3ª Edição da FGR em Revista - Fundação Guimarães Rosa
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gestores pesquisados como a menos<br />
desenvolvi<strong>da</strong> e menos importante<br />
delas. Propus<strong>em</strong>os então que para<br />
incorporarmos visão dos diversos<br />
públicos constituintes e a condição<br />
intermediária do TS como espaço<br />
público deveria caber á avaliação,<br />
como ferramenta à disposição <strong>da</strong><br />
gestão social, considerar os valores<br />
do espaço de arregimentação destes<br />
esforços e sua reprodução como<br />
condição de verificação do cumprimento<br />
<strong>da</strong> missão.<br />
A construção de um referencial para<br />
a avaliação <strong>da</strong>s iniciativas desenvolvi<strong>da</strong>s<br />
no TS, que considere os seus<br />
públicos constituintes, requer que<br />
se examin<strong>em</strong> quais resultados encampam<br />
valores para estes públicos<br />
e quão valiosos são estes resultados.<br />
Estas questões procuram configurar<br />
as condições de realização <strong>da</strong><br />
missão enquanto perspectiva de<br />
desenvolvimento de uma iniciativa<br />
que agregue aqueles indivíduos.<br />
É nesse sentido que pod<strong>em</strong>os nos<br />
referir à avaliação do cumprimento<br />
<strong>da</strong> missão pela gestão social.<br />
Tecnicamente é preciso que sejam<br />
respondi<strong>da</strong>s algumas questões, por<br />
ex<strong>em</strong>plo: como medir valores e expectativas,<br />
projetados <strong>em</strong> fatos e resultados?<br />
Como atribuir uma escala de<br />
importância a estes resultados substantivos?<br />
Como verificar capaci<strong>da</strong>des,<br />
condições, representações relativas <strong>da</strong><br />
questão social, que permitam o florescimento<br />
<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de própria do TS e<br />
que seriam <strong>em</strong> primeira aproximação<br />
não necessariamente verificáveis, projetados<br />
sobre resultados que seriam<br />
por definição verificáveis?<br />
Da<strong>da</strong> a singulari<strong>da</strong>de do espaço público<br />
onde atuam as OTS, além dos<br />
resultados esperados do processo de<br />
avaliação, o avaliador é instado a refletir<br />
acerca dos propósitos do desenvolvimento<br />
humano; <strong>da</strong>s alternativas e<br />
processos de escolha viáveis para este<br />
32 <strong>FGR</strong> EM REVISTA<br />
desenvolvimento; <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de<br />
fruição dos bens públicos disponibilizados;<br />
<strong>da</strong> relevância <strong>da</strong>s ações apropria<strong>da</strong>s<br />
para a realização <strong>da</strong> missão;<br />
e <strong>da</strong> comunicação <strong>da</strong>s representações<br />
<strong>da</strong> questão social que os públicos<br />
constituintes realizam entre si.<br />
Estas questões não são ponderações<br />
abstratas para o avaliador, mas estão<br />
diretamente liga<strong>da</strong>s à contribuição<br />
que ele possa oferecer à gestão para<br />
o processo de decisão que envolve os<br />
vínculos entre os valores e resultados.<br />
Assim concebi<strong>da</strong>, como instrumento <strong>da</strong><br />
gestão social, a avaliação responde a<br />
uma d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> estrutural do TS, de modo<br />
que a OTS que produz bens públicos <strong>em</strong><br />
um espaço público de proteção e desenvolvimento<br />
social, deve ser avalia<strong>da</strong><br />
para verificar se esses resultados são<br />
pertinentes a este espaço, corroborando<br />
a realização <strong>da</strong> missão institucional que<br />
publiciza os propósitos <strong>da</strong>queles públicos.<br />
Pod<strong>em</strong>os falar, portanto, <strong>em</strong> uma<br />
avaliação do cumprimento <strong>da</strong> missão,<br />
na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que os atributos do espaço<br />
público sejam reconhecidos como<br />
referencial dos resultados efetivamente<br />
alcançados. Encontrar no processo de<br />
avaliação uma considerável percepção<br />
de desenvolvimento dos atributos no<br />
impacto causado pelos benefícios é<br />
sinônimo de que a missão é exitosa <strong>em</strong><br />
conferir e transmitir os valores. Neste<br />
sentido, estes atributos se constitu<strong>em</strong><br />
<strong>em</strong> um referencial a ser considerado<br />
para a proposição de indicadores <strong>da</strong> verificação<br />
de publicização <strong>da</strong>s iniciativas<br />
e de sua pertinência ao espaço público.<br />
Ao realizarmos a avaliação de impacto,<br />
que pretende estabelecer quais mu<strong>da</strong>nças<br />
um programa induz no público<br />
terceiro setor<br />
atingido, ou a avaliação <strong>da</strong> economici<strong>da</strong>de,<br />
que estabelece a relação dos<br />
custos com o benefício monetarizado<br />
que foi alcançado, o referencial proposto<br />
permite examinar os achados <strong>da</strong><br />
avaliação sob uma nova ótica, a ótica<br />
dos públicos que interag<strong>em</strong> no programa<br />
e a finali<strong>da</strong>de do cumprimento<br />
<strong>da</strong> missão institucional. Daí decorre<br />
que os atributos do espaço público,<br />
que acreditarão a natureza pública dos<br />
resultados, constitu<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> valores<br />
que se manifestarão nos fatos e dev<strong>em</strong><br />
assim ser apreciados, b<strong>em</strong> como deve<br />
ser mensura<strong>da</strong> sua pertinência a estes<br />
fatos. A percepção pelos públicos constituintes<br />
de que estes atributos estão<br />
vinculados aos resultados alcançados,<br />
confere evidências <strong>da</strong> comunicação e<br />
realização <strong>da</strong> missão.<br />
“Encontrar no<br />
processo de<br />
avaliação uma<br />
considerável<br />
percepção de<br />
desenvolvimento<br />
dos atributos no<br />
impacto causado<br />
pelos benefícios é<br />
sinônimo de que a<br />
missão é exitosa <strong>em</strong><br />
conferir e transmitir<br />
os valores”<br />
Eloisa Helena de Souza Cabral - Doutora <strong>em</strong> Ciências Sociais e mestre <strong>em</strong> Políticas Públicas<br />
pela Pontifícia Universi<strong>da</strong>de Católica de São Paulo. Especialista <strong>em</strong> Administração e Educação,<br />
é professora convi<strong>da</strong><strong>da</strong> de cursos de pós-graduação <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Getúlio Vargas, <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção<br />
Armando Álvares Penteado, dos Centros Universitários Facul<strong>da</strong>des Metropolitanas Uni<strong>da</strong>s, Centro<br />
Universitário Radial e Anh<strong>em</strong>bi Morumbi <strong>em</strong> São Paulo. É m<strong>em</strong>bro do International Society for<br />
Third Sector Research, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Johns Hopkins de Baltimore, USA e pesquisadora visitante<br />
do Centro de Estudos Sociais <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Economia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Coimbra, Portugal. É<br />
professora titular <strong>da</strong> Cadeira de Sociologia <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Armando Álvares Penteado - SP. Publicou<br />
o livro Terceiro Setor: gestão e controle social, editado pela Editora Saraiva.