CARTA PASTORAL POR OCASIÃO DO “ANO DA FÉ” - Opus Dei
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doutrina – escrevia São Justino em meados do século II –; mas, por Cristo, até os artesãos e os<br />
ignorantes desprezaram não apenas a opinião do mundo, mas também o medo da morte” 17.<br />
Num mundo que desejava ardentemente a salvação, sem saber onde encontrá-la, a<br />
doutrina cristã abriu caminho como uma luz acesa no meio da escuridão. Aqueles primeiros<br />
souberam, com o seu comportamento, fazer brilhar diante dos seus concidadãos essa<br />
claridade salvadora e se converteram em mensageiros de Cristo – com simplicidade e<br />
naturalidade, sem alardes – com a coerência entre a sua fé e as suas obras. “Nós não dizemos<br />
grandes coisas, mas as fazemos” 18, escreveu um daqueles homens. E mudaram o mundo<br />
pagão.<br />
Na Carta apostólica que dirigiu a toda a Igreja, na preparação para o grande jubileu do<br />
ano 2000, o beato João Paulo II explicava que “em Cristo, a religião deixa de ser um<br />
«procurar Deus como que às apalpadelas» (cf. Act 17, 27), para se tornar resposta de fé a Deus<br />
que Se revela: resposta na qual o homem fala a Deus como seu Criador e Pai; resposta feita<br />
possível por aquele Homem único, que ao mesmo tempo é o Verbo consubstancial ao Pai, no<br />
qual Deus fala a cada homem, e cada homem se torna capaz de responder a Deus” 19.<br />
É questão de fé<br />
12. Vejo nessas palavras outra consideração que queria propor-lhes, diante da<br />
necessidade de nos empenharmos sem tréguas na tarefa da nova evangelização da<br />
sociedade. Antes de tudo, precisamos de fé e esperança firmemente assumidas; ou seja,<br />
caminhar em cada momento intimamente convencidos – com uma convicção que nasce do<br />
trato com a Trindade – de que é possível mudar o curso deste nosso mundo, encaminhar<br />
todas atividades humanas à glória do Senhor e à conversão das almas. Certamente não<br />
faltarão a luta, os sofrimentos, mas sempre avançaremos in lætítia,com alegria e confiança,<br />
porque estamos assistidos pela promessa divina: pede-me e te darei as nações por herança, os<br />
confins da terra em propriedade (Sl 2, 8).<br />
Impressiona – repito – contemplar como os Apóstolos, sem outros meios que a fé em<br />
Cristo e animados por uma esperança segura e alegre, dispersaram-se pela terra então<br />
conhecida e difundiram a doutrina cristã em toda a parte. São Josemaria alegrava-se ao<br />
celebrar as suas festas, e também as daquelas santas mulheres que acompanharam Jesus<br />
durante a sua passagem pela terra! As figuras dos Apóstolos, de Maria Madalena, de Lázaro,<br />
de Marta e Maria, irmãs de Lázaro, entusiasmavam-no. De cada um, de cada uma, podemos<br />
aprender a crer mais, inteiramente, em Jesus Cristo e a amá-lo com a intensidade com que O<br />
amaram aqueles que O trataram. Como nós, eles também se viam com misérias e, apesar do<br />
pequeno número em comparação com a população das nações conhecidas, propagaram a<br />
semente divina com o seu exemplo cotidiano e com a sua palavra reconfortante.<br />
Lembro-me da força com que o nosso Padre, ao falar do apostolado num ambiente<br />
difícil, assegurava: “é questão de fé!” Sim, é questão de fé! Essa fé que, como o Senhor<br />
assinala no Evangelho, tem a capacidade de mover as montanhas de lugar (cf. Mt 17, 20) e de<br />
superar qualquer obstáculo; que é como os rios que abrem caminho dos cumes elevados até o<br />
17 São Justino, Apologia 2, 10 (PG 6, 462).<br />
18 Minúcio Félix, Octavio, n. 38 (PL 3, 357).<br />
19 Beato João Paulo II, Carta apost. Tértio millénnio adveniénte, 10-XI-1994, n. 6.<br />
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