Espumas Flutuantes Castro Alves
Espumas Flutuantes Castro Alves
Espumas Flutuantes Castro Alves
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Que, ao murmúrio das volúpias, Arqueja, palpita nua;<br />
Como é doce, em pensamento, Do teu colo no languor Vogar, naufragar, perder-se O Gondoleiro<br />
do amor!?<br />
Teu amor na treva é—um astro, No silêncio uma canção,<br />
brisa— nas calmarias,<br />
abrigo— no tufão;<br />
Por isso eu te amo, querida, Quer no prazer, quer na dor... Rosa! Canto! Sombra! Estrela! Do<br />
Gondoleiro do amor.<br />
Sub Tegmine Fagi<br />
A MELO MORAIS<br />
Dieu parle dans le calme plus haur que dans la tempête. MICKIEWIKCZ<br />
Deus nobis haec otia fecit.<br />
VÍRGILIO<br />
Amigo! O campo é o ninho do poeta...<br />
Deus fala, quando a turba está quieta, As campinas em flor.<br />
— Noivo — Ele espera que os convivas saiam...<br />
E n'alcova onde as lâmpadas desmaiam Então murmura — amor —<br />
Vem comigo cismar risonho e grave...<br />
A poesia— é uma luz... e a alma—uma ave...<br />
Querem — trevas e ar.<br />
A andorinha, que é a alma — pede o campo. A poesia quer sombra— é o pirilampo...<br />
P'ra voar... p'ra brilhar.<br />
Meu Deus! Quanta beleza nessas trilhas...<br />
Que perfume nas doces maravilhas, Onde o vento gemeu!...<br />
Que flores d'ouro pelas veigas belas!<br />
...Foi um anjo co'a mão cheia de estrelas Que na terra as perdeu.<br />
Aqui o éter puro se adelgaça...<br />
Não sobe esta blasfêmia de fumaça Das cidades p'ra o céu<br />
E a Terra é como o inseto friorento Dentro da flor azul do firmamento.<br />
Cujo cálix pendeu!..<br />
http://livros.universia.com.br 14