mapa da violência 2012 crianças e adolescentes do brasil
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO BRASIL<br />
destino. Vamos tentar esmiuçar essa visão, utilizan<strong>do</strong> como exemplo os acidentes de trânsito,<br />
principal causa de mortali<strong>da</strong>de de crianças e <strong>a<strong>do</strong>lescentes</strong> até o ano de 1996 e, ain<strong>da</strong> hoje, segun<strong>da</strong><br />
causa, logo depois <strong>do</strong>s homicídios.<br />
Obviamente, ninguém planeja ter um acidente nas ruas. Assim, no microcosmos individual,<br />
configura um ato fortuito. Mas nem tão casual quanto possa parecer:<br />
• existem áreas, municípios, países com eleva<strong>da</strong> incidência de taxas de acidentes de trânsito<br />
de forma quase permanente ao longo <strong>do</strong> tempo. Estra<strong>da</strong>s <strong>da</strong> morte que atravessam um<br />
município, deficiências na sinalização, na manutenção <strong>do</strong>s veículos ou <strong>da</strong>s vias públicas,<br />
de educação viária <strong>da</strong> população, de fiscalização, de legislação etc. são algumas <strong>da</strong>s<br />
possíveis causas dessas eleva<strong>da</strong>s taxas, que fazem que a probabili<strong>da</strong>de individual de ser<br />
vítima de acidente seja bem maior - ou menor - em determina<strong>da</strong>s áreas;<br />
• mais ain<strong>da</strong>; para que um acidente se transforme em fatali<strong>da</strong>de media um outro<br />
conjunto de fatores pouco fortuitos, mas produto de determinantes e condições<br />
sociais e estruturais: demora no socorro <strong>do</strong>s acidenta<strong>do</strong>s, carências na cobertura ou<br />
disponibili<strong>da</strong>de hospitalar para correta internação e tratamento <strong>do</strong>s lesa<strong>do</strong>s etc.;<br />
• nesse senti<strong>do</strong>, acompanhan<strong>do</strong> as tendências internacionais 7 vigentes desde a déca<strong>da</strong><br />
de 70, o Ministério <strong>da</strong> Saúde <strong>do</strong> Brasil vem operacionalizan<strong>do</strong> o conceito de “mortes<br />
evitáveis”: “aquelas preveníveis, total ou parcialmente, por ações efetivas <strong>do</strong>s<br />
serviços de saúde que estejam acessíveis em um determina<strong>do</strong> local e época 8 ”. Nessas<br />
mortes evitáveis, encontram-se incluí<strong>da</strong>s boa parte <strong>da</strong>s causas externas acidentais,<br />
no capítulo de causas reduzíveis por ações adequa<strong>da</strong>s de promoção à saúde, vincula<strong>da</strong>s<br />
a ações adequa<strong>da</strong>s de atenção à saúde;<br />
• consideran<strong>do</strong> as finali<strong>da</strong>des <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong>, deveremos a<strong>do</strong>tar uma noção de<br />
evitabili<strong>da</strong>de mais ampla que a proposta pelo Ministério <strong>da</strong> Saúde. Entenderemos<br />
como mortali<strong>da</strong>de evitável não só aqueles óbitos que não deveriam ocorrer se o<br />
tratamento <strong>da</strong><strong>do</strong> ao acidenta<strong>do</strong> fosse adequa<strong>do</strong> e correto, mas também aqueles<br />
que são passíveis de serem evita<strong>do</strong>s nas atuais condições <strong>da</strong> infraestrutura social<br />
<strong>brasil</strong>eira, mas que não são evita<strong>da</strong>s pela aceitação ou tolerância de determina<strong>do</strong>s<br />
níveis de violência dirigi<strong>do</strong>s a grupos ou setores vulneráveis <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de;<br />
• nesse senti<strong>do</strong>, nosso entendimento <strong>da</strong> evitabili<strong>da</strong>de se aproxima <strong>da</strong> proposta de<br />
violência estrutural, formula<strong>da</strong> por diversos autores, retoma<strong>da</strong> e aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> no<br />
Brasil especialmente por Cecília Minayo 9 , Edenilsa de Souza 10 . Chamaremos de<br />
violência estruturante as diversas formas de <strong>da</strong>nos físicos ou psicológicos que, ten<strong>do</strong><br />
condições de serem evita<strong>da</strong>s, não o são pela negligência ou pela negação <strong>do</strong>s direitos<br />
básicos de saúde e bem-estar de setores considera<strong>do</strong>s vulneráveis ou de proteção<br />
prioritária pelas leis <strong>do</strong> país.<br />
7 HOLLAND, W.W. (Ed.). European Community Atlas of Avoi<strong>da</strong>ble Death. Oxford, Oxford University Press, New<br />
York, Tokyo, 1988. Apud: European Community Atlas of Avoi<strong>da</strong>ble Death. Postgrad Medical Journal, may, 1990.<br />
8 CARVALHO MALTA, D. et alii. Atualização <strong>da</strong> lista de causas de mortes evitáveis por intervenções <strong>do</strong> Sistema Único<br />
de Saúde <strong>do</strong> Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 19 (2), abr.-jun., 2010<br />
9 MINAYO, M.C.S. (Coord.). Bibliografia comenta<strong>da</strong> <strong>da</strong> produção científica <strong>brasil</strong>eira sobre violência e saúde. Rio<br />
de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública. 1990.<br />
10 SOUZA, E. R. de. Violência vela<strong>da</strong> e revela<strong>da</strong>: estu<strong>do</strong> epidemiológico <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de por causas externas em Duque<br />
de Caxias, Rio de Janeiro. Cadernos de Saúde Pública, n.9. Rio de Janeiro, jan./mar., 1993.<br />
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