20.06.2013 Views

Espumas Flutuantes Castro Alves

Espumas Flutuantes Castro Alves

Espumas Flutuantes Castro Alves

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— "De lá venho... O Rei-fantasma Baniram do próprio lar. Nas largas escadarias, Nas vetustas<br />

galerias,<br />

Os pajens e as cortesãs Cantavam!... Reinava a orgia!...<br />

Festa' Festa! E ninguém via O Rei coberto de cãs!"<br />

— Fantasmas! Aos grandes, que tombam, É palácio o mausoléu!<br />

— "Silêncio! De longe eu venho. . .<br />

Também meu túmulo morreu. O séc'lo— traça que medra Nos livros feitos de pedra — Rói o<br />

mármore, cruel. O tempo— Atila terrível Quebra cota pata invisível Sarcófago e capitel.<br />

"Desgraça então para o espectro, Quer seja Homero ou Solon, Se, medindo a treva imensa Vai<br />

bater ao Panteon...<br />

O motim — Nero profano— No ventre da cova insano Mergulha os dedos cruéis. Da guerra nos<br />

paroxismos Se abismam mesmo os abismos E o morto morre outra vez!<br />

'Então, nas sombras infindas, S'esbarram em confusão Os fantasmas sem abrigo Nem no espaço,<br />

nem no chão...<br />

As almas angustiadas, Como águias desaninhadas, Gemendo voam no ar. E enchem de vagos<br />

lamentos As vagas negras dos ventos, Os ventos do negro mar!<br />

"Bati a todas as portas Nem uma só me acolheu!...<br />

— "Entra!—: Uma voz argentina Dentro do lar respondeu. — "Entra, pois! Sombra exilada,<br />

Entra! O verso— é uma pousada Aos reis que perdidos vão. A estrofe — é a púrpura extrema,<br />

Último trono— é o poema! Último asilo— a Canção!. . . "<br />

O Gondoleiro do Amor<br />

BARCAROLA<br />

DAMA-NEGRA<br />

Teus olhos são negros, negros, Como as noites sem luar...<br />

São ardentes, são profundos, Como o negrume do mar;<br />

Sobre o barco dos amores, Da vida boiando à flor, Douram teus olhos a fronte Do Gondoleiro do<br />

amor.<br />

Tua voz é cavatina Dos palácios de Sorrento, Quando a praia beija a vaga, Quando a vaga beija o<br />

vento.<br />

E como em noites de Itália Ama um canto o pescador, Bebe a harmonia em teus cantos O<br />

Gondoleiro do amor.<br />

Teu sorriso é uma aurora Que o horizante enrubesceu , — Rosa aberta com o biquinho Das aves<br />

rubras do céu;<br />

Nas tempestades da vida Das rajadas no furor, Foi-se a noite, tem auroras O Gondoleiro do amor.<br />

Teu seio é vaga dourada Ao tíbio clarão da lua,<br />

http://livros.universia.com.br 13

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!