revista perio set2010 - 3ª REV - 31-01-11.indd - Revista Sobrape
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R. Periodontia - 20(3):67-72<br />
quando absorvidos pelos tecidos, se ligam a receptores<br />
específicos, induzindo a liberação de epinefrina que provoca<br />
vasoconstricção periférica, reduzindo a capacidade de<br />
drenagem dos catabólitos teciduais. Hwa-Jeong et al.,<br />
2009, demonstraram o efeito citotóxico da nicotina sobre os<br />
tecidos <strong>perio</strong>dontais, mais especificamente sua ação sobre<br />
os fibroblastos.<br />
A variabilidade entre as diferentes <strong>perio</strong>dontopatias<br />
representa uma inter-relação entre um hospedeiro suscetível<br />
e uma microbiota <strong>perio</strong>dontopatogênica, constituída<br />
principalmente de bastonetes Gram-negativos anaeróbios<br />
e microaerófilos. É possível que a maior gravidade das<br />
<strong>perio</strong>dontopatias em fumantes possa ser reflexo da ação dos<br />
componentes do tabaco sobre a resposta imunológica celular,<br />
no que se refere à modulação das citocinas e quimiocinas<br />
deflagradas no processo inflamatório (RYDER, 2007; HEENS et<br />
al., 2009). O cigarro pode aumentar as variações genéticas,<br />
como por exemplo, o polimorfismo da interleucina 1-b,<br />
desencadeando assim um efeito potencializador sobre a<br />
<strong>perio</strong>dontite, facilitando a colonização e persistência dos<br />
patógenos nas bolsas <strong>perio</strong>dontais. (LI et al., 2004).<br />
A possibilidade da microbiota em fumantes albergar<br />
<strong>perio</strong>dontopatógenos em maiores proporções foi estudada por<br />
Zambon et al., (1996) que demonstraram estreita correlação<br />
entre a ocorrência de Aggregatibacter actinomycetemcomitans,<br />
Tannerella forsythia e Porphyromonas gingivalis e o uso de<br />
tabaco. Eggert et al., (20<strong>01</strong>) observaram que em fumantes,<br />
mesmo as bolsas rasas (< 5mm de PS) representam um<br />
habitat favorável para espécies patogênicas ao <strong>perio</strong>donto.<br />
Contudo, outros estudos não confirmaram esses resultados<br />
(PREBER et al., 1992; STOLTENBERG et al., 1993; DARBY et<br />
al., 2000; BROSTÖN et al., 20<strong>01</strong>). A frequência do isolamento<br />
dos bastonetes anaeróbios produtores de pigmento negro,<br />
Fusbacterium nucleatum e bactérias produtoras de sulfeto de<br />
hidrogênio foram similares entre fumantes e não fumantes,<br />
sendo mais elevada nos pacientes com doença <strong>perio</strong>dontal.<br />
Já Aggregatibacter actinomycemtecomitans foi isolado mais<br />
frequentemente em fumantes <strong>perio</strong>dontalmente saudáveis<br />
do que em sadios não fumantes (GAETTI & ZANOLI, 1998).<br />
Embora o tabaco tenha um impacto negativo sobre a<br />
condição clínica <strong>perio</strong>dontal, sua relação com a microbiota<br />
subgengival permanece obscura (GOMES et al., 2006). Apesar<br />
de reconhecido fator de risco para a <strong>perio</strong>dontite, as alterações<br />
microbiológicas que acompanham seu uso ainda precisam ser<br />
esclarecidas. A questão em foco é se o principal responsável<br />
pelos efeitos maléficos do cigarro nos tecidos <strong>perio</strong>dontais<br />
seja originado por fatores microbiológicos ou pela resposta<br />
imunológica de defesa do hospedeiro. Assim, o objetivo deste<br />
estudo foi comparar a presença de <strong>perio</strong>dontopatógenos em<br />
indivíduos adultos tabagistas e não tabagistas e relacioná-las<br />
com a condição clínica <strong>perio</strong>dontal.<br />
METODOLOGIA<br />
População<br />
Inicialmente, para a condução de estudo piloto, foram<br />
obtidas amostras microbiológicas de dez adultos, cujos<br />
resultados foram estatisticamente analisados pelo teste Quiquadrado,<br />
que determinou como mínimo o número de 50<br />
indivíduos por grupo.<br />
Assim, a população do presente estudo foi composta por<br />
214 indivíduos adultos divididos de acordo com a condição<br />
<strong>perio</strong>dontal e o hábito de fumar: grupo <strong>perio</strong>dontalmente<br />
saudável [fumante (n=51) e não fumante (n=52)] e grupo<br />
com <strong>perio</strong>dontite [fumante (n=53) e não fumante (n=58)].<br />
Periodontite foi definida segundo os critérios de López et al.<br />
(2002), devendo o indivíduo apresentar no mínimo quatro<br />
sítios <strong>perio</strong>dontais com Profundidade à Sondagem (PS) ≥<br />
4mm e Níveo Clínico de Inserção (NCI) ≥ 3mm, distribuídos<br />
em dentes diferentes.<br />
Foram excluídos indivíduos submetidos a antibioticoterapia<br />
local e/ou sistêmica nos últimos seis meses e/ou tratamento<br />
<strong>perio</strong>dontal nos 12 meses que antecederam o início do<br />
estudo, assim como participantes com menos de dez dentes;<br />
pacientes diabéticos descompensados, imunossuprimidos,<br />
gestantes, portadores de alterações hormonais, usuários de<br />
aparelho ortodôntico e próteses fixas extensas.<br />
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética<br />
em Pesquisa da Universidade de Taubaté sob o protocolo n o<br />
0<strong>31</strong>7/07.<br />
Exame clínico <strong>perio</strong>dontal<br />
Os valores (PS) (mm), (NCI) (mm), Índice de Placa (IP) e<br />
Índice de Sangramento Gengival (ISG), dicotômicos de acordo<br />
com Ainamo & Bay (1975) foram mensurados com sonda<br />
<strong>perio</strong>dontal manual (Carolina do Norte PCPUNC15BR, Hu-<br />
Friedy ® ), por dois examinadores treinados e calibrados. Na<br />
calibração foi aplicado o método Erro Padrão da Medida (EPM)<br />
para as variáveis contínuas, PS e NCI, e o índice estatístico<br />
Kappa (K) para as variáveis categóricas, IP e ISG (Araujo et<br />
al., 2003).<br />
Análise microbiológica<br />
Foram realizadas coletas do dorso da língua com swab<br />
tamponado de algodão previamente umedecido com<br />
solução de Ringer. Para esta coleta, o swab foi rotacionado<br />
6X na área central da língua, obtendo-se uma única amostra<br />
extra-sulcular por adulto. Adicionalmente, foram coletadas<br />
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