CARTA PASTORAL POR OCASIÃO DO “ANO DA FÉ” - Opus Dei
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os grãos das espigas; e decidir-se a aproveitar plenamente, não pela metade, os<br />
procedimentos de que o Senhor se serve para nos polir, para limar as arestas do nosso<br />
caráter, para arrancar da nossa conduta externa e interna – por amor, ainda que custe – esse<br />
eu que cada um tem em grau superlativo. Esse trabalho de purificação – não nos falta a<br />
experiência pessoal – é necessário para alcançar os frutos sobrenaturais oportunos. O Mestre<br />
nos explicou, com uma imagem clara: se o grão de trigo, que cai na terra, não morre, fica<br />
infecundo, mas se morre, produz muito fruto (Jo 12, 24).<br />
A união com Cristo na Cruz<br />
39. Jesus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (1 Tm 2, 4).<br />
E esta santa ambição deve informar o nosso comportamento: nós precisamos dar uma forte<br />
carga apostólica a tudo que fazemos, nas situações e nos momentos mais diversos. Assim,<br />
cada fiel da Obra, mesmo quem não esteja em condições de realizar um apostolado imediato<br />
– por estar doente, por encontrar-se num lugar novo ou desconhecer a língua, etc. –, poderá<br />
desenvolver um trabalho apostólico diretíssimo muito fecundo. Todos nós o conseguiremos,<br />
se nos esmerarmos no trato com Deus através das Normas de piedade; esforçando-nos na<br />
realização de um trabalho bem acabado, apresentando-o a Deus todos os dias na Santa<br />
Missa. O Senhor espera que Lhe ofereçamos essa luta por aproveitar e buscar as pequenas<br />
mortificações ou exigências com um ritmo constante, “como o bater do coração” 71.<br />
A união com Cristo na Cruz é de suma importância para a realização desse programa<br />
apostólico. Não há possibilidade de seguir Jesus se não nos negamos a nós próprios, se não<br />
cultivamos o espírito de mortificação, se não praticamos obras concretas de penitência. O<br />
Santo Padre assinala que “cada cristão está chamado a compreender, a viver e a<br />
testemunhar com a sua existência a glória do Crucificado. A cruz - a doação de si mesmo<br />
por parte do Filho de Deus – é, definitivamente, o «sinal» por excelência que nos foi dado<br />
para compreender a verdade do homem e a verdade de Deus: todos nós fomos criados e<br />
remidos por um Deus que por amor imolou o seu único Filho. Eis por que na Cruz, como<br />
escrevi na Encíclica Deus caritas est, «cumpre-se aquele virar-se de Deus contra Si próprio,<br />
com o qual Ele Se entrega para levantar o homem e salvá-lo o amor na sua forma mais<br />
radical»” 72<br />
Nas chagas de Cristo<br />
40. Não poucas vezes ouvimos uma comparação que São Josemaria fazia. Comentava<br />
que os cristãos que anseiam caminhar perto do Mestre devem ser, “nas mãos chagadas de<br />
Cristo, a semente que o Semeador divino lança no sulco. E assim como o semeador enfia o<br />
punho no bornal, e o tira repleto de grãos dourados, para espalhá-los em volta, assim, você e<br />
eu, devemos nos dar, sem esperar nada na terra, nem inventar penas que não existem. Mas é<br />
necessário, como afirma o Evangelho, que o grão se enterre e morra na aparência, para ser<br />
fecundo (cf. Jo 12, 24). Só assim seremos uma boa semente, na semeadura que o Senhor deseja<br />
fazer para abrir os caminhos divinos na terra” 73.<br />
71 São Josemaria, Forja, n. 518.<br />
72 Bento XVI, Homilia, 26-III-2006.<br />
73 São Josemaria, Notas de uma meditação, 28-V-1964.<br />
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