Revista (PDF) - Universidade do Minho
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Para além destes 2 casos, há apenas 1 ocorrência fora da zona<br />
considerada – em Figueiró da Serra (ponto 14):<br />
(30) Eu explico aos meus filhos tu<strong>do</strong> isto, mas eles não ligam nada.<br />
Se não sen<strong>do</strong> este, eu já lhe digo, senhor, eles não ligam nada [FIG23]<br />
Assim, as orações gerundivas introduzidas por conectores típicos<br />
de <strong>do</strong>mínios finitos parecem ocorrer preferencialmente em localidades<br />
em que está disponível o GF. As ocorrências encontradas fora destas<br />
localidades não constituem necessariamente uma excepção, uma vez<br />
que, surgin<strong>do</strong> apenas formas verbais sem morfologia visível de concordância<br />
nos contextos relevantes, os da<strong>do</strong>s disponíveis não permitem<br />
afirmar que o GF não exista nestas localidades 12 .<br />
O facto de a presença de morfologia visível de concordância facilitar<br />
a ocorrência de conectores típicos de <strong>do</strong>mínios finitos não é<br />
estranho, uma vez que existe uma relação estrutural clara entre o<br />
<strong>do</strong>mínio funcional C e o <strong>do</strong>mínio flexional, como tem si<strong>do</strong> observa<strong>do</strong><br />
por vários autores (cf. Rouveret 1980, Kayne 1982, Ambar 1988, Rizzi<br />
1997; e.o.).<br />
Os da<strong>do</strong>s dialectais, para além disso, corroboram a análise das<br />
orações gerundivas adjuntas como estruturas em que é projecta<strong>do</strong> o<br />
<strong>do</strong>mínio funcional C, e não apenas o <strong>do</strong>mínio flexional (Tempo/Aspecto<br />
e Concordância).<br />
6.2. Legitimação e identificação <strong>do</strong> sujeito<br />
DIACRÍTICA<br />
A função <strong>do</strong> morfema de concordância na legitimação <strong>do</strong> sujeito<br />
e na identificação de sujeitos nulos tem si<strong>do</strong> amplamente discutida na<br />
literatura, quer no âmbito da discussão em torno <strong>do</strong> infinitivo flexiona<strong>do</strong>,<br />
quer no âmbito da discussão em torno <strong>do</strong> parâmetro <strong>do</strong> sujeito nulo.<br />
Propostas como a de Raposo (1987) consideram que a concordância<br />
visível tem um papel importante na atribuição de Caso nominativo<br />
ao sujeito. Essa análise, proposta no quadro da teoria da regência e da<br />
ligação, baseia-se no funcionamento das orações infinitivas flexio-<br />
12 Se tivermos em conta as orações adjuntas com segunda pessoa <strong>do</strong> singular,<br />
primeira pessoa <strong>do</strong> plural ou terceira pessoa <strong>do</strong> plural, podemos verificar que não se<br />
encontram formas flexionadas de gerúndio nas seguintes localidades <strong>do</strong> Cordial-sin: 9,<br />
10, 11, 15, 16, 25, 31, 32, 37, 40, 41, 42. Para as restantes localidades, não surgem os<br />
contextos relevantes.