<strong>NewsLab</strong> - edição 65 - 2004 127
Gram positivos, o Staphylococcus aureus foi a espécie mais freqüentemente isolada neste estudo (43,3%). Analisando o perfil de <strong>resistência</strong> das 61 cepas de Staphylococcus aureus isoladas neste estudo, constatamos <strong>resistência</strong> à oxacilina em 7 cepas (11,5%). Estudando melhor estes pacientes, foi possível constatar que todos eles haviam passado por internações uma ou mais vezes nos últimos seis meses e alguns deles estavam usando antibiótico no momento da coleta. Pseudomonas aeruginosa são bacilos Gram negativos não fermentadores de glicose, que desempenham importante papel nas infecções nosocomiais. Estas bactérias são comumente isoladas de pacientes com pneumonias em hospitais da América Latina (12). Em geral, cepas de Pseudomonas aeruginosa apresentam uma boa suscetibilidade frente aos carbapenêmicos, amicacina, cefepime e ceftazidima (3, 12). Dentre os não fermentadores, a única espécie isolada foi a Pseudomonas aeruginosa em 14,9% dos pacientes. Esta espécie bacteriana tem sido isolada de úlceras infectadas graves e profundas, muitas vezes em pacientes com osteomielite (6). Neste estudo, também foram isoladas cepas de Streptococcus pyogens em 7,8% dos pacientes estudados. Este achado é relevan- 128 te, pois já são bem documentadas as seqüelas (febre reumática e glomerulonefrite) que podem advir de infecções crônicas causadas por estas bactérias. Merecem também destaque as 11 cepas de Enterococcus sp isoladas, todas apresentaram sensibilidade a vancomicina. O grupo de bactérias anaeróbias estritas apresentou um percentual de isolamento de 17%, destacando-se o isolamento de Bacteroides do grupo fragilis e Peptostreptococcus sp. O amplo uso de agentes <strong>antimicrobianos</strong> em hospitais e fora dos hospitais como clínicas para doentes crônicos, creches e centros de engorda de animais, aumentam a pressão seletiva para o aparecimento de microrganismos resistentes naqueles ambientes. Estudos recentes têm demonstrado que os níveis de <strong>resistência</strong> de estafilococos, enterococos e pseudomonas são mais elevados em microrganismos oriundos de pacientes nas UTIs, menores em pacientes provenientes de outras alas do hospital e menores ainda em pacientes ambulatoriais (1). Neste estudo, a prevalência de cepas produtoras de ESBL (beta-lactamases de espectro estendido) foi de 6%. Um paciente portador de cepa ESBL apresentava uma lesão recente e não relatou uso de <strong>antimicrobianos</strong>, o que é um achado importante visto que estas cepas são predominantemente de origem hospitalar. Foram submetidos a estudo microbiológico 141 espécimes clínicos colhidos de 141 pacientes ambulatoriais com Diabetes Mellitus, no Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão do estado do Ceará, no período de 01/03/ 2000 a 30/11/2001. As enterobactérias isoladas neste estudo mostraram alto percentual de <strong>resistência</strong> para ampicilina, tetraciclina, cefalosporinas de primeira geração, sulfametoxazol+trimetoprim e amoxacilina + ác. clavulânico. A escolha do antimicrobiano no tratamento de pacientes <strong>diabético</strong>s com úlceras infectadas é empírica. Por este motivo, é necessário que cada centro ou região tenha seus próprios dados sobre os microorganismos prevalentes nesses processos infecciosos, e implemente uma rotina o diagnóstico etiológico destas infecções. Agradecimentos A todos os funcionários do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão do estado do Ceará; a fundação de amparo a pesquisa (FUNCAP) pelo apoio financeiro. Correspondência para: Univ. Federal do Ceará. Faculdade de Medicina. Depto de Patologia e Medicina Legal Caixa Postal 3163 CEP: 60441-750. Fortaleza. CE E-mail: rmotta_neto@hotmail.com <strong>NewsLab</strong> - edição 65 - 2004