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Graciliano ramos - vidas secas (livro completo)

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Imagino que as pessoas sentimentais, ou as educadas<br />

normalmente, ficarão constrangidas ao ler as memórias do Sr.<br />

<strong>Graciliano</strong> Ramos, mas espero que, antes de tudo, também se<br />

sintam como<strong>vidas</strong>. Estas páginas determinam igualmente a<br />

compreensão dos seus romances, do seu mundo romanesco marcado<br />

pela tristeza e pela solidão. Escreveu Wilhelm Dilthey que "a<br />

autobiografia não é senão a expressão literária da autognosis<br />

do homem acerca do curso de sua vida" . A autobiografia do<br />

Sr. <strong>Graciliano</strong> Ramos explica o caráter áspero e sombrio da<br />

sua obra de romancista: o criador de S. Bernardo e Angústia<br />

já estava no menino amargurado de Infância, onde encont<strong>ramos</strong><br />

agora as raízes do seu niilismo implacável e devastador.<br />

Setembro de .<br />

( WILHELM DILn EY - La imaginación del poeta, in Poètica.<br />

Traducción del alemán de Elsa Tahernig. Editorial Losada S.A.<br />

Buenos Aires, ).<br />

III - Romances, novelas e contos: visão em bloco de uma<br />

obra de ficcionista Um acontecimento ao mesmo tempo<br />

literário e editorial é o aparecimento em conjunto de todas<br />

as obras de ficção do Sr. <strong>Graciliano</strong> Ramos, quatro romances e<br />

um <strong>livro</strong> de contos s. Em rigor, seria preferível, porque mais<br />

exata, esta classificação: dois romances: Caetés e Angústia;<br />

duas novelas: S. Bernardo e Vidas Secas; um volume de<br />

contos: Insônia. A distinção não decorre do tamanho, nem<br />

mesmo da qualidade dos <strong>livro</strong>s, mas do espírito de concepção e<br />

realização. A falta de diferenciação neste sentido, é, aliás,<br />

muito comum na literatura brasileira, na qual a maioria dos<br />

<strong>livro</strong>s classificados como romances mereceria com mais<br />

propriedade o título de novelas. Por coincidência, em nosso<br />

caso, dos dois <strong>livro</strong>s do Sr. <strong>Graciliano</strong> Ramos que nos parecem<br />

especificamente romances, um, Angústia, é a sua obraprima, e<br />

uma das realizações importantes e características da ficção<br />

brasileira, enquanto o outro, Caetés, é uma obra de todo<br />

falhada e inexpressiva. As duas novelas, por sua vez, são<br />

ambas excelentes e consideráveis, não obstante alguns<br />

defeitos fundamentais de idealização e de construção, que<br />

serão indicados no decorrer destes artigos, com os quais<br />

voltamos pela terceira vez a tratar de um autor especialmente<br />

estimado e de uma obra calorosamente admirada por todos os<br />

seus companheiros de vida literária .<br />

Nos estudos anteriores, o meu objetivo foi interpretar o<br />

sentido geral da obra do Sr. <strong>Graciliano</strong> Ramos, procurando<br />

fixar os traços de personalidade do escritor e a<br />

projeção dela através da arte literária. Tinha imaginado<br />

discutir desta vez a significação política da sua obra, e com<br />

uma opinião GRACILIANO RAMOS - Caetés. Rio de Janeiro,<br />

. GRACILIANO RAMOS - S. Bernardo. Rio de Janeiro, .

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