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batata semente - Associação Brasileira da Batata (ABBA)

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<strong>Batata</strong> Semente<br />

18/2001 (mais tarde substituí<strong>da</strong> praticamente<br />

nos mesmos termos pela IN<br />

12/2005), pensa<strong>da</strong> e calcula<strong>da</strong> para<br />

prejudicar seriamente as importaçıes de<br />

<strong>semente</strong>s na medi<strong>da</strong> em que impunha<br />

limites de tolerância muito rígidos e<br />

dificul<strong>da</strong>des adicionais na liberação<br />

e plantio destas <strong>semente</strong>s, causando<br />

elevação generaliza<strong>da</strong> de preços e custos<br />

além de um aumento dos riscos inerentes<br />

à ativi<strong>da</strong>de importadora. A probabili<strong>da</strong>de<br />

de lotes importados serem condenados<br />

logo no Porto de Entra<strong>da</strong> era<br />

grande, o que de fato acabou ocorrendo<br />

diversas vezes. Esse conjunto de fatores<br />

sem dúvi<strong>da</strong> contribuiu para que a importação<br />

de <strong>semente</strong>s fosse diminuindo<br />

ano a ano desde então. Porém, outra<br />

consequência perversa <strong>da</strong> IN 18 foi o<br />

desestímulo que ela causou à produção<br />

nacional de <strong>semente</strong>s certifica<strong>da</strong>s, não<br />

só pela dificul<strong>da</strong>de de se atingir os limites<br />

de tolerância estabelecidos como<br />

também e, principalmente, pelo brutal<br />

aumento de custos com burocracia e<br />

análises laboratoriais que ela acarretou.<br />

Lembro bem que ao fim <strong>da</strong> reunião <strong>da</strong><br />

Comissão Técnica Nacional de <strong>Batata</strong><br />

Semente em Brasília em 2000 que tomou<br />

as principais decisões que levariam<br />

à edição e publicação <strong>da</strong> IN 18 em 2001,<br />

fui um dos poucos (junto com o Nelson<br />

Nagano, de Santa Catarina) a alertar<br />

para este perigo, um ver<strong>da</strong>deiro “tiro<br />

no pé” que estava sendo <strong>da</strong>do naquele<br />

momento.<br />

Outro erro grave foi a entra<strong>da</strong> em<br />

vigor de forma abrupta em 2004, <strong>da</strong><br />

Nematoide Pratylenchus.<br />

nova Lei de Sementes (Lei 10.711 de<br />

05/08/2003, regulamenta<strong>da</strong> pelo Decreto<br />

5.153 de 23/07/2004). Apesar de sua<br />

proposta geral ser muita séria e moderna<br />

(eu pessoalmente sou fã dela !), esta Lei<br />

cometeu o grave erro de transferir a responsabili<strong>da</strong>de<br />

total pela Certificação de<br />

Sementes à esfera federal do Ministério<br />

<strong>da</strong> Agricultura, sem definir um período<br />

de transição do modelo anterior (que era<br />

delegado aos Estados que, mal ou bem,<br />

funcionava), e sem criar uma estrutura<br />

adequa<strong>da</strong> de pessoal, equipamentos e<br />

verbas para isso. Foi a pá de cal.<br />

Some-se a este quadro uma questão<br />

fiscal importantíssima, que é o problema<br />

do ICMS, e se entenderá perfeitamente<br />

a existência do enorme “buraco<br />

negro” no mercado nacional de <strong>semente</strong>s<br />

citado lá no começo do artigo. Para<br />

quem não sabe explico: SEMENTES<br />

DE BATATA, quando assim identifica<strong>da</strong>s<br />

e transporta<strong>da</strong>s com a devi<strong>da</strong> Nota<br />

Fiscal, estão sujeitas a recolhimento de<br />

ICMS. A BATATA PARA CONSUMO,<br />

porém, é isenta ou diferi<strong>da</strong> em quase todos<br />

os Estados. Não é preciso ser muito<br />

inteligente para deduzir que num país<br />

com uma carga tributária escorchante<br />

e que se gaba de sua “criativi<strong>da</strong>de” e<br />

“jeitinho”, seja muito difícil encontrarse<br />

por aí <strong>semente</strong>s de <strong>batata</strong> viajando<br />

com Notas Fiscais de SEMENTES DE<br />

BATATA.<br />

Tudo isto é sabido há tempo. Mas,<br />

infelizmente, estamos carentes de lideranças<br />

(seja no setor privado, seja no<br />

setor público) com visão de longo prazo<br />

e mentali<strong>da</strong>de agregadora, que saibam<br />

unir todos os diversos setores específicos<br />

<strong>da</strong> bataticultura brasileira em torno<br />

de pequenos mas eficazes objetivos comuns.<br />

Há mais de dez anos estamos<br />

todos aí perdidos, como baratas tontas,<br />

tentando ca<strong>da</strong> um sobreviver como<br />

possível em meio a uma total falta de<br />

política e perspectiva para o futuro. O<br />

melhor exemplo é este, para se falar de<br />

“mercado brasileiro de <strong>semente</strong>s” fala-se<br />

sempre sobre o passado. Quem consegue<br />

visualizar minimamente as perspectivas<br />

para os próximos anos ?<br />

Não me considerem negativista, por<br />

favor, sem dúvi<strong>da</strong> houve grandes progressos<br />

também. O processamento de<br />

<strong>batata</strong> cresce niti<strong>da</strong>mente com a proliferação<br />

de micro e pequenas indústrias<br />

de chips e <strong>batata</strong> palha. Entramos inclusive<br />

no setor de pré-fritas congela<strong>da</strong>s,<br />

que todos diziam que nunca seríamos<br />

Vírus NTN<br />

capazes de produzir e hoje já são duas as<br />

fábricas instala<strong>da</strong>s. Diversos laboratórios<br />

produzem material genético de boa<br />

quali<strong>da</strong>de. Os sistemas de irrigação e a<br />

mecanização tornaram-se comuns, contribuindo<br />

para aumentar bastante nossa<br />

produtivi<strong>da</strong>de média. Câmaras frigoríficas<br />

por todo o país garantem conservação<br />

adequa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s <strong>semente</strong>s para os<br />

próximos plantios. O que falta então?<br />

Por que ninguém está feliz no setor, por<br />

que essa reclamação e desânimo constantes<br />

onde quer que você vá? Alguém<br />

pode explicar?<br />

Só o que sei é que fazem muitos anos<br />

que falta bom senso e espíritos desarmados<br />

em nossas discussões. Egoísmos,<br />

intrigas, preconceitos, politicagem e<br />

interesses comerciais particularíssimos,<br />

todos eles quase sempre disfarçados em<br />

emotivos discursos em prol <strong>da</strong> “defesa<br />

sanitária nacional”, nos trouxeram até<br />

este ponto, onde não temos a menor<br />

ideia sobre o real tamanho de nosso<br />

mercado de <strong>semente</strong>s. Não sabemos<br />

mais nem o que são “<strong>semente</strong>s”, tantas<br />

são as “opções” e “interpretações” disponíveis<br />

segundo o gosto e/ou o bolso<br />

do freguês ...<br />

E, infelizmente, minha única certeza<br />

é que numa próxima reunião nacional<br />

de <strong>semente</strong>s de <strong>batata</strong> seguramente<br />

haverá um gaiato (talvez mais de um!)<br />

acusando (outra vez!!) as <strong>semente</strong>s importa<strong>da</strong>s<br />

(como sempre, elas!!!!!) por<br />

essa calami<strong>da</strong>de fitossanitária que foi a<br />

ampla, geral e irrestrita disseminação <strong>da</strong><br />

murchadeira (ralstonia solanacearum) por<br />

todo o território bataticultor nacional...<br />

esperar para ver...Medi<strong>da</strong>s drásticas deverão<br />

ser sugeri<strong>da</strong>s! Se a Lei não funciona,<br />

mudemos a lei!!!<br />

E eu nem disse uma palavra sequer<br />

sobre proprie<strong>da</strong>de intelectual, proteção<br />

e royalties....melhor nem tocar no assunto<br />

mesmo.<br />

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