04.07.2013 Views

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

12<br />

DIACRÍTICA<br />

A terceira possibilidade é a ausência de pressão em uma ou outra<br />

direção,o que indica a neutralização de pressões antagónicas.<br />

Nas línguas românicas faladas atualmente, a não correlação é<br />

pressionada pela criação de um futuro <strong>do</strong> indicativo perifrástico na<br />

oração PRINC (v.g. vou cantar), deriva<strong>do</strong> de um segun<strong>do</strong> ciclo de gramaticalização<br />

(Traugott e Heine, 1991) 4 . Neste contexto passa a ocorrer<br />

a variação entre o futuro perifrástico (<strong>do</strong> indicativo) e o presente<br />

(<strong>do</strong> indicativo) usa<strong>do</strong> como futuro.<br />

Em línguas românicas como o espanhol, o francês e o português,<br />

o futuro <strong>do</strong> indicativo é bloquea<strong>do</strong> em condicionais potenciais, sen<strong>do</strong><br />

substituí<strong>do</strong> pelo presente <strong>do</strong> indicativo 5 . Na oração COND <strong>do</strong> português,<br />

o futuro <strong>do</strong> indicativo pode ainda ser substituí<strong>do</strong> pelo futuro<br />

<strong>do</strong> subjuntivo, uma forma de futuro restrita a contextos potenciais 6 .<br />

Neste contexto temos também uma variação entre o futuro (<strong>do</strong> subjuntivo)<br />

e o presente (<strong>do</strong> indicativo) 7 .<br />

Este trabalho se insere teoricamente no modelo de Variação<br />

e Mudanças, Labov (1972, 1994) e no de Funcionalismo Linguístico<br />

(Givón, 1995).<br />

Propõe-se a responder a duas questões de natureza distinta, mas<br />

interligadas:<br />

• Do ponto de vista sincrônico, como as pressões lingüísticas e<br />

sociais atuam na escolha das variantes da COND e quais na<br />

da PRINC? Quais favorecem a consecutio temporum? Quais a<br />

desfavorecem?<br />

• Do ponto de vista diacrônico, que tendências de mudança<br />

decorrem da atuação dessas pressões? Há evidências de estabilidade<br />

ou de mudança? Neste último caso, qual a direção da<br />

mudança: a de maior equilíbrio ou de maior desequilíbrio entre<br />

as formas verbais da COND e PRINC?<br />

Para responder a estas perguntas levantamos hipóteses relacionadas<br />

à interferência de três variáveis independentes (operacionali-<br />

4 O mesmo ocorre na língua escrita com o futuro flexional origina<strong>do</strong> <strong>do</strong> primeiro<br />

ciclo de gramaticalização (v.g. cantarei).<br />

5 Fenômeno que se insere entre os de redução <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s verbais nas línguas<br />

românicas: subjuntivo > indicativo.<br />

6 A frequência de futuro <strong>do</strong> indicativo em condicionais reais é zero.<br />

7 A análise destas variáveis, contu<strong>do</strong>, apontam grande consistência, o que não<br />

nos cabe elucidar nos limites deste trabalho.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!