Participação Comunitária em Projetos de Desenvolvimento ... - Anpad
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De acordo com Putnam (2000), essas organizações básicas da vida social são<br />
essenciais para o estabelecimento <strong>de</strong> normas e padrões comuns, para a promoção <strong>de</strong> confiança<br />
social e interpessoal e, no final, para o crescimento do engajamento cívico. A suposição<br />
básica <strong>de</strong> Putnam é que m<strong>em</strong>bros <strong>de</strong> associações tend<strong>em</strong> a ser política e socialmente mais<br />
ativos, dando apoio às normas d<strong>em</strong>ocráticas.<br />
Por muitos anos, a pequena produção agrícola e as relações sociais no campo foram<br />
vistas como obstáculos ao <strong>de</strong>senvolvimento. Contudo, mais recent<strong>em</strong>ente, quando se<br />
consi<strong>de</strong>ra a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> redução das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais, passou-se a reconhecer o<br />
impacto potencial da reforma agrária diante da questão do <strong>em</strong>prego e, <strong>em</strong> particular, do<br />
<strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego urbano e metropolitano. A retenção da população nas áreas rurais diminui a<br />
pressão sobre a oferta <strong>de</strong> trabalho nos centros urbanos e é uma condição para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma agricultura sustentável por meio do acesso a terra e da agricultura<br />
familiar (ABRAMOVAY, 1992.).<br />
Os projetos, programas ou iniciativas individuais que <strong>de</strong>ram certo no Bairro pod<strong>em</strong><br />
estabelecer el<strong>em</strong>entos que represent<strong>em</strong> um suporte para a elaboração das próximas<br />
experiências e uma relação harmônica entre exploração econômica com o respeito ao<br />
histórico da localida<strong>de</strong>. “O melhor <strong>de</strong> tudo é não ter que recomeçar tudo <strong>de</strong> novo, mas<br />
sim continuar da on<strong>de</strong> agente parou! (M 6)”.<br />
A comunida<strong>de</strong> é o local on<strong>de</strong> os sujeitos <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> a maioria <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s<br />
criativas e produtivas. Desta maneira, comunida<strong>de</strong>s organizadas e com bom nível <strong>de</strong><br />
informação pod<strong>em</strong> contribuir favoravelmente <strong>em</strong> <strong>de</strong>cisões que lhe afetam diretamente,<br />
<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhando um importante papel na criação <strong>de</strong> uma formação segura e sustentável.<br />
Análise da Pesquisa<br />
Na pesquisa torna-se evi<strong>de</strong>nte que políticas públicas <strong>de</strong>senhadas para a promoção do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento humano <strong>de</strong>v<strong>em</strong> não apenas se dar <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scentralizada, permitindo o<br />
maior controle social, como <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar focadas, essencialmente, no “local” on<strong>de</strong> se dá à vida<br />
cotidiana concreta. Como local, entend<strong>em</strong>os não somente um espaço geograficamente<br />
<strong>de</strong>finido seja um bairro, um município ou uma microrregião, mas como um espaço <strong>em</strong> que<br />
exist<strong>em</strong> relações sociais entre os diversos atores, que o habitam.<br />
A cooperação entre os diversos atores seja na elaboração <strong>de</strong> uma visão estratégica ou<br />
na impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> ações concretas, é o el<strong>em</strong>ento chave neste processo. Isso exige novas<br />
formas e instrumentos para relacionar os diversos atores e capacitá-los <strong>em</strong> gerenciar processos<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>em</strong> conjunto.<br />
Ampliar a eficiência e a eficácia dos espaços <strong>de</strong> gestão participativa supõe ainda<br />
romper a burocracia estatal, que ainda faz<strong>em</strong> do saber técnico um muro intransponível <strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>r e romper a tendência <strong>de</strong> limitar a participação aos assuntos periféricos, dispersando-a<br />
<strong>em</strong> inúmeros espaços <strong>de</strong> um assistencialismo segmentado, transformar experiências pilotos,<br />
como a dos Marins com processos participativos <strong>em</strong> políticas públicas.<br />
A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> diálogo e negociação numa mesma reunião, envolvendo interesses e<br />
pontos <strong>de</strong> vista muito distintos e mesmo antagônicos t<strong>em</strong>-se mostrado um <strong>de</strong>safio difícil <strong>de</strong><br />
superar <strong>em</strong> diversas comunida<strong>de</strong>s que promov<strong>em</strong> espaços <strong>de</strong> gestão e <strong>de</strong>cisão compartilhada<br />
com a socieda<strong>de</strong> porque pelo lado do po<strong>de</strong>r público, isso implica <strong>em</strong> mudanças na direção <strong>de</strong><br />
estabelecer procedimentos mais eficientes e novas formas <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> trabalho, que<br />
aumentam a sua capacida<strong>de</strong> <strong>em</strong> criar as condições básicas para o <strong>de</strong>senvolvimento local.<br />
Verificou-se ainda que a participação se torna mais sustentável, quando ela não se<br />
restringe a processos <strong>de</strong> consultas, ou uma participação pontual, mas se é um el<strong>em</strong>ento<br />
constituinte do cotidiano.<br />
Algumas avaliações apontam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma maior institucionalização como<br />
garantia da continuida<strong>de</strong> e da consolidação do processo comunitário participativo. Também a<br />
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