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Afectos<br />
E<br />
A importância<br />
dos animais<br />
domésticos<br />
O carinho e a dedicação dos animais<br />
domésticos pode fazer toda a diferença na<br />
qualidade de vida das pessoas, trazendo-lhes<br />
benefícios físicos e emocionais<br />
TERESA PAULA MARQUES, PSICÓLOGA CLÍNICA<br />
Estudos realizados em diversos países apontam<br />
para que os proprietários de cães e gatos sofram<br />
menos de depressão, problemas de tensão arterial,<br />
frequência cardíaca e capacidade motora.<br />
Estes benefícios resultam das actividades físicas realizadas<br />
ao passear ou brincar com o seu animal de estimação.<br />
Está amplamente provado que a presença de um animal<br />
de estimação e os cuidados que ele exige estimulam os<br />
idosos a exercitarem-se, o que porporciona bem-estar<br />
psíquico e milagres na saúde física.<br />
UM «FISIOTERAPEUTA» <strong>DE</strong> ESTIMAÇÃO<br />
Os cães domésticos podem ser treinados para ajudar os<br />
mais velhos a fazer fisioterapia, sendo esta a base da «terapia<br />
assistida por animais». Em Inglaterra, esta prática iniciou-se<br />
no século XVIII, mas só em 1942 os especialistas na<br />
área perceberiam os benefícios da TAA em pacientes com<br />
desordens mentais e físicas. Nas pessoas mais velhas, a<br />
eficácia foi provada cientificamente em 1986, quando se<br />
verificou que pacientes socialmente isolados, com mais<br />
de 78 anos e doença de Alzheimer, interagiram positivamente<br />
com um cão de terapia. As sessões baseiam-se em<br />
actividades recreativas e servem para amenizar problemas<br />
emocionais, físicos e mentais dos pacientes.<br />
ANIMAIS «PSICÓLOGOS»<br />
Na lista de tarefas está incluído passear com o animal<br />
e escová-lo, actividades estas que ajudam o idoso a tomar<br />
consciência do seu próprio corpo, a melhorar a função<br />
motora, a mobilidade e o equilíbrio, além de evitarem a<br />
solidão e a depressão. A estimulação sensorial e motora<br />
que os animais proporcionam é um dos benefícios salientados<br />
pelos médicos especialistas em terceira idade. Por<br />
exemplo, o acto de acariciar um gato ou um cão ajuda à<br />
diminuição do stress e aumenta a sensação de bem-estar,<br />
fruto da textura macia do pêlo. Além disso, há a necessidade<br />
de fazer movimentos de extensão da mão.<br />
ARMA CONTRA O ISOLAMENTO<br />
Muitos idosos referem que a convivência com cães e gatos,<br />
literalmente, lhes salvou a vida em termos emocionais,<br />
sendo um factor de protecção contra as patologias mentais<br />
e físicas. Também no que concerne ao isolamento, os amigos<br />
de quatro patas podem ajudar. Por exemplo, durante<br />
o passeio diário, podem cruzar-se com um vizinho também<br />
a passear o seu animal. Para a maioria dos donos que<br />
vivem sozinhos, os animais são filhos cujas traquinices<br />
constituem um excelente tema de conversa. E<br />
O contacto com os animais contribui para a melhoria da qualidade de vida, favorecendo a socialização e potenciando<br />
o aumento da afectividade e do estado de ânimo em geral.<br />
A zooterapia, tratamento<br />
de pessoas por meio de<br />
animais, revela benefícios<br />
significativos na melhoria<br />
da qualidade de vida<br />
de idosos, sobretudo<br />
os que já se encontram<br />
institucionalizados.<br />
Existem, inclusive em<br />
Portugal, lares (embora<br />
poucos) que promovem o<br />
contacto com animais e,<br />
segundo os responsáveis<br />
por estes espaços, os<br />
benefícios têm sido imensos.<br />
As pessoas deixaram de<br />
apresentar o olhar triste e<br />
sem esperança, infelizmente<br />
tão típico dos lares de<br />
terceira idade.<br />
O contacto com os animais<br />
proporciona um aumento da<br />
afectividade, do ânimo e da<br />
socialização. Esta melhoria é<br />
particularmente notória nos<br />
idosos com maior tendência<br />
para a introversão, que<br />
apresentavam dificuldades<br />
para comunicarem entre<br />
si, que se mostravam<br />
entediados com a rotina dos<br />
lares. Tendo como mote de<br />
conversa os animais, acabam<br />
por dialogar mais uns com os<br />
outros, partilhar experiências<br />
de vida, relembrar os animais<br />
de estimação que tiveram, e<br />
assim conseguem quebrar<br />
também a rotina diária.<br />
ESTIMULAÇÃO<br />
DOS SENTIDOS<br />
Os animais<br />
representam uma<br />
fonte inesgotável<br />
de afecto,<br />
mobilidade e saúde.<br />
Movimentam-se<br />
mas não falam,<br />
obrigando, assim,<br />
a que façamos<br />
um esforço por<br />
entendê-los,<br />
o que acaba por<br />
estimular sentidos<br />
como a audição,<br />
o tacto e, também,<br />
a memória dos<br />
sentidos.<br />
Procurar o gato<br />
escondido atrás<br />
do sofá, baixarse<br />
para lhe dar o<br />
alimento, levar o<br />
cão a passear na<br />
rua ou ir com ele<br />
ao veterinário são<br />
pequenos gestos<br />
que podem ser<br />
estimulantes para<br />
quem já sente<br />
o corpo cansado<br />
e tem pouca<br />
motivação para<br />
se mexer.<br />
A memória, que se<br />
vai perdendo com<br />
o passar dos anos,<br />
pode ser reavivada<br />
pela simples<br />
obrigação<br />
da lembrança<br />
das horas de dar<br />
comida ao animal<br />
de companhia ou de<br />
lhe mudar a água.<br />
Os veterinários<br />
são de opinião que<br />
um cão ou um gato<br />
já adultos<br />
se adequam<br />
melhor ao perfil<br />
dos idosos,<br />
uma vez que<br />
são mais<br />
disciplinados nos<br />
comportamentos<br />
e já não têm<br />
necessidade<br />
de estimular<br />
a dentição<br />
roendo objectos<br />
e móveis da casa…<br />
OUTONO 2010 33