Boletim do NAT - Hospital Sírio Libanês

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2 Tratamento endoscópico do enfisema Dr. Daniel Deheinzelin, Pneumologista, e Dr. Paulo F. Guerreiro Cardoso, Cirurgião Torácico do Núcleo Avançado de Tórax do HSL O enfisema pulmonar é uma doença crônica, incurável e progressiva, caracterizada pela limitação ao fluxo de ar para dentro e para fora dos pulmões. Este ar aprisionado no interior dos pulmões resulta em um fenômeno conhecido como “hiperinsuflação”, principal responsável pela falta de ar e limitação da capacidade de exercício que comprometem a qualidade de vida dos portadores desta doença. O hábito de fumar (tabagismo ativo) ou a exposição prolongada ao fumo quando a pessoa convive com fumante (tabagismo passivo) situam-se entre as causas mais frequentes. A doença é um problema de saúde que hoje afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo. O diagnóstico do enfisema pulmonar é feito por meio de exame médico do paciente, exame de raios-X (radiografia) dos pulmões e por um teste de sopro (espirometria) que mede a capacidade respiratória. Com base no exame médico e nos resultados dos demais exames, o médico pneumologista (especialista em doenças do pulmão) fará o diagnóstico e determinará a gravidade do enfisema. A gravidade da doença varia desde uma forma leve, sem limitação importante aos exercícios, até a mais grave, na qual a pessoa enfrenta grande limitação quando tarefas simples, como caminhar, tomar banho ou subir escadas, passam a ser feitas com grande dificuldade devido à falta de ar. Em casos mais severos há necessidade de se usar oxigênio para desempenhar as atividades. O tratamento atual do enfisema inclui parar de fumar, medicações, tratamento de infecções pulmonares, além de programa de exercícios físicos orientados por médico e Boletim do NAT fisioterapeuta, denominado de “reabilitação pulmonar”. O tratamento do enfisema com cirurgia pode incluir desde a remoção das áreas mais afetadas pela doença (cirurgia de redução de volume pulmonar) até a substituição completa de um ou de ambos os pulmões (transplante de pulmão). Embora estas cirurgias tenham se mostrado muito eficazes, seu uso é restrito a portadores de determinados tipos de enfisema, devido a seus riscos. Mais recentemente foram desenvolvidas novas modalidades para se obter a redução da chamada “hiperinsuflação” do enfisema pulmonar, sem cirurgia e utilizando-se novas técnicas realizadas por meio de um exame chamado “broncoscopia”. Este exame é indolor e consiste na passagem de um tubo fino e flexível pela boca ou nariz que permite ver o interior dos tubos por onde passa o ar antes de chegar aos pulmões (traqueia e brônquios). A broncoscopia é um exame comumente utilizado para o diagnóstico e tratamento de várias doenças respiratórias. Por meio dos modernos equipamentos de broncoscopia, instalam-se pequenas válvulas no interior dos brônquios. Essas válvulas medem entre 4 e 5,5 milímetros de diâmetro, são de uma liga metálica e silicone médico e expansíveis. Com o paciente internado em hospital, o procedimento é realizado sob sedação (medicação que causa sonolência). Durante o exame as válvulas são colocadas no local desejado, onde se fixam aos brônquios por simples pressão. Uma vez colocadas, essas válvulas têm como função dificultar a entrada ao mesmo tempo que facilitam a
www.hospitalsiriolibanes.org.br/torax Entre em contato com o NAT pelo telefone: (11) 3155-0854 ou e-mail: nucleo.torax@hsl.org.br saída ao ar das áreas mais afetadas pelo enfisema. Desta forma, à medida que o paciente respira, as válvulas reduzem o volume de ar pulmonar nas áreas doentes, permitindo que outras áreas menos doentes funcionem melhor, facilitando a respiração. As válvulas são construídas para permanecerem no local onde são colocadas, porém, a critério médico, podem ser retiradas ou substituídas por meio de nova broncoscopia sem maiores dificuldades. Embora as válvulas não sejam capazes de reverter ou curar o enfisema, estudos realizados em pacientes portadores de enfisema pulmonar grave concluíram que o procedimento é seguro e eficaz em casos muito bem selecionados. A forma de realizar a seleção, ou seja, de identificar quem se beneficiará do procedimento, passa por uma avaliação que inclui diversos exames médicos e radiografias. Ao término dessa avaliação, os pacientes são submetidos a um programa de exercícios físicos (reabilitação pulmonar), após o qual serão submetidos à instalação das válvulas cujo numero e local serão estabelecidos pela equipe médica responsável pela sua instalação. Usualmente, de um a dois dias após o procedimento de instalação das válvulas os pacientes obtêm alta do hospital, para então serem acompanhados e reavaliados a intervalos regulares, com consultas e exames pelo médico assistente e pela equipe responsável pelo procedimento. Válvulas Unidirecionais Enfisema Pulmonar 3
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