Processos projetuais para a criação em Design de Moda: pesquisas ...
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<strong>Processos</strong> <strong>projetuais</strong> <strong>para</strong> a <strong>criação</strong> <strong>em</strong> <strong>Design</strong> <strong>de</strong> <strong>Moda</strong>: <strong>pesquisas</strong> teóricas e referenciais<br />
Foi criado <strong>em</strong> 1955, na França, o Comitê <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação das Indústrias <strong>de</strong><br />
<strong>Moda</strong> (CIM), cuja principal missão era fornecer aos diversos elos da ca<strong>de</strong>ia<br />
têxtil, das fiações à imprensa, indicações precisas e coerentes sobre as<br />
tendências. O CIM serviu <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>para</strong> os birôs <strong>de</strong> estilo, que durante as<br />
décadas <strong>de</strong> 1960 e 1970 exerceram um papel fundamental por meio dos<br />
“ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> tendências”, verda<strong>de</strong>iros guias contendo todas as informações<br />
<strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma coleção (CALDAS, 2004, p. 57).<br />
Surge então, nesse momento, com a organização dos birôs, o método <strong>de</strong> <strong>criação</strong> <strong>em</strong><br />
moda obe<strong>de</strong>cendo a critérios <strong>de</strong> industrialização <strong>de</strong> matérias primas. Este método t<strong>em</strong> a<br />
intenção <strong>de</strong> integrar o <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> moda <strong>de</strong> vestuário a toda a ca<strong>de</strong>ia produtiva: <strong>pesquisas</strong>,<br />
prazos, <strong>de</strong>finições e <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>v<strong>em</strong> seguir a ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma racionalização e<br />
produtivida<strong>de</strong> industrial a fim <strong>de</strong> se produzir, roupas <strong>em</strong> série padronizadamente. Um<br />
sist<strong>em</strong>a que <strong>em</strong> muito se parece com o <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> objetos: “a fabricação do vestuário<br />
<strong>de</strong> massa vai seguir <strong>em</strong> parte o mesmo caminho aberto, a partir dos anos 1930, pelo<br />
<strong>de</strong>senho industrial” (LIPOVETSKY, 1989, p. 110).<br />
A partir dos anos <strong>de</strong> 1980, as tendências não partiam mais <strong>de</strong> um único lugar, tampouco<br />
funcionavam igualmente <strong>para</strong> todo o mercado. No momento <strong>em</strong> que se começa a falar e<br />
estudar a pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, as fontes <strong>de</strong> informações tornaram-se diversas e múltiplas.<br />
CALDAS (2004, p. 59) <strong>de</strong>nomina essas fontes como vetores e organiza claramente um<br />
esqu<strong>em</strong>a <strong>para</strong> a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>stes. Nos anos 1980 a principal fonte era a chamada<br />
moda institucional, formada pelo pret-à-porter, seus criadores e as marcas. A Alta-<br />
Costura passou a ser vista como um laboratório experimental, s<strong>em</strong> compromisso com<br />
vendas. A indústria <strong>de</strong> corantes, fibras, fios e tecidos mais as chamadas capitais da<br />
moda (Paris como referência ao luxo, Milão ao chique e Londres da moda jov<strong>em</strong> e<br />
criativa, entrando <strong>para</strong> esse grupo as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Nova York e Tóquio), os salões<br />
profissionais e a mídia especializada <strong>em</strong> conjunto com o varejo, formam outras fontes<br />
vetoriais.<br />
Os movimentos jovens e <strong>de</strong> rua, uma nova elite social associadas a artistas e novosricos,<br />
i<strong>de</strong>ntificados como celebrida<strong>de</strong>s, e o próprio indivíduo - que se transformou numa<br />
fonte <strong>de</strong> observação à medida que passou a ter maior liberda<strong>de</strong> <strong>para</strong> apropriar-se da<br />
moda e personalizá-la – são outras fontes. Todas as informações e percepções<br />
originadas nessas fontes formam um conjunto <strong>de</strong> sinais que apontam tendências <strong>de</strong><br />
comportamento, <strong>de</strong> valores e <strong>de</strong> consumo.<br />
Atualmente acentua-se a importância do indivíduo como vetor <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />
tendências, curiosamente como no período anterior ao surgimento da Alta-Costura. O<br />
consumidor in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos ditames do mercado torna-se uma referência <strong>em</strong> si, à<br />
medida que cada um, <strong>em</strong> maior ou menor número, é estimulado a <strong>de</strong>senvolver <strong>em</strong> si um<br />
estilo pessoal, seja pela quantida<strong>de</strong> incontável <strong>de</strong> ofertas, pela influência da mídia e ou<br />
pela varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> estilos que coexist<strong>em</strong> s<strong>em</strong> conflito.<br />
Por outro lado, vale l<strong>em</strong>brar que cada indivíduo carrega <strong>em</strong> si tantos outros: o meio<br />
social, a cultura, o momento <strong>em</strong> que vive, incluindo sua constituição étnica, pois não dá<br />
<strong>para</strong> pensar tal sujeito isoladamente s<strong>em</strong> voltar <strong>para</strong> a questão <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> é e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> veio,<br />
mesmo levando <strong>em</strong> conta o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> se sentir único, e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, pertencer e<br />
ser reconhecido <strong>em</strong> um círculo social. Quando falamos <strong>em</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural <strong>de</strong> um<br />
sujeito ou grupo <strong>de</strong> indivíduos também apresentamos uma forma <strong>de</strong> pensar el<strong>em</strong>entos<br />
9º Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento <strong>em</strong> <strong>Design</strong>