Tese apresentada como requisito para a obtenção do título de ...
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2.2- Um santuário onto-teológico reconquista<strong>do</strong><br />
O projeto crítico recusa qualquer saber <strong>do</strong>s objetos clássicos<br />
da metafísica (o ser, o mun<strong>do</strong>, a alma. Deus , objetos, respectivamente,<br />
<strong>de</strong> uma ontologia, cosmologia, psicologia e teologia racionais), visto<br />
que, <strong>para</strong> conhecê-los, <strong>de</strong>veríamo-nos esten<strong>de</strong>r <strong>para</strong> além <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
fenomênico. Visto que o conhecimento é o produto da ativida<strong>de</strong><br />
informa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> entendimento sobre intuições, e, visto que não<br />
possuímos intuições intelectuais, mas apenas intuições sensíveis, não<br />
po<strong>de</strong>mos conhecer, portanto, o supra-sensível. Estas idéias da razão,<br />
caras à metafísica, po<strong>de</strong>m ter apenas um uso regula<strong>do</strong>r, mas não<br />
constitutivo, isto é, po<strong>de</strong>mos conce<strong>de</strong>r-lhes uma realida<strong>de</strong> objetiva,<br />
num uso prático da razão, mas não servirão <strong>para</strong> alargar o campo <strong>de</strong><br />
conhecimento possível, que se manterá restrito ao mun<strong>do</strong> fenomênico.<br />
Po<strong>de</strong>r-se-ia afirmar que a pretensão hegeliana, presente nas<br />
obras <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> é retomar o Absoluto <strong>como</strong> objeto <strong>de</strong><br />
Nossa análise aqui preten<strong>de</strong> dar conta principalmente <strong>do</strong> sistema<br />
hegeliano acaba<strong>do</strong>, sem fazer um inventário exaustivo das posições<br />
assumidas por Hegel <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a juventu<strong>de</strong> sobre a valida<strong>de</strong> objetiva <strong>do</strong><br />
conceito <strong>de</strong> Deus, bem <strong>como</strong> sobre o valor da religião. Deve-se notar,<br />
todavia, que sua posição não foi sempre a mesma, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se dizer que<br />
nos escritos <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>, principalmente no seu perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> Berna, Hegel<br />
é bastante influencia<strong>do</strong> pela leitura da Religião nos limites da simples<br />
Razão e, tal, <strong>como</strong> o filósofo <strong>de</strong> Königsberg, luta contra o <strong>do</strong>gmatismo da<br />
religião cristã, aproximan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> sua <strong>do</strong>utrina <strong>de</strong> admitir apenas uma<br />
teologia moral. A religião auxilia a vida da cida<strong>de</strong>, ao fornecer motivos <strong>para</strong><br />
o agir moral. Conforme iemos nos Fragmentos <strong>de</strong> Bema, fragmento n° 10:<br />
"Nem todas as pulsões da natureza humana tem por fim a moralida<strong>de</strong>,...,<br />
mas essa constitui o fim último <strong>do</strong> homem e uma das melhores<br />
disposições humanas que favorecem esse fim moral é a disposição em<br />
favor da religião". Sobre a evolução <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> religião em Hegel, ver o<br />
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