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Janeiro/2002<br />
Janeiro/2002<br />
A evolução dessas distorções sociais, ao longo<br />
da história brasileira, e a organização social brasileira,<br />
atual, enriquecerão os conhecimentos dos estudantes e<br />
poderão levá-los a elaborar hipóteses <strong>para</strong> a superação<br />
dos problemas.<br />
♦ do estudo com<strong>para</strong>tivo entre a nossa sociedade e<br />
as sociedades avançadas, que conquistaram um<br />
Estado de bem-estar social, a partir da instituição<br />
de sistemas democráticos e reformas sociais<br />
profundas no campo e na cidade (Estados Unidos,<br />
Suécia, Noruega, Dinamarca, França, Inglaterra,<br />
Bélgica, Austrália, Canadá, Japão e mais<br />
recentemente os Tigres Asiáticos, entre outros).<br />
Será extremamente motivador, no estudo de problemas<br />
ligados à miséria e à exclusão social brasileiras,<br />
levar os alunos a pesquisar sociedades afluentes do mundo<br />
contemporâneo <strong>para</strong> descobrir a maneira pela qual<br />
essas nações, conseguiram superar sérias distorções sociais<br />
comuns em países latino-americanos, africanos e<br />
asiáticos.<br />
Essa análise, contribuiria <strong>para</strong> a discussão de<br />
uma série de meias verdades, entre as quais, a celebre<br />
“teoria da dependência” através da qual algumas correntes<br />
tentam demonstrar que dificuldades sócioecononômicas,<br />
latino-americanas, em geral, e do Brasil,<br />
em particular, sempre estiveram condicionadas à expansão<br />
econômica de países desenvolvidos, esquecendo-se<br />
de que muitos dos problemas latino-americanos<br />
decorreram da falta de democracia, de políticas equivocadas<br />
das elites dominantes, nos diversos períodos históricos<br />
nos países do Continente, e da extrema burocracia<br />
e regulamentações econômicas, travando o desenvolvimento<br />
dessas nações, ao longo da História, fossem<br />
quais fossem suas colorações ideológicas. A análise<br />
das conquistas econômico-sociais das grandes nações<br />
do globo ajudaria, sobremaneira, na compreensão das<br />
dificuldades latino- americanas.<br />
O estudo da escravidão, responsável pelo atraso<br />
econômico-social do país, deixando marcas indeléveis<br />
na sociedade brasileira – racismo e preconceito, que<br />
determinam dificuldades de ascensão social do negro<br />
decorrentes de discriminação no mercado de trabalho,<br />
exclusão social, marginalização, etc. O estudo de suas<br />
organizações e de suas lutas, <strong>para</strong> alcançarem plena<br />
igualdade de direitos, hoje, mostra-se relevante.<br />
A pesquisa sobre a escravidão e a discussão em<br />
classe, sobre a questão do preconceito racial existente<br />
no Brasil, seria o ponto de partida <strong>para</strong> o estudo da<br />
escravidão (indígena e negra), durante os diversos períodos<br />
da História Brasileira, culminando com a abolição<br />
dos escravos, realizada sem a preocupação de integrar<br />
o negro à sociedade, mantendo-o tão excluído, socialmente,<br />
quanto o foram enquanto escravos, fato que<br />
se agravaria com a permanência de uma mentalidade<br />
preconceituosa, entre vastas parcelas da população branca,<br />
que, ainda se manifesta em numerosas camadas, nos<br />
dias que correm.<br />
A luta das entidades ligadas aos movimentos<br />
negros e suas conquistas poderão levar o aluno ao conceito<br />
de cidadania e ganhar um batalhador a mais na<br />
busca da igualdade de direitos entre os vários segmentos<br />
desfavorecidos da sociedade brasileira.<br />
♦ O estudo das lutas pelos direitos da mulher, ao<br />
longo de nossa história, e as conquistas obtidas.<br />
A pesquisa da condição da mulher, na atualidade,<br />
incorporando-se em todos os setores da vida brasileira,<br />
deve ser acompanhada do estudo de sua situação<br />
social nos vários períodos históricos brasileiros <strong>para</strong><br />
que o aluno seja levado a avaliar o quanto elas tiveram<br />
de lutar <strong>para</strong> superar discriminações sociais de todo<br />
tipo, ao longo de nossa história. O professor de literatura<br />
poderá sugerir um estudo sobre mulheres, entre as<br />
quais as personagens do livro “A Moreninha”, além de<br />
Moema, Iracema, Capitu, Marília de Dirceu, Luzia<br />
Homem, etc.. Uma investigação sobre pioneiras: Ma-<br />
Projeto<br />
Projeto<br />
Pedagógico<br />
edagógico<br />
5- 5- Algumas Algumas reflexões reflexões sobre sobre o o Ensino Ensino de de História História do do Brasil<br />
Brasil<br />
ria Quitéria, Ana Nery, Chiquinha Gonzaga, entre<br />
outras personagens femininas de destaque em nossa História,<br />
contribuirá <strong>para</strong> o enriquecimento discente, que,<br />
com certeza, ignora a luta feminina <strong>para</strong> se afirmar como<br />
membro atuante de nossa sociedade.<br />
Do ponto de vista econômico é de fundamental<br />
importância:<br />
♦ O estudo, não-sectário, do neoliberalismo,<br />
globalização, relações econômica e<br />
interdependência entre o Brasil e demais países<br />
do globo; o estudo da evolução econômica do<br />
Brasil, enfatizando sua marginalização, à época<br />
da segunda revolução industrial do início do século<br />
XIX, provocando o atraso industrial brasileiro,<br />
a duras penas superado nas quatro últimas<br />
décadas.<br />
O neoliberalismo é um tema que, hoje, perpassa<br />
pelas matérias jornalísticas, jornais televisivos, obras acadêmicas<br />
e quejandos. Quando estudado no ensino fundamental<br />
e no ensino médio, é oferecida aos alunos a<br />
oportunidade de discutir suas várias facetas, através de<br />
variados instrumentos de análise ou é estudada à luz de<br />
uma única interpretação, geralmente, vinculada a determinada<br />
corrente ideológica?<br />
Aqui, mais uma vez a volta ao passado, ou seja,<br />
o estudo do liberalismo seria dos mais elucidativos.<br />
Uma segunda questão, no estudo do liberalismo,<br />
seria a maneira como e quando foi inserido na vida<br />
brasileira, após a Revolução Francesa e Revolução Industrial.<br />
Esse fato ensejaria o estudo das lutas pela Independência<br />
política, com realce <strong>para</strong> a Inconfidência<br />
Mineira de l789, com sua conotação nitidamente política<br />
e a Baiana de 1798, com sua conotação social, nos<br />
fins do período colonial e a Independência no 7 de<br />
setembro de 1822.<br />
O estudo do neoliberalismo remeteria o professor<br />
à questão da globalização, tema recorrente nos dias<br />
que correm e seu caráter quase irreversível, num mundo<br />
dominado pela informação instantânea e elevada<br />
tecnologia. Mais uma vez, mostra-se fundamental levar<br />
o aluno a compreender seus aspectos positivos e negativos,<br />
evitando o mestre, fórmulas prontas e dogmáticas a<br />
respeito desse processo. A com<strong>para</strong>ção entre a posição<br />
dos operários frente às máquinas, durante a Segunda<br />
Revolução Industrial e os movimentos antiglobalização,<br />
nos dias que correm, forneceria rico material <strong>para</strong> a<br />
reflexão do aluno sobre o tema.<br />
A pesquisa e discussão sobre a indústria brasileira<br />
na atualidade, possibilitaria, mais uma vez, a volta<br />
ao passado, mormente as dificuldades de inserção do<br />
Brasil na “era da máquina”, nos fins do século XIX..<br />
A leitura por parte dos professores do livro “Mauá<br />
Empresário do Império” de Jorge Caldeira ( Companhia<br />
das Letras, 1995) explica, com muita clareza, a<br />
luta de Mauá pela industrialização do Brasil no século<br />
21<br />
21<br />
XIX e os óbices impostos pela elite rural brasileira.<br />
A QUESTÃO METODOLÓGICA NO<br />
TRATAMENTO DOS TEMAS<br />
É óbvio que não se pode desenvolver a mesma<br />
História do Brasil nos diversos Ciclos do Ensino Básico.<br />
Tem-se de levar em consideração a faixa etária a<br />
que ela se destina.<br />
Assim, tudo que foi exposto, anteriormente, pode<br />
e deve ser desenvolvido com os alunos do Ciclo II do<br />
Ensino Fundamental e Ensino Médio, resguardandose,<br />
evidentemente, suas pertinentes graduações. Não é<br />
o caso das primeiras etapas do Ciclo I.<br />
Com as crianças do Ciclo I, deve-se levar em<br />
consideração os aspectos lúdicos, pitorescos e, até mesmo,<br />
os fantásticos, que povoam suas mentes. Não se<br />
pode imaginar “sociologizantes” interpretações históricas<br />
<strong>para</strong> essa faixa etária. É possível fazê-las entrar<br />
em contato com aspectos sociais, econômicos, políticos<br />
e culturais atuais, por meio de entrevistas com populações<br />
pobres, empresários, negros entre outros segmentos<br />
sociais, em um primeiro contato com a realidade<br />
que os cerca.<br />
Porém, <strong>para</strong> introduzi-las no passado, será fundamental<br />
levá-las a conhecer aspectos da vida cotidiana<br />
dos brasileiros nos diversos séculos de nossa civilização:<br />
o que pensavam acerca de numerosas questões do<br />
dia-a-dia? Como produziam aquilo que lhes permitia a<br />
sobrevivência em meio inóspito como no Brasil dos primeiros<br />
séculos? Como os diversos segmentos sociais<br />
relacionavam-se entre si e com os habitantes da terra,<br />
os indígenas? Como deram-se as relações entre os brancos<br />
das diversas classes sociais com indígenas e negros<br />
escravos? De que maneira, índios e negros marcaram a<br />
civilização brasileira?<br />
Tudo isso permitirá uma visão concreta de nossos<br />
primeiros habitantes.<br />
Dir-se-ia, portanto, que, <strong>para</strong> essa faixa etária,<br />
seria fundamental a visão de quadros ou cenas específicas<br />
da vida política, social, econômica e cultural da Colônia,<br />
Império e República. Para isso, textos de autores<br />
da época, pesquisa iconográfica em revistas e jornais<br />
não são difíceis de obter. Por outro lado, a leitura<br />
de obras históricas infanto-juvenil e <strong>para</strong>-didáticas de<br />
História do Brasil, produzirão, além de novos leitores,<br />
no contexto literário, uma curiosidade por fatos históricos,<br />
que se aprofundarão nos Ciclos II e Ensino Médio.<br />
Como se vê, não se trata de se ensinar uma História,<br />
apenas, com base em datas, fatos e heróis brasileiros,<br />
comum, entre os professores do Ciclo I, mas<br />
dotar a criança de uma visão, mais próxima possível do<br />
país, por meio das formas de vida e pensamento dos<br />
brasileiros nas diversas épocas. Visão histórica am<strong>para</strong>da<br />
pela constante mediação do tempo e espaço históricos.<br />
Assim, professor algum do Ciclo I deveria trabalhar<br />
História do Brasil, sem as suas respectivas Linhas<br />
do Tempo e mapas históricos, a fim de que possa<br />
levar os alunos a localizar fatos e datas fundamentais da<br />
História brasileira e o espaço em que eles se deram,<br />
conteúdos esses, que os estarão pre<strong>para</strong>ndo <strong>para</strong> etapas<br />
mais complexas de estudo.<br />
Anda muito em voga a idéia de que os conhecimentos<br />
dos alunos devem ser por eles construídos.<br />
Qualquer conhecimento é construído pelo aluno, posto<br />
que, seja qual for a metodologia empregada pelo professor,<br />
o aprendizado é sempre uma construção de quem é<br />
levado a fazê-lo. Não fosse assim, os alunos deixariam a<br />
escola nas mesmas condições em que entraram, o que é<br />
absolutamente falso.. O que ocorre é uma construção<br />
de conhecimentos por parte dos alunos, de maior ou<br />
menor qualidade, dependendo de quem ministra o ensino.<br />
No caso específico do ensino de História do<br />
Brasil, como em outras disciplinas, vários elementos<br />
entram nessa construção do conhecimento histórico.<br />
Ainda que se deva partir da realidade que cerca o alu-