1 ATIVIDADES DE INFRA-ESTRUTURA – BARRAMENTO DE ...
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parte com o consórcio.<br />
Esses fatores levaram a uma significativa<br />
desmobilização da comunidade atingida, prejudicando-a nas negociações.<br />
Dessa forma, praticamente não houve ação coletiva e as negociações foram<br />
feitas entre o consórcio e cada família, sem interferência da associação de<br />
moradores.<br />
Hoje, vários moradores reclamam que a área das novas residências é<br />
bem menor que a anterior. Denunciam também o aparecimento de problemas<br />
estruturais nas casas construídas pelo consorcio, que se recusa a se<br />
responsabilizar pela situação. Assim, a comunidade se torna refém do<br />
consórcio, situação perfeitamente sintetizada pela declaração de um dos<br />
moradores da comunidade submersa: “uma vez atingido, sempre atingido”. Nas<br />
paredes trincadas das casas, construídas há não mais que oito anos, muitos<br />
moradores afixam antigas fotos do local em que viviam.<br />
Por fim, a terceira comunidade atingida foi a localidade de Macaia,<br />
também alagada, embora parcialmente. Cerca de 80 famílias que moravam na<br />
parte baixa do lugar foram removidas para a parte alta. A Associação dos<br />
Atingidos por Barragem em Macaia foi formada em 1995. Nessa data, o<br />
primeiro consórcio 11 entrou em contato com a comunidade. A associação foi<br />
desativada certo tempo depois porque o consórcio não voltou ao local para<br />
continuar a negociação. Em 2000, a associação foi reativada para negociar a<br />
implantação da usina com o novo consórcio, agora formado pela CEMIG e<br />
Vale. Segundo o relato do presidente dessa associação, há aproximadamente<br />
50 anos já existia a noticia de que seria construída uma hidrelétrica naquela<br />
região 12 .<br />
Ao contrário do que ocorreu nos casos de Ponte do Funil e Pedra Negra,<br />
e Macaia a população demonstrou grane capacidade de luta e resistência. Uma<br />
das exigências feitas pela população era a construção de uma ponte, sobre o<br />
rio Grande, ligando-a à MG-335, já que até então a travessia era feita por meio<br />
de balsa.<br />
11 Formado, então, pela Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), Companhia Ferroligas de<br />
Minas Gerais (Minasligas), Mineração Rio Novo e Samarco Mineração.<br />
12 Diversos autores chamam a atenção para o fato de que, já nos anos 1950, fortalece-se, cada vez mais,<br />
entre as elites políticas e econômicas mineiras a convicção de que a mudança do eixo do desenvolvimento<br />
do estado na direção da industrialização e da diversificação econômica, por elas pretendidas, não se faria<br />
sem, outras coisas, a superação dos obstáculos à modernização então identificados, entre eles a falta de<br />
oferecimento de energia elétrica de forma regular e a preços razoáveis. E, já naquela época, cogitava-se a<br />
construção da hidrelétrica de Funil (DINIZ, 2002: 23-24; DULCI, 2002: 47; CARNEIRO, 2003).<br />
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