38 38 Projeto Projeto Pedagógico edagógico Orientação aos Dirigentes de Ensino e aos das Unidades <strong>para</strong> o Projeto Pedagógico 2002 1- Educador: um ser organizado 2- O papel do Dirigente no Sistema 3- O papel da Direção no Projeto Pedagógico eno Plano Escolar 4- O papel do Professor-Coordenador no Processo Pedagógico 5- Relação professor-aluno: disciplina e saber novo 6- Conselho de Classe, Série e Termo: um espaço de avaliações e decisões coletivas 7- Como tornar as reuniões mais produtivas 8- Gestão Democrática no Ensino Público Janeiro/2002 Janeiro/2002
Janeiro/2002 Janeiro/2002 “Num relógio, uma peça é o instrumento que move outras peças, mas uma roda não é causa efetiva da produção das outras. Não há dúvida que uma parte existe por causa das outras, mas não existe por meio dessas outras peças. Nesse caso, a causa produtora das peças e de sua forma não está contida na natureza (do material), mas lhe é externa, num ser que pode produzir efeitos, de acordo com as idéias de um todo possível por meio de sua causalidade. Uma roda de relógio não produz outras rodas, e, muito menos, um relógio produz outros, utilizando (organizando) material estranho <strong>para</strong> esse fim; nem substitui em si mesmo peças de que tenha sido privado, nem se<strong>para</strong> o que falta numa primeira formação pela adição de peças faltantes, nem se conserta por si quando acaso se desarranja - coisas todas que, ao contrário, podemos esperar da natureza organizada. Um ser organizado não é pois uma simples máquina, porque essa tem apenas força motriz e aquele possui em si força “formadora” de uma espécie que se propaga por si aos seus materiais, embora estes não a possuam por si; organiza-os, de fato, e isso não se explica pela mera faculdade de mecânica de movimento”. Educador, como ser organizado, vamos refletir, coletivamente, sobre a escola: suas relações, o papel dos membros da comunidade escolar e sobre a gestão propriamente dita. BIBLIOGRAFIA KANT, Emmanuel - O pensamento vivo de Kant - organizado por Julien Benda - São Paulo, USP, 1976 Projeto Projeto Pedagógico edagógico 1- 1- Educador: Educador: um um ser ser organizado organizado 2- 2- O O papel papel do do Dirigente Dirigente Regional Regional no no Sistema Sistema Educacional Educacional O PAPEL DO DIRIGENTE REGIONAL DE ENSINO NO PROCESSO PEDAGÓGICO A função de Dirigente Regional de Ensino é, por muitas razões, extremamente espinhosa. Trata-se de trabalho relacionado a tudo o que diz respeito às escolas, hoje, bastante numerosas em sua DE. Entendemos que, se o sistema fosse, realmente, descentralizado, as DEs disporiam de todas as condições materiais e humanas <strong>para</strong> responsabilizar-se por um ensino de qualidade. Gozariam de ampla autonomia administrativo-financeira, o que significaria contar com orçamento próprio, capaz de atender às unidades escolares, tanto no que diz respeito as suas necessidades materiais urgentes, não cobertas pelas verbas tradicionais (DMPP e Material de Consumo), como <strong>para</strong> a estruturação das Oficinas Pedagógicas com recursos necessários <strong>para</strong> o treinamento de pessoal(ainda que alguns sejam realizados). Assim, a infra-estrutura material e humana das DEs, em razão da inexistência de autonomia e orçamento próprios, é das mais precárias. Os recursos financeiros são restritos e as condições de trabalho nas DEs muito se assemelham às das unidades estaduais: faltam verbas <strong>para</strong> atender às emergências, nas escolas e na própria DE, ídem <strong>para</strong> tocar as Oficinas Pedagógicas (a maior parte delas absolutamente defasadas) e treinamentos de pessoal, dificuldades <strong>para</strong> alocar professores de alto nível <strong>para</strong> essas mesmas oficinas e, até mesmo, funcionários. E, se considerarmos, que as Oficinas poderiam prestar serviço inestimável na capacitação de professores e gestores, observamos o quanto de prejuízos advêm dessa precária infra-estrutura, <strong>para</strong> o ensino público? Por tudo isso, é comum pensar-se no Dirigente de Ensino (às vezes equivocadamente), como o grande burocrata do sistema. Entretanto, não parece ser esse o papel que um verdadeiro e democrata Dirigente, envolvido com a cidadania e melhoria da qualidade de ensino em sua jurisdição, deva representar. Dir-se-ia que o eficiente Dirigente de Ensino (e existem muitos) representa, em sua DE, o que o bom diretor representa em sua unidade. Da mesma forma que, uma boa escola é a cara do diretor, uma DE, que possua boas escolas, no seu conjunto, estaria revelando a do seu Dirigente. Para que isso se constitua em verdade <strong>para</strong> todas as DEs, seria preciso que, antes de tudo, o Dirigente fosse um profissional, imbuído de princípios educacionais básicos, consubstanciados: 1- NA POSTURA DEMOCRÁTICA Ter postura democrática junto aqueles que lhe estão mais próximos, administrando, conjuntamente, os fatos educacionais de sua DE, após amplo e contínuo diálogo educacional, em reuniões com diretores, vice-diretores, supervisores e professores-coordenadores. Postura democrática, entretanto, não significa compactuar com omissões dos gestores desta ou daquela escola ou deste ou daquele supervisor. Todavia, essas omissões, não podem ser tratadas, pelo Dirigente, por meio de sistemáticas recriminações aos profissionais como soe acontecer em algumas DEs, mas através do diálogo particular e franco, no qual o Dirigente daria provas de sua competência educacional, orientando aqueles que, muitas vezes, por desconhecimento, inexperiência e boa fé, cometem transgressões ou não conseguem levar adiante um trabalho de qualidade (Não é, porventura, pelo diálogo democrático que muitos diretores conseguem transformar suas escolas em centros de excelência?). Assim, como defendemos que diretores de escolas estimulem quaisquer realizações de alunos, professores, e funcionários, a fim de elevar-lhes a auto-estima e o entusiasmo <strong>para</strong> o trabalho educacional e, conseqüentemente, sua eficiência e produtividade, sustentamos, também, no âmbito das Des, que seus Dirigentes, devam ter a mesma conduta <strong>para</strong> com os que consigo trabalham. Ações intempestivas contra diretores, vices, supervisores, professores-coordenadores, por esta ou aquela falha, só podem provocar desânimo, desesperança e uma visão pessimista da educação pública. E isso ocorre nas DEs em que o Dirigente mostra-se insensível <strong>para</strong> com os problemas, eventualmente, vividos pelas escolas. E o resultado é, quase sempre, não conseguir a elevação da qualidade de ensino nas unidades dos recriminados. 2- NO DESEJO DE REALIZAR O TRABALHO COLETIVO NO ÂMBITO DE SUA DIRETORIA REGIONAL DE ENSINO Trabalho Coletivo, no âmbito das DEs, no qual as decisões que interessam à melhoria da qualidade de ensino sejam o resultado de amplas discussões e consenso entre os interessados (supervisores, diretores, vice-diretores, professores-coordenadores), que, se bem encaminhados, fariam com que todos se comprometessem a cumprir metas estabelecidas pelo coletivo das DEs. Nesse aspecto, é muito estranho 39 39