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Este livro foi digitalizado por Raimundo do Vale Lucas ... - OpenDrive

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O italiano media a fita para Dona Sinhá, de vista baixa. Estava com mê<strong>do</strong> da fala <strong>do</strong> mestre José Amaro. no<br />

Antônio Silvino nertur aXva o mascate. Uma vez êle ia pela mata <strong>do</strong> Rôlo quan<strong>do</strong> se viu cerca<strong>do</strong>. Era o ban<strong>do</strong><br />

de Antônio Silvino. Os cangaceiros mandaram que abrisse as malas e lhe tiraram to<strong>do</strong>s os anéis de ouro<br />

americano.<br />

É verdade que pagaram, mas lhe fizeram tanto mê<strong>do</strong>. O Capitão o chamou de parte para saber se não tinha<br />

encontra<strong>do</strong> tropa de solda<strong>do</strong> pelo caminho. Era um homem branco, bonito, de bigodes pretos. Gritou para o<br />

mascate, ameaçan<strong>do</strong> de surra se não quisesse contar o que sabia sôbre os solda<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong> o mestre falou em<br />

Antônio Silvino, Pascoal calou-se, e <strong>foi</strong> tratan<strong>do</strong> de arrumar os seus trastes. A mulher <strong>do</strong> seleiro pagou-lhe e ele<br />

arrumou-se para sair quan<strong>do</strong> apareceu na estrada José Passarinho, velho negro que vivia constantemente<br />

embriaga<strong>do</strong>.<br />

-Bom dia, pessoal <strong>do</strong> bom Deus. E voltan<strong>do</strong>-se para o mestre:<br />

-Então, mestre Zé, está enchen<strong>do</strong> a barriga dêste gringo?<br />

O italiano enfureceu-se:<br />

-Cala a bôca, <strong>por</strong>co.<br />

-Porco é a tua mãe, filho de uma égua.<br />

Mas Passarinho não se deu <strong>por</strong> acha<strong>do</strong>:<br />

-Quem me vinga é o Capitão Antônio Silvino. Estão dizen<strong>do</strong> <strong>por</strong> aí que tu anda dan<strong>do</strong> aviso à tropa.<br />

-Peste, negro miserável.<br />

-Eita, que o bicho está brabo. O italiano pegou num pau para correr o negro.<br />

-Está fazen<strong>do</strong> coisa de menino, Seu Pascoal? Dan<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> a Passarinho?<br />

0 cavalo carrega<strong>do</strong> ia deixan<strong>do</strong> o terreiro e o mestre José Amaro gritou para o mascate<br />

-Se encontrar o Capitão, diga que voto nêle.<br />

José Passarinho sentou-se no chão. Tinha os olhos vermelhos, um trapo imun<strong>do</strong> como roupa, os pés comi<strong>do</strong>s de<br />

frieira.<br />

-Mestre Zé, a coisa no Pilar está pegan<strong>do</strong> fogo. Seu Vitorino já an<strong>do</strong>u ontem <strong>por</strong> lá, com uma praça atrás dêle<br />

como ordenança. Está dizen<strong>do</strong> que o Dr. Juiz quer botar o Major Quinca Napoleão na cadeira, <strong>por</strong> causa da<br />

<strong>por</strong>rada que deram na cabeça <strong>do</strong> velho. Ó velho <strong>do</strong>i<strong>do</strong>, dana<strong>do</strong>! Êle estava dizen<strong>do</strong> na <strong>por</strong>ta da cadeira que cosia<br />

gente na faca. Está de punhal, mostran<strong>do</strong> a to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

O mestre José Amaro trabalhava silencioso. José Passarinho parou de falar. Com pouco mais, <strong>do</strong>rmia estira<strong>do</strong><br />

na sombra da pitombeira. O bode chegou-se para perto, cheirou a cabeça <strong>do</strong> negro e <strong>foi</strong> andan<strong>do</strong>.<br />

Pela estrada de de vez em quan<strong>do</strong> passava gente que dava o seu bom-dia ao mestre. Na sua frente o negro,<br />

estira<strong>do</strong> de papo para cima, roncava. Môscas vinham pousar <strong>por</strong> cima dêle como em couro verde estendi<strong>do</strong>. O<br />

mestre escutava o chôro de sua filha lá para dentro. Chamou pela mulher. Q <strong>do</strong> aquilo.<br />

-Tu ainda pergunta, homem para ela sem precisão?<br />

-Eu dei pancada naquela par ti naquela leseira?<br />

A velha Sinhá não lhe deu res] mais chamou-o em voz alta<br />

-Zeca, vem comer.<br />

A tarde o mestre escutava o o bico nos estalos. Tu<strong>do</strong> era mai bran<strong>do</strong>, o vento calmo, e as fôlha a brisa. Onegro<br />

Passarinho ronc na égua velha, no passo manso, da<br />

Cunha<br />

-Muito bom dia, meu compa -Por que não apeia, compadi -Estou com pressa. E a obr -Tu<strong>do</strong> no mesmo. Pode<br />

amar Nunca se vira tamanha delica padre. Ooutro chegou-se<br />

para 2 rete. Estava com a marca <strong>do</strong> fer direito incha<strong>do</strong>, com derrame ve<br />

-Pois Seu Mestre-<strong>foi</strong> falan podem com o velho. OQuinca N - mê<strong>do</strong> de careta e man<strong>do</strong>u me agi comigo tinha<br />

vin<strong>do</strong> <strong>do</strong> sertão coi estas mãos que o compadre este chão. Ainda<br />

acertei uma tapona da Cunha acode a to<strong>do</strong> chama<strong>do</strong> migo. ODr. Samuel abriu pro, Doutor, não precisa nada<br />

disto. não precisa da lei para se impe OQuinca Napoleão<br />

já man<strong>do</strong>u Ferreira de Serrinha falar com cesso. Eu disse a Manuel Ferrei Manuel Ferreira, era homem de <strong>do</strong><br />

que não pagava a ninguém e<br />

Êle quis falar grosso comigo. Mas comigo é ali na direita. Fui logo botan<strong>do</strong> para fora tu<strong>do</strong> o que sentia.<br />

Compadre sabe que Vitorino Carneiro da Cunha não espera para falar. E disse para êle : "Manuel Ferreira, diga<br />

ao Quinca Napoleão que eu não estou rouban<strong>do</strong> terra. Tenho um filho na Marinha, e tenho êste punhal para<br />

furar barriga de cabra safa<strong>do</strong>".

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