Espumas Flutuantes Castro Alves
Espumas Flutuantes Castro Alves
Espumas Flutuantes Castro Alves
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A lua — traz um raio para os mares...<br />
A abelha— traz o mel... um treno aos lares<br />
Traz a rola a carpir...<br />
Também deixa o poeta a selva escura<br />
E traz alguma estrofe, que fulgura,<br />
P'ra legar ao porvir!...<br />
Vem! Do mundo leremos o problema Nas folhas da floresta, ou do poema, Nas trevas ou na luz...<br />
Não vês?... Do céu a cúpula azulada, Como uma taça sobre nós voltada,<br />
Lança a poesia a flux!...<br />
As Três Irmãs do Poeta<br />
(Traduzido de E. BERTHOUD)<br />
É Noite! as sombras correm nebulosas.<br />
Vão três pálidas virgens silenciosas Através da procela irrequieta.<br />
Vão três pálidas virgens... vão sombrias Rindo colar num beijo as bocas frias...<br />
Na fronte cismadora do— Poeta —<br />
"Saúde, irmão! Eu sou a Indiferença.<br />
Sou eu quem te sepulta a idéia imensa,<br />
Quem no teu nome a escuridão projeta...<br />
Fui eu que te vesti do meu sudário...<br />
Que vais fazer tão triste e solitário?..."<br />
— "Eu lutarei!"—responde-lhe o Poeta.<br />
"Saúde, meu irmão! Eu sou a Fome. Sou eu quem o teu negro pão consome...<br />
O teu mísero pão, mísero atleta! Hoje, amanhã, depois... depois (qu'importa?) Virei sempre sentarme<br />
à tua porta..."<br />
— "Eu sofrerei"—responde-lhe o Poeta.<br />
"Saúde, meu irmão! Eu sou a Morte. Suspende em meio o hino augusto e forte. Marquei-te a<br />
fronte, mísero profeta! Volve ao nada! Não sentes neste enleio Teu cântico gelar-se no meu seio?!"<br />
— "Eu cantarei no céu" — diz-lhe o Poeta!<br />
O Vôo do Gênio<br />
A ATRIZ EUGÊNIA CÂMARA<br />
http://livros.universia.com.br 16