batata semente - Associação Brasileira da Batata (ABBA)
batata semente - Associação Brasileira da Batata (ABBA)
batata semente - Associação Brasileira da Batata (ABBA)
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Nutrição<br />
Tabela 2 - Teores de α-solanina e α-chaconina, em mg kg-1, na casca de<br />
tubérculo de <strong>batata</strong>, cv Baraka, armazenado durante 15 dias na<br />
ausência (AL), presença de luz (PL) e glicoalcaloides totais (GAT)<br />
Fonte: Morales, Araújo,Fontes (1988); T0 = Teor inicial de glicoalcaloides.<br />
e Ponnampalam, 2006). A <strong>batata</strong> frita<br />
pronta para ser consumi<strong>da</strong> contém<br />
menos de 10% do total de GAT existente<br />
no tubérculo colhido (Elzbieta et<br />
al., 2005). O mesmo ocorre quando a<br />
<strong>batata</strong> é assa<strong>da</strong>. Significante decréscimo<br />
no teor de GAT foi observado ao longo<br />
<strong>da</strong>s 6 fases do processamento de tubérculo<br />
em chips. As maiores quanti<strong>da</strong>des<br />
foram retira<strong>da</strong>s pelo descascamento, fatiamento,<br />
lavagem e fritura (Peksa et<br />
al., 2006).<br />
Exposição à luz: há aumento na<br />
concentração dos dois principais glicoalcaloides<br />
na polpa e na casca quando os<br />
tubérculos são expostos à luz (Tabela 2).<br />
Mesmo assim, o teor na polpa permaneceu<br />
abaixo do nível considerado seguro<br />
(Tabela 3). Machado et al. (2007), trabalhando<br />
com diferentes condições de<br />
exposição a luz, relataram que a luz<br />
fluorescente foi a que induziu a maior<br />
formação de glicoalcaloides nos tubérculos.<br />
Assim, para evitar a síntese de<br />
clorofila e glicoalcaloides, durante a<br />
comercialização dos tubérculos nos supermercados,<br />
é importante a utilização<br />
de lâmpa<strong>da</strong>s incandescentes de baixa<br />
potência. Machado et al. (2007) observaram<br />
que o teor de GAT em tubérculos<br />
submetidos à luz solar indireta e luz fluorescente<br />
foi de 4-6 vezes mais elevado<br />
do que em tubérculos armazenados no<br />
escuro sob temperatura ambiente.<br />
Condições ambientais: A <strong>batata</strong><br />
cultiva<strong>da</strong> em clima quente e seco aparentemente<br />
acumula maior quanti<strong>da</strong>de<br />
de glicoalcaloides do que a cultiva<strong>da</strong> em<br />
clima frio. Assim, a quanti<strong>da</strong>de de GAT<br />
em tubérculos produzidos em condições<br />
controla<strong>da</strong>s de 18 e 24 ºC foi 80 a 120%<br />
maior do que naqueles produzidos a 16<br />
ºC (Nitithamyong et al., 1999). Esses<br />
autores mostraram que a quanti<strong>da</strong>de<br />
de GAT cresceu com o aumento <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de<br />
luminosa e também com o<br />
aumento do comprimento de dia. Na<br />
Austrália, tubérculos oriundos de locali<strong>da</strong>de<br />
seca e quente contêm 60% mais<br />
GAT do que aqueles oriundos de local<br />
fresco e de alta altitude (Morris e Petermann,<br />
1985). Resultados similares<br />
foram obtidos na Austrália (Morris e<br />
Petermann, 1985), Egito (Ahmed et al.,<br />
1988) e Paquistão (Rahim et al., 1989).<br />
Tais resultados mostram a existência de<br />
interação entre genótipo x ambiente na<br />
expressão <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de GAT em<br />
<strong>batata</strong>.<br />
Tabela 3 - Teores de α-solanina e α-chaconina, em mg kg-1, na polpa de<br />
tubérculo de <strong>batata</strong>, cv Baraka, armazenado durante 15 dias na<br />
ausência (AL), presença de luz (PL) e glicoalcaloides totais (GAT)<br />
Dose de N: é pouco conhecido o<br />
efeito de doses de N sobre o teor de<br />
glicoalcalóides nas cultivares de <strong>batata</strong><br />
como, por exemplo, Ágata, Asterix,<br />
Atlantic, Cupido e entre outras cultivares<br />
planta<strong>da</strong>s no Brasil. Entretanto, é<br />
esperado que se aumentando a dose de<br />
N aumenta-se a concentração de GAT<br />
nos tubérculos. O incremento no teor<br />
de GAT pode ser devido ao impacto do<br />
N absorvido pela planta sobre os processos<br />
metabólicos <strong>da</strong> <strong>batata</strong>.<br />
Aumento de 17,4 para 19,4 mg kg-<br />
1 na concentração de GAT em tubérculos<br />
foi obtido com aumento na dose<br />
de N de 40 para 120 kg ha-1, mas o<br />
ato de descascar e cozinhar os tubérculos<br />
reduziu o teor de GAT em 80%<br />
(Tajner-Czopek et al., 2008). Love et al.<br />
(1994) reportam que a concentração de<br />
GAT variou de 37 a 46 mg kg-1 com o<br />
aumento <strong>da</strong> dose de N de 0 para 340 kg<br />
ha-1. O mesmo efeito do N em aumentar<br />
a concentração de GAT em tubérculos<br />
foi obtido por Leszczynski (2002).<br />
Entretanto, parece não ser uma estratégia<br />
váli<strong>da</strong> reduzir a dose de N com o<br />
objetivo de reduzir o teor de GAT na<br />
<strong>batata</strong>, pois isto pode acarretar per<strong>da</strong> de<br />
produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cultura.<br />
Revisões envolvendo glicoalcaloides<br />
em tubérculos de <strong>batata</strong> foram recentemente<br />
publica<strong>da</strong>s (Friedman e<br />
McDonald, 1997; Friedman, 2006;<br />
Nema et al., 2008; Ginsberg et al.,<br />
2008). Os GAT podem também apresentar<br />
efeitos benéficos nos seres humanos.<br />
Cientistas de diversas áreas<br />
(nutricionistas, farmacologistas, microbiologistas,<br />
biomédicos, entre outros)<br />
têm o desafio de complementar os estudos<br />
que inicialmente apontam os efeitos<br />
benéficos dos GAT contra o câncer,<br />
alergias, colesterol, inflamações e organismos<br />
patogênicos (Friedman, 2006).<br />
Conclui-se que o teor de GAT nos<br />
tubérculos pode ser controlado por<br />
práticas adequa<strong>da</strong>s realiza<strong>da</strong>s em pré e<br />
pós-colheita e durante o armazenamento.<br />
As principais medi<strong>da</strong>s são plantio<br />
de cultivar que sintetiza menor teor de<br />
GAT, amontoa bem feita, uso de lâmpa<strong>da</strong>s<br />
incandescentes de baixa potência<br />
durante o armazenamento e principalmente<br />
não expor o tubérculos a longos<br />
períodos de luz.<br />
Fonte: Morales, Araújo,Fontes (1988); T0 = Teor inicial de glicoalcaloides.<br />
40 40