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01. Elementos para uma Crítica de Tradução e Paratradução - USP

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rais? Em primeiro lugar, que os estudos <strong>de</strong> crítica e recepção<br />

literárias têm metodologias que precisam ser reconsi<strong>de</strong>radas,<br />

incorporando perspectivas e terminologias mais dinâmicas, concretamente<br />

os da tradução e <strong>para</strong>tradução. Em segundo lugar,<br />

fica evi<strong>de</strong>nte que a teoria pós-colonial, a mais próxima das tentativas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição e análise <strong>para</strong>/tradutivas, é <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />

aplicabilida<strong>de</strong> restrita, <strong>uma</strong> vez que implica <strong>uma</strong> aporia metodológica:<br />

a colonização i<strong>de</strong>ológica é um processo ininterrupto, e<br />

a concepção <strong>de</strong> um momento ‘pós’ resulta sempre <strong>de</strong>masiado<br />

artificial e arbitrário quando se consi<strong>de</strong>ra a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> presentes<br />

históricos. Em terceiro lugar, as metodologias da<br />

tradutologia, e da <strong>para</strong>/tradução em especial, embora ainda não<br />

estejam suficientemente sistematizadas, parecem ser eficazes<br />

<strong>para</strong> <strong>de</strong>monstrar o forte empenho programático dos mo<strong>de</strong>rnismos<br />

em reescrever os fundamentos estéticos e epistemológicos<br />

da própria cultura oci<strong>de</strong>ntal – até nas suas periferias. A mesma<br />

idoneida<strong>de</strong> dar-se-ia <strong>para</strong> a interpretação <strong>de</strong> muitas técnicas <strong>de</strong><br />

criação artística na pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Como os mo<strong>de</strong>rnismos,<br />

também os diferentes pós-mo<strong>de</strong>rnismos – embora incluam características<br />

mais <strong>de</strong>mocráticas, éticas, carnavalescas, híbridas<br />

e intrinsecamente subversivas – se oferecem a serem analisados<br />

por <strong>uma</strong> perspectiva da <strong>para</strong>/tradução hermenêutica, que se<br />

inscreve na história ao expor o suposto ‘original’ continuamente<br />

a novas formas <strong>de</strong> compreensão (cf. Baltrusch, 2007).<br />

A <strong>para</strong>/tradução como dinâmica hermenêutica, que<br />

opera em todos os processos <strong>de</strong> transferências e contactos culturais,<br />

explica por que razões um suposto ‘original’ ficará sujeito,<br />

continuamente, a novas e diferentes formas <strong>de</strong> compreensão.<br />

Esse processo dá lugar a significados inesperados (Nouss, 1998:3)<br />

que nos possibilitam, por exemplo, <strong>uma</strong> tradução atualizada dos<br />

cânones e padrões literários, mas também <strong>de</strong> todos os fenômenos<br />

culturais. O esboço <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> três procedimentos <strong>para</strong>/<br />

tradutivos em mo<strong>de</strong>rnismos cultural e geograficamente distanciados,<br />

indica-no-lo claramente e contribui a sustentar a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>uma</strong> viragem <strong>para</strong>digmática: “une forme originale<br />

d´hybridité herméneutique [...], annonçant la nouveauté<br />

<strong>para</strong>digmatique <strong>de</strong> la traduction dans l´épistémè contemporaine”<br />

(Nouss, 1995:339).<br />

TRADTERM, 14, 2008, p. 15-49

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