1 ATIVIDADES DE INFRA-ESTRUTURA – BARRAMENTO DE ...
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“Com a inundação de áreas produtivas e a conseqüente indenização de seus<br />
proprietários, muitos postos de trabalho foram extintos, gerando assim um impacto<br />
econômico nas comunidades realocadas. Assim, o Programa de Reativação Econômica<br />
tem como objetivo a geração de renda através do apoio técnico, estrutural e financeiro<br />
aos grupos de moradores envolvidos” 9 .<br />
São três os grupos de trabalho de “Reativação Econômica” propostos<br />
pelo consórcio: a Cooperativa de Pesca da Ponte do Funil, a Associação dos<br />
Artesãos Bambuzeiros e a Associação dos Agropecuaristas da Ponte do Funil.<br />
Iniciativas referentes ao “salvamento da memória” e do patrimônio<br />
natural também teriam sido tomadas. O consórcio reconhece que no local havia<br />
uma vasta riqueza natural, com inúmeras cachoeiras, praias, cavernas, serras<br />
e corredeiras de belezas cênicas de grande importância cultural e de lazer para<br />
a população. Com o enchimento do reservatório, grande parte das belezas<br />
naturais dos rios Grande, Capivari e das Mortes foi extinta. Para amenizar as<br />
perdas, foi criado o Projeto Registro Histórico-Cultural da UHE Funil, no qual foi<br />
documentado e registrado, em textos e fotografias, o Patrimônio Natural, com o<br />
intuito de “salvar a memória” da arquitetura e a cultura das regiões alagadas de<br />
seis municípios. Também foram construídas áreas de lazer nas comunidades<br />
realocadas.<br />
O quadro é outro, quando se ouvem os atingidos pela usina.<br />
Comecemos pelos atingidos da comunidade Ponte do Funil 10 , que se localizava<br />
no município de Perdões, e era composta por cerca de 100 famílias que viviam<br />
da criação de pequenos animais, plantação de hortaliças e verduras e,<br />
principalmente, da pesca. Com a implantação da barragem, a comunidade foi<br />
remanejada para um terreno no município de Lavras, às margens da represa<br />
do Funil, onde foi implantada toda a infra-estrutura urbana. Após a realocação,<br />
a comunidade se dispersou e apenas 52 famílias foram para o novo local.<br />
Segundo o depoimento de um ex-membro da associação de pescadores de<br />
Ponte do Funil, as negociações com o consórcio foram feitas à base de<br />
ameaças (“ou vocês saem ou vai inundar tudo mesmo assim”).<br />
9 Idem.<br />
10 A comunidade tem esse nome em homenagem à chamada Ponte do Funil que existia na comunidade,<br />
construída em 1907, de origem inglesa, de aço puro, que era “cartão postal” do local. Em virtude da<br />
impossibilidade da retirada da ponte, a estrutura foi deixada no mesmo local, sob as corredeiras da UHE<br />
Funil, tendo sido extraídas algumas partes para que fosse construído um monumento na praça do bairro<br />
em que a comunidade foi assentada.<br />
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