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Do GATT à OMC: a Regulação do Comércio Internacional

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constituiu, praticamente, na única fonte de regras para o comércio internacional, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong>,<br />

também, o principal foro para negociações e solução de conflitos nesse setor.<br />

As cinco primeiras de negociações (Genebra, 1947; Annecy, 1949; Torquay, 1950-1951;<br />

Genebra, 1955-1956; e Dillon, 1960-1961) trataram, quase que exclusivamente, de<br />

reduções tarifárias. De um mo<strong>do</strong> geral, esse perío<strong>do</strong> é caracteriza<strong>do</strong> como de relativo<br />

sucesso no processo de liberalização, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> desmanteladas várias barreiras originárias<br />

da década de trinta, bem como reduzidas as tarifas incidentes sobre produtos<br />

industrializa<strong>do</strong>s comercializa<strong>do</strong>s pelos países desenvolvi<strong>do</strong>s. A expansão <strong>do</strong> comércio<br />

mundial no pós-guerra poderia ser explicada, ao menos parcialmente, por esse processo de<br />

liberalização. De qualquer forma, não se deve deixar de levar em conta os efeitos, sobre as<br />

economias atingidas pela 2 a guerra mundial, <strong>do</strong>s planos de reconstrução nesse mesmo<br />

perío<strong>do</strong>.<br />

A sexta rodada de negociações, denominada Rodada Kennedy (1964-1967), também<br />

realizada em Genebra, deu início a uma nova etapa no âmbito <strong>do</strong> <strong>GATT</strong>. Pela primeira vez,<br />

os países da Comunidade Européia participaram da negociação como um “bloco”, o que<br />

permitiu um certo equilíbrio em termos <strong>do</strong> poder de barganha <strong>do</strong>s principais negocia<strong>do</strong>res.<br />

Além disso, foi a<strong>do</strong>tada a redução linear da tarifa, proposta desde a Rodada Dillon,<br />

permitin<strong>do</strong> uma redução de 35% na tarifa média <strong>do</strong>s produtos industrializa<strong>do</strong>s, e concluí<strong>do</strong><br />

o primeiro Acor<strong>do</strong> Antidumping.<br />

Na Rodada Kennedy, os países em desenvolvimento aprofundaram sua percepção<br />

quanto ao não atendimento de seus interesses. Como resulta<strong>do</strong> de um posicionamento ais<br />

coordena<strong>do</strong>, alcançou-se que fosse introduzi<strong>do</strong> a Quarta Parte <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong>, tratan<strong>do</strong> de sus<br />

interesses. Os artigos dessa quarta parte foram negocia<strong>do</strong>s após o Grupo <strong>do</strong>s 77 ter<br />

consegui<strong>do</strong> criar a UNCTAD, em 1964, e haver pressiona<strong>do</strong> por um tratamento<br />

diferencia<strong>do</strong> e mais favorável para os países em desenvolvimento, vinculan<strong>do</strong> comércio<br />

internacional e desenvolvimento econômico.<br />

A Rodada Tóquio de negociações (1973-1979) ocorreu num quadro totalmente<br />

diferente: a proliferação <strong>do</strong> uso de barreiras não-tarifárias reduziu a importância <strong>do</strong><br />

instrumento tarifário como mecanismo de proteção. Ao longo da década de setenta, a<br />

economia mundial passou por importantes transformações, dentre as quais se destacam a<br />

consolidação <strong>do</strong> Japão e da Comunidade Européia como competi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />

no comércio mundial. Ressalte-se, ainda que os países recentemente industrializa<strong>do</strong>s<br />

tornaram-se detentores de vantagens comparativas em produtos manufatura<strong>do</strong>s intensivos<br />

em mão-de-obra e que o avanço de inovações tecnológicas nos chama<strong>do</strong>s novos setores da<br />

terceira revolução industrial acirrava a concorrência entre os países desenvolvi<strong>do</strong>s.<br />

Esse perío<strong>do</strong> também esteve marca<strong>do</strong> por crises tais como a que culminou com a<br />

flexibilização <strong>do</strong> câmbio, marcan<strong>do</strong> o fim <strong>do</strong> sistema de Bretton Woods, os choques de<br />

preços <strong>do</strong> petróleo e o início da perda de competitividade da economia norte-americana.<br />

Esse último fator mostrou-se decisivo, visto que os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s passaram a pressionar<br />

seus parceiros em negociações bilaterais, com vistas <strong>à</strong> conclusão de acor<strong>do</strong>s de “restrição<br />

voluntária <strong>à</strong>s exportações”.<br />

A Rodada Tóquio marcou a primeira transformação mais forte <strong>do</strong> sistema multilateral<br />

de comércio, ainda que tenha frustra<strong>do</strong> enormemente os países em desenvolvimento ao não<br />

introduzir nas regras usuais os produtos agrícolas e os têxteis. Fracassou também ao não<br />

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