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01. Elementos para uma Crítica de Tradução e Paratradução - USP

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Para <strong>uma</strong> teoria da tradução & <strong>para</strong>tradução<br />

Dentro do panorama acadêmico, sobretudo nos âmbitos<br />

das filologias e da teoria da literatura, a tradução ainda está<br />

sujeita àqueles prejuízos tradicionalistas que a consi<strong>de</strong>ram como<br />

um processo secundário e periférico. Porém, assim como as antigas<br />

periferias dos impérios coloniais chegaram a <strong>de</strong>senvolver<br />

os seus próprios centros <strong>de</strong> irradiação cultural, invalidando o<br />

próprio i<strong>de</strong>ário do centro-periferia, também muitas das teorias<br />

críticas da atualida<strong>de</strong> foram reescrevendo as tradicionais explicações<br />

e interpretações da comunicação <strong>de</strong> significados, imaginários<br />

e i<strong>de</strong>ologias. Desse modo, e tendo em conta a prolífera<br />

produção tradutológica das últimas décadas, não seria exagerado<br />

confiar em que, passado e superado o chamado linguistic turn,<br />

estejamos agora a presenciar um translative turn (Nouss, 1995).<br />

A razão principal resi<strong>de</strong> em que, no mundo poliglota e policultural<br />

contemporâneo, a tradução e a tradutologia adquiriram <strong>uma</strong><br />

dimensão cada vez mais política, estética, social e, em última<br />

instância, transdisciplinar. É possível argumentar <strong>uma</strong> função<br />

<strong>para</strong>digmática da tradução tanto na epistemé da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

como na epistemologia em geral (cf. Nouss, 1998).<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista fenomenológico, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>screver<br />

todos os processos criativos como traduções. Serão traduções<br />

num contexto <strong>para</strong>tradutivo, ou seja, porque dirigidas por <strong>uma</strong><br />

confluência <strong>de</strong> interesses i<strong>de</strong>ológicos, exteriores à volição do indivíduo<br />

tradutor, sejam eles éticos, estéticos, econômicos, políticos,<br />

etc. Na atualida<strong>de</strong>, é praticamente impossível negar o<br />

caráter <strong>de</strong> construção do texto, da autoria, da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e da<br />

imagem in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> os consi<strong>de</strong>rarmos ‘originais’ ou<br />

‘traduzidos’. É, por isso, indispensável que já não concebamos a<br />

tradução a partir da linguagem, mas sim a linguagem a partir<br />

da tradução (Nouss, 1995:337).<br />

É certo que as reflexões teóricas sobre a tradução estão<br />

presentes nos mais diversos âmbitos da investigação; ainda assim,<br />

é preciso verificar até que ponto a tradução po<strong>de</strong> servir como<br />

epistemologia transversal e até transgressora (cf. Nouss, 1995).<br />

TRADTERM, 14, 2008, p. 15-49

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