Espumas Flutuantes Castro Alves
Espumas Flutuantes Castro Alves
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De seus sopros exaustos ao bafejo Uma chama irrisória produziram!...<br />
Ao clarão que tremia sobre as cinzas Olharam-se e morreram dando um grito. Mesmo da própria<br />
hediondez morreram, Desconhecendo aquele em cuja fronte Traçara a fome o nome de Duende!<br />
O mundo fez-se um vácuo. A terra esplêndida,<br />
Populosa tornou-se numa massa Sem estações, sem árvores, sem erva. Sem verdura, sem homens e<br />
sem vida, Caos de morte, inanimada argila! Calaram-se o Oceano, o rio, os lagos! Nada turbava a<br />
solidão profunda! Os navios no mar apodreciam Sem marujos! os mastros desabando<br />
Dormiam sobre o abismo, sem que ao menos Uma vaga na queda alevantassem, Tinham morrido<br />
as vagas! e jaziam As marés no seu túmulo... antes dela<br />
A lua que as guiava era já morta! No estagnado céu murchara o vento; Esvaíram-se as nuvens. E<br />
nas trevas Era só trevas o universo inteiro.<br />
Aves da Arribação<br />
Pensava em ti nas horas de tristeza, Quando estes versos pálidos compus Cercavam-me planícies<br />
sem beleza Pesava-me na fronte um céu sem luz.<br />
Ergue este ramo solto no caminho. Sei que em teu seio asilo encontrará. Só tu conheces o secreto<br />
espinho Que dentro d'alma me pungindo está.<br />
FAGUNDES VARELA<br />
Aves, é primavera! à rosa! à rosa!<br />
TOMÁS RIBEIRO<br />
I<br />
Era o tempo em que as ágeis andorinhas Consultam-se na beira dos telhados, E inquietas<br />
conversam, perscrutando Os pardos horizontes carregados...<br />
Em que as rolas e os verdes periquitos Do fundo do sertão descem cantando...<br />
Em que a tribo das aves peregrinas Os Zíngaros do céu formam-se em bando!<br />
Viajar! viajar! A brisa morna<br />
Traz de outro clima os cheiros provocantes. A primavera desafia as asas,<br />
Voam os passarinhos e os amantes!...<br />
II<br />
Um dia Eles chegaram. Sobre a estrada Abriram à tardinha as persianas;<br />
E mais festiva a habitação sorria Sob os festões das trêmulas lianas.<br />
Quem eram? Donde vinham?—Pouco importa Quem fossem da casinha os —<br />
São noivos —: as mulheres murmuravam! E os pássaros diziam: — São amantes — !<br />
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