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FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO ... - Faap

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FUNDA« O <strong>ARMANDO</strong> <strong>ALVARES</strong> <strong>PENTEADO</strong><br />

FACULDADE DE ECONOMIA<br />

CONSOLIDA« O BANC¡RIA E EVOLU« O DO<br />

CR…DITO NO BRASIL, NO PERÕODO 2000-2009<br />

GREGORY ANDREAS RIBEIRO<br />

S„o Paulo, 2010<br />

Monografia de Conclus„o do Curso<br />

apresentada ‡ Faculdade de Economia para<br />

obtenÁ„o do tÌtulo de graduaÁ„o em<br />

CiÍncias EconÙmicas, sob orientaÁ„o da<br />

Profa. Dra. Lucy Aparecida de Sousa


RIBEIRO, Gregory Andreas. CONSOLIDA« O BANC¡RIA E<br />

EVOLU« O DO CR…DITO NO BRASIL, NO PERÕODO 2000-2009,<br />

S„o Paulo, FAAP, 2010, 47p. (Monografia Apresentada ao Curso de<br />

CiÍncias EconÙmicas da Faculdade de Economia da FundaÁ„o Armando<br />

Alvares Penteado)<br />

Palavras-Chaves: ConsolidaÁ„o Banc·ria, EvoluÁ„o do CrÈdito, Crise<br />

Financeira Internacional.


DEDICAT”RIA<br />

Dedico este trabalho de conclus„o ‡ minha famÌlia, meus amigos que me<br />

acompanharam nessa jornada e a Prof. Dra. Lucy Sousa, por todo o apoio durante a<br />

elaboraÁ„o deste trabalho.


AGRADECIMENTOS<br />

Primeiramente, agradeÁo a toda minha famÌlia, especialmente aos meus pais e ao<br />

meu irm„o, por todo o apoio e suporte durante essa minha difÌcil caminhada.<br />

Aos meus amigos que sempre estiveram ao meu lado em todos os momentos em<br />

que precisei.<br />

¿ Professora Doutora Lucy, que tanto me ajudou e me acompanhou durante toda<br />

essa longa caminhada que durou muito mais do que o esperado.<br />

Aos professores do Curso de CiÍncias EconÙmicas que, com toda certeza,<br />

transmitiram, alÈm de conhecimento, experiÍncias de vida que levarei como exemplo por<br />

toda a vida.


SUM¡RIO<br />

Lista de Gr·ficos<br />

Lista de Tabelas<br />

Resumo<br />

INTRODU« O..................................................................................................................1<br />

1 REESTRUTURA« O BANC¡RIA BRASILEIRA NOS ANOS 90 ...............2<br />

IntroduÁ„o................................................................................................................2<br />

1.1 ConsolidaÁ„o Banc·ria Internacional.................................................................2<br />

1.2 Abertura Financeira dos anos90.........................................................................4<br />

1.3 As Crises Banc·rias do pÛs-Plano Real.............................................................7<br />

1.4 O inÌcio da grande onda das Fusıes e AquisiÁıes banc·rias no Brasil............11<br />

1.5 BasilÈia I: alteraÁıes e conseq¸Íncias..............................................................14<br />

Conclus„o...............................................................................................................15<br />

2 A CONFIGURA« O DO SETOR BANC¡RIO A PARTIR DOS ANOS<br />

2000........................................................................................................................17<br />

IntroduÁ„o..............................................................................................................17<br />

2.1 O Novo Acordo de BasilÈia (BasilÈia II).........................................................17<br />

2.2 A concorrÍncia no sistema banc·rio brasileiro................................................20<br />

2.3 O aumento da eficiÍncia e lucratividade do setor banc·rio.............................24<br />

Conclus„o...............................................................................................................28<br />

3 A EVOLU« O DO CR…DITO NO BRASIL NOS ANOS 2000.....................29<br />

IntroduÁ„o..............................................................................................................29<br />

3.1 O comportamento do spread banc·rio.............................................................29<br />

3.2 A evoluÁ„o do crÈdito no perÌodo....................................................................32<br />

3.3 A atuaÁ„o do governo na crise financeira e a import‚ncia do crÈdito.............38<br />

Conclus„o...............................................................................................................42<br />

CONSIDERA«’ES FINAIS..........................................................................................43<br />

REFERENCIAS BIBLIOGR¡FICAS...........................................................................45


LISTA DE GR¡FICOS<br />

Gr·fico 1: EvoluÁ„o do n˙mero de bancos por natureza de capital...................................22<br />

Gr·fico 2: EvoluÁ„o da eficiÍncia de intermediaÁ„o.........................................................26<br />

Gr·fico 3: EvoluÁ„o da eficiÍncia de resultados................................................................26<br />

Gr·fico 4: EvoluÁ„o da lucratividade e da concentraÁ„o no SFN.....................................27<br />

Gr·fico 5: EvoluÁ„o dos spreads banc·rios a partir de junho de 2000, por tipo de<br />

tomador..............................................................................................................................31<br />

Gr·fico 6: OperaÁıes de crÈdito sobre PIB (%).................................................................37<br />

Gr·fico 7: OperaÁıes de crÈdito por controle de capital (% relativa)................................38<br />

Gr·fico 8: Direcionamento do crÈdito para atividades econÙmicas ñ Sistema<br />

Financeiro..........................................................................................................................40


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1: EvoluÁ„o da ConcentraÁ„o do Sistema Banc·rio Brasileiro.............................21<br />

Tabela 2: EvoluÁ„o dos bancos comerciais, m˙ltiplos e caixas econÙmicas no Brasil no<br />

perÌodo 1993-2002............................................................................................................22<br />

Tabela 3: InstituiÁıes Classificadas pelo Ativo Total ñ em milhıes R$...........................23<br />

Tabela 4: EvoluÁ„o do crÈdito de 2007-2009....................................................................33<br />

Tabela 5: CrÈdito com recursos livres...............................................................................34<br />

Tabela 6: CrÈdito com recursos direcionados....................................................................35<br />

Tabela 7: EvoluÁ„o do crÈdito das 4 principais instituiÁıes do Brasil..............................35<br />

Tabela 8: ParticipaÁ„o do estado no crÈdito total concedido, Brasil: 1994-2006..............36<br />

Tabela 9: OperaÁıes de crÈdito por atividade econÙmica (R$ milhıes)...........................39


RESUMO<br />

A dÈcada de 1990 foi marcada por diversas mudanÁas no cen·rio<br />

financeiro/comercial brasileiro e trouxe mudanÁas importantes para o setor banc·rio<br />

nacional. A entrada de instituiÁıes financeiras estrangeiras permitiu o fortalecimento e a<br />

consolidaÁ„o do setor. Com as crises banc·rias de meados da dÈcada e a grande onda de<br />

Fusıes e AquisiÁıes de bancos nacionais por bancos estrangeiro, trouxe novas<br />

tecnologias, permitindo um aumento na eficiÍncia e lucratividade do setor banc·rio<br />

brasileiro. Nos anos 2000, o crÈdito no Brasil passou a apresentar aumentos<br />

significativos, liderado pelos bancos privados nacionais e internacionais. Com a crise<br />

financeira de 2008, os bancos p˙blicos tomaram a frente, graÁas ‡ forte atuaÁ„o do<br />

governo de contenÁ„o dos efeitos desta, e assumiram o papel principal no setor,<br />

mantendo o crescimento das operaÁıes de crÈdito, assim como o crescimento da<br />

economia brasileira.


INTRODU« O<br />

Na dÈcada de 1990, o mercado banc·rio brasileiro sofreu diversas alteraÁıes. A<br />

comeÁar pela consolidaÁ„o internacional do setor, na dÈcada anterior, em que bancos sÛlidos<br />

estrangeiros vinham em busca de novos mercados, e que somada ‡ abertura comercial<br />

brasileira, facilitou a entrada dessas instituiÁıes. A partir de meados da dÈcada de 1990,<br />

muitos bancos tiveram problemas financeiros de solvÍncia e alguns programas do governo<br />

foram adotados como forma de ajudar na sa˙de dessas instituiÁıes, como por exemplo, o<br />

Proer e Proes. Dessa forma, iniciou-se uma grande onde de Fusıes e AquisiÁıes no setor<br />

banc·rio, em que os bancos mais sÛlidos compravam uma parte (ou totalmente) dos bancos<br />

que passavam dificuldades financeiras.<br />

O Primeiro Acordo de BasilÈia (1975) foi uma tentativa de supervisionar e<br />

regulamentar o setor banc·rio, mas se mostrou bastante ineficiente durante a dÈcada de 1990.<br />

Assim, foram propostas algumas alteraÁıes e melhorias para que no inÌcio dos anos 2000<br />

fosse implantado o Novo Acordo da BasilÈia, melhorando a eficiÍncia de sua atuaÁ„o.<br />

O setor banc·rio brasileiro dos anos 2000 se mostrou bastante consolidado e, com a<br />

grande onda de Fusıes e AquisiÁıes, apresentou uma significativa reduÁ„o do n˙mero de<br />

instituiÁıes financeiras atuantes no paÌs, aumentando, assim, a concentraÁ„o do mercado nos<br />

principais grupos/bancos. Nessa dÈcada, os bancos ainda apresentaram um significante<br />

aumento de eficiÍncia tanto de intermediaÁ„o, como de resultado e ainda mostrou um<br />

crescimento da lucratividade do setor.<br />

A partir desses elementos, tem-se a base contextual para desenvolver o estudo do<br />

principal tema deste trabalho monogr·fico, que È a evoluÁ„o do crÈdito no Brasil, nos anos<br />

2000, analisando o comportamento do spread banc·rio no perÌodo e sua import‚ncia como<br />

barreira para o crescimento das operaÁıes de crÈdito. Outro aspecto de extrema import‚ncia È<br />

o avanÁo da crise financeira internacional de 2008 no mercado brasileiro e as conseq¸Íncias e<br />

alteraÁıes trazidas por esta para o crÈdito nacional.<br />

Para analisar tal processo opta-se por dividir o trabalho em trÍs capÌtulos. No primeiro,<br />

busca-se analisar as alteraÁıes sofridas no mercado banc·rio brasileiro na dÈcada de 1990. O<br />

segundo capÌtulo procura descrever o sistema banc·rio brasileiro nos anos 2000. No terceiro<br />

capÌtulo, È estudada a evoluÁ„o do crÈdito nos anos 2000, analisando o comportamento do<br />

spread banc·rio e as conseq¸Íncias da crise financeira no mercado de crÈdito nacional.<br />

Finalmente, nas consideraÁıes finais, procura-se destacar os aspectos mais importantes que<br />

foram estudados ao longo deste trabalho.<br />

1


CAPÕTULO I<br />

REESTRUTURA« O BANC¡RIA BRASILEIRA NOS ANOS 90<br />

IntroduÁ„o<br />

Este capÌtulo tem como objetivo apresentar alguns dos acontecimentos mais<br />

importantes para o setor banc·rio brasileiro, na dÈcada de 1990, e analisar seus efeitos e<br />

conseq¸Íncias em relaÁ„o ‡ evoluÁ„o do crÈdito no paÌs, alÈm de abordar a consolidaÁ„o<br />

banc·ria internacional como um dos fatores para a consolidaÁ„o dos bancos no Brasil. Os<br />

condicionantes macroeconÙmicos s„o: a abertura financeira dos anos 90; as crises banc·rias<br />

do perÌodo pÛs-Plano Real; a onda de Fusıes e AquisiÁıes que atingiram o setor banc·rio,<br />

ainda na dÈcada de 1990 e a implantaÁ„o do Acordo de BasilÈia I.<br />

1.1 ConsolidaÁ„o banc·ria internacional<br />

Segundo Paula (2002), a consolidaÁ„o banc·ria deve ser entendida como um processo<br />

resultante de uma fus„o ou de uma aquisiÁ„o, seja dentro de um setor da ind˙stria financeira<br />

seja entre setores, que, em geral, reduz o n˙mero de instituiÁıes e aumenta o grau de<br />

concentraÁ„o de mercado.<br />

Antes de se verificar a consolidaÁ„o banc·ria no mercado brasileiro e a entrada dos<br />

bancos estrangeiros com as fusıes e aquisiÁıes de bancos nacionais, analisa-se a consolidaÁ„o<br />

do mercado banc·rio internacional que se iniciou a partir do inÌcio da dÈcada de 1980.<br />

Segundo Paula (2002), em seus estudos sobre a consolidaÁ„o banc·ria nos paÌses<br />

desenvolvidos, os principais fatores que empurram essa recente consolidaÁ„o banc·ria que<br />

vem ocorrendo nos paÌses da Europa, s„o: a desregulamentaÁ„o dos serviÁos financeiros em<br />

nÌvel nacional; a abertura do setor ‡ competiÁ„o internacional; os desenvolvimentos<br />

tecnolÛgicos, afetando o processamento das informaÁıes e os canais alternativos para os<br />

serviÁos; e as mudanÁas no comportamento das instituiÁıes financeiras, dando uma maior<br />

Ínfase no retorno aos acionistas. J· no caso dos Estados Unidos, Paula (2002) aponta como<br />

fatores da consolidaÁ„o e da onda de Fusıes e AquisiÁıes banc·rias: a eliminaÁ„o das<br />

restriÁıes geogr·ficas (tanto em nÌvel estadual, como em nÌvel federal) sobre as instituiÁıes<br />

financeiras e as agÍncias banc·rias; o ìrelaxamentoî nas atividades que os bancos podem<br />

2


participar; e o forte crescimento nos lucros dos bancos e da Bolsa de Valores na dÈcada de<br />

1990, que reduziu os custos dessas aquisiÁıes.<br />

Segundo Rocha (2002), os principais fatores da expans„o dos bancos europeus para os<br />

mercados da AmÈrica Latina e Brasil s„o as mudanÁas estruturais, que continuam ocorrendo<br />

no setor banc·rio europeu, no contexto de liberalizaÁ„o financeira, e que modificaram os<br />

padrıes de concorrÍncia, aumentaram o nÌvel de concentraÁ„o e diminuÌram as margens de<br />

lucro. Esta integraÁ„o financeira dos paÌses da Uni„o EuropÈia se iniciou ainda na dÈcada de<br />

1970 e, ao final da dÈcada de 1980, o setor banc·rio europeu se encontrava bastante<br />

modificado. As principais modificaÁıes foram: as diferentes regulamentaÁıes nacionais<br />

tornaram-se convergentes; os mercados, que atÈ ent„o eram fechados ‡ competiÁ„o externa,<br />

sofreram grande abertura; os controles sobre a atividade banc·ria foram eliminados ou<br />

relaxados com a desregulamentaÁ„o. Assim, o cen·rio est·vel, com pouca eficiÍncia e<br />

competitividade, comeÁou a se apresentar bastante modificado.<br />

O Programa de Mercado ⁄nico e a Uni„o Monet·ria EuropÈia (UME) podem<br />

ser vistos como redutores de barreiras de eficiÍncia para consolidaÁ„o banc·ria<br />

dentro das fronteiras da Uni„o EuropÈia e dentro do subconjunto de naÁıes<br />

participantes da uni„o monet·ria respectivamente. (PAULA, 2002, p. 15)<br />

Esse tipo de polÌticas, mencionadas anteriormente, elimina ou diminui as diferenÁas<br />

entre as moedas, as estruturas regulatÛrias e as barreiras contra competidores estrangeiros dos<br />

paÌses da Uni„o EuropÈia, tornando mais f·cil e menos custoso para as instituiÁıes financeiras<br />

operarem atravÈs das fronteiras entre paÌses dentro do bloco. Paula (2002) tambÈm destaca a<br />

import‚ncia da criaÁ„o de uma moeda ˙nica - o euro - como um fator muito importante para a<br />

consolidaÁ„o banc·ria europÈia. Para ele, uma moeda ˙nica levanta barreiras econÙmicas para<br />

a oferta dos serviÁos banc·rios entre fronteiras dentro da zona do euro e essa adoÁ„o de uma<br />

˙nica moeda tem a capacidade de expandir o potencial de crescimento e de diversificaÁ„o dos<br />

bancos dos paÌses da Uni„o EuropÈia.<br />

A concentraÁ„o banc·ria nesses paÌses se acentuou com a diminuiÁ„o do n˙mero de<br />

instituiÁıes, com o declÌnio das margens lÌquidas de juros dos bancos devido ao aumento na<br />

competiÁ„o banc·ria e na formaÁ„o de grandes conglomerados financeiros, em nÌveis regional<br />

e internacional (PAULA, 2002). Assim, na dÈcada de 1980, a Europa viu crescer bastante a<br />

onda de Fusıes e AquisiÁıes das instituiÁıes financeiras dentro das naÁıes; posteriormente,<br />

dentro do continente; e por fim, expandindo as aquisiÁıes para fora do continente europeu,<br />

chegando a AmÈrica Latina e mais precisamente ao Brasil ñ assunto que ser· tratado nos<br />

3


prÛximos tÛpicos, com a abertura financeira dos anos 90; com as crises banc·rias brasileiras; e<br />

finalmente, a grande onda de fusıes e aquisiÁıes banc·rias que invadiu o territÛrio brasileiro,<br />

a partir de meados dos anos 90.<br />

1.2 Abertura financeira dos anos 90<br />

Conceitualmente, a abertura financeira de um paÌs est· ligada a duas situaÁıes<br />

distintas, sendo elas: a abertura dos movimentos de capitais do balanÁo de pagamentos e a<br />

possibilidade de se efetuar transaÁıes monet·rias e financeiras em moeda estrangeira no<br />

territÛrio nacional (FREITAS e PRATES, 2001). No Brasil, na dÈcada de 1990, essa<br />

liberalizaÁ„o foi gradativa, porÈm foi respons·vel por diminuir as barreiras aos investimentos<br />

estrangeiros no mercado nacional, aumentando as reservas do paÌs; e permitir um maior<br />

acesso por parte dos agentes econÙmicos brasileiros aos tipos de investimentos dos mercados<br />

internacionais, como por exemplo, a emiss„o de tÌtulos e aÁıes nos mercados internacionais.<br />

AlÈm disso, a abertura financeira representou a entrada de instituiÁıes internacionais no<br />

mercado nacional, o que permitiu uma forte ascens„o da onda de fusıes e aquisiÁıes no setor<br />

banc·rio brasileiro ñ que ser· tratado ainda neste capÌtulo ñ e um crescimento da concentraÁ„o<br />

no setor.<br />

A abertura financeira na dÈcada de 1990 teve dois eixos centrais: a<br />

flexibilizaÁ„o da entrada de investidores estrangeiros no mercado financeiro<br />

brasileiro e a adequaÁ„o do marco regulatÛrio domÈstico ao modelo<br />

contempor‚neo de financiamento internacional, ancorado na emiss„o de<br />

securities (tÌtulos de renda fixa e aÁıes). (Idem, ibidem, p. 85)<br />

Segundo Painceira e Carcanholo (2002), a abertura financeira deve ser entendida como<br />

uma maior facilidade dos indivÌduos de uma naÁ„o para adquirir ativos e passivos<br />

denominados em moeda estrangeira e dos indivÌduos de outras naÁıes para poderem operar<br />

nos mercados financeiros domÈsticos. Dessa forma, a abertura financeira ocorrida no Brasil,<br />

na dÈcada de 1990, significou uma desregulamentaÁ„o da entrada de capitais estrangeiros e da<br />

saÌda de capital domÈstico, alÈm de uma maior agilidade na convers„o de moedas. PorÈm,<br />

segundo Prates (1999) o Brasil apresentou uma especificidade na sua abertura financeira,<br />

comparada com os paÌses latino-americanos, que foi a proibiÁ„o de depÛsitos em moeda<br />

estrangeira de n„o-residentes no sistema banc·rio domÈstico. Por isso, para autores como<br />

4


Prates e Freitas (2001), a abertura financeira da economia brasileira n„o se fez completa no<br />

inÌcio da dÈcada de 1990.<br />

Outro aspecto conseq¸ente da abertura financeira no Brasil foi o aumento da<br />

diversidade de ativos possÌveis para investimento, tanto para investidores internos, como para<br />

os externos. Surgem novas alternativas de investimento, o que d· uma maior opÁ„o para os<br />

investidores, resultando numa maior possibilidade de reduÁ„o dos riscos. Assim, o investidor<br />

tem a possibilidade de escolher, dentre os v·rios tipos de investimentos, aqueles que ir„o<br />

proporcionar um maior retorno, dado nÌvel de risco que ele esteja disposto a enfrentar, no<br />

perÌodo desejado.<br />

A modalidade de investimento que mais atraiu investidores estrangeiros foi o mercado<br />

acion·rio. Isso ocorreu devido ao fim das restriÁıes quanto ao prazo de permanÍncia dos<br />

investimentos, com o Anexo IV ‡ ResoluÁ„o n 1.289/87. Resumidamente, esse anexo<br />

disciplinou os investimentos estrangeiros em tÌtulos e valores mobili·rios de companhias<br />

abertas, sem impor critÈrios de composiÁ„o, capital mÌnimo inicial e perÌodo de permanÍncia,<br />

permitindo a entrada direta de investidores ìqualificadosî no mercado acion·rio nacional,<br />

definidos estes como fundos de pens„o, companhias de seguro, instituiÁıes financeiras<br />

estrangeiras, entre outros.<br />

Em meio a essa abertura financeira, onde se teve um aumento muito grande das<br />

emissıes de tÌtulos pelas empresas nacionais, os bancos tiveram um papel muito importante<br />

no fornecimento de consultoria especializada, na estruturaÁ„o e montagem das operaÁıes, na<br />

subscriÁ„o das emissıes e na concess„o de aval para empresas n„o-financeiras; e ainda,<br />

mesmo com menor express„o, nas operaÁıes de emprÈstimos sindicalizados, que obtiveram<br />

um significativo aumento no ano de 1997, porÈm na modalidade de curto prazo (FREITAS e<br />

PRATES, 1999, p. 78).<br />

Em relaÁ„o ao impacto sobre o mercado de credito banc·rio, Freitas e Prates (1999 e<br />

2001) apontaram trÍs fatores dos quais o mercado de crÈdito È dependente: o volume captado<br />

de tÌtulos colocados no exterior; o volume de recursos repassados pelos bancos aos indivÌduos<br />

internos; e a gest„o macroeconÙmica dos fluxos. Por ter sido uma abertura incompleta (n„o È<br />

permitido o depÛsito de n„o-residentes em moedas estrangeiras), o repasse pelos bancos se d·<br />

atravÈs de emprÈstimos diretos ou atravÈs de emissıes de tÌtulos no exterior. Os que tiveram<br />

maior atuaÁ„o foram os emprÈstimos banc·rios envolvidos pela ResoluÁ„o n 63, que<br />

abrangem apenas pessoas jurÌdicas e s„o utilizados para operaÁıes de capital de giro, leasing,<br />

financiamentos de exportaÁıes e importaÁıes de bens de capital.<br />

5


Em se tratando do terceiro fator apontado pelos autores anteriormente mencionados,<br />

existem duas hipÛteses colocadas por eles: o impacto dos fluxos de capitais ser esterilizado<br />

(com aumento da oferta de tÌtulos p˙blicos, pelo Banco Central do Brasil) ou n„o ser<br />

esterilizado. A primeira hipÛtese isola o mercado de crÈdito dos fluxos de capitais externos,<br />

porÈm causam ìimpactos sobre a composiÁ„o do funding do sistema banc·rio, com maior<br />

proporÁ„o do crÈdito associada ‡s operaÁıes de repasseî (FREITAS e PRATES, 1999, p. 93).<br />

Na segunda hipÛtese, alÈm de uma press„o de baixa da taxa de juros, ìh· uma expans„o do<br />

volume de liquidez prim·ria da economia e, assim, dos depÛsitos banc·rios, aumentando<br />

potencialmente a capacidade de expans„o creditÌcia dos bancosî (Idem, ibidem).<br />

Com relaÁ„o ‡ entrada de instituiÁıes estrangeiras no mercado nacional, existe uma<br />

discuss„o acerca dos impactos e efeitos lÌquidos do processo. A seguir, destacam-se alguns<br />

pontos positivos e negativos em relaÁ„o ‡ abertura financeira, com a entrada de instituiÁıes<br />

estrangeiras. Dentre os prÛs da forte presenÁa estrangeira no mercado financeiro nacional,<br />

destacam-se as seguintes contribuiÁıes dos bancos estrangeiros: tecnologia de crÈdito e de<br />

controle de risco (falta de experiÍncia dos bancos nacionais em conceder crÈditos em longo<br />

prazo); aumento da competiÁ„o no setor (maior transparÍncia, know-how, Ètica e compliance);<br />

e maior sofisticaÁ„o dos produtos e barateamento dos mesmos. Dentre os fatores negativos,<br />

manifestados principalmente pelos banqueiros nacionais, apÛs a compra do Banco<br />

Bamerindus pelo HSBC e atuaÁ„o agressiva do Banco Santander de aquisiÁıes de bancos<br />

nacionais, destacam-se: uma possÌvel ameaÁa ‡ soberania nacional, uma vez que os bancos<br />

estrangeiros estavam com mais de 30% dos ativos totais do sistema banc·rio brasileiro, sendo<br />

que o ìlimite idealî seria de 20% dos ativos totais; a possÌvel perda de crÈdito do Banco<br />

Central (para um banco estrangeiro, o Banco Central do Brasil representa um risco de crÈdito,<br />

como qualquer outro); e a possÌvel maior vulnerabilidade do real, com a possibilidade dos<br />

bancos estrangeiros lucrarem com apostas contra o real, comprando dÛlares do Banco Central,<br />

utilizando seu funding em reais (FREITAS, 1999).<br />

… necess·rio, porÈm, saber analisar esses argumentos e separar os que realmente s„o<br />

fundamentados em hipÛteses concretas relevantes ao paÌs, daqueles que somente s„o<br />

interesses individuais dos banqueiros brasileiros, por exemplo. A seguir, destaca-se uma<br />

crÌtica, que aponta fatores negativos ‡ entrada das instituiÁıes financeiras estrangeiras.<br />

A ampliaÁ„o da presenÁa estrangeira no sistema banc·rio brasileiro n„o teve o<br />

impacto esperado pelas autoridades econÙmicas em termos da reduÁ„o dos<br />

custos do crÈdito e dos serviÁos banc·rios ofertados ‡ populaÁ„o e do<br />

alongamento dos prazos das operaÁıes de crÈdito como conseq¸Íncia de<br />

6


suposta maior expertise na administraÁ„o dos riscos. Os bancos estrangeiros<br />

recÈm chegados adotaram um comportamento semelhante ao dos bancos<br />

privados nacionais e dos estrangeiros j· presentes no paÌs antes da<br />

flexibilizaÁ„o das condiÁıes de entrada ocorrida em 1995. (FREITAS e<br />

PRATES, 2001, p. 100)<br />

Sobre o assunto das fusıes e aquisiÁıes, no setor banc·rio mundial (principalmente no<br />

brasileiro), ocorridas apÛs a abertura financeira da economia nacional, ser· dado um maior<br />

detalhamento ainda neste capÌtulo, no item 1.3.<br />

1.3 As crises banc·rias do pÛs-Plano Real<br />

Segundo Corazza (2000), ìuma crise banc·ria geralmente se manifesta como um<br />

problema de liquidez, expresso na incapacidade dos bancos atenderem a retirada de depÛsito<br />

dos seus clientesî, e ela pode ser ocasionada pela interaÁ„o de condicionantes<br />

macroeconÙmicos e microeconÙmicos. Como macroeconÙmicos, o autor aponta ìum<br />

ambiente de instabilidade ou um plano de estabilizaÁ„oî, e como microeconÙmicos, ele<br />

destaca ìa fragilidade intrÌnseca dos prÛprios bancosî.<br />

Os anos que sucederam a implantaÁ„o do Plano Real significaram um perÌodo de<br />

significativas alteraÁıes no sistema banc·rio brasileiro. Os anos de 1995-96 ficaram<br />

conhecidos por ser um perÌodo de uma forte crise banc·ria nos paÌses em desenvolvimento.<br />

Com a implantaÁ„o do Plano Real, que significou uma estabilidade dos preÁos e o fim das<br />

altas inflaÁıes que o paÌs apresentava, muitas instituiÁıes financeiras, principalmente as de<br />

pequeno porte, mostraram-se economicamente invi·veis, pois somente com a alta inflaÁ„o<br />

conseguiam mascarar seus elevados custos, que apresentavam ganhos f·ceis com o giro do<br />

dinheiro, e aprofundou as dificuldades de instituiÁıes de grande porte, porÈm com fr·geis<br />

estruturas financeiras, devido a um, ou mais, desses trÍs fatores apresentados a seguir:<br />

elevaÁ„o excessiva de risco de crÈdito; fracassadas estratÈgias de fus„o banco-ind˙stria;<br />

numerosas fraudes praticadas no setor (FREITAS, 2008).<br />

Segundo Costa (1999), os principais problemas que o setor banc·rio brasileiro<br />

apresentou nesse perÌodo foram: a eliminaÁ„o de receitas com float; necessidade de elevadas<br />

reservas compulsÛrias; aumento da inadimplÍncia de clientes; a volatilidade macroeconÙmica;<br />

e a prematura liberalizaÁ„o financeira. A partir dessa situaÁ„o de estabilidade, os bancos dos<br />

paÌses em desenvolvimento passaram a redefinir suas estratÈgias, que se demonstraram, em<br />

7


alguns casos, de riscos muito altos. No caso brasileiro, essas mudanÁas, em parte acarretaram<br />

numa crise sistÍmica dos bancos.<br />

Os bancos viabilizaram a expans„o da demanda por crÈdito, na expectativa de<br />

ampliar suas fatias de mercado e suas margens de lucro, e substituÌram os<br />

ganhos com inflaÁ„o pelas receitas de operaÁ„o de crÈdito, sem uma avaliaÁ„o<br />

adequada dos riscos. Esse movimento caracterÌstico da hipÛtese de<br />

instabilidade financeira formulada por Minsky (1982) assumiu contornos<br />

particulares no caso brasileiro devido ‡ falta de ìcultura de crÈditoî do<br />

sistema banc·rio, que se encontravam completamente despreparados para a<br />

concess„o de crÈdito, com sistemas internos de controle bastante ineficientes.<br />

(FREITAS, 2008, p. 3)<br />

Diversos autores apontam tambÈm como fator determinante, que resultou nas crises<br />

banc·rias do paÌs, a adoÁ„o de um regime de c‚mbio fixo. A implantaÁ„o do Plano Real<br />

visava ‡ estabilizaÁ„o dos preÁos e queda da inflaÁ„o, via fixaÁ„o do c‚mbio e entrada de<br />

capitais. Essa estabilizaÁ„o resultou num aumento da demanda agregada e fez com que os<br />

bancos expandissem suas operaÁıes ativas, ao invÈs de contraÌ-las para enfrentar as perdas de<br />

rentabilidade quando se findaram as receitas inflacion·rias, e permitiu a sobrevida de bancos<br />

ineficientes no novo cen·rio econÙmico. Esse aumento da demanda agregada e,<br />

conseq¸entemente do consumo, È, em grande parte, subsidiado pelo crÈdito. Cria-se ent„o<br />

uma ìbolha creditÌciaî, que È respons·vel pela perda de qualidade dos ativos banc·rios,<br />

deixando o setor banc·rio vulner·vel a pequenos choques. PorÈm, deve-se destacar tambÈm<br />

que o aumento da inadimplÍncia, que acompanhou essa bolha do crÈdito, foi causado pela<br />

baixa supervis„o e exigÍncia para concess„o de crÈdito e pela falta de capacidade dos bancos<br />

em analisar e avaliar os riscos das operaÁıes.<br />

No ano de 1995, o governo brasileiro adotou polÌticas restritivas para tentar coibir os<br />

efeitos da crise mexicana de 1994-95, pois elevou as taxas b·sicas de juros de 20% a.a. para<br />

45% a.a. e resultou numa forte diminuiÁ„o do ritmo de crescimento econÙmico do paÌs. Neste<br />

mesmo ano, no segundo semestre, o paÌs presenciou a insolvÍncia e a liquidaÁ„o de dois de<br />

seus maiores bancos: EconÙmico e Nacional. Esse foi o estopim de uma crise sistÍmica que se<br />

demonstrava muito mais grave do que todas as crises banc·rias anteriores, devido ‡ dimens„o<br />

desses bancos (CORAZZA, 2000). A liquidaÁ„o do Banco EconÙmico, em agosto, demandou<br />

a intervenÁ„o do Banco Central do Brasil, e em novembro, com a liquidaÁ„o do Banco<br />

Nacional, o governo se viu obrigado a implementar algumas medidas preventivas, incluindo o<br />

Programa de EstÌmulo ‡ ReestruturaÁ„o e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional<br />

(Proer) e o estÌmulo ‡s Fusıes e AquisiÁıes banc·rias (PAULA e MARQUES, 2004).<br />

8


O Proer era um ìprograma de financiamento da absorÁ„o de bancos em dificuldades<br />

por instituiÁıes saud·veisî. Assim, os passivos e ativos com condiÁıes de serem recuperados<br />

das instituiÁıes insolventes foram transferidos para instituiÁıes de melhor estrutura financeira,<br />

porÈm os dÈbitos irrecuper·veis foram adquiridos pelo Banco Central, que era tambÈm o<br />

respons·vel por financiar a aquisiÁ„o da parte recuper·vel da carteira da instituiÁ„o insolvente<br />

pelas instituiÁıes saud·veis (FREITAS, 2008).<br />

AlÈm da implantaÁ„o do Proer e do Proes, outras medidas que devem ser destacadas,<br />

segundo Corazza (2000), s„o: concess„o de incentivos fiscais para a aquisiÁ„o de instituiÁıes<br />

financeiras insolventes; regulamentaÁ„o do Fundo de Garantia de CrÈditos; imposiÁ„o de<br />

dificuldades para criaÁ„o de novas instituiÁıes financeiras (majorando o capital mÌnimo para<br />

abertura de novos bancos) e criaÁ„o de incentivos para processos de fus„o, incorporaÁ„o e<br />

transferÍncia de controle acion·rio; aumento do poder de intervenÁ„o do Banco Central nas<br />

instituiÁıes financeiras; responsabilizaÁ„o das empresas de auditoria cont·bil em casos de<br />

irregularidades na instituiÁ„o financeira; alteraÁ„o da legislaÁ„o que trata da abertura de<br />

dependÍncias dos bancos no exterior e consolidaÁ„o das demonstraÁıes financeiras dos<br />

bancos no Brasil com suas participaÁıes no exterior; permiss„o de cobranÁa de tarifas pela<br />

prestaÁ„o de serviÁos por parte das instituiÁıes financeiras; criaÁ„o da Central de Risco de<br />

CrÈdito. Dessa forma, o setor banc·rio brasileiro conseguiu sair da situaÁ„o de risco<br />

sistÍmico, sem causar maiores problemas para os clientes depositantes.<br />

Em relaÁ„o ‡ privatizaÁ„o dos bancos p˙blicos nesse perÌodo estudado, os Ûrg„os<br />

econÙmicos tiveram uma presenÁa bastante ativa para que fosse reduzida a atuaÁ„o do setor<br />

p˙blico, principalmente estadual, no sistema banc·rio e financeiro. A prioridade era de<br />

transferir o controle acion·rio das instituiÁıes que ainda apresentavam condiÁıes vi·veis e<br />

recuper·veis para as instituiÁıes de melhor situaÁ„o; e liquidar as instituiÁıes que possuÌam<br />

graves desequilÌbrios operacionais (FREITAS, 2008, p. 6). O instrumento utilizado para a<br />

privatizaÁ„o dos bancos estaduais pelo governo foi o Programa de Incentivo ‡ ReduÁ„o do<br />

Setor P˙blico Estadual na Atividade Banc·ria (Proes), devido aos recorrentes problemas<br />

enfrentados por diversas instituiÁıes estaduais. Esse programa foi implantado num contexto<br />

de ajuste fiscal dos estados e de reestruturaÁ„o da dÌvida p˙blica (PAULA e MARQUES,<br />

2004, p. 13). Nesse momento, torna-se muito forte a presenÁa de bancos estrangeiros na<br />

aquisiÁ„o ou no controle acion·rio dessas instituiÁıes. Houve uma reduÁ„o muito grande do<br />

n˙mero de instituiÁıes e, conseq¸entemente, um aumento da concentraÁ„o no setor banc·rio.<br />

Segundo Corazza (2000), com base em dados do Banco Central do Brasil, o n˙mero de<br />

instituiÁıes financeiras que sofreram ajuste apÛs a implantaÁ„o do Plano Real, no perÌodo<br />

9


1994-98, chegou a 94, sendo que, deste total, 42 foram liquidadas, 34 sofreram transferÍncia<br />

de controle e o restante sofreu outros tipos de ajuste.<br />

Outro fator da consolidaÁ„o e da concentraÁ„o banc·ria do Brasil, apontado por Paula<br />

e Marques (2004), alÈm da implementaÁ„o do Plano Real, do programa de privatizaÁıes dos<br />

bancos p˙blicos e da abertura ao capital estrangeiro, È a alteraÁ„o dos bancos aos padrıes dos<br />

acordos da BasilÈia. Algumas das medidas adotadas a partir dessa adequaÁ„o dos bancos<br />

foram: exigÍncia de capital mÌnimo retidos pelo banco, ponderado pelo risco das operaÁıes<br />

ativas do banco (inicialmente, estipulado em 8% e elevado, posteriormente para 11%) ñ esta<br />

medida provocou a liquidaÁ„o de algumas instituiÁıes de pequeno porte; e aumento do capital<br />

inicial das instituiÁıes financeiras para obter permiss„o de funcionamento, fortalecendo a<br />

onda das Fusıes e AquisiÁıes no setor banc·rio, devido ‡ impossibilidade de surgimento de<br />

novas instituiÁıes, sendo a ˙nica soluÁ„o a venda da instituiÁ„o ou a admiss„o de novos<br />

sÛcios, alÈm da reduÁ„o das operaÁıes ativas (ROCHA, 2001).<br />

As operaÁıes de crÈdito no perÌodo apresentaram um crescimento bastante elevado,<br />

apesar do forte aumento da taxa b·sica de juros e do compulsÛrio. Essa evoluÁ„o do crÈdito se<br />

deve, em partes, por sua inelasticidade em relaÁ„o ‡s taxas de juros e possibilitou para os<br />

bancos a manutenÁ„o dos elevados spreads banc·rios. As receitas de crÈdito aumentaram em<br />

118%, em 1994, e 113,6%, em 1995; e a taxa de inadimplÍncia se manteve na elevada mÈdia<br />

de 8,1%, no segundo semestre de 1994, e iniciou sua ascens„o somente nos primeiros meses<br />

de 1995 (ROCHA, 2002). Para o autor, os primeiros efeitos do Plano Real sobre o setor<br />

banc·rio ìn„o afetaram significativamente sua rentabilidadeî, pois os ganhos de receitas de<br />

crÈdito e de tarifas compensavam as perdas com as receitas inflacion·rias (de float). PorÈm,<br />

num prazo um pouco mais longo, foram necess·rios alguns ajustes no setor banc·rio devido ‡<br />

presenÁa da ìbolhaî de crÈdito que era acompanhada pela forte elevaÁ„o da inadimplÍncia,<br />

ìdado o relaxamento das exigÍncias para a concess„o de emprÈstimos e a prec·ria capacidade<br />

dos bancos avaliarem o risco das operaÁıesî (Idem, ibidem, p. 79-80).<br />

Segundo Corazza (2000), baseado em estudos de Puga (1999), em relaÁ„o ‡s<br />

operaÁıes de crÈdito, no perÌodo de junho de 1994 atÈ dezembro de 1998, a participaÁ„o dos<br />

bancos estrangeiros evoluiu de 13,7% para 32,7%, incluindo filiais, bancos com participaÁ„o<br />

e bancos com controle estrangeiro.<br />

10


1.4 O inÌcio da grande onda das Fusıes e AquisiÁıes banc·rias no Brasil<br />

A crise banc·ria brasileira de 1995, conforme visto anteriormente, fez com que o<br />

governo do paÌs promovesse um processo de reestruturaÁ„o no setor, como forma de tentativa<br />

de contenÁ„o da crise. Para isso, o governo permitiu a entrada de instituiÁıes financeiras no<br />

mercado domÈstico e iniciou um processo de liquidaÁ„o e privatizaÁ„o de bancos p˙blicos,<br />

alÈm de incentivar a fus„o, incorporaÁ„o e transferÍncia do controle acion·rio de alguns<br />

bancos privados que se encontravam com problemas (PAULA e FARIA JUNIOR, 2007).<br />

Essas instituiÁıes estrangeiras aproveitaram a oportunidade para comprar algumas instituiÁıes<br />

financeiras brasileiras problem·ticas e, a partir desse momento, iniciou-se um processo de<br />

consolidaÁ„o banc·ria no paÌs, devido ‡ reduÁ„o da quantidade de bancos atuantes e da<br />

significativa concentraÁ„o que o setor banc·rio brasileiro passou a ter. Dessa forma, iniciou-se<br />

uma disputa de espaÁo entre os grandes bancos privados nacionais e os estrangeiros, que<br />

haviam chegado ao mercado brasileiro, na aquisiÁ„o dos bancos menores.<br />

Um fator externo muito importante para a vinda dos bancos estrangeiros para o<br />

mercado banc·rio brasileiro, alÈm dos fatores internos j· mencionados, foi a prÛpria vontade<br />

dos bancos em expandir seu mercado e caminhar em direÁ„o a novos mercados. O movimento<br />

das instituiÁıes estrangeiras em direÁ„o a novos mercados se relaciona diretamente com as<br />

alteraÁıes que o Sistema Financeiro Internacional sofreu, na dÈcada de 1960, quando do<br />

surgimento das inovaÁıes financeiras, com a criaÁ„o de novas alternativas para<br />

endividamento e com o crescimento de operaÁıes de tÌtulos de dÌvida direta. Esse movimento<br />

se tornou mais intenso no Brasil a partir da liberalizaÁ„o financeira e das crises banc·rias de<br />

1995, que obrigou o governo ñ atravÈs do Proer - a estimular a compra (aquisiÁ„o ou<br />

transferÍncia do controle acion·rio) de bancos que se encontravam em situaÁıes<br />

problem·ticas ou insolventes. Como fator interno, destaca-se, entre outros, a eliminaÁ„o pela<br />

CMN, atravÈs da ResoluÁ„o n 2.212 ñ Novembro 1995 ñ da exigÍncia de que o capital<br />

mÌnimo de uma instituiÁ„o financeira estrangeira fosse o dobro do capital exigido para as<br />

instituiÁıes nacionais. Essa exigÍncia vinha sendo respeitada desde sua fixaÁ„o em 1994, por<br />

meio da ades„o do Brasil ao Acordo da BasilÈia, onde valores mÌnimos de capital para os<br />

bancos foram acordados pela ResoluÁ„o n 2.099, de 17 de agosto (FREITAS, 1999, p. 103).<br />

Em meio ‡ intensa reestruturaÁ„o do setor banc·rio brasileiro, vivido nesse perÌodo,<br />

v·rios bancos tiveram que superar diversas dificuldades para se adaptar a sistemas financeiros<br />

mais liberalizados. Destaca-se o surgimento de novos concorrentes em operaÁıes que os<br />

bancos tinha exclusividade, como a emergÍncia de instituiÁıes financeiras n„o-banc·rias e,<br />

11


atÈ mesmo, empresas n„o-financeiras, oferecendo produtos que eram, atÈ ent„o, somente<br />

oferecidos por bancos. Esse processo de adaptaÁ„o a essas novas condiÁıes de concorrÍncia<br />

fez com que diversas instituiÁıes falissem ou fossem absorvidas por concorrentes maiores; ou,<br />

em alguns casos, as instituiÁıes optaram por adotar estratÈgias de diversificaÁ„o de atividades,<br />

assumindo riscos mais elevados (Idem, ibidem, p. 105).<br />

Na dÈcada de 1990, as principais fusıes banc·rias, que trataram da compra de bancos<br />

brasileiros com problemas financeiros, foram: a aquisiÁ„o do Banco Nacional pelo Unibanco,<br />

em 1995; a aquisiÁ„o do Banco EconÙmico pelo Banco Excel, em 1996; e a aquisiÁ„o do<br />

Banco Bamerindus pelo Hongkong Shangai Banking Corporation (HSBC ñ do Reino Unido),<br />

em 1997. Essa ˙ltima foi considerada a primeira total aquisiÁ„o de um banco brasileiro por<br />

um banco estrangeiro, para evitar a falÍncia no primeiro, no Brasil. Com essa aquisiÁ„o, o<br />

HSBC se tornou o maior banco estrangeiro, em volume de ativos e em rede banc·ria, do<br />

sistema financeiro brasileiro.<br />

Algumas aquisiÁıes de instituiÁıes brasileiras por bancos estrangeiros aconteceram<br />

por intermÈdio do Proer. Nesses casos, os recursos utilizados para que a operaÁ„o fosse<br />

completada eram do prÛprio programa de reestruturaÁ„o. A seguir, destacam-se algumas<br />

dessas aquisiÁıes com incentivos do Proer, no perÌodo de 1995-97 (FREITAS, 1999): Banco<br />

Nacional pelo Unibanco (1995); Banco EconÙmico pelo Banco Excel (1996); Banco<br />

Mercantil pelo Banco Rural (1996); Banco Banorte pelo Banco Bandeirantes (1996); Banco<br />

Martinelli pelo Banco Pontual (1996); Banco United pelo Banco AntÙnio Queiroz (1996);<br />

Banco Bamerindus pelo HSBC (1997); Banco PortuguÍs Atl‚ntico Brasileiro pelo Wachovia<br />

Corporation (1997).<br />

Em meados de 1996, o Banco Central do Brasil passou a exigir o pagamento de um<br />

ìped·gioî pela instituiÁ„o estrangeira que queria ingressar no paÌs, como contribuiÁ„o para a<br />

recuperaÁ„o dos recursos p˙blicos utilizados no saneamento do sistema financeiro. Essa<br />

contribuiÁ„o era definida ìcom base no capital mÌnimo exigido para cada modalidade de<br />

instituiÁ„o financeiraî (FREITAS, 1999 p. 115). AtÈ fevereiro de 1998, o Banco Central do<br />

Brasil j· havia recebido cerca de R$ 122 milhıes para autorizar o ingresso de 24 instituiÁıes<br />

financeiras estrangeiras, sendo na aquisiÁ„o ou na ampliaÁ„o do controle acion·rio em<br />

instituiÁıes brasileiras. Segundo Freitas (1999), nesse ‚mbito, as aquisiÁıes que se destacam,<br />

no perÌodo de 1995-98, s„o: Milbanco pelo Socimer (aquisiÁ„o de 50% do capital ñ 1996);<br />

Banco FenÌcia pelo AIG Consumer Finance Group (aquisiÁ„o de 51% do capital ñ 1997);<br />

Banco Brascan pelo Mellon Bank Corporation (aquisiÁ„o de 80% - 1997); Banco Liberal S.A.<br />

pelo Nations Bank Corporation (aquisiÁ„o do controle societ·rio ñ 1997); Banco Omega pelo<br />

12


Suiss Bank Corporation (1997); Banco Mappin pelo General Eletric Capital Service (1998);<br />

Banco Excel-EconÙmico pelo Banco de Bilbao Viscaya (1998).<br />

Algumas instituiÁıes estrangeiras j· funcionavam aqui no mercado banc·rio brasileiro,<br />

porÈm, dadas as novas oportunidades de negÛcios que o paÌs apresentava, quiseram ampliar<br />

sua participaÁ„o no territÛrio nacional. No perÌodo de 1995-98, destacam-se as seguintes<br />

aquisiÁıes: Banco Multiplic e a financeira Losango pelo Lloyds Bank (1997); Banco Geral do<br />

ComÈrcio pelo Banco Santander (aquisiÁ„o de 51% do capital votante ñ 1997); Banco<br />

Boavista pelo Banco Inter-Atl‚ntico (1997); Banco Noroeste pelo Banco Santander (1997);<br />

Banco AmÈrica do Sul pelo Banco Sudameris Brasil (1998); Financiadora Mesbla pelo GE<br />

Capital Service (1998); Banco Real pelo ABN AMRO (1998) (FREITAS, 1999).<br />

O cen·rio de altÌssima volatilidade macroeconÙmica fez com que os grandes bancos<br />

privados nacionais continuassem a disputa com os bancos estrangeiros na aquisiÁ„o de<br />

instituiÁıes menores (FREITAS, 2008) e fez com que alguns grandes bancos estrangeiros<br />

desenvolvessem sofisticados sistemas de avaliaÁ„o dos riscos de crÈdito e de transaÁ„o.<br />

Segundo Freitas (1999, p. 132), ìas pressıes competitivas e a preocupaÁ„o com o lucro<br />

conduzem os bancos a emprestar excessivamente na fase de expans„o da economia sem<br />

nenhuma preocupaÁ„o com a assunÁ„o excessiva de riscosî, uma vez que o crÈdito n„o<br />

financia apenas as atividades econÙmicas produtivas, mas tambÈm as transaÁıes especulativas<br />

de todo tipo. Com essas modificaÁıes no cen·rio macroeconÙmico os bancos tendem a<br />

diminuir sua exposiÁ„o ao risco e passam a racionar o crÈdito.<br />

Para Vasconcelos e Fucidji (2003), um dos argumentos favor·veis ‡ entrada de bancos<br />

estrangeiros no mercado banc·rio nacional foi de que essas instituiÁıes internacionais<br />

poderiam ser mais bem preparadas a realizar operaÁıes de crÈdito, em comparaÁ„o com os<br />

bancos nacionais, pois teriam o ac˙mulo de experiÍncia e tÈcnicas nessa ·rea.<br />

Os bancos estrangeiros pressionariam o sistema banc·rio em direÁ„o a nÌveis<br />

mais elevados de eficiÍncia microeconÙmica e isso teria como corol·rio uma<br />

maior eficiÍncia macroeconÙmica medida em termos de ampliaÁ„o das<br />

operaÁıes de crÈdito. Portanto, existia a expectativa de que a migraÁ„o para o<br />

Brasil de instituiÁıes banc·rias origin·rias de economias com alta proporÁ„o<br />

de crÈdito em relaÁ„o ao PIB trouxesse junto esse mesmo nÌvel de crÈdito.<br />

(VASCONCELOS e FUCIDJI, 2003, p. 3)<br />

Apesar dessa tendÍncia, n„o foi verificado esse crescimento do crÈdito com a entrada<br />

dos bancos estrangeiros. Segundo Soares (2001), uma importante constataÁ„o em seus estudos<br />

sobre a evoluÁ„o do crÈdito no perÌodo 1994-99 foi a de que o crÈdito total antes da<br />

13


implantaÁ„o do Plano Real (1992-94) apresentou crescimento e, no perÌodo 1994-99, n„o se<br />

comportou mais dessa forma e manteve-se est·vel. O que na verdade ocorreu foi ìo oposto do<br />

que se esperava. A estabilidade alÈm de n„o alavancar o crÈdito ainda deteve o crescimento<br />

que atÈ ent„o ocorriaî. PorÈm, em relaÁ„o ‡ participaÁ„o dos bancos estrangeiros nas<br />

operaÁıes de crÈdito no perÌodo de 1995-2000, segundo constou Freitas (2003), cresceu em<br />

318% - passando de 6,1% para 25,5%. A participaÁ„o dos bancos p˙blicos nas operaÁıes de<br />

crÈdito no mesmo perÌodo teve significativa reduÁ„o 36,4% - passando de 62,3% para 39,6% -<br />

e a participaÁ„o dos bancos privados nacionais, incluindo os bancos com participaÁ„o<br />

estrangeira, aumentou 10,8% - passando de 31,6% para 35%. Outro importante ponto para<br />

ressaltar È que, segundo os estudo de Vasconcelos e Fucidji (2003), a relaÁ„o CrÈdito/PIB<br />

tambÈm diminuiu no perÌodo 1993 atÈ 2000 (de 29% para 27%), apresentando uma mÈdia de<br />

30%, que È muito baixa, principalmente quando comparada · de paÌses como EUA (146%),<br />

Jap„o (143%) e paÌses da Uni„o EuropÈia (130%).<br />

1.5 BasilÈia I: alteraÁıes e conseq¸Íncias<br />

Com a finalidade de regulamentar e supervisionar o setor banc·rio, o BIS (Bank for<br />

International Settlement) criou em 1975 o ComitÍ da BasilÈia, cuja atuaÁ„o est· relacionada ‡<br />

harmonizaÁ„o dos princÌpios de supervis„o banc·ria, para garantir a solvÍncia das instituiÁıes<br />

e a solidez do sistema banc·rio. Em meio ‡s crises financeiras e a sofisticaÁ„o do setor<br />

banc·rio (com a globalizaÁ„o financeira se expandindo fortemente), em 1988 foi criado o<br />

primeiro Acordo da BasilÈia (BasilÈia I).<br />

O objetivo do Acordo foi fortalecer a solidez e a estabilidade do sistema<br />

banc·rio, evitar o chamado ìefeito dominÛî, por meio da recomendaÁ„o para<br />

os bancos constituÌrem um capital mÌnimo, de forma a minimizar os riscos de<br />

insolvÍncia das instituiÁıes banc·rias, e que fosse suficiente para fazer frente<br />

‡ boa parte das ocorrÍncias com materializaÁ„o de perdas. (CARVALHO E<br />

SANTOS, 2007, p. 1)<br />

Com essa recomendaÁ„o, os bancos com atuaÁ„o internacional deveriam manter um<br />

capital mÌnimo de pelo menos 8% dos ativos ponderados pelo risco, com a finalidade de<br />

permitir a absorÁ„o de perdas n„o-esperadas. O acordo sofreu diversas revisıes ao longo da<br />

14


dÈcada de 1990 e do inicio dos anos 2000, antes de entrar em vigor o Novo Acordo de Capital<br />

da BasilÈia (BasilÈia II ñ 2004).<br />

O objetivo do acordo era, na verdade, bastante modesto, se comparado com o<br />

papel que veio a assumir na dÈcada dos 1990. Seu mÛvel principal foi o<br />

nivelamento do campo de jogo, na express„o americana, para a concorrÍncia<br />

entre grandes bancos. De fato, logo no inicio do documento È explicado que<br />

as recomendaÁıes ali feitas tinham como alvo apenas os bancos<br />

internacionalmente ativos (CARVALHO, 2005, p. 16)<br />

O primeiro Acordo comeÁa a demonstrar sua inadequaÁ„o logo apÛs estourar a crise<br />

asi·tica. A baixa ponderaÁ„o de risco atribuÌda aos crÈditos interbanc·rios internacionais teria<br />

estimulado a concess„o excessiva de crÈditos de curto prazo aos paÌses asi·ticos e ‡ R˙ssia.<br />

Dessa forma, s„o formuladas propostas para revisar o Acordo de BasilÈia, com o objetivo de<br />

evitar a tomada de posiÁıes excessivamente arriscada pelos bancos internacionais.<br />

Segundo Carvalho e Santos (2007), em 1993, foram emitidas propostas de construÁ„o<br />

de um modelo padr„o para o risco de mercado e, assim, capturar os riscos inerentes ‡s<br />

operaÁıes resultantes da crescente concorrÍncia do setor; em 1995, foi emitida nova proposta<br />

para alocaÁ„o de capital para o risco de mercado e foi criado o IMM (MÈtodo Interno de<br />

MensuraÁ„o), que permitiu a utilizaÁ„o de modelos internos; em 2001, foi lanÁada uma<br />

ìproposiÁ„o para o Novo Acordo de Capital da BasilÈia, o qual, instituiu uma extensa agenda<br />

entre os supervisores para a transiÁ„o entre os dois Acordos e a implementaÁ„o de forma<br />

integral dos preceitos do Novo Acordo de capitaisî, que ser· tratado no prÛximo capÌtulo.<br />

Conclus„o<br />

A dÈcada de 1990 representou uma Època de grandes mudanÁas no cen·rio banc·rio<br />

brasileiro. Com a abertura comercial/financeira, foi possÌvel que diversas instituiÁıes<br />

financeiras sÛlidas, principalmente da Europa, viessem se instalar no mercado brasileiro em<br />

busca de novos mercados. O mercado banc·rio dos paÌses desenvolvidos estava se<br />

consolidando desde os anos 80, devido, principalmente, ‡ desregulamentaÁ„o dos serviÁos<br />

financeiros e ‡ abertura do setor ‡ competiÁ„o internacional. Assim, os bancos mais fortes<br />

desses paÌses buscavam expandir os seus mercados de atuaÁ„o e viram, principalmente na<br />

AmÈrica Latina, uma excelente oportunidade.<br />

15


Com as crises banc·rias vividas no perÌodo, muitos bancos nacionais perderam sua<br />

solvÍncia. ApÛs a implantaÁ„o do Plano Real, diversas instituiÁıes brasileiras n„o<br />

conseguiram se manter ìsaud·veisî e, devido a algumas aÁıes do governo ñ como as<br />

privatizaÁıes, o Proer e Proes ñ, iniciou-se um forte processo de Fusıes e AquisiÁıes<br />

banc·rias. A compra dos bancos mais fracos por bancos sÛlidos e fortes, tanto os nacionais,<br />

como os estrangeiros, deixou o mercado banc·rio brasileiro novamente forte e permitiu ao<br />

sistema banc·rio brasileiro acesso a novas tecnologias e conhecimentos, para a sua<br />

consolidaÁ„o.<br />

O Acordo de BasilÈia I se mostrou ineficaz logo apÛs sua implantaÁ„o, com as crises<br />

financeiras e a sofisticaÁ„o do setor banc·rio. Por esses motivos, o acordo sofreu diversas<br />

alteraÁıes durante a dÈcada de 90 e inicio dos anos 2000, para ent„o ser criado um novo<br />

acordo, o Acordo de BasilÈia II, que ser· estudado no capÌtulo a seguir.<br />

16


CAPÕTULO II<br />

A CONFIGURA« O DO SETOR BANC¡RIO A PARTIR DOS ANOS 2000<br />

IntroduÁ„o<br />

Este capÌtulo tem como objetivo analisar a situaÁ„o do mercado banc·rio nacional<br />

apÛs a adequaÁ„o das regras do Novo Acordo de BasilÈia, verificando o resultado da<br />

concorrÍncia no setor, alÈm de analisar o aumento crescente dos lucros e da eficiÍncia que o<br />

sistema banc·rio brasileiro apresentou. Primeiramente, ser„o analisadas as alteraÁıes e<br />

conseq¸Íncias trazidas pela implantaÁ„o do Novo Acordo de BasilÈia, com relaÁ„o ‡<br />

concorrÍncia no sistema banc·rio nacional; e, finalmente, ser· estudado o aumento da<br />

eficiÍncia e da lucratividade do setor.<br />

2.1 O Novo Acordo de BasilÈia (BasilÈia II)<br />

Os fracassos do primeiro acordo fizeram com que fossem analisadas novas alternativas<br />

para a implantaÁ„o de um novo acordo de BasilÈia, mais eficiente. Buscou-se minimizar os<br />

problemas decorrentes da padronizaÁ„o imposta por regras gerais. Desse modo, a sa˙de e a<br />

solidez do sistema financeiro internacional viriam da combinaÁ„o dos pilares do novo acordo:<br />

requerimentos mÌnimos de capital, processo de revis„o de supervis„o e disciplina de mercado.<br />

Portanto, o novo acordo busca complementar o acordo anterior por meio de uma maior<br />

aproximaÁ„o das regras ‡s praticas de mercado. Diante disso, a regulamentaÁ„o exercida pelas<br />

autoridades È substituÌda por um papel de supervis„o, fundamental nesse novo ambiente em<br />

que est· inserido o sistema financeiro. AlÈm disso, a transparÍncia de informaÁıes traria a<br />

disciplina de mercado, o que garantia a melhor alocaÁ„o de recursos e o equilÌbrio no mercado<br />

financeiro.<br />

A partir de ent„o, segundo Carvalho (2007), a estratÈgia do Novo Acordo n„o mais se<br />

resume ‡ constituiÁ„o de capital prÛprio do banco em proporÁ„o a seus ativos ponderados pelo<br />

risco de crÈdito. ìAgora, a estratÈgia se apÛia em trÍs pilares: determinaÁ„o de coeficientes de<br />

capital, intervenÁ„o do supervisor e disciplina de mercadoî. A determinaÁ„o dos coeficientes<br />

de capital considera trÍs classes de risco: de crÈdito, de mercado e o risco operacional. Para<br />

Carvalho e Santos (2007), o segundo pilar do Novo Acordo trata da ìadoÁ„o de pr·ticas de<br />

17


gerenciamento com ampla aceitaÁ„o e utilizaÁ„o dos participantes do mercadoî e o terceiro<br />

pilar trata da ìdivulgaÁ„o de informaÁıes sobre os riscos e gest„o por parte dos participantes<br />

do sistema banc·rioî. AlÈm disso, a aplicaÁ„o das regras de c·lculo dos coeficientes foi<br />

estendida para todos os bancos, n„o apenas aos bancos com atuaÁ„o internacional.<br />

Em relaÁ„o ao novo risco incluÌdo, segundo Carvalho (2007), o risco operacional tem<br />

um conceito muito abrangente, tratando de praticamente tudo que afeta a operaÁ„o normal de<br />

um banco e passou a ser considerado depois de casos como o do Banco Barings, em que,<br />

devido ‡ falta de estruturas eficientes de controle interno, possibilitou um ˙nico funcion·rio<br />

operar de modo a destruir a instituiÁ„o.<br />

Para Carvalho (2005), o Novo Acordo, agora, tratava de regular e monitorar a<br />

operaÁıes banc·rias muito mais complexas e diversificadas, com riscos igualmente muito<br />

mais complexos e diversificados. Por isso, segundo o autor, ìGrandes incertezas, de variadas<br />

naturezas, ainda cercam o novo acordo, inclusive a respeito da capacidade dos supervisores<br />

financeiros de realmente avaliar estratÈgias de risco adotadas por instituiÁıes banc·rias que<br />

podem ser extremamente complexasî.<br />

Carvalho e Santos (2007, p. 9-10) apontaram alguns desafios para a implantaÁ„o do<br />

Novo Acordo de Capital da BasilÈia, BasilÈia II. S„o eles:<br />

A Alta AdministraÁ„o deve participar ativamente desse processo, aprovar<br />

as polÌticas e limites na gest„o de risco;<br />

As polÌticas, definiÁıes e metodologias devem estar documentadas de<br />

forma clara e precisa;<br />

O sistema de gest„o de risco da instituiÁ„o deve ser conceitualmente sÛlido<br />

e implementado na Ìntegra;<br />

A calibragem do modelo deve ser adequada ‡ complexidade e as<br />

particularidades da instituiÁ„o; e demonstradas para o supervisor;<br />

Os componentes relacionados aos modelos internos devem evidenciar que<br />

s„o efetivamente utilizados nos processos de gerenciamento de riscos ñ<br />

ìUse Tesî;<br />

A existÍncia de um ciclo regular de validaÁ„o dos modelos, que inclua<br />

monitoramento de seu desempenho e sua estabilidade, tambÈm deve<br />

considerada;<br />

Os modelos devem ser validados de maneira independente e constante;<br />

18


A instituiÁ„o deve possuir pessoal preparado para usar modelos<br />

sofisticados nas ·reas de controles internos, risco e auditoria;<br />

Os sistemas devem ser protegidos contra uso ou alteraÁıes de pessoas n„o<br />

autorizadas;<br />

As instituiÁıes devem possuir instrumentos de an·lise de Stress e de<br />

Sensibilidade, sendo que a metodologia usada para identificar e construir<br />

os cen·rios deve ser compatÌvel com o perfil de riscos da instituiÁ„o e<br />

cobrir os fatores que podem causar perdas extraordin·rias.<br />

Carvalho (2007) conclui que a principal falha de BasilÈia II pode vir das suas melhores<br />

intenÁıes. Como os objetivos os objetivos dos bancos e dos reguladores est„o alinhados<br />

apenas parcialmente, sendo o dos bancos realizar os maiores retornos com os menores riscos,<br />

e o dos reguladores evitar crises sistÍmicas, È possÌvel que BasilÈia II n„o traga resultados<br />

positivos para a seguranÁa sistÍmica do setor banc·rio, e resulte somente num encarecimento<br />

das operaÁıes financeiras.<br />

Nestas circunstancias, pode ser adequado nos perguntarmos: e ent„o? O<br />

eventual fracasso de BasilÈia II pode levar ao retorno ‡s disposiÁıes mais<br />

simples de BasilÈia I, com algumas adiÁıes do novo acordo, como, por<br />

exemplo, a adoÁ„o dos ratings de agÍncias como base de avaliaÁ„o de riscos.<br />

Numa virada mais radical, pode-se pensar num retorno mesmo ‡ regulaÁ„o de<br />

liquidez, em bases mais amplas e adaptadas ‡s condiÁıes de um setor banc·rio<br />

menos regulado. (Idem, ibidem, p. 166)<br />

As turbulÍncias financeiras, vividas a partir da crise financeira de 2008, deixa clara a<br />

necessidade de uma maior supervis„o e regulamentaÁ„o banc·ria mundial, principalmente nos<br />

paÌses onde n„o s„o comuns atuaÁıes nesse ‚mbito. Portanto, essa È a hora dos organismos<br />

internacionais respons·veis por essa atuaÁ„o ampliarem suas forÁas para a implementaÁ„o de<br />

novas formas de regulamentaÁıes, como por exemplo, o Novo Acordo da BasilÈia, apesar de<br />

alguns autores n„o serem otimistas quanto a sua implantaÁ„o. Segundo Carvalho (2007), È<br />

preciso antecipar desenvolvimentos para um possÌvel fracasso da atuaÁ„o do Novo Acordo,<br />

para que isso n„o conduza ‡ paralisia dos reguladores e a um aumento dos riscos sistÍmicos<br />

no setor banc·rio.<br />

19


2.2 A concorrÍncia no sistema banc·rio brasileiro<br />

Segundo Freitas (2008), a ades„o ao Acordo da BasilÈia foi uma das fundamentais<br />

medidas regulatÛrias respons·vel pela consolidaÁ„o do setor banc·rio brasileiro apÛs a<br />

implantaÁ„o do Plano Real. Com a obrigaÁ„o de adequar as instituiÁıes aos novos padrıes<br />

estipulados pelo Acordo, diversos bancos passaram a buscar novas parcerias e, juntamente<br />

com a flexibilizaÁ„o da entrada de instituiÁıes estrangeiras, a soluÁ„o encontrada por bancos<br />

de pequeno e mÈdio porte brasileiros foi passar o seu controle a acion·rio a bancos<br />

estrangeiros, que viam o mercado nacional como um potencial muito grande para<br />

crescimento. Dessa forma, conforme visto no capÌtulo anterior, teve inÌcio uma forte onda de<br />

fusıes e aquisiÁıes banc·rias no Brasil e que acompanhou uma forte reestruturaÁ„o no<br />

sistema banc·rio brasileiro. Essas alteraÁıes regulatÛrias condicionam tambÈm as formas de<br />

concorrÍncia no sistema banc·rio brasileiro.<br />

O direito normativo que vigora na tradiÁ„o jurÌdica brasileira delimita e<br />

condiciona o espaÁo concorrencial dos bancos na medida em que essas<br />

instituiÁıes sÛ podem oferecer aos seus clientes novos instrumentos e<br />

modalidades que estejam contempladas na legislaÁ„o em vigor. Ou seja, a<br />

regulamentaÁ„o limita a capacidade de inovaÁ„o das instituiÁıes banc·rias,<br />

levando-as a buscar diferenciaÁ„o vis-‡-vis os rivais e obtenÁ„o de vantagens<br />

competitivas mediante outras estratÈgias, como aquisiÁ„o para ganho de escala<br />

e conquista de nichos de mercado, a construÁ„o de uma imagem de experiÍncia,<br />

de tradiÁ„o e de solidez; a utilizaÁ„o agressiva de tÈcnicas de marketing, a<br />

incorporaÁ„o de inovaÁıes tecnolÛgicas. (Idem, ibidem, p. 5-6)<br />

Segundo a prÛpria autora, a busca intensiva de incorporaÁ„o de tecnologia por parte<br />

das instituiÁıes financeiras atuantes no Brasil foi a principal arma de concorrÍncia de<br />

diferenciaÁ„o e obtenÁ„o de vantagens competitivas. O aumento dos investimentos em<br />

tecnologia foi fundamental para a ampliaÁ„o do auto-atendimento, que passaram de meras<br />

caixas eletrÙnicas para complexas agÍncias virtuais, onde os clientes realizam in˙meras<br />

operaÁıes. AlÈm disso, a obtenÁ„o de novas tecnologias permitiu avanÁos nos controles<br />

internos, no gerenciamento de riscos e oferta de novos produtos/serviÁos. Com isso, o sistema<br />

banc·rio apresentou diversas alteraÁıes regulatÛrias que representaram uma significativa<br />

ampliaÁ„o nas modalidades praticadas pelos bancos.<br />

Em 1996, pela resoluÁ„o 2.302, foi possÌvel a cobranÁa por parte dos bancos de tarifas<br />

pela prestaÁ„o de ampla e diversificada gama de serviÁos. Em 1999, pela resoluÁ„o 2.640, foi<br />

permitida a operaÁ„o de bancos em pontos de atendimentos instalados em estabelecimentos<br />

comerciais, em cidades que n„o possuam agÍncias/postos banc·rios. Em 2002, a introduÁ„o<br />

20


da TransferÍncia EletrÙnica DisponÌvel (TED) permitiu a compensaÁ„o de valores acima de<br />

R$5.000,00 em tempo real, ampliando as receitas banc·rias e reduzindo custos com<br />

compensaÁ„o de cheques. Em 2003, pela Lei 10.820, foi permitido aos bancos realizarem<br />

operaÁıes de crÈditos consignados, ou seja, descontados diretamente na folha de pagamento<br />

de trabalhadores ativos e inativos.<br />

Essa necessidade de ampliaÁ„o dos investimentos em tecnologia, segundo Rocha<br />

(2001), tende a reduzir o n˙mero de instituiÁıes no mercado banc·rio brasileiro, pois a<br />

tecnologia pode funcionar como barreira a entrada de novos bancos e, com altos custos,<br />

estimular a saÌda de firmas marginais. PorÈm, a maior abrangÍncia do mercado banc·rio, com<br />

novos produtos, e a maior disponibilidade de informaÁ„o tambÈm pode estimular a<br />

concorrÍncia e a criaÁ„o de novas firmas especializadas.<br />

Nesse cen·rio, Freitas (2008), em estudo sobre as alteraÁıes no perfil do sistema<br />

banc·rio brasileiro, demonstra como evoluiu a concentraÁ„o do sistema banc·rio durante o<br />

perÌodo 1995-2006 (Tabela 1), em que o total dos ativos dos vinte maiores bancos em 2006<br />

representava 91,6%, contra 83,0% em 1995, e os cinco maiores representavam 60,4% dos<br />

ativos totais em 2006, contra 56,3 em 1995.<br />

Tabela 1 - EvoluÁ„o da ConcentraÁ„o do Sistema Banc·rio Brasileiro<br />

5<br />

maiores<br />

10<br />

maiores<br />

1995 2000 2006<br />

20<br />

maiores<br />

50<br />

maiores<br />

5<br />

maiores<br />

10<br />

maiores<br />

20<br />

maiores<br />

50<br />

maiores<br />

5<br />

maiores<br />

10<br />

maiores<br />

20<br />

maiores<br />

21<br />

50<br />

maiores<br />

Ativo Total<br />

menos<br />

intermediaÁ„o 57,0% 71,2% 83,3% 95,8% 57,8% 73,6% 89,1% 97,3% 60,8% 82,3% 92,4% 98,5%<br />

Ativo Total 56,3% 70,6% 83,0% 95,9% 56,6% 72,6% 88,3% 97,3% 60,4% 82,2% 91,6% 98,4%<br />

DepÛsito<br />

Total 64,1% 77,6% 85,9% 97,0% 47,4% 64,9% 89,1% 93,4% 58,5% 78,1% 86,5% 96,3%<br />

Patr. LÌquido 44,3% 65,3% 71,4% 91,3% 66,5% 78,7% 91,8% 97,5% 66,2% 85,2% 94,2% 98,7%<br />

Fonte: FREITAS (2008, p. 9) - a partir de dados do Banco Central do Brasil.<br />

Em relaÁ„o ‡ quantidade de instituiÁıes banc·rias atuantes no mercado brasileiro, o<br />

n˙mero tambÈm reduziu significativamente no perÌodo de 1994-2000, segundo Rocha (2001).<br />

Em 1994 o n˙mero de instituiÁıes era de 247 e em 2000 o n˙mero passou para 189 ñ reduÁ„o<br />

de 30%. A mesma an·lise feita para os grupos banc·rios demonstrou que a quantidade de<br />

grupos banc·rios apresentou uma queda de 243, em 1994, para 152 em 2000 ñ reduÁ„o de<br />

37%.


Tabela 2 - EvoluÁ„o dos bancos comerciais, m˙ltiplos e caixas econÙmicas no Brasil no perÌodo 1993-2002<br />

Tipo 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002<br />

Bancos M˙ltiplos<br />

Bancos Comerciais<br />

Caixas EconÙmicas<br />

206<br />

35<br />

2<br />

210<br />

34<br />

2<br />

205<br />

35<br />

2<br />

191<br />

38<br />

2<br />

Total 243 246 242 231 217 203 194 192 182 165<br />

Fonte: Banco Central do Brasil.<br />

A evoluÁ„o do n˙mero de bancos por natureza de capital do perÌodo de 1995-2006<br />

(Gr·fico 1) foi analisada por Freitas (2008). Em seus estudos, a autora revelou uma reduÁ„o<br />

do n˙mero de instituiÁıes privadas com capital nacional de 144 em 1995, para 81 em 2006.<br />

Em relaÁ„o ‡ atuaÁ„o de bancos com controle estrangeiro, houve um crescimento de 38 para<br />

57 no perÌodo. AlÈm disso, o processo de privatizaÁ„o fez com que o n˙mero de bancos<br />

p˙blicos caÌsse de 32 para 13 no mesmo perÌodo.<br />

160<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

179<br />

36<br />

2<br />

173<br />

Gr·fico 1 - EvoluÁ„o do n˙mero de bancos por natureza de capital<br />

144<br />

131<br />

118<br />

49<br />

38<br />

41<br />

32<br />

28<br />

32<br />

26 27<br />

23<br />

22<br />

105<br />

18<br />

59<br />

95<br />

65<br />

91<br />

70<br />

81<br />

72<br />

76<br />

28<br />

2<br />

65<br />

168<br />

25<br />

1<br />

163<br />

28<br />

1<br />

153<br />

19<br />

15<br />

17<br />

14 15 14 15 15 14 14<br />

11 13<br />

10 10 8 9<br />

78<br />

62<br />

28<br />

1<br />

82 82 81<br />

58 57<br />

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006<br />

P˙blicos Privados Nacionais<br />

Privados Nacionais com ParticipaÁ„o Estrangeira Privados Estrangeiros<br />

Fonte: FREITAS (2008, p. 10) - a partir de dados do Banco Central do Brasil.<br />

Para Freitas (2008), apesar da significante reduÁ„o do n˙mero de instituiÁıes p˙blicas<br />

no sistema banc·rio brasileiro apÛs a abertura financeira da dÈcada de 1990 e o processo de<br />

privatizaÁıes, os bancos p˙blicos em 2006 ainda eram respons·veis por 37,2% dos ativos<br />

48<br />

140<br />

24<br />

1<br />

22


totais do sistema banc·rio e ainda representavam 39,9% das operaÁıes de crÈditos totais no<br />

mercado brasileiro. … certo que essa participaÁ„o foi reduzida quase que pela metade, se<br />

comparada ao ano de 1995, em que os bancos p˙blicos representavam 52,3% dos ativos totais<br />

e realizavam 62,3% das operaÁıes de crÈdito no mercado brasileiro.<br />

Em Dezembro 2000, os ativos totais do Banco do Brasil e da Caixa EconÙmica<br />

Federal representavam quase 30% dos ativos totais do sistema banc·rio brasileiro, segundo<br />

relatÛrio dos 20 maiores bancos em desempenho dos ativos totais (Tabela 3) e essas duas<br />

instituiÁıes eram, respectivamente, as duas primeiras do ranking. Esse mesmo estudo dos 20<br />

maiores bancos por ativo total, porÈm agora realizado com data base de Junho de 2009,<br />

apontou algumas alteraÁıes. A aquisiÁ„o da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil devolveu o<br />

primeiro lugar no ranking ao BB, posiÁ„o que havia perdido depois da fus„o Ita˙/Unibanco. A<br />

Caixa EconÙmica Federal saiu da segunda para a quinta posiÁ„o, no perÌodo, sendo<br />

ultrapassada pelos bancos Ita˙, Bradesco e Santander, respectivamente. Outro ponto que deve<br />

ser destacado È o significativo aumento do ativo total dos bancos no perÌodo estudado. Em<br />

dezembro de 2000 o total de ativos banc·rios era de 962,677 bilhıes de reais, enquanto que<br />

em junho de 2009 esse n˙mero passou para 3,353 trilhıes de reais.<br />

Tabela 3 - InstituiÁıes Classificadas pelo Ativo Total ñ em milhıes R$<br />

Ranking Jun 09 Ranking Dez 00 InstituiÁıes Ativo Total Jun 09 Ativo Total Dez 00<br />

1 1(*) BB 583.326 138.363<br />

2 4(**) ITAU 576.565 65.439<br />

3 3 BRADESCO 425.956 83.449<br />

4 8(***) SANTANDER 332.617 25.179<br />

5 2 CEF 323.657 126.080<br />

6 ----- BNDES (****) 303.876 101.140<br />

7 10 HSBC 106.145 21.557<br />

8 20 VOTORANTIM 90.204 7.642<br />

9 9 SAFRA 66.498 25.098<br />

10 13 CITIBANK 41.918 17.140<br />

11 19 BANRISUL 27.917 7.670<br />

12 59 BNP PARIBAS 22.709 681<br />

13 ----- CREDIT SUISSE 19.011 -----<br />

14 17 BNB 16.003 8.807<br />

15 ----- JP MORGAN CHASE 15.436 -----<br />

16 23 ALFA 14.129 3.787<br />

17 ----- VOLKSWAGEN (****) 14.043 2.662<br />

18 36 DEUTSCHE 12.390 1.902<br />

19 ----- UBS PACTUAL 12.339 -----<br />

20 30 BBM 10.972 2.594<br />

Fonte: Banco Central do Brasil. ElaboraÁ„o do autor.<br />

(*) AquisiÁ„o da Nossa Caixa (11).<br />

(**) AquisiÁ„o do Unibanco (5).<br />

(***) AquisiÁ„o do ABN Amro Real (7).<br />

(****) O BNDES e o Volkswagem faziam parte do Consolidado Banc·rio II.<br />

Freitas (2008) finaliza o seu estudo concluindo que as principais armas do processo<br />

concorrencial foram: aquisiÁ„o de concorrentes, com carteiras ativas e redes de agÍncia<br />

23


complementar; absorÁ„o de tecnologia que aperfeiÁoa os controles, simplifica os processos e<br />

amplia a oferta de serviÁos com custos menores; marketing para consolidar a imagem e a<br />

marca; estratÈgias comerciais mais agressivas, ampliando as atividades, base de clientes e<br />

venda de produtos e serviÁos. PorÈm, essa an·lise n„o se coube a todas as instituiÁıes,<br />

algumas delas n„o obtiveram sucesso nas estratÈgias.<br />

Nem todos os bancos foram, obviamente, bem-sucedidos em suas estratÈgias<br />

concorrenciais. V·rios faliram e/ou foram absorvidas pelos rivais, o que,<br />

resultou em maior concentraÁ„o do sistema, a qual, todavia, n„o implicou<br />

menor concorrÍncia. Ao contr·rio, essa È bastante acirrada, a despeito de n„o<br />

assumir a forma de concorrÍncia via preÁo, a qual sÛ prevalece na ausÍncia de<br />

vantagens competitivas. A forte concorrÍncia em um cen·rio de juros em<br />

declÌnio dever· resultar em nova onda de aquisiÁıes nos prÛximos anos. (Idem,<br />

ibidem, p. 18)<br />

Apesar de alguns bancos terem tido fracasso em seus posicionamentos concorrenciais,<br />

o sistema banc·rio brasileiro, no geral, obteve um fortalecimento muito grande no perÌodo<br />

apÛs a implantaÁ„o do Plano Real. Segundo Freitas (2008, p. 19), ìa disputa por mercado<br />

levou os bancos, privados e p˙blicos, a buscar reduÁ„o dos custos e riscos e aumento da<br />

eficiÍncia operacional, com obtenÁ„o de lucros elevadosî, fato que ser· estudado no prÛximo<br />

tÛpico do capÌtulo.<br />

2.3 O aumento da eficiÍncia e lucratividade do setor banc·rio<br />

Ao contr·rio do que afirmam diversos autores, a concentraÁ„o banc·ria ocorrida no<br />

Brasil, apÛs a abertura financeira/comercial da dÈcada de 1990 e a onda de Fusıes e<br />

AquisiÁıes banc·rias, resultou num aumento da eficiÍncia do setor banc·rio brasileiro. Em<br />

estudo sobre a eficiÍncia do setor banc·rio no Brasil dos principais bancos que participaram<br />

dos processos de Fusıes e AquisiÁıes, Faria; Marinho e Paula (2006) chegaram aos seguintes<br />

resultados, utilizando a tÈcnica An·lise EnvoltÛria de Dados (DEA): em relaÁ„o ‡ eficiÍncia<br />

de intermediaÁ„o, todos os bancos que participaram do estudo apresentaram uma melhora,<br />

sendo que o aumento mais significativo ficou por conta dos bancos privados nacionais. J· em<br />

relaÁ„o ‡ eficiÍncia de resultados, somente os bancos Bradesco e Ita˙ apresentaram aumento<br />

significativo.<br />

24


Os autores levantam hipÛteses que explicam os resultados alcanÁados. Uma delas È<br />

decorrente do aprimoramento no gerenciamento operacional dos bancos, com uso de<br />

tecnologias de informaÁıes e corte em custos administrativos. Outro ponto destacado È o<br />

aumento potencial de vendas cruzadas de um banco produzindo diferentes produtos/serviÁos,<br />

com o crescimento do tamanho dos bancos, resultado das Fusıes e AquisiÁıes. Dessa forma,<br />

esses bancos poderiam gerar economias de escopo, ou seja, reduzir seus custos mÈdios por<br />

oferecer v·rios produtos a um custo mais baixo do que se oferecessem cada um dos produtos<br />

separadamente, ou gerar economia de rendas (melhor retorno por segmento de clientes, caso<br />

os consumidores achem mais vantajoso comprar diferentes produtos do mesmo provedor.<br />

Em se tratando da an·lise da eficiÍncia de escala, os autores observam que os bancos<br />

com perfil mais atacadista - com estruturas operacionais mais leves e por possuÌrem uma<br />

clientela mais seletiva - encontram-se em patamares mais elevados. No modelo de<br />

intermediaÁ„o, observa-se que conforme os bancos varejistas de porte mÈdio crescem de<br />

tamanho, h· um declÌnio em suas eficiÍncias de escala. No modelo de resultados, n„o h·<br />

diferenÁa significativa entre os nÌveis de eficiÍncia dos bancos varejistas e os atacadistas.<br />

Os resultados obtidos na pesquisa empÌrica mostram, em primeiro lugar, que a<br />

evoluÁ„o da eficiÍncia tÈcnica no modelo de intermediaÁ„o e de resultados foi<br />

relativamente est·vel, n„o tendo havido melhorias acentuadas na eficiÍncia do<br />

setor banc·rio no perÌodo, mas tampouco houve perdas. Observa-se em<br />

particular uma melhor eficiÍncia tÈcnica nos anos recentes, coincidindo com o<br />

boom do crÈdito. Em segundo lugar, dentre os segmentos analisados, o que<br />

teve a melhor eficiÍncia foi o dos grandes bancos varejistas, com destaque para<br />

o Ita˙ e o Bradesco, e o pior desempenho foi o dos varejistas regionais (e<br />

tambÈm do HSBC, um banco universal varejista de porte mÈdio), o que parece<br />

evidenciar que o tamanho È vari·vel importante para a eficiÍncia de varejistas.<br />

(PAULA, 2008, p. 23)<br />

Nos gr·ficos a seguir Paula e Faria Junior (2007) mostram a evoluÁ„o da eficiÍncia<br />

nos dois modelos - de intermediaÁ„o (Gr·fico 2) e de resultados (Gr·fico 3) -, a partir da<br />

divis„o do setor banc·rio em cinco segmentos: grandes bancos varejistas (mais de 900<br />

agÍncias e produtos e clientes diversificados), bancos varejistas para alta renda (60 a 120<br />

agÍncias e voltados para clientes de mÈdia/alta renda), bancos varejistas regionais (quase todo<br />

constituÌdo de bancos estaduais e federais regionais), bancos atacadistas (pequeno n˙mero de<br />

agÍncias e voltados para o corporate banking e gest„o de recursos) e bancos especializados<br />

em crÈdito.<br />

No modelo de intermediaÁ„o, verifica-se uma maior eficiÍncia nos segmentos dos<br />

grandes bancos varejistas e dos bancos atacadistas, ficando bem abaixo os segmentos dos<br />

25


ancos especializados no crÈdito e bancos varejistas regionais. J· no modelo de resultados,<br />

excluindo o ano de 2002, os diferentes segmentos - com exceÁ„o do segmento dos bancos<br />

varejistas regionais - tiveram um comportamento mais ou menos semelhante, com destaque<br />

para os grandes bancos varejistas e dos varejistas voltados para alta renda.<br />

Gr·fico 2 - EVOLU« O DA EFICI NCIA DE INTERMEDIA« O<br />

Fonte: PAULA e FARIA JUNIOR (2007).<br />

Gr·fico 3 - EVOLU« O DA EFICI NCIA DE RESULTADOS<br />

Fonte: PAULA e FARIA JUNIOR (2007).<br />

Segundo Paula (1999, p. 28), ìa lucratividade do banco È determinada<br />

fundamentalmente pelos ganhos lÌquidos de seus ativosî. Com isso, os bancos buscam<br />

26


aumentar seus spreads, ou seja, aumentar a diferenÁa entre a taxa de aplicaÁ„o e a taxa de<br />

captaÁ„o de recursos aplicando em taxas mais elevadas do que ‡s pagas no seu passivo.<br />

Como j· foi destacado, a busca por maiores lucros induz os bancos a adotar<br />

uma postura especulativa ou mesmo Ponzi: o banqueiro procurar· obter maior<br />

rendimento aceitando ativos de mais longo termo e/ou de mais alto risco e, ao<br />

mesmo tempo, diminuir a taxa paga nas suas obrigaÁıes, oferecendo maiores<br />

promessas de seguranÁa e garantias especiais aos depositantes e encurtando o<br />

termo das obrigaÁıes (prÍmio de liquidez). Assim, quanto mais otimista for um<br />

banco quanto ao futuro e mais agressiva for a estratÈgia por ele adotada, maior<br />

dever· ser a participaÁ„o de obrigaÁıes de menor termo no total do passivo, ao<br />

mesmo tempo que dever· crescer na composiÁ„o da estrutura ativa a<br />

participaÁ„o de ativos de mais longo termo e de emprÈstimos baseados no valor<br />

dos colaterais. (Idem, ibidem, p. 29)<br />

Martins e Alencar (2009), em estudo sobre concentraÁ„o, lucratividade banc·ria, e<br />

risco sistÍmico, apresentaram a evoluÁ„o da lucratividade e do Ìndice de concentraÁ„o do<br />

sistema banc·rio como um todo (Gr·fico 4).<br />

Gr·fico 4 - EvoluÁ„o da lucratividade e da concentraÁ„o no SFN<br />

Fonte: MARTINS e ALENCAR (2009).<br />

… possÌvel observar que nos perÌodos iniciais o sistema financeiro apresentava<br />

lucratividade negativa, conseq¸ente da perda dos ganhos de floating apÛs a adoÁ„o do Plano<br />

27


Real. Nos anos posteriores ‡ implementaÁ„o do Plano Real, v·rios bancos foram ‡ falÍncia ou<br />

sofreram algum tipo de re-estruturaÁ„o, como fusıes, incorporaÁıes, mudanÁa de objeto<br />

social (conforme visto no capÌtulo anterior), o que explica parcialmente o crescimento da<br />

concentraÁ„o banc·ria nesses anos iniciais. Verifica-se que, apÛs o perÌodo de reestruturaÁ„o,<br />

os retornos sobre ativos passaram a ser positivos, com alguns momentos pontuais de prejuÌzo.<br />

Conclus„o<br />

O Novo Acordo da BasilÈia (II) vem sendo implantado para melhorar o antigo<br />

Acordo, criado em 1975. Ainda n„o se sabe qual ser„o as conseq¸Íncias que esse novo acordo<br />

trar· para os mercados banc·rios mundiais. PorÈm, È sabido que, depois da recente crise<br />

financeira mundial, È necess·rio haver uma maior regulamentaÁ„o do sistema financeiro<br />

global. Ficou claro que existe uma necessidade muito grande de desenvolver processos para<br />

um possÌvel fracasso desse Novo Acordo, pois, caso contr·rio, poderia acarretar numa<br />

paralisia dos reguladores e a um aumento dos riscos sistÍmicos no setor banc·rio.<br />

No Brasil, a implantaÁ„o dos Acordos da BasilÈia contribuiu para forte consolidaÁ„o<br />

do sistema banc·rio. As instituiÁıes financeiras ampliaram o seu ramo de negÛcios e a busca<br />

por novas tecnologias deixou a concorrÍncia do setor banc·rio muito competitiva. Com a<br />

entrada dos bancos estrangeiros e a onda de fusıes e aquisiÁıes, o n˙mero de instituiÁıes<br />

financeiras atuantes no mercado brasileiro reduziu fortemente no perÌodo apÛs a implantaÁ„o<br />

do Plano Real.<br />

Esses fatores levaram alguns bancos de forte atuaÁ„o no mercado nacional a um<br />

aumento nas eficiÍncias de intermediaÁ„o e de resultados, resultando numa forte crescente dos<br />

spreads praticados e da lucratividade do setor.<br />

28


IntroduÁ„o<br />

CAPÕTULO III<br />

A EVOLU« O DO CR…DITO NO BRASIL NOS ANOS 2000<br />

Este capÌtulo tem como objetivo analisar a situaÁ„o do crÈdito no cen·rio nacional, a<br />

partir dos anos 2000, apresentando o spread banc·rio e a evoluÁ„o do crÈdito no perÌodo e<br />

analisar a atuaÁ„o do governo brasileiro frente · crise financeira. Primeiramente, ser·<br />

estudado o comportamento do spread banc·rio, apresentando a sua definiÁ„o e algumas<br />

especificidades metodolÛgicas; ser· tambÈm apresentada a evoluÁ„o do crÈdito nos anos 2000<br />

dos principais bancos atuantes no mercado brasileiro; e por fim, ser· analisada a atuaÁ„o do<br />

governo brasileiro na crise financeira, mostrando a import‚ncia que o crÈdito possuiu para<br />

deixar o Brasil mais distante das conseq¸Íncias desta.<br />

3.1 O comportamento do spread banc·rio<br />

De um modo geral, o spread banc·rio È uma medida que mede a diferenÁa dos valores<br />

cobrados pelos bancos sobre os emprÈstimos tomados e os valores que o banco oferece como<br />

retorno para seus depositantes. Ou seja, com seu papel de intermediador financeiro, o banco<br />

repassa o dinheiro aplicado de seus clientes como forma de emprÈstimos para outros clientes.<br />

A diferenÁa da taxa paga pelo banco para o cliente que aplicou o dinheiro e a taxa que o banco<br />

cobra pelo emprÈstimo representa o valor do spread. Segundo Leal (2007), a utilizaÁ„o dessa<br />

definiÁ„o mais geral possibilita uma ampla an·lise de sua representatividade e suas diferentes<br />

medidas na literatura empÌrica.<br />

Para Afonso, Kˆhler e Freitas (2009, p. 2), apesar de ser apenas um dos componentes<br />

do custo total de um emprÈstimo, o spread banc·rio È visto como uma das mais importantes<br />

barreiras ‡ expans„o do crÈdito e ao aprofundamento do sistema financeiro, alÈm de um fator<br />

limitador do desenvolvimento do paÌs.<br />

Existem trÍs categorias principais a partir das quais a mensuraÁ„o do spread pode ser<br />

classificada: abrangÍncia da amostra, de acordo com os bancos e operaÁıes de crÈdito;<br />

conte˙do, se contÈm ou n„o as receitas de serviÁos; e origem da informaÁ„o, se ex-ante ou ex-<br />

post (LEAL, 2007). Segundo Reis, Paula, e Leal (2009), essa ˙ltima caracterÌstica È a que<br />

29


possui maior destaque, sendo que quando a origem da informaÁ„o È ex-ante significa o<br />

calculo do spread se d· atravÈs do preÁo (taxa) estabelecido pelos bancos e quando a origem<br />

da informaÁ„o È ex-post, o calculo ocorre de acordo com o resultado cont·bil apresentado<br />

efetivamente pelos bancos.<br />

O spread banc·rio ex-ante È mensurado a partir das decisıes de precificaÁ„o<br />

dos bancos em relaÁ„o ‡s taxas de captaÁ„o e de emprÈstimos, anteriores ‡<br />

realizaÁ„o de seu resultado. Esta medida reflete as diversas expectativas dos<br />

bancos em relaÁ„o ‡ demanda, inadimplÍncia, concorrÍncia, entre outras. O<br />

spread ex-ante È normalmente calculado como a diferenÁa entre a taxa de juros<br />

de emprÈstimo e a taxa de juros de captaÁ„o do banco, a partir de informaÁıes<br />

sobre as operaÁıes banc·rias. (LEAL, 2007, p. 226)<br />

Em seus estudos, Reis, Paula e Leal (2009) apresentam a evoluÁ„o da<br />

decomposiÁ„o do spread banc·rio ex-ante, em taxas nominais, de 2001 atÈ 2008 (fonte:<br />

BCB). Os componentes do spread s„o: custo administrativo; inadimplÍncia; custo do<br />

compulsÛrio e do crÈdito direcionado; impostos indiretos e FGC; impostos diretos; e margem<br />

lÌquida, erros e omissıes. Eles destacam que em 2008, ano da crise financeira, a taxa nominal<br />

do spread ex-ante sofreu um enorme aumento: de 28,4 em 2007 para 40,0 em 2008. Outro<br />

aspecto que merece um destaque, ainda no mesmo estudo, È o aumento da inadimplÍncia entre<br />

2007 e 2008. Enquanto em 2007 a taxa de inadimplÍncia era de 9,3, em 2008 passou para<br />

13,4.<br />

O spread banc·rio ex-post È a mensuraÁ„o do resultado da intermediaÁ„o<br />

financeira realizado pelos bancos, de acordo com as receitas efetivamente<br />

geradas pelas operaÁıes de crÈdito e com o custo efetivo de captaÁ„o dos<br />

recursos, sendo que ambos est„o possivelmente relacionados ‡s taxas<br />

estabelecidas ex-ante. … normalmente calculado a partir dos dados cont·beis<br />

disponÌveis por instituiÁ„o financeira. (LEAL, 2007, p. 227)<br />

Em relaÁ„o ao spread ex-post, Reis, Paula e Leal (2009) fizeram um estudo da<br />

decomposiÁ„o do spread de 2000 a 2008 para bancos em trÍs segmentos: grandes bancos<br />

varejistas; bancos varejistas p˙blicos; e bancos especializados em crÈdito (fonte: BCB). Eles<br />

destacam a tendÍncia de crescimento do spread de 2000 a 2005 (de 7,54% para 11,63%),<br />

seguida de uma reduÁ„o atÈ 2008 (6,79%). Dentre os seus componentes, o que merece maior<br />

destaque È o resÌduo lÌquido que sofreu um crescimento enorme, de -6,57% em 2000 para<br />

30,53% em 2008. Esse crescimento foi resultado de uma reduÁ„o das despesas estruturais e<br />

dos impostos, alÈm de um aumento na participaÁ„o da taxa de serviÁos.<br />

30


O Banco Central do Brasil em 2008 apresentou uma nova metodologia para<br />

decomposiÁ„o do spread banc·rio das operaÁıes de crÈdito com taxas prefixadas, visando o<br />

aperfeiÁoamento da mensuraÁ„o das suas parcelas componentes.<br />

Com a nova metodologia, a taxa de captaÁ„o usada como referÍncia para o<br />

c·lculo do spread deixa de ser a taxa mÈdia de captaÁ„o das operaÁıes de Swap<br />

PrÈ x DI para todo o sistema banc·rio (custo de oportunidade) e passa a ser as<br />

taxas efetivas de captaÁ„o de depÛsito a vista e de poupanÁa, bem como de<br />

depÛsitos a prazo (neste caso, dadas pelas taxas dos CDBs para cada banco). …<br />

importante destacar que, no cÙmputo do impacto dos recolhimentos<br />

compulsÛrios, optou-se pela utilizaÁ„o dos custos efetivos de captaÁ„o dos<br />

depÛsitos banc·rios que originam os recolhimentos compulsÛrios (depÛsitos a<br />

prazo, a vista e/ou de poupanÁa) ao invÈs do custo de oportunidade, como feito<br />

na metodologia antiga. A nova metodologia tambÈm incorpora alteraÁıes no<br />

c·lculo do impacto do FGC e realiza a separaÁ„o dos tributos segundo as<br />

respectivas bases de c·lculo (BCB, 2008, p. 24)<br />

No Brasil, diversos autores afirmam que o spread banc·rio È muito alto e que seria<br />

esperada uma reduÁ„o apÛs as polÌticas de estabilizaÁ„o da moeda, porÈm que n„o foi<br />

efetivada. O gr·fico 5 detalha a evoluÁ„o do spread banc·rio a partir dos anos 2000, por tipo<br />

de tomador.<br />

Gr·fico 5 - EvoluÁ„o dos spreads banc·rios a partir de junho de 2000, por tipo de tomador<br />

Fonte: AFONSO, K÷HLER e FREITAS (2009, p. 6) ñ a partir do Banco Central do Brasil.<br />

31


O segmento do spread apresentado no gr·fico 5 È o livre referenciado. Nessa<br />

modalidade, o custo financeiro È livremente pactuado entre bancos e tomadores. Em relaÁ„o ‡<br />

evoluÁ„o do spread, os autores destacam uma significativa queda (de quase 30 pontos<br />

percentuais) entre o inÌcio de 2003 e o final de 2007, nas operaÁıes com pessoas fÌsicas. J· o<br />

spread das operaÁıes com pessoas jurÌdicas, no mesmo perÌodo, se manteve praticamente<br />

est·vel.<br />

… interessante observar que esse mesmo perÌodo foi caracterizado por uma sÈrie<br />

de mudanÁas no cen·rio macroeconÙmico que, de acordo com a literatura,<br />

contribuiriam para a queda no spread: a economia entrou em trajetÛria de<br />

crescimento, a taxa SELIC caiu e houve melhora das contas p˙blicas. Houve<br />

tambÈm uma sÈrie de avanÁos institucionais, no sentido de dar maior garantia<br />

aos credores. Por exemplo, a aprovaÁ„o do novo regime falimentar (Lei n<br />

11.101, de 2005); a ampliaÁ„o da alienaÁ„o fiduci·ria; a possibilidade de<br />

penhora eletrÙnica (BacenJud); a implementaÁ„o do novo Sistema de<br />

Pagamentos Brasileiro, a introduÁ„o do patrimÙnio de afetaÁ„o e a melhoria do<br />

grau de garantia da CÈdula de CrÈdito Banc·rio. (AFONSO, K÷HLER e<br />

FREITAS, 2009, p. 7)<br />

Em suas consideraÁıes finais, Afonso, Kˆhler e Freitas (2009, p. 46), concluem que:<br />

pessoas fÌsicas pagam spreads mais altos do que pessoas jurÌdicas; em momentos de<br />

instabilidade macroeconÙmica, o spread tende a aumentar; houve uma significativa queda do<br />

spread desde 1994, mas ainda possui um valor elevado para os padrıes internacionais; em<br />

2008, o spread sofreu um aumento devido ao aquecimento da economia e, conseq¸entemente,<br />

um aumento na demanda por crÈdito nos primeiros 3 trimestres e, no ˙ltimo trimestre, devido<br />

a explos„o da crise financeira, com a reduÁ„o na oferta de crÈdito.<br />

3.2 A evoluÁ„o do crÈdito no perÌodo<br />

Segundo o ˙ltimo boletim do Banco Central do Brasil (2009, p. 50), as operaÁıes de<br />

crÈdito no Brasil em 2009 restabeleceram, de forma gradual, a trajetÛria de expans„o<br />

observada antes da explos„o da crise financeira internacional vivida no segundo semestre de<br />

2008. A Tabela 4 mostra a evoluÁ„o do crÈdito no perÌodo de 2007-2009 e a relaÁ„o<br />

CrÈdito/PIB.<br />

32


Tabela 4 - EvoluÁ„o do crÈdito de 2007-2009<br />

Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL (2009)<br />

… possÌvel verificar que houve um crescimento das operaÁıes de crÈdito em 2009 de<br />

15,2%, em relaÁ„o a 2008 (passou de 1.227,3 para 1.414,4 bilhıes de reais). Outro ponto que<br />

merece destaque È a evoluÁ„o da participaÁ„o percentual do crÈdito em relaÁ„o ao PIB. No<br />

ano de 2007, essa participaÁ„o era de 35,2% do PIB, passando para 40,8%, em 2008 e em<br />

2009, subiu para 45,0%.<br />

O Boletim do Banco Central do Brasil (2009) aponta que essa trajetÛria expansionista<br />

do crÈdito banc·rio foi sustentada pela evoluÁ„o das carteiras com recursos direcionados, em<br />

que o maior destaque deve ser dado para a atuaÁ„o das instituiÁıes financeiras p˙blicas, que<br />

aumentaram sua participaÁ„o no total da carteira do sistema financeiro nacional de 36,3%, em<br />

2008, para 41,5% em 2009. J· as participaÁıes das carteiras das instituiÁıes privadas<br />

nacionais e bancos estrangeiros apresentaram uma queda. Enquanto a participaÁ„o das<br />

instituiÁıes privadas nacionais passou de 42,8%, em 2008, para 40,3% em 2009; os bancos<br />

estrangeiros tiveram uma reduÁ„o de 21,0%, em 2008, para 18,2% em 2009.<br />

A Tabela 5 mostra a discriminaÁ„o da evoluÁ„o do crÈdito com recursos livres no<br />

perÌodo 2007-2009.<br />

33


Tabela 5 - CrÈdito com recursos livres<br />

Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL (2009)<br />

O volume de crÈdito com recursos livres destinados ‡s pessoas jurÌdicas cresceu 1,6%<br />

em 2009, em relaÁ„o a 2008, com grande destaque para a queda da participaÁ„o dos recursos<br />

externos ñ de 39,5% no ano de 2009. Dessa forma, a participaÁ„o das operaÁıes de crÈdito<br />

para as pessoas jurÌdicas com recursos domÈsticos passou a representar 88,65% do total do<br />

crÈdito para pessoas jurÌdicas. J· em relaÁ„o ‡s operaÁıes de crÈdito destinadas ‡s pessoas<br />

fÌsicas, o crescimento do ano de 2009 em comparaÁ„o a 2008 foi de 19,2%.<br />

A discriminaÁ„o dos financiamentos com recursos direcionados no mesmo perÌodo È<br />

demonstrada na Tabela 6.<br />

34


Tabela 6 - CrÈdito com recursos direcionados<br />

Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL (2009)<br />

O volume total dos financiamentos com recursos direcionados cresceu 29,1% em<br />

2009, comparado a 2008. O maior destaque fica por conta do aumento de 35,3%, no mesmo<br />

perÌodo, das operaÁıes realizadas pelo BNDES, aumentando a sua participaÁ„o para 61,6% do<br />

total de crÈdito com recursos direcionados. Outro aspecto que merece destaque È o aumento<br />

de 46,3% (de 2008 para 2009) dos financiamentos voltados para a habitaÁ„o, passando a<br />

representar 19,0% do total de crÈdito com recursos direcionados.<br />

A Tabela 7 apresenta a evoluÁ„o das operaÁıes de crÈdito das 4 principais instituiÁıes<br />

financeiras atuantes no Brasil, no perÌodo de 2000-2009.<br />

Tabela 7 - EvoluÁ„o do crÈdito das 4 principais instituiÁıes do Brasil<br />

R$ milhıes<br />

OperaÁıes de CrÈdito 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009<br />

Bradesco* 38.872<br />

Banco do Brasil* 35.917<br />

Santander* 9.471<br />

Itau/Unibanco**<br />

* inclui arrendamento mercantil<br />

** inclui avais e finanÁas<br />

48.868<br />

44.444<br />

40.225<br />

13.507<br />

59.640<br />

50.801<br />

51.470<br />

15.090<br />

71.971<br />

54.336<br />

65.591<br />

16.602<br />

76.000<br />

62.788<br />

74.823<br />

21.593<br />

89.600<br />

ElaboraÁ„o do autor ñ a partir de dados das prÛprias instituiÁıes<br />

81.130<br />

85.942<br />

28.982<br />

114.900<br />

116.225<br />

120.975<br />

37.509<br />

148.400<br />

137.112<br />

149.366<br />

43.725<br />

202.900<br />

179.955<br />

273.203<br />

139.039<br />

271.900<br />

35<br />

190.989<br />

320.696<br />

138.394<br />

278.400<br />

Enquanto as instituiÁıes privadas nacionais, Bradesco e Ita˙/Unibanco, mantiveram,<br />

respectivamente, um crescimento nas operaÁıes de crÈdito de 6,13% e 2,39% no ano de 2009,<br />

comparado ao ano de 2008, a instituiÁ„o estrangeira, o Santander, apresentou uma reduÁ„o<br />

nas operaÁıes de crÈdito no perÌodo, conseq¸Íncia da crise financeira internacional. PorÈm, o<br />

ponto mais importante a se destacar È a atuaÁ„o da instituiÁ„o financeira p˙blica, o Banco do<br />

Brasil, que teve um aumento nas suas operaÁıes de crÈdito nesse mesmo perÌodo de 17,38%.


Isso mostra a significante participaÁ„o do governo brasileiro na contenÁ„o dos avanÁos da<br />

crise financeira internacional no paÌs, aspecto que ser· analisado no prÛximo tÛpico.<br />

Em relaÁ„o ‡ concentraÁ„o regional do crÈdito entre os estados brasileiros, Paula e<br />

Freitas (2010) analisaram o comportamento dessa concentraÁ„o no perÌodo de 1994-2006,<br />

conforme Tabela 8.<br />

Tabela 8 - ParticipaÁ„o do estado no crÈdito total concedido, Brasil: 1994-2006<br />

Fonte: PAULA e FREITAS (2010, p. 108) ñ a partir dos dados de crÈdito obtidos no Sisbacen<br />

A partir dos anos 2000, percebe-se um aumento na participaÁ„o das regiıes Sudeste -<br />

de 66,8% em 2000 para 70,2% em 2006 - e Sul ñ de 11,7% para 13,3%. Por outro lado, houve<br />

36


uma reduÁ„o na participaÁ„o das regiıes Nordeste ñ de 8,2% para 6,1% - e Centro-Oeste ñ de<br />

11,9% para 8,7%. A regi„o Norte manteve-se praticamente est·vel. ìEsses dados parecem<br />

fornecer evidÍncias de que a consolidaÁ„o do setor foi acompanhada por uma concentraÁ„o<br />

regional do crÈditoî (PAULA e FREITAS, 2010, p. 107).<br />

O Gr·fico 6 mostra a evoluÁ„o da relaÁ„o CrÈdito/PIB, discriminando as operaÁıes<br />

destinadas ao setor p˙blico e privado.<br />

Gr·fico 6 - OperaÁıes de crÈdito sobre PIB (%)<br />

Fonte: PAULA, OREIRO e BASILIO (2010) ñ a partir de dados do Banco Central do Brasil<br />

A partir de 2003, nota-se um grande boom do crÈdito no Brasil e uma crescente<br />

representatividade do crÈdito em relaÁ„o ao PIB. Em 2003, a relaÁ„o crÈdito total/PIB era de<br />

21,8% e passou a ser de 30,0% em 2007, mais de 40,0% em 2008 e atingiu 45,0% em 2009.<br />

Segundo Paula, Oreiro e Basilio (2010, p. 41), os condicionantes macroeconÙmicos mais<br />

importantes desse crescimento foram: maior crescimento do produto e renda; reduÁ„o na taxa<br />

nominal de juros; estabilidade macroeconÙmica e mudanÁa no perfil da dÌvida p˙blica. Os<br />

mesmos autores ainda apontam as caracterÌsticas gerais do perÌodo em que o crÈdito cresceu<br />

de forma mais acentuada (entre 2003 e 2008): absorÁ„o do crÈdito pelas instituiÁıes privadas,<br />

maior participaÁ„o do segmento de crÈdito com recursos livres (com domÌnio de um funding<br />

domÈstico) e o maior dinamismo das instituiÁıes privadas nacionais em relaÁ„o ‡s demais<br />

instituiÁıes financeiras (p˙blicas e estrangeiras).<br />

37


3.3 A atuaÁ„o do governo na crise financeira e a import‚ncia do crÈdito<br />

A partir de setembro de 2008, com a quebra do Lehman Brothers e o inÌcio da crise<br />

financeira internacional, o cen·rio do crÈdito sofreu algumas mudanÁas de rumo. Segundo<br />

Paula, Oreiro e Basilio (2010), o mercado de crÈdito banc·rio brasileiro sofreu impactos<br />

negativos com a crise financeira e foi um dos canais de cont·gio para a chegada desta no<br />

Brasil. Apesar disso, o governo brasileiro suportou uma atuaÁ„o contra-cÌclica e os bancos<br />

p˙blicos, principalmente os federais (BNDES, Banco do Brasil e CEF) aumentaram a sua<br />

participaÁ„o no crÈdito total do paÌs, evitando uma desaceleraÁ„o maior na taxa de<br />

crescimento do crÈdito.<br />

A retomada das condiÁıes favor·veis do mercado de crÈdito foi impulsionada<br />

pelas medidas monet·rias e fiscais de car·ter anticÌclico adotadas pelo Banco<br />

Central e pelo governo federal em resposta ao quadro restritivo observado nos<br />

˙ltimos meses de 2008, com Ínfase nos impactos dos emprÈstimos em moeda<br />

estrangeira, destinados a assegurar sustentaÁ„o ‡ atividade exportadora, e da<br />

liberaÁ„o de recolhimentos compulsÛrios, com vistas a prover liquidez em<br />

moeda domÈstica no mercado interbanc·rio. (BANCO CENTRAL DO<br />

BRASIL, 2009, p. 50)<br />

O Gr·fico 7 mostra a evoluÁ„o da relaÁ„o das operaÁıes de crÈdito por controle de<br />

capital (p˙blico, privado nacional ou estrangeiro).<br />

Gr·fico 7 - OperaÁıes de crÈdito por controle de capital (% relativa)<br />

Fonte: PAULA, OREIRO E BASILIO (2010, p. 54) ñ a partir de dados do Banco Central do Brasil<br />

38


Conforme analisado, o grande destaque fica por conta do significativo aumento da<br />

participaÁ„o das instituiÁıes p˙blicas, que em 2008 representava 34,7% das operaÁıes de<br />

crÈdito no Brasil e passou para 38,7% em 2009. Os outros dois setores perderam espaÁo na<br />

crise. As instituiÁıes privadas nacionais reduziram sua participaÁ„o de 44,0% em 2008 para<br />

41,6% em 2009. J· as instituiÁıes estrangeiras tiveram uma reduÁ„o de 21,3% para 19,7, no<br />

mesmo perÌodo.<br />

A Tabela 9 e o Gr·fico 8 mostram o direcionamento do crÈdito para as diferentes<br />

atividades econÙmicas no paÌs no perÌodo de 2008-2009.<br />

Tabela 9 - OperaÁıes de crÈdito por atividade econÙmica (R$ milhıes)<br />

Fonte: PAULA, OREIRO E BASILIO (2010, p. 77) ñ a partir de dados do Banco Central do Brasil<br />

39


Gr·fico 8 - Direcionamento do crÈdito para atividades econÙmicas ñ Sistema Financeiro<br />

Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL (2009, p. 51)<br />

Segundo o Paula, Oreiro e Basilio (2010), as operaÁıes de crÈdito destinadas ao setor<br />

privado cresceram 12,7% em 2009, em doze meses, e atingiu a marca de R$1.353 bilhıes.<br />

Destas, o crÈdito voltado para pessoas fÌsicas cresceu 18,7% no perÌodo, puxado pelo maior<br />

dinamismo do crÈdito consignado, financiamento de veÌculos e crÈdito habitacional. O crÈdito<br />

para habitaÁ„o cresceu 45,2% no ano e totalizou R$91,9 bilhıes. O financiamento para a<br />

ind˙stria foi o que menos cresceu no perÌodo, apenas 2,84%. O crÈdito para outros serviÁos<br />

teve um crescimento de 11,6%, enquanto o financiamento comercial aumentou em 9,2% e o<br />

crÈdito rural, 5,5%.<br />

Em relaÁ„o ‡ composiÁ„o desses mesmos setores no crÈdito total, incluindo o setor<br />

p˙blico, segundo o Boletim do Banco Central do Brasil (2009), o crÈdito industrial foi o que<br />

perdeu mais participaÁ„o no perÌodo de 2008-2009, passando de 24,2% para 21,5%. J· o<br />

financiamento destinado ‡ pessoa fÌsica, o crÈdito habitacional e do setor p˙blico ganharam<br />

participaÁ„o na composiÁ„o. O primeiro passou de 31,7% para 32,7%, enquanto o segundo foi<br />

de 5,2% para 6,5% e o terceiro, que teve o maior aumento percentual, passou de 2,2% para<br />

4,2%.<br />

Em 2010, essa maior participaÁ„o p˙blica no crÈdito brasileiro continuou. ìA presenÁa<br />

dos bancos p˙blicos na concess„o do crÈdito segue forte e, ao contr·rio da projeÁ„o do Banco<br />

Central feita no final de 2009, as instituiÁıes privadas nacionais ainda n„o conseguiram<br />

inverter sua posiÁ„o de segunda colocada para a qual foram deslocadas por conta da criseî<br />

(CAVALCANTI, 2010). Segundo a autora, o BNDES ainda È o principal Ûrg„o puxador das<br />

operaÁıes de crÈdito no paÌs, mantendo uma taxa de 32,3% em 12 meses. Outras instituiÁıes<br />

40


p˙blicas que tambÈm seguem com relevante import‚ncia nas operaÁıes de crÈdito do paÌs s„o:<br />

o Banco do Brasil, o Banco do Nordeste, o Banco da AmazÙnia e a Caixa EconÙmica Federal<br />

(maior respons·vel pela concess„o de crÈdito habitacional - 51,1% em 12 meses). A autora<br />

aponta que, apesar da tendÍncia de crescimento do crÈdito, n„o sÛ por conta dos bancos<br />

p˙blicos, mas tambÈm pelos bancos privados, a proporÁ„o do estoque de crÈdito em relaÁ„o<br />

ao PIB foi mantida em 48% por conta do crescimento econÙmico. Em agosto deste ano, o<br />

estoque de crÈdito atingiu R$1,582 trilh„o, equivalente a 46,2% do PIB.<br />

Ficou claro que a atuaÁ„o do governo brasileiro diante da explos„o da crise financeira<br />

internacional foi muito mais do que importante para o n„o agravamento desta no cen·rio<br />

nacional. Ao contr·rio do que era esperado, a injeÁ„o de moeda na economia e o aumento da<br />

participaÁ„o no crÈdito total do paÌs por parte dos bancos p˙blicos, para impedir a<br />

desaceleraÁ„o desse setor, deixou o paÌs menos vulner·vel aos avanÁos da crise. Em meio a<br />

uma das mais importantes crises financeiras internacionais, o crÈdito se mostra cada vez mais<br />

importante para uma economia, atuando tanto na contenÁ„o dos avanÁos da crise, como na<br />

significativa participaÁ„o para o crescimento do paÌs.<br />

A oferta de crÈdito È causa e conseq¸Íncia do crescimento econÙmico, j· que<br />

propicia uma maior elasticidade no crescimento dos gastos dos agentes (firmas<br />

e famÌlias), antecipando poder de compra novo, mas ao mesmo tempo o prÛprio<br />

crescimento do produto e da renda acaba, pelo lado da demanda, por estimular<br />

o crescimento do crÈdito. PaÌses emergentes, como o Brasil, com mercados<br />

financeiros incompletos e marcado pela instabilidade econÙmica, o crescimento<br />

do crÈdito privado estimula as decisıes dos gastos dos agentes, atravÈs do<br />

aumento do crÈdito pessoal, crÈdito para aquisiÁ„o de veÌculos e crÈdito para<br />

capital de giro das empresas, mas n„o parece atender determinadas<br />

modalidades especÌficas do crÈdito, de maior risco e/ou de horizonte temporal<br />

mais dilatado, como È o caso do financiamento do investimento e do<br />

financiamento agrÌcola. No caso do Brasil, tais modalidades ñ e mais<br />

recentemente tambÈm o financiamento as exportaÁıes ñ tÍm uma participaÁ„o<br />

fundamental dos bancos p˙blicos, em especial os grandes bancos federais.<br />

(PAULA, OREIRO e BASILIO, 2010, p. 64-65).<br />

Segundo Troster (2010), esse crescimento do crÈdito nos ˙ltimos anos tem como<br />

principal instrumento a bancarizaÁ„o, com o aumento do uso de tecnologia. Para ele, o celular<br />

ser· o grande canal de comunicaÁ„o entre as instituiÁıes financeiras e seus clientes. Outro<br />

ponto destacado pelo economista e consultor Roberto Luiz Troster para a continuaÁ„o da<br />

expans„o do crÈdito È a melhora na distribuiÁ„o de renda para onde est· indo o crÈdito mais<br />

barato, somada aos ganhos de eficiÍncia e ao aumento de liquidez apÛs a crise.<br />

41


Para Zillig (2010), o principal motivo da expans„o do crÈdito no paÌs, nos ˙ltimos<br />

anos, È a estabilidade da moeda brasileira conquistada na ˙ltima dÈcada. Mesmo com a crise<br />

financeira internacional, o crÈdito brasileiro manteve o seu papel e foi o principal instrumento<br />

para a retomada do crescimento do Brasil, reforÁando ainda mais a capacidade de consumo da<br />

sociedade brasileira. Segundo a autora, essa expans„o do crÈdito poderia ser ainda maior, se<br />

n„o fosse pelo seu custo, ainda considerado bastante elevado.<br />

Conclus„o<br />

O spread banc·rio brasileiro (diferenÁa das taxas mÈdias de emprÈstimos cobradas<br />

pelos bancos e das taxas mÈdias de captaÁ„o tomadas pelos bancos), apesar de ter apresentado<br />

uma reduÁ„o nos ˙ltimos anos, exceto pelo aquecimento da economia e a crise de 2008, ainda<br />

apresenta valores muito elevados se comparado aos valores do resto do mundo. Os<br />

componentes do spread ex-ante que possuÌram maior participaÁ„o nos ˙ltimos anos foram:<br />

inadimplÍncia e margem lÌquida, erros e omissıes (este ˙ltimo È o mais importante<br />

componente do spread ex-post).<br />

O boom do crÈdito em 2003, que foi impulsionado pelos bancos privados nacionais e<br />

estrangeiros, fez com que a participaÁ„o do crÈdito em relaÁ„o ao PIB crescesse de forma<br />

significativa. A relaÁ„o que era de 22% em 2003, passou para 45,0% em 2009. A<br />

concentraÁ„o regional do crÈdito tambÈm foi mais intensa nos ˙ltimos anos. O Sudeste detÈm<br />

70% do crÈdito nacional, sendo que somente o estado de S„o Paulo representa 57% do total<br />

das operaÁıes de crÈdito do Brasil.<br />

Com a chegada da crise financeira em 2008, houve uma retraÁ„o no crÈdito por parte<br />

dos bancos privados nacionais e estrangeiros. Mas a atuaÁ„o dos bancos p˙blicos,<br />

principalmente os grandes federais, foi de extrema import‚ncia para manter o crescimento do<br />

crÈdito no paÌs e, conseq¸entemente manter o crescimento da economia. Desde o final de<br />

2008, a participaÁ„o dos bancos p˙blicos nas operaÁıes de crÈdito do Brasil aumentou<br />

bastante, representando quase 39% em 2009. Essa atuaÁ„o do governo brasileiro contra os<br />

avanÁos da crise no paÌs, n„o deixando o crÈdito desacelerar, foi um dos principais pontos<br />

para a contenÁ„o da crise no cen·rio nacional.<br />

42


CONSIDERA«’ES FINAIS<br />

A dÈcada de 1990 trouxe diversas mudanÁas no cen·rio banc·rio brasileiro,<br />

importantes para a reestruturaÁ„o do setor. A abertura financeira do inÌcio da dÈcada<br />

possibilitou a entrada de diversas instituiÁıes financeiras sÛlidas que vinham buscar<br />

oportunidades em novos mercados. Como diversas instituiÁıes financeiras brasileiras se<br />

encontravam insolventes, devido ‡s crises banc·rias apÛs a implantaÁ„o do Plano Real, a<br />

entrada dos bancos estrangeiros foi mais que bem-vinda. Assim, o governo brasileiro iniciou<br />

diversos programas para ìsalvarî essas instituiÁıes insolventes. As privatizaÁıes, o Proer e o<br />

Proes ajudaram esses bancos e assim, iniciou-se um forte processo de Fusıes e AquisiÁıes<br />

banc·rias. A atuaÁ„o dos bancos internacionais no mercado nacional trouxe ao sistema<br />

banc·rio brasileiro acesso a novas tecnologias e conhecimentos. Dessa forma, o setor banc·rio<br />

brasileiro se mostrou mais forte e consolidado.<br />

Os fracassos do Primeiro Acordo de BasilÈia mostrou a necessidade de elaboraÁ„o de<br />

um novo acordo, que trouxesse algumas alteraÁıes e melhorias em relaÁ„o ao primeiro.<br />

Assim, desde o inÌcio dos anos 2000, vem sendo implantado o Novo Acordo de BasilÈia, com<br />

a necessidade de se aumentar a regulamentaÁ„o do sistema financeiro mundial. A implantaÁ„o<br />

do Novo Acordo possibilitou uma forte consolidaÁ„o do sistema banc·rio brasileiro,<br />

aumentando o ramo de atuaÁ„o das instituiÁıes financeiras, alÈm da utilizaÁ„o de novas<br />

tecnologias. Dessa forma, o cen·rio do setor banc·rio brasileiro se mostrou muito<br />

competitivo, porÈm com uma forte concentraÁ„o nas maiores instituiÁıes atuantes no paÌs, em<br />

que cada vez mais o n˙mero de bancos diminui e a participaÁ„o dos maiores grupos aumenta.<br />

… possÌvel perceber atÈ os dias atuais que alguns desses fatores ainda ocorrem. As<br />

Fusıes e AquisiÁıes ainda continuam acontecendo. Como principal exemplo, destaca-se a<br />

recente compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil. A consolidaÁ„o banc·ria tambÈm vem<br />

se fortalecendo no Brasil, em que se observa um aumento na eficiÍncia e na lucratividade do<br />

setor. Esse aumento pode ser percebido com as altas taxas de spread banc·rio que s„o<br />

cobradas pelos bancos. O spread È diferenÁa das taxas mÈdias de emprÈstimos cobradas pelos<br />

bancos e das taxas mÈdias de captaÁ„o tomadas pelos bancos. Exceto pelo perÌodo logo apÛs a<br />

explos„o da crise financeira de 2008, o spread apresentou uma reduÁ„o nos ˙ltimos anos,<br />

mas, mesmo assim, ainda possui um valor considerado alto no Brasil, em relaÁ„o ao valor<br />

mÈdio do resto do mundo. Este alto valor das taxas do spread banc·rio brasileiro È uma das<br />

barreiras contra o crescimento ainda maior do crÈdito, em que s„o cobradas altÌssimas taxas<br />

de juros dos emprÈstimos, enquanto as taxas de captaÁ„o n„o s„o t„o atraentes.<br />

43


A partir de 2003, o crÈdito no paÌs obteve taxas altas de crescimento, que a principio,<br />

foram resultadas de uma forte atuaÁ„o dos bancos privados nacionais e estrangeiros. Dessa<br />

forma, a participaÁ„o do crÈdito no PIB nacional cresceu, aumentando a import‚ncia do<br />

crÈdito na economia do paÌs. Enquanto a relaÁ„o CrÈdito/PIB era de 22% em 2003, em 2009<br />

essa proporÁ„o passou para 45,0%. Ao longo dos anos 2000, tambÈm foi possÌvel perceber um<br />

aumento da concentraÁ„o regional do crÈdito, sendo que em 2006, o Sudeste era o maior<br />

detentor das operaÁıes de crÈdito no Brasil, com 70% de participaÁ„o, com um destaque para<br />

o estado de S„o Paulo, que representava 57% do total das operaÁıes de crÈdito do paÌs.<br />

A crise financeira internacional de 2008 fez que com todos pensassem que a economia<br />

brasileira, assim como a de diversos paÌses, entrasse em recess„o e o crÈdito sofreria uma<br />

grande retraÁ„o. Mas aconteceu exatamente o contr·rio. Apesar dos principais bancos<br />

privados nacionais e internacionais terem perdido bastante forÁa, o governo brasileiro tratou<br />

de injetar dinheiro na economia, principalmente nos grandes bancos federais, para conter<br />

maiores avanÁos da crise no paÌs. Com isso, os bancos p˙blicos passaram a ter uma<br />

import‚ncia fundamental na economia brasileira, sendo estes os principais respons·veis pela<br />

diminuiÁ„o dos efeitos da crise no cen·rio domÈstico. A participaÁ„o dos bancos p˙blicos no<br />

total do crÈdito nacional em 2009 era de quase 40%.<br />

O Brasil conseguiu se afastar mais facilmente dos efeitos da crise financeira graÁas ‡<br />

forte atuaÁ„o ìanticÌclicaî do governo de injetar, ao invÈs de tirar, dinheiro na economia<br />

aumentando as operaÁıes de crÈdito. Dessa forma, o paÌs conseguiu manter a economia em<br />

crescimento mesmo nesse perÌodo em que todos esperavam uma retraÁ„o no crÈdito e<br />

recess„o na economia.<br />

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