Graciliano ramos - vidas secas (livro completo)
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GRACILIANO. RAMOS - Vidas Secas. Rio de Janeiro, .<br />
GRACILIANO RAMOS - Insônia. Rio de Janeiro, .<br />
Não havia nessa época ainda nenhum estudo de conjunto - hoje<br />
acontece com o tão importante ensaio de Antonio Cândido -<br />
acerca da criação ficcionista de <strong>Graciliano</strong> Ramos. Este<br />
Autor, nos presentes capítulos, foi o primeiro a quem coube<br />
faze-lo, não obstante em proporções modestas, e nas condições<br />
possíveis com referência a um romancista ainda vivo, cuja<br />
obra a ninguém seria dado então saber se estaria ou não já<br />
concluída como um todo.<br />
contrária à que se acha estabelecida, no que me vejo<br />
impedido pelas circunstâncias exteriores, pois não seria leal<br />
e correto abrir esse debate num momento que lhe é pouco<br />
oportuno, prestando-se a minha atitude a explorações<br />
extraordinárias". Procuremos, então, outro terreno para esses<br />
comentários, a fim de que não redundem em simples repetição<br />
ou variação dos anteriores. Este terreno poderá ser o da<br />
evolução literária do Sr. <strong>Graciliano</strong> Ramos, vista melhor<br />
através de uma leitura de conjunto dos seus romances e<br />
novelas, fixada em cada um dos seus <strong>livro</strong>s. Pois a verdade é<br />
que este ficcionista, bastante limitado, a certo respeito,<br />
nas suas visões, jogando com um ambiente social reduzido, e<br />
não muito vastos recursos de revelação psicológica,<br />
conseguiu, no entanto, fazer de cada um dos seus <strong>livro</strong>s uma<br />
obra independente, sempre com elementos particulares e<br />
características próprias, sem se repetir, sem transmitir<br />
nunca a sensação de que um deles está prolongando o outro<br />
através de aspectos semelhantes. Isso é um resultado da sua<br />
arte literária, da sua capacidade de utilizar, com o máximo<br />
proveito, todos os elementos de observação, inspiração,<br />
imaginação e cultura, de que dispõe conscientemente.<br />
A primeira edição de Caetés apareceu em ; o seu autor,<br />
nessa época, era uma figura municipal, tendo vivido até a<br />
maturidade numa cidade do interior de Alagoas. Não se tinha<br />
aí a estréia de um rapaz, de um jovem, pois ao publicá-lo já<br />
entrara o romancista na casa dos quarenta anos. Essa<br />
circunstância explicará, talvez que, sendo Este Autor<br />
projetara - e nisto estava interessado o próprio romancista -<br />
realizar um estudo de interpretação da obra de <strong>Graciliano</strong><br />
Ramos sob o ponto de vista do marxismo, aproveitando a<br />
circunstância de ter-se inscrito ele, dois anos antes, como<br />
membro do Partido Comunista. Todavia, isto se tornou<br />
impossível, em realidade ética, porque no momento em que<br />
apareceram os seus <strong>livro</strong>s em conjunto, e quando,<br />
conseqüentemente, preparei este ensaio - julho de - os<br />
comunistas brasileiros estavam sendo objeto de uma<br />
perseguição policial zoologicamente feroz e brutal por parte