A Normalista Adolfo Caminha - PSB
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Terminada a leitura do último capítulo, Maria sentiu que não fossem dois volumes,<br />
três mesmo, muitos volumes... Gostara imensamente!<br />
No dia seguinte, antes de ir à Escola Normal, Maria teve uma entrevista secreta com<br />
a amiga no quintal da viúva Campelo, que morava defronte do amanuense.<br />
A Campelinho tinha acabado de banhar-se e estava arranjando umas flores para a<br />
Nossa Senhora do Oratório. Da saleta de jantar via-se o quintalzinho, cercado d’estacas,<br />
estreito e comprido, com ateiras e um renque de manjericões ao fundo, perto da cacimba.<br />
Uma pitombeira colossal arrastava os galhos sobre o telhado. O chão úmido da chuva que<br />
caíra à noite, porejava uma frescura comunicativa e boa.<br />
Lídia estava à fresca, de cabelos soltos sobre a toalha felpuda aberta nos ombros,<br />
quando Maria apareceu.<br />
⎯ Boa vida, hein? saudou esta. E logo triunfante: ⎯ Acabei o Primo Basílio!<br />
⎯ Que tal?<br />
⎯ Magnífico, sublime! Olha, vem cá...<br />
E dando o braço à outra, dirigiu-se para o “banheiro”, uma espécie de arapuca de<br />
palha seca de coqueiro, acaçapada, medonha, sem a mínima comodidade e para onde se<br />
entrava por uma portinhola de tábua mal segura.<br />
⎯ Uma vez ali, sentadas ambas num caixote que fora de sabão, única mobília do<br />
“banheiro!, Maria sacou fora o Primo Basílio, cuidadosamente embrulhado numa folha da<br />
Província. Queria que a Lídia explicasse uma passagem muito difusa, quase impenetrável à<br />
sua inteligência.<br />
⎯ É isto, menina, que eu não pude compreender bem. E, abrindo o livro leu: “... e<br />
ele (Basílio) quis-lhe ensinar então a verdadeira maneira de beber champagne. Talvez ela<br />
não soubesse!... Como é? perguntou Luiza tomando o copo. ⎯ Não é com o copo! Horror!<br />
Ninguém que se preza bebe champagne por um copo. O copo é bom para o Colares...<br />
Tomou um gole de champagne e num beijo passou-o para a boca dela. Luiz riu...”, etc., etc.<br />
⎯ Como explicas tu isso?<br />
⎯ Tola! fez a Campelinho. Uma coisa tão simples... Toma-se um gole de<br />
champagne ou de outro qualquer líquido, junta-se boca à boca, assim... E juntou a ação às<br />
palavras.<br />
⎯ ... e pronto! bebe-se pela boca um do outro. Tão simples...