Espumas Flutuantes Castro Alves
Espumas Flutuantes Castro Alves
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Como uma alma a penar; E canta aos guizos rubros da loucura A febre— a meretriz da sepultura<br />
— A rir e a soluçar...<br />
Quando tudo vacila e se evapora,<br />
Muda e se anima, vive e se transforma,<br />
Cambaleia e se esvai...<br />
E da sala na mágica penumbra<br />
Um mundo em trevas rápido se obumbra...<br />
E outro das trevas sai...<br />
Então... nos brancos mantos, que arregaçam Da meia-noite os Anjos alvos passam<br />
Em longa procissão!<br />
E eu murmuro ao fitá-los assombrado: São os Anjos de amor de meu passado Que desfilando<br />
vão...<br />
Almas, que um dia no meu peito ardente Derramastes dos sonhos a semente, Mulheres, que eu<br />
amei!<br />
Anjos louras do céu! virgens serenas! Madonas, Querubins ou Madalenas! Surgi! aparecei!<br />
Vinde, fantasmas! Eu vos amo ainda; Acorde-se a harmonia à noite infinda Ao roto bandolim...<br />
E no éter, que em notas se perfuma, As visões s'alteando uma por uma, Vão desfilando assim!...<br />
1ª SOMBRA<br />
MARIETA<br />
Como o gênio da noite, que desata O véu de rendas sobre a espádua nua, Ela solta os cabelos...<br />
Bate a lua Nas alvas dobras de um lençol de prata...<br />
O seio virginal, que a mão recata,<br />
Embalde o prende a mão... cresce, flutua...<br />
Sonha a moça ao relento... Além na rua<br />
Preludia um violão na serenata! . . .<br />
. . . Furtivos passos morrem no lajedo. . .<br />
Resvala a escada do balcão discreta Matam lábios os beijos em segredo...<br />
Afoga-me os suspiros, Marieta! Ó surpresa! ó palor! ó pranto! ó medo! Ai! noites de Romeu e<br />
Julieta!...<br />
2.a SOMBRA<br />
BÁRBORA<br />
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