Revista (PDF) - Universidade do Minho
Revista (PDF) - Universidade do Minho
Revista (PDF) - Universidade do Minho
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
22<br />
tígio encoberto associa<strong>do</strong> a esta forma que como vimos é mais<br />
popular. Seu caráter assertivo justificaria tal hipótese. As transformações<br />
da sociedade e a crescente participação da mulher na esfera<br />
pública favoreceriam o incremento de um estilo mais afirmativo.<br />
O efeito <strong>do</strong> gênero sobre o futuro <strong>do</strong> indicativo da PRINC também<br />
é pouco marca<strong>do</strong> na década de 80. Entretanto, vinte anos depois,<br />
torna-se nítida a oposição entre homens (.59), que favorecem o futuro<br />
<strong>do</strong> indicativo, e mulheres, que o desfavorecem (.37). Como vimos, a<br />
inovação que introduz o uso <strong>do</strong> futuro perifrástico vem das classes<br />
mais escolarizadas. Portanto, ao desfavorecer o futuro <strong>do</strong> indicativo,<br />
as mulheres não estão imitan<strong>do</strong>, mas sim afastan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> modelo<br />
mais prestigia<strong>do</strong>, o que contradiz as hipóteses sobre a tendência de<br />
comportamento feminino.<br />
Comentários finais<br />
DIACRÍTICA<br />
Podemos finalmente verificar se os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s respondem<br />
às questões que levantamos no início da pesquisa. Do ponto de vista<br />
sincrônico, confirmamos que pressões lingüísticas e sociais atuam<br />
sistematicamente na escolha das variantes (i.e., na escolha entre as<br />
formas verbais de futuro ou presente) das orações condicionais e das<br />
principais. As mesmas variáveis independentes (escala epistêmica,<br />
nível de escolaridade e gênero) se mostraram relevantes tanto para as<br />
variantes da COND quanto da PRINC. Constatou-se que as variáveis:<br />
i- escala epistêmica e ii- gênero atuam, basicamente, na mesma direção<br />
para ambas as orações <strong>do</strong> complexo condicional (i.e. promovem a<br />
consecutio temporum). Complexos oracionais possíveis favorecem o<br />
futuro em ambas as orações, complexos oracionais prováveis desfavorecem<br />
o futuro em ambas as orações. A variável iii-nível de escolaridade<br />
mostra tendências opostas para COND e PRINC (i.e. contraria a<br />
consecutio temporum): nível primário (1. a fase <strong>do</strong> fundamental) favorece<br />
o futuro <strong>do</strong> subjuntivo + o presente <strong>do</strong> indicativo; nível secundário<br />
favorece o presente <strong>do</strong> indicativo + o futuro <strong>do</strong> presente. O caso mais<br />
excepcional se dá na escala epistêmica. O grau epistêmico real apresenta<br />
uma grande polarização, contrarian<strong>do</strong> a consecutio temporum:<br />
presente <strong>do</strong> indicativo (categórico) + futuro <strong>do</strong> indicativo.<br />
Do ponto de vista diacrônico verifica-se que os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s<br />
em 2000 repetem os de 1980. Após vinte anos, a mudança estrutural<br />
mais interessante foi a redução das taxas de futuro <strong>do</strong> indicativo (vs.<br />
presente <strong>do</strong> indicativo) nas PRINC reais. Infelizmente o número de