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Joana Stelzer - O DIREITO ECONÔMICO - Conpedi

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Esgotado o paradigma jurídico-político liberal-individualista revolucionário[15]<br />

conforme ao modelo jusnaturalista de Locke[16] e Hobbes,[17] disseminado no<br />

Constitucionalismo do Séc. XVIII até meados do Séc. XX, e delimitador do Estado<br />

politicamente organizado e respeitador das liberdades e garantias individuais, ainda,<br />

conforme aos ditames da divisão dos poderes, sistema de freios e contrapesos e outras<br />

garantias impedientes da espoliação do cidadão e de sua liberdade no contexto social;<br />

surgiu a necessidade de novo condicionamento jurídico-formal voltado para disciplina<br />

da ação do homo oeconomicus protegendo, sim, suas liberdades econômicas como,<br />

também, segundo as exigências do contexto social. Já, no início do Séc. XX, pareceu<br />

notório que as disposições normativas napoleônicas de cunho individualista, e mesmo<br />

estruturadas sob a ação judicativa - Jurisprudence, não se apresentavam próprias ante a<br />

complexidade dos fenômenos sócio-econômicos verificados em mercado. Em especial,<br />

no desenvolver do capitalismo, como sistema econômico estruturado em economia de<br />

mercado de livre concorrência, se tornou imprescindível, além da tradicional ordenação<br />

jurídica garantidora da segurança e certeza tão necessárias aos propósitos expansionistas<br />

do capital, específico ramo jurídico ocupado com a regulatividade dos mercados e a<br />

ação dos agentes econômicos privados e Estatais. Mormente, depois da Primeira Grande<br />

Guerra, se verificou intenso movimento para a consolidação do Direito Econômico, em<br />

virtude da racionalização nos processos de produção, distribuição, circulação e consumo<br />

dos escassos recursos de forma coativa e coordenada pelos Estados. A economia de<br />

reconstrução do entre-guerras levou os diversos países vencedores, no Tratado de<br />

Versalhes, a instituírem medidas de caráter econômico fortalecedoras da ação estatal,<br />

porém, divergentes da ação estatizante e totalizadora de países como a Rússia, a Itália e<br />

a própria Alemanha; fato que levou ao segundo conflito mundial.<br />

A Ciência Econômica, então, passou a oferecer, para o discurso jurídico, o<br />

instrumental metodológico delimitador e orientador das políticas econômicas através do<br />

emprego de seus métodos de forma a elucidar a realidade social enquanto que, ao<br />

Direito, ainda, coube a tarefa de estipular o justo social; ambos, voltados à consecução<br />

das políticas Estatais. Tratou-se, pois, definitivamente, de abandonar o laissez faire em<br />

função do chamado Welfare State[18] e da intervenção do Estado, organizando-se e<br />

programando-se a ação econômica de resultados. O Direito, de controlador social,<br />

passou a verdadeiro estimulador e indicador da atividade econômica, através de normas<br />

quadro, programáticas, indicativas e delimitadoras dos objetivos desenvolvimentistas<br />

nacionais sendo superado o modelo jurídico clássico, que, embora não abandonado,<br />

resultou moderno e aperfeiçoado para as novas realidades.<br />

O Estado, pela ação de seus dirigentes, adquiriu papel predominante e ativo no<br />

direcionamento racional da economia, assim como, intensificou seu próprio atuar como<br />

agente econômico, regulador e indicador das atividades dos particulares - era a<br />

institucionalização do intervencionismo estatal. Já não havia mais espaço para o agir<br />

econômico-libertário exclusivo aos moldes da mão invisível de Adam Smith e; sim, a<br />

necessidade da doutrina econômica que, para além do liberalismo do próprio Smith, de<br />

John Locke e de David Hume, estimulasse a interação entre o justo inerente ao Direito e<br />

o útil próprio da concepção economicista de Jeremy Bentham e de John Stuart Mill.<br />

Nos Estados Unidos da América, v.g. depois de 1933, com a instalação do New<br />

Deal, o intervencionismo passou a ser a prática estatal. O Realismo Jurídico abandonou<br />

o estreito caminho da jurisprudência não questionada e própria do extremismo da<br />

insegurança dos julgados[19], ocasionando, não raras vezes, arbitrariedade por parte dos<br />

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