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01. Elementos para uma Crítica de Tradução e Paratradução - USP

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Derrida – <strong>para</strong> a polissemia irreduzível dos textos <strong>de</strong> partida e<br />

<strong>de</strong> chegada é também válido <strong>para</strong> o <strong>de</strong>sassossego pessoano, que<br />

dirige a transdução do i<strong>de</strong>ário whitmaniano:<br />

TRADTERM, 14, 2008, p. 15-49<br />

Polysémie au départ, polysémie à l´arrivée, le sens n´est<br />

pas incertain: il est introuvable. Ou, pour reprendre un<br />

terme freudien –et le rapprochement n´est pas fortuit–, il<br />

est inachevable. Seul le rapport au sujet dans son<br />

historicité permettra la saisie <strong>de</strong> la signifiance. (Nouss,<br />

1995:340)<br />

Carl Einstein, tão impressionado quanto Pessoa pelas perspectivas<br />

científicas que <strong>de</strong>smistificaram a epistemologia<br />

novecentista e que contribuíram <strong>para</strong> a generalização da idéia<br />

<strong>de</strong> que o mundo é <strong>uma</strong> criação nossa, está mais interessado nas<br />

técnicas <strong>de</strong> representação literárias e iconográficas do espaço e<br />

do movimento. Foi o primeiro crítico que se apercebera da estagnação<br />

estética que originou o excessivo gosto pelo efeito <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong><br />

e pela fixação na perspectiva central na arte pictórica<br />

oci<strong>de</strong>ntal, e que notara, no discurso literário, o excesso <strong>de</strong> simples<br />

variações <strong>de</strong> elementos estilísticos, consi<strong>de</strong>rados sublimes<br />

pelos/as fabricantes do cânone. Logo intuíra, nos alvores do<br />

cubismo, que efetivamente existia nesses jovens pintores<br />

cubistas, que conhecera em Paris, um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> traduzir as impressões<br />

fortes e inquietantes, suscitados pelas máscaras e esculturas<br />

africanas que viram no museu etnológico da capital<br />

francesa. Embora Picasso nunca o tenha admitido, sabemos que<br />

ele possuíra <strong>uma</strong> estátua africana, oferecida por um pintor amigo<br />

que a roubara <strong>de</strong>sse museu. Mais tar<strong>de</strong>, e posterior a alguns<br />

dos retoques fundamentais naquela cena <strong>de</strong> prostíbulo que<br />

eufemisticamente <strong>de</strong>nominou Les Demoiselles d´Avignon, Picasso<br />

<strong>de</strong>volveu-a, evitando, assim, <strong>uma</strong> <strong>de</strong>núncia iminente. Einstein<br />

chegou a conhecer esses <strong>de</strong>talhes in situ e apercebeu-se, por um<br />

lado, que o cubismo era a resposta acertada à reviravolta<br />

<strong>para</strong>digmática da realida<strong>de</strong> sociocultural do momento e, por<br />

outro, que era a arte africana que dispunha <strong>de</strong> <strong>uma</strong> tradição<br />

secular <strong>de</strong> valores epistemológicos que a cultura oci<strong>de</strong>ntal só<br />

agora começava a reintegrar. Essa tradição artística representava<br />

o corpo segundo as suas potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> movimento e se-

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