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Design de Experiência e Corrida de Rua: um Estudo sobre a Construção de Experiências de Consumo (1992) revela que a construção de uma identidade social é relevante ao indivíduo, pois gera um sentimento de pertencimento, um local valioso dentro do ambiente social, uma forma de conectar com outros e elevar auto-estima. Shipway & Jones (2008), em um estudo sobre as experiências de participantes na Maratona de Londres, apontam que apenas o que é conhecido como serious leisure 4 tem capacidade de gerar significativa identidade social. A percepção da corrida se altera de forma substancial quando realizada de forma individual e independente ou em grupos que tenham uma identidade minimamente constituída. A experiência grupal revelou-se como mais estimulante, indutora de uma prática de corrida mais duradoura ao longo do tempo (menor taxa de desistência). A área de Design pode exercer um papel importante para configurar essa experiência projetada, seja na constituição de serviços que estimulem a formação de grupo, bem como elementos tangíveis que reforcem o esforço de estruturação da identidade coletiva (marca, uniforme, comunicação, estruturas físicas, etc). Discorrendo sobre o design de experiência, foi constatado que os elementos para a estruturação da mesma, tanto para as competições como para as assessorias, são encontrados, seja na constituição do conteúdo (serviços centrais e auxiliares prestados pelos grupos e pelos organizadores de eventos), contexto (desenvolvimento das evidências físicas) e processos (sistemas de atendimento que viabilizam a operação das assessorias e das provas). O desafio para seus responsáveis é a geração contínua de experiências positivas, com a urgência de desenvolver continuamente inovações que caracterizem como experiências satisfatórias e, se possível, extraordinárias. Considerações Finais Pode-se observar que a atividade de corrida surge para os participantes, inicialmente, com uma forma mais simples de realização de uma atividade física, de forma independente e pouco onerosa. Entretanto, a construção de uma experiência mais complexa, com a participação de outros usuários e com orientação técnica especializada passa a trazer mais outros elementos para vinculação ao esporte. A formação de grupos de corrida, com identificação própria e serviços de assessoria e suporte ao corredor, tornam a experiência, até então consumer-driven, em atividades co-driven, ou seja, seu desenvolvimento e fruição são igualmente dependentes das iniciativas do usuário e das empresas. Um bom exemplo de relevância das organizações na formação de experiências do usuário é o desenvolvimento de provas e competições temáticas. Mais do que apenas um evento, as provas constituem-se nos objetivos dos corredores, seja para superar seus próprios limites e desempenhos anteriores, seja pela interação social com outros participantes e na experimentação de novos entornos, desde o local da prova, serviços e produtos disponibilizados pelos organizadores e patrocinadores. Iniciativas no desenvolvimento de produtos ligados ao running permitem evidenciar os esforços no design de experiência, como a parceria realizada entre a fabricante de material esportivo Nike e a Apple, no lançamento do sistema Nike Plus. O sistema, que integra tênis Nike e iPods, permite monitorar o desempenho do corredor, entretê-lo com música e participar de uma rede social Nike na Web para atletas que usufruem da mesma tecnologia, reforçando os estímulos para a constituição de uma comunidade de usuários ou praticantes com características tribais (Cova, Kozinets & Shankar, 2007). A corrida deixa de ser um obstáculo para o indivíduo e assume um caráter de entretenimento, convívio social e prazer a 4 Serious leisure é descrito por Stebbins (1992) como atividades de lazer que demandam esforços significativos para realização de determinada atividade. Em contrapartida, o causal leisure caracteriza por atividades menos interativas e pouco demandantes das capacidades do indivíduo na sua execução, como ver TV ou dar um passeio. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design
Design de Experiência e Corrida de Rua: um Estudo sobre a Construção de Experiências de Consumo partir de produtos que retiram de sua atividade central o aspecto de desgaste, desconforto e sacrifício que o corredor normalmente experimenta. O estudo permitiu verificar, a partir de uma abordagem de várias perspectivas dos distintos participantes dessa indústria, como a experiência de consumo de corrida é constituída e o papel que o Design possui na transformação dessa experiência em algo mais acessível ao usuário comum, não se restringindo apenas ao atleta de performance. A construção de experiências de consumo menos focadas no desempenho esportivo do usuário, mas no atendimento de suas necessidades hedônicas e funcionais é o motor para o crescimento expressivo desse mercado e salienta a importância que o Design pode exercer na constituição de serviços, experiências e produtos. Referências AIMS. Association of International of Marathon and Distance Races. Marathon statistics. Disponível em http://aimsworldrunning.org/statistics/World%27s_Largest_Marathons.html - 2009. Acesso em 24 de Dezembro de 2009. CARU, A.; COVA, B. How to facilitate immersion in a consumption experience: appropriation operations and service elements. Journal of Consumer Behavior, 5, 4-14, 2006. CARU, A.; COVA, B. Consuming experiences. London: Routledge, 2007. CORPORE. Estatísticas. Disponível em http://www.corpore.org.br/cor_corpore_estatisticas.asp. Acesso em 17 de novembro de 2009. COVA, B.; COVA, V. Tribal aspects of postmodern consumption research: the case of French in-line roller skates. Journal of Consumer Behaviour, 1(1), 67-76, 2001. COVA, B.; KOZINETS, R.; SHANKAR A. Consumer tribes. Oxford: BH, 2007. CSIKSZENTMIHALYI, M.; CSIKSZENTMIHALYI, I.S. (Eds) Optimal experience: psychological studies of flow in consciousness. Cambridge: Cambridge University Press, 1988. FORLIZZI, J.; DISALVO, C.; HANINGTON, B. Emotion, experience and the design of new products. The Design Journal, v. 6, 2, p. 29-38, 2003. FREIRE, K. Reflections upon the experience design concept. Strategic Design Research Journal, v.2, 1, jan-jul 2009. HEKKERT, P.; McDONAGH, D. Design and Emotion. The Design Journal, 6(2):1-3., 2003. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design
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