tanto magnolií<strong>de</strong>as quanto eudicotiledôneas<br />

possuem sementes<br />

com dois cotilédones.<br />

Saiba mais<br />

1. Que características evolutivas são exclusivas das angiospermas?<br />

2. Explique os termos: androceu, gineceu, cálice e corola.<br />

3. Qual é a origem do fruto e da semente nas angiospermas?<br />

> O girassol possui<br />

sementes com<br />

dois cotilédones.<br />

Fadadas ao <strong>de</strong>saparecimento<br />

Historicamente, o Brasil vem presenciando uma perda muito<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies vegetais. Na década <strong>de</strong> 1990, pouco mais <strong>de</strong><br />

100 espécies <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> eram oficialmente listadas como ameaçadas<br />

<strong>de</strong> extinção no Brasil, <strong>de</strong> acordo com dados divulgados pelo<br />

Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais<br />

Renováveis). Na década seguinte, o órgão ambiental divulgou<br />

um número 15 vezes maior, superando 1 500 espécies.<br />

A “lista vermelha”, como é conhecida, é uma lista com as espécies<br />

ameaçadas <strong>de</strong> extinção. Para que seja oficializada, essa lista<br />

precisa ser homologada pelo Ministério do Meio Ambiente. Com<br />

pesquisas e levantamentos <strong>de</strong> campo, a cada ano novas espécies<br />

são incluídas na “lista vermelha”. Uma <strong>de</strong>ssas espécies é o palmito-juçara,<br />

Euterpe edulis, que praticamente não é mais encontrado<br />

em diversos ambientes on<strong>de</strong> existia naturalmente no passado.<br />

4. Cite os três sub<strong>grupos</strong> <strong>de</strong> angiospermas, com respectivos exemplos, <strong>de</strong> acordo com as mais recentes propostas<br />

classificatórias.<br />

><br />

A magnólia apresenta<br />

muitos estames e<br />

verticilos <strong>de</strong> proteção.<br />

131


132<br />

Práticas <strong>de</strong> Biologia<br />

Soros <strong>de</strong> samambaias<br />

A Objetivo<br />

Observar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um novo indivíduo <strong>de</strong> samambaia<br />

a partir <strong>de</strong> <strong>seus</strong> esporos.<br />

B Material<br />

uma folha fértil <strong>de</strong> samambaia com os soros bem evi<strong>de</strong>ntes<br />

pincel<br />

lupa<br />

papel sulfite<br />

dois copos plásticos ou recipientes com um pouco <strong>de</strong> terra<br />

C Procedimentos<br />

1. Selecione uma ou duas folhas férteis <strong>de</strong> uma samambaia em<br />

que os soros estejam bem evi<strong>de</strong>ntes e maduros (a coloração<br />

em geral é castanho-escura ou cor <strong>de</strong> ferrugem). Com a<br />

lupa, observe a aparência dos soros. Faça um <strong>de</strong>senho em<br />

seu ca<strong>de</strong>rno registrando os dados observados.<br />

2. Com o pincel, raspe um dos soros <strong>de</strong> modo que os esporos<br />

caiam sobre a folha <strong>de</strong> papel sulfite. Mais uma vez, observe-<br />

-os com a lupa e registre suas conclusões no ca<strong>de</strong>rno.<br />

3. Prepare os copos plásticos ou recipientes com terra para<br />

a próxima etapa do experimento. Molhe a terra em apenas<br />

um dos copos, <strong>de</strong> modo que fique bem úmida. Com cuidado,<br />

<strong>de</strong>ixe alguns esporos caírem sobre a terra úmida. Mantenha<br />

a terra do outro copo completamente seca. Observe na<br />

ilustração ao lado.<br />

4. Deixe o copo com terra úmida em local sombreado,<br />

evitando luz solar direta, mas não no escuro total.<br />

Diariamente, coloque um pouco <strong>de</strong> água sobre a terra<br />

do copo ou recipiente. Não encharque a terra, apenas<br />

mantenha-a úmida. A terra do outro copo <strong>de</strong>ve ser mantida<br />

seca e exposta à luz solar direta.<br />

5. Desse ponto em diante, observe diariamente o que ocorre<br />

com o experimento nos dois copos ou recipientes.<br />

Anote tudo em seu ca<strong>de</strong>rno. Se preferir, faça <strong>de</strong>senhos<br />

coloridos <strong>de</strong> tudo o que observar. Utilize a lupa para<br />

enxergar <strong>de</strong>talhes.<br />

D Resultados<br />

1. Houve diferenças na germinação dos esporos nos dois copos?<br />

Que diferenças foram essas?<br />

2. Quantos esporos germinaram do total <strong>de</strong>positado em cada copo?<br />

3. Que tipo <strong>de</strong> estrutura germinou dos esporos? Cite o nome <strong>de</strong>ssa<br />

estrutura e <strong>de</strong>screva-a com o máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes possível.<br />

Discussão<br />

com o pincel,<br />

raspar os soros<br />

sobre a folha <strong>de</strong><br />

papel sulfite<br />

copo com terra<br />

úmida (manter em<br />

local com sombra)<br />

1. A estrutura observada participa <strong>de</strong> qual etapa do ciclo reprodutivo das pteridófitas?<br />

2. A que você atribui as possíveis diferenças <strong>de</strong> resultado nos dois copos?<br />

AtençãO<br />

Não coloque esporos <strong>de</strong>mais<br />

sobre a terra, pois isso po<strong>de</strong><br />

atrapalhar as observações<br />

posteriores.<br />

copo com terra<br />

seca (manter em<br />

local ensolarado)<br />

3. Se você continuar observando o <strong>de</strong>senvolvimento da estrutura <strong>de</strong>scrita, que etapa seguinte do ciclo das<br />

pteridófitas <strong>de</strong>verá ocorrer?


1.<br />

2.<br />

3.<br />

4.<br />

5.<br />

6.<br />

7.<br />

Ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s<br />

Copie a tabela abaixo em seu ca<strong>de</strong>rno, completando-a<br />

com as características das briófitas presentes<br />

nos três principais sub<strong>grupos</strong>.<br />

Estrutura do<br />

gametófito<br />

III<br />

fusão<br />

Musgos Hepáticas Antóceros<br />

//////////// //////////// ////////////<br />

Rizoi<strong>de</strong>s //////////// //////////// ////////////<br />

Estômatos //////////// //////////// ////////////<br />

Imagine esta situação: musgos crescem em abundância<br />

em um vaso com samambaias. Esses musgos<br />

causarão algum mal às samambaias ou trarão<br />

algum benefício? Justifique sua resposta.<br />

Uma pessoa conta com as seguintes <strong>plantas</strong> em<br />

seu jardim: musgo, samambaia-<strong>de</strong>-metro, pinheiro,<br />

avenca, hepática e rosa; porém, <strong>de</strong>seja fazer um arranjo<br />

<strong>de</strong> Natal utilizando apenas <strong>plantas</strong> vasculares.<br />

Quais <strong>plantas</strong> ela po<strong>de</strong>rá utilizar em seu arranjo?<br />

Ao copiar um resumo do quadro <strong>de</strong> giz, Margarida<br />

cometeu alguns erros. Corrija os erros, transcrevendo<br />

o parágrafo em seu ca<strong>de</strong>rno.<br />

As briófitas e as pteridófitas têm muitas<br />

características em comum. <strong>Os</strong> dois <strong>grupos</strong><br />

têm representantes vasculares, nos quais o<br />

gametófito é a fase passageira, e o esporófito,<br />

a fase duradoura. Em geral, <strong>plantas</strong> dos dois<br />

<strong>grupos</strong> ocupam ambientes com condições<br />

semelhantes e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m diretamente da água<br />

para se reproduzirem. <strong>Os</strong> esporos dos dois <strong>grupos</strong><br />

localizam-se em estruturas <strong>de</strong>nominadas soros.<br />

Explique o papel <strong>de</strong>sempenhado pelas substâncias<br />

<strong>de</strong> reserva na germinação da semente.<br />

Em seu ca<strong>de</strong>rno, indique o tipo <strong>de</strong> ploidia (n, 2n ou<br />

3n) presente nas seguintes estruturas vegetais:<br />

a) embrião;<br />

b) endosperma;<br />

c) núcleos espermáticos;<br />

d) células do saco embrionário;<br />

e) esporófito jovem.<br />

Copie o esquema representado abaixo, da metagênese<br />

das <strong>plantas</strong>, completando os pontos I, II e III<br />

com as palavras células haploi<strong>de</strong>s (esporos), gametas<br />

masculinos e femininos e zigoto.<br />

adulto haploi<strong>de</strong><br />

I<br />

adulto diploi<strong>de</strong><br />

meiose<br />

II<br />

8.<br />

9.<br />

Rosa pensou em con<strong>de</strong>nsar as informações que recebeu<br />

sobre a classificação das <strong>plantas</strong> na forma<br />

<strong>de</strong> um pequeno mapa conceitual, porém esqueceu<br />

o nome <strong>de</strong> alguns <strong>grupos</strong>. Observe o que ela fez:<br />

<strong>plantas</strong><br />

avasculares<br />

vasculares<br />

II<br />

com sementes<br />

I<br />

III<br />

sem frutos<br />

com frutos<br />

IV<br />

angiospermas<br />

a) Que palavras substituem corretamente os pontos<br />

I, II, III e IV?<br />

b) Em relação a I, indique como ocorre o transporte<br />

<strong>de</strong> substâncias em seu organismo.<br />

c) Que características vegetativas importantes po<strong>de</strong>m<br />

ser encontradas em III?<br />

d) Cite duas características reprodutivas presentes<br />

em IV.<br />

Fabiano <strong>de</strong>seja plantar musgos e samambaias em<br />

um vaso, pois preten<strong>de</strong> observar como essas <strong>plantas</strong><br />

se <strong>de</strong>senvolvem.<br />

a) Que condições seriam i<strong>de</strong>ais para ele observar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das <strong>plantas</strong>?<br />

b) Que fase <strong>de</strong> <strong>vida</strong> dos dois <strong>grupos</strong> ele verá com<br />

maior frequência? Justifique.<br />

10. Dinorá vai participar <strong>de</strong> uma gincana cujo objetivo<br />

é elaborar charadas e enigmas para que os participantes<br />

os <strong>de</strong>cifrem. Ela criou a “charada da samambaia”,<br />

que segue abaixo:<br />

A fotossíntese é realizada pelas @, que po<strong>de</strong>m<br />

ser simples ou compostas. Durante a fase<br />

assexuada, ocorre o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> # no<br />

esporófito. Como resultado da germinação dos<br />

esporos, geralmente em solo úmido, surge o *.<br />

Finalmente, o & originará um novo indivíduo.<br />

a) Que palavras substituem corretamente os símbolos<br />

da charada <strong>de</strong> Dinorá?<br />

b) A que grupo <strong>de</strong> pteridófitas pertence a planta<br />

<strong>de</strong>scrita na charada?<br />

c) Cite outras <strong>plantas</strong> pertencentes ao mesmo grupo<br />

i<strong>de</strong>ntificado no item acima.<br />

11. Em seu ca<strong>de</strong>rno, i<strong>de</strong>ntifique os termos a que se referem<br />

as <strong>de</strong>finições a seguir.<br />

a) Estrutura que dá origem à oosfera.<br />

b) Gameta masculino que se origina no tubo polínico.<br />

c) Fusão da oosfera com o núcleo espermático.<br />

d) Estrutura formada no estróbilo masculino.<br />

e) Estrutura que se forma quando o grão <strong>de</strong> pólen<br />

alcança o estróbilo feminino.<br />

133


6 <strong>Os</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> e <strong>seus</strong> <strong>ciclos</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

134<br />

12.<br />

Ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s<br />

Analise os dois procedimentos abaixo:<br />

Procedimento 1 — Retire os esporângios. Cultive-os<br />

em solo úmido para que o gametófito se origine.<br />

Procedimento 2 — Retire os gametófitos. Cultive-os<br />

em solo úmido para que o esporófito se origine.<br />

Se você preten<strong>de</strong> acompanhar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> uma samambaia partindo <strong>de</strong> seu esporófito, qual<br />

dos dois procedimentos <strong>de</strong>ve ser realizado? Justifique<br />

sua resposta.<br />

13. Durante uma saída <strong>de</strong> campo, alunos do Ensino<br />

Médio coletaram diversas <strong>plantas</strong> em um ambiente<br />

<strong>de</strong> mata para posterior análise e i<strong>de</strong>ntificação.<br />

Nenhum material reprodutivo foi coletado. Ao final<br />

das observações, os alunos notaram que havia,<br />

entre as <strong>plantas</strong> coletadas, duas briófitas, três<br />

pteridófitas e diversas angiospermas. Que características<br />

presentes nessas <strong>plantas</strong> levaram os alunos<br />

a chegar a tais conclusões?<br />

14. A fotografia ao lado mostra<br />

quatro grãos <strong>de</strong> pólen do<br />

cedro-do-líbano, uma gimnosperma<br />

encontrada nas<br />

montanhas do país cujo<br />

nome ela leva. Cada grão<br />

<strong>de</strong> pólen possui duas “asas” laterais leves, resistentes<br />

e achatadas.<br />

a) Que importância têm essas “asas” para a reprodução<br />

<strong>de</strong>ssa planta?<br />

b) I<strong>de</strong>ntifique o tipo <strong>de</strong> polinização realizada com<br />

esse tipo <strong>de</strong> grão <strong>de</strong> pólen.<br />

c) Do ponto <strong>de</strong> vista evolutivo, o que representa o grão<br />

<strong>de</strong> pólen entre as <strong>plantas</strong>? Justifique sua resposta.<br />

15. Consi<strong>de</strong>re que o número diploi<strong>de</strong> <strong>de</strong> cromossomos<br />

<strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> feijão é 2n = 18. Com base nisso,<br />

calcule o número <strong>de</strong> cromossomos encontrados em<br />

cada um dos tipos celulares abaixo.<br />

a) Oosfera.<br />

b) Célula do albúmen.<br />

c) Célula do tegumento do óvulo.<br />

d) Célula-mãe do esporo.<br />

16. Comente esta afirmação: “Nos musgos, uma divisão<br />

meiótica originará esporos, e não anterozoi<strong>de</strong>s”.<br />

17. A respeito dos esporos <strong>de</strong> briófitas e pteridófitas foram<br />

feitas as afirmações I, II, III e IV abaixo. Qual <strong>de</strong>las<br />

é verda<strong>de</strong>ira? Explique sua resposta.<br />

I. Formam estruturas diploi<strong>de</strong>s nos dois casos.<br />

II. Formam estruturas haploi<strong>de</strong>s nos dois casos.<br />

III. Formam uma estrutura haploi<strong>de</strong> nas briófitas e<br />

outra diploi<strong>de</strong> nas pteridófitas.<br />

IV. Formam uma estrutura diploi<strong>de</strong> nas briófitas e<br />

outra haploi<strong>de</strong> nas pteridófitas.<br />

18. Entre os organismos conhecidos atualmente, os mais<br />

longevos, isto é, com ciclo <strong>de</strong> <strong>vida</strong> mais longo, são certas<br />

gimnospermas encontradas no hemisfério Norte.<br />

Algumas foram estimadas em mais <strong>de</strong> 4 mil anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>. Ao verificar esses dados, um pesquisador afirmou:<br />

“Essa longe<strong>vida</strong><strong>de</strong> é conseguida, em parte, pela<br />

forma <strong>de</strong> reprodução <strong>de</strong>ssas <strong>plantas</strong> e pela presença<br />

<strong>de</strong> sistemas vasculares eficientes”. Você concorda<br />

com o pesquisador? Explique sua resposta.<br />

19.<br />

Observe o esquema abaixo.<br />

reprodução<br />

sexuada<br />

4. aclimatação<br />

3. enraizamento<br />

dos explantes<br />

angiospermas metagênese<br />

2. multipicação<br />

dos brotos<br />

micrósporos<br />

megásporos<br />

a) Localize no mapa o momento em que ocorre a<br />

meiose nessas <strong>plantas</strong>.<br />

b) Que importância tem esse fenômeno para o ciclo<br />

<strong>de</strong> <strong>vida</strong> das angiospermas?<br />

20. A ilustração abaixo representa uma técnica <strong>de</strong> propagação<br />

vegetativa <strong>de</strong>nominada “multiplicação <strong>de</strong><br />

explantes in vitro”. Nessa técnica, obtêm-se células,<br />

tecidos ou órgãos <strong>de</strong> uma planta (no caso, uma cenoura)<br />

para posterior cultivo em laboratório, em um<br />

meio <strong>de</strong> cultura apropriado. Observe a ilustração e<br />

responda ao que se pe<strong>de</strong> a seguir.<br />

1. obtenção <strong>de</strong><br />

explantes<br />

a) Que vantagens po<strong>de</strong>rão existir nessa técnica?<br />

b) O procedimento 2 da ilustração é feito em laboratório,<br />

sob condições especiais. Existe algum<br />

fenômeno natural que também gera novos indivíduos<br />

a partir <strong>de</strong> brotos? Explique.<br />

c) Você acha que essa técnica po<strong>de</strong> ser utilizada<br />

em ampla escala? Justifique sua resposta.


21. Alfredo fotografou a planta<br />

ao lado em campo, mas<br />

não soube i<strong>de</strong>ntificá-la, pois<br />

ficou em dú<strong>vida</strong> se é uma<br />

pteridófita ou uma gimnosperma.<br />

Como você po<strong>de</strong>ria<br />

i<strong>de</strong>ntificá-la? Que características<br />

em comum existem<br />

nos dois <strong>grupos</strong>? Que característica<br />

distintiva po<strong>de</strong> ser<br />

observada na fotografia?<br />

22. A tabela a seguir mostra os dados <strong>de</strong> um experimento<br />

em que uma semente foi submetida à germinação<br />

durante duas semanas. A plantinha resultante da semente<br />

foi observada durante esse período. Na tabela,<br />

A = altura da planta (cm).<br />

Dia A<br />

1 0<br />

2 0<br />

3 0<br />

4 0,7<br />

5 1,5<br />

6 1,5<br />

7 2,9<br />

Condições<br />

do meio<br />

encharcado e<br />

com pouca luz<br />

úmido e com<br />

luz indireta<br />

(6 horas)<br />

úmido e com luz<br />

direta (8 horas)<br />

úmido e com<br />

luz indireta<br />

encharcado e<br />

com pouca luz<br />

encharcado e<br />

com luz indireta<br />

úmido e com<br />

pouca luz<br />

Dia A<br />

8 2,9<br />

9 3,5<br />

10 3,9<br />

11 4,2<br />

12 4,9<br />

12 4,9<br />

14 5,5<br />

Condições<br />

do meio<br />

úmido e com luz<br />

direta (8 horas)<br />

úmido e com luz<br />

direta (8 horas)<br />

úmido e com luz<br />

direta (8 horas)<br />

úmido e com<br />

pouca luz<br />

encharcado e<br />

com muita luz<br />

encharcado e<br />

com pouca luz<br />

úmido e com<br />

luz indireta<br />

a) Indique o dia em que ocorreu a germinação da<br />

semente.<br />

b) Discuta que condição ambiental favoreceu a germinação<br />

e/ou o <strong>de</strong>senvolvimento da plantinha.<br />

c) Há alguma condição <strong>de</strong>sfavorável à germinação<br />

e/ou ao <strong>de</strong>senvolvimento da plantinha? Explique.<br />

23. O texto abaixo se refere ao potencial farmacológico<br />

das <strong>plantas</strong> medicinais brasileiras. Leia o parágrafo<br />

e faça o que se pe<strong>de</strong> a seguir.<br />

O Brasil possui cerca <strong>de</strong> 50 mil espécies <strong>de</strong> angiospermas<br />

catalogadas, o que representa aproximadamente<br />

20% do total <strong>de</strong> angiospermas do<br />

mundo todo. Uma proporção ainda<br />

<strong>de</strong>sconhecida das <strong>plantas</strong> brasileiras po<strong>de</strong> ter<br />

potencial farmacológico e ser matéria-prima para<br />

a produção dos mais variados medicamentos.<br />

Pesquisas recentes <strong>de</strong>monstraram <strong>plantas</strong> com<br />

princípios ativos em praticamente todos os<br />

biomas brasileiros, com <strong>de</strong>staque para o Cerrado,<br />

a floresta Amazônica e a Mata Atlântica.<br />

a) O texto afirma que só no território brasileiro é<br />

encontrado um quinto das espécies <strong>de</strong> angiospermas<br />

do mundo. Comente essa afirmação<br />

relacionando-a com a extensão territorial e as<br />

condições climáticas <strong>de</strong> nosso país.<br />

b) Em sua opinião, a <strong>de</strong>struição das matas nativas,<br />

seja por <strong>de</strong>smatamentos, queimadas, ocupação<br />

urbana, etc., po<strong>de</strong> alterar o pensamento contido<br />

na frase “Uma proporção ainda <strong>de</strong>sconhecida<br />

das <strong>plantas</strong> brasileiras po<strong>de</strong> ter potencial farmacológico…”?<br />

Justifique.<br />

c) Em seu ca<strong>de</strong>rno, faça uma pequena lista com<br />

<strong>plantas</strong> medicinais e suas utilizações. Se preferir,<br />

entreviste pessoas <strong>de</strong> sua família ou vizinhos<br />

para obter tais informações.<br />

24. Leia o parágrafo abaixo e observe o esquema que<br />

o acompanha. Depois, responda ao que se pe<strong>de</strong> em<br />

seu ca<strong>de</strong>rno. Note que o parágrafo contém, propositalmente,<br />

erros conceituais que serão tratados<br />

nas questões.<br />

As espermatófitas (angiospermas e<br />

gimnospermas) caracterizam-se pela presença<br />

<strong>de</strong> sementes encerradas no interior dos<br />

frutos. A dupla fecundação é um processo<br />

que ocorre entre as espermatófitas, cujo<br />

esquema é apresentado a seguir. Nesta ilustração,<br />

as flores das cicadáceas estão localizadas em<br />

estruturas <strong>de</strong>nominadas pinhões.<br />

pinha<br />

madura<br />

C<br />

semente<br />

1<br />

5<br />

2<br />

B<br />

A<br />

flor<br />

masculina<br />

flor<br />

feminina<br />

a) Reescreva o parágrafo em seu ca<strong>de</strong>rno, corrigindo<br />

os erros conceituais encontrados.<br />

b) Indique o nome das estruturas assinaladas com<br />

os números 1, 2, 3, 4 e 5.<br />

c) Faça um comentário a respeito dos processos<br />

marcados com as letras A, B e C.<br />

4<br />

3<br />

135


136<br />

Ciência, tecnologia e socieda<strong>de</strong><br />

Palha <strong>de</strong> cana po<strong>de</strong> gerar diversos produtos<br />

A fuligem que sobe ao céu durante a queima da palha<br />

da cana-<strong>de</strong>-açúcar no campo durante a colheita e<br />

pousa no chão em forma <strong>de</strong> finos flocos escuros carrega<br />

em sua composição cerca <strong>de</strong> 70 produtos químicos,<br />

prejudiciais ao ambiente pela liberação <strong>de</strong> gases que<br />

contribuem para o efeito estufa e causam sérios problemas<br />

respiratórios para a população exposta. Enquanto<br />

essa prática não é <strong>de</strong>finitivamente banida da cultura canavieira,<br />

vários <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>dicam-se a estudar<br />

fins mais nobres para esse material que tem gran<strong>de</strong><br />

potencial para geração <strong>de</strong> energia elétrica, produção <strong>de</strong><br />

biocombustível e fabricação <strong>de</strong> produtos como bioplásticos,<br />

carvão para si<strong>de</strong>rúrgicas e até cimento. As possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> aproveitamento do palhiço <strong>de</strong> cana, material<br />

que fica no campo após a colheita composto por folhas<br />

ver<strong>de</strong>s, palha e restos do caule, apontam para várias aplicações<br />

no setor produtivo. Uma das linhas <strong>de</strong> pesquisa,<br />

conduzida no Departamento <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Materiais<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Carlos (UFSCar),<br />

resultou na obtenção do carbeto <strong>de</strong> silício, um versátil<br />

material sintético, a partir da sílica da palha da cana.<br />

><br />

Canavial queimado no interior do estado <strong>de</strong> São Paulo. A queima<br />

acontece antes da colheita manual, mostrada na fotografia.<br />

Para discutir<br />

A inovação na escolha da matéria-prima e do processo<br />

utilizado para produção do carbeto <strong>de</strong> silício resultou<br />

em um pedido <strong>de</strong> patente pela universida<strong>de</strong>. Proprieda<strong>de</strong>s<br />

como excelente resistência ao <strong>de</strong>sgaste, ao choque<br />

térmico e ao ataque <strong>de</strong> ácidos permitem o emprego <strong>de</strong>sse<br />

material, que também é semicondutor, em abrasivos,<br />

na indústria <strong>de</strong> refratários, blindagem <strong>de</strong> aeronaves, microeletrônica<br />

e outras aplicações. A <strong>de</strong>scoberta surgiu<br />

como <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong> um projeto para a fabricação<br />

do carbeto <strong>de</strong> silício da palha <strong>de</strong> arroz, <strong>de</strong>senvolvido anteriormente<br />

pelo mesmo grupo <strong>de</strong> pesquisa [...].<br />

Po<strong>de</strong>r calorífico<br />

Embora ainda não se saiba exatamente o potencial <strong>de</strong><br />

geração <strong>de</strong> energia contida no palhiço, porque não existem<br />

pesquisas agronômicas apontando a quantida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong><br />

palha que <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>ixada no campo <strong>de</strong>pois da colheita,<br />

um estudo [...] mostra que é possível manter uma hidrelétrica<br />

igual à <strong>de</strong> Itaipu, em Foz <strong>de</strong> Iguaçu, funcionando durante<br />

o período <strong>de</strong> estiagem <strong>de</strong> maio a outubro apenas com<br />

a energia da biomassa do palhiço e do bagaço.<br />

Integrar a cana-<strong>de</strong>-açúcar e a pecuária em pequenas<br />

proprieda<strong>de</strong>s rurais utilizando a palha que hoje é queimada<br />

durante a colheita é a proposta [...] <strong>de</strong> uma técnica<br />

chamada <strong>de</strong> forragem ver<strong>de</strong> hidropônica, ou FVH,<br />

um processo <strong>de</strong> produção sem uso do solo. É possível<br />

colher em pouco tempo, e com baixa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

água, um volume consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> alimento <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

para animais a partir da palha da cana como substrato<br />

[...]. O objetivo da utilização da técnica é produzir<br />

gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa vegetal, <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> e<br />

em curto espaço <strong>de</strong> tempo [...].<br />

Para pequenas proprieda<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> se planta apenas<br />

cana, a proposta é utilizar também a palha em vários tipos<br />

<strong>de</strong> produtos feitos artesanalmente, como cachepôs<br />

para vasos, revestimento <strong>de</strong> garrafas, chapéus, vasos,<br />

placas e outros. Dessa forma, a palha cumpriria uma<br />

função social, gerando renda, em vez <strong>de</strong> ser queimada<br />

no campo. Várias formulações já foram testadas pelos<br />

pesquisadores em parceria com um artesão, inclusive<br />

com tingimento do material, e resultaram em produtos<br />

que po<strong>de</strong>m ser fabricados sem muita dificulda<strong>de</strong>.<br />

Er E n o, Dinorah. Revista Pesquisa Fapesp, n. 154, <strong>de</strong>z. 2008, p. 95-97.<br />

1. Extraia do texto alguns produtos tecnológicos que po<strong>de</strong>m ser obtidos da cana-<strong>de</strong>-açúcar, copiando-os em seu<br />

ca<strong>de</strong>rno. Quais <strong>de</strong>les têm aplicação direta no cotidiano das pessoas? Por quê?<br />

2. Se a palha <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser simplesmente queimada, <strong>de</strong> acordo com as tradições canavieiras ainda empregadas,<br />

que benefícios po<strong>de</strong>rão advir para o meio ambiente e para a saú<strong>de</strong> da população que é afetada pela fumaça?<br />

3. De tudo o que foi discutido no texto, qual dos produtos apresentados po<strong>de</strong>ria beneficiar economicamente<br />

populações <strong>de</strong> baixa renda? Por quê?<br />

4. Atualmente, há um <strong>de</strong>bate muito gran<strong>de</strong> sobre os biocombustíveis como alternativa para a queima da gasolina<br />

e do diesel. Qual é a sua opinião a respeito das pesquisas sobre os biocombustíveis?


geralmente<br />

encontradas<br />

em locais<br />

úmidos<br />

Questões<br />

possuem I como reserva energética e<br />

II como principal componente da<br />

pare<strong>de</strong> celular<br />

geralmente<br />

encontradas em<br />

locais úmidos<br />

e também em<br />

ambientes secos<br />

Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> conceitos<br />

são classificadas em<br />

possuem a<br />

semente como<br />

no<strong>vida</strong><strong>de</strong><br />

evolutiva<br />

são organismos I , II e III<br />

briófitas pteridófitas gimnospermas angiospermas<br />

representadas<br />

por<br />

representadas<br />

por<br />

PLANTAS<br />

geralmente<br />

encontradas<br />

em locais<br />

representadas<br />

por<br />

possuem<br />

gran<strong>de</strong>s<br />

no<strong>vida</strong><strong>de</strong>s<br />

evolutivas<br />

como<br />

B e C<br />

representadas<br />

por<br />

formam<br />

o maior<br />

grupo <strong>de</strong><br />

<strong>plantas</strong><br />

antóceros licopodíneas cicadáceas eudicotiledôneas<br />

hepáticas equisetíneas<br />

gnetáceas<br />

gingkoáceas<br />

musgos filicíneas coníferas<br />

A<br />

magnolií<strong>de</strong>as<br />

monocotiledôneas<br />

1. Escreva em seu ca<strong>de</strong>rno as características representadas por I, II e III. Essas características são<br />

exclusivas do grupo das <strong>plantas</strong>? Justifique.<br />

2. Que palavras substituem I e II? Escreva-as em seu ca<strong>de</strong>rno.<br />

3. Que tipos <strong>de</strong> ambiente po<strong>de</strong>m substituir a letra A? Esses ambientes existem no Brasil? Explique.<br />

4. Quais no<strong>vida</strong><strong>de</strong>s evolutivas, representadas por B e C, aparecem nas angiospermas?<br />

5. Agora é a sua vez <strong>de</strong> fazer um resumo: proponha, em seu ca<strong>de</strong>rno, um quadro que relacione semente,<br />

sistema vascular, esporo e fruto em função dos <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> <strong>plantas</strong> estudados.<br />

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