Espumas Flutuantes Castro Alves
Espumas Flutuantes Castro Alves
Espumas Flutuantes Castro Alves
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Mas um suor de agonia Teu peito ardente tressua..<br />
MÁRIO<br />
São os orvalhos, que descem Ao frio clarão da lua!<br />
Sílvia!<br />
Que mancha é esta sangrenta, Que no teu lábio flutua?<br />
MÁRIO<br />
São as sombras de uma nuvem Que tolda a face da lua!<br />
SÍLVIA<br />
Como teus dedos esfriam<br />
Sobre minha espádua nua!...<br />
MÁRIO ( distraído )<br />
Não vês um anjo, que desce,<br />
No frouxo clarão da lua?...<br />
SÍLVIA<br />
Mário? Não vês quem te chama?...<br />
Tua amante... Sílvia... a tua...<br />
MÁRIO (desmaiando)<br />
É a morte que me leva<br />
Num frio raio da lua!...<br />
(O poeta cai semimorto sobre o leito.<br />
No espasmo sua mão contraída prende uma tranca da mura.)<br />
SÍLVIA<br />
Teus brancos dedos fecharam De meu cabelo a madeixa, Tua amante não se queixa...<br />
Bem vês... cativa ficou. Mas não se prende o desejo Que n'alma acaso se aninha!...<br />
Nunca viste a andorinha, Que alegre o fio quebrou?<br />
(Ouve-se um relógio dar horas.)<br />
http://livros.universia.com.br 66