Língua Portuguesa e Literaturas em Língua ... - Colégio Platão
Língua Portuguesa e Literaturas em Língua ... - Colégio Platão
Língua Portuguesa e Literaturas em Língua ... - Colégio Platão
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
PROVA 2 - LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS<br />
EM LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA ESTRANGEIRA<br />
12. Leia o po<strong>em</strong>a “Supr<strong>em</strong>o Desejo”, de Cruz e Sousa,<br />
e assinale o que for correto.<br />
Eternas, imortais origens vivas<br />
Da Luz, do Aroma, segredantes vozes<br />
Do mar e luares de cont<strong>em</strong>plativas,<br />
Vagas visões volúpicas, velozes...<br />
Aladas alegrias sugestivas<br />
De asa radiante e branca de albornozes,<br />
Tribos gloriosas, fúlgidas, altivas,<br />
De condores e de águias e albatrozes...<br />
Espiritualizai nos Astros louros,<br />
Do sol entre os clarões imorredouros<br />
Toda esta dor que na minh’alma clama...<br />
Quero vê-la subir, ficar cantando<br />
Na chama das Estrelas, dardejando<br />
Nas luminosas sensações da chama.<br />
(CRUZ e SOUSA, J. Poesias completas. Rio de Janeiro:<br />
Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997, p. 59)<br />
Glossário:<br />
Albornoz: manto ou casaco com capuz<br />
01) O apreço pelo vago e pelo impreciso,<br />
ex<strong>em</strong>plificado no verso “Aladas alegrias<br />
sugestivas”, comprova a busca, por parte<br />
dos poetas simbolistas, de uma arte que não<br />
expusesse diretamente a ideia, mas que a<br />
sugerisse.<br />
02) A busca de uma representação fluida, capaz<br />
de ilustrar o abstrato, é traduzida no po<strong>em</strong>a<br />
pela flexibilidade formal no tocante à métrica<br />
utilizada, que oscila de nove a doze sílabas<br />
poéticas nos catorze versos do soneto.<br />
04) O primeiro terceto do po<strong>em</strong>a ilustra uma das<br />
características marcantes do simbolismo, a<br />
saber: a concepção mística do mundo, com<br />
tendências esotéricas, <strong>em</strong> contraposição à<br />
base cientificista de escolas literárias como o<br />
Naturalismo.<br />
08) O uso acentuado de aliterações no verso<br />
“Vagas visões volúpicas, velozes...” é uma<br />
exceção na produção poética de Cruz e<br />
Sousa, uma vez que torna artificial o caráter<br />
melódico da linguag<strong>em</strong>, afastandose das<br />
propostas do Simbolismo.<br />
16) A utilização de sinestesias, conduta recorrente<br />
na escola simbolista, é ilustrada no po<strong>em</strong>a<br />
“Supr<strong>em</strong>o Desejo” por meio de expressões<br />
como “Astros louros” e “clarões imorredouros”,<br />
<strong>em</strong> consonância com o significado de<br />
“sinestesia”: representações sugestivas do<br />
espectro luminoso.<br />
RESPOSTA: 05 – Nível Fácil<br />
01) CORRETA<br />
02) INCORRETA – Os versos do soneto<br />
apresentado são na realidade decassílabos,<br />
característica aliás dos sonetos clássicos,<br />
forma apreciada pelos simbolistas.<br />
04) CORRETA<br />
08) INCORRETA – As aliterações são na verdade<br />
um recurso sonoro muito utilizado pelos<br />
poetas simbolistas e não uma exceção como<br />
a proposição sugere, e muito recorrente nas<br />
poesias de Cruz e Souza como, por ex<strong>em</strong>plo,<br />
nos versos de outra poesia muito conhecida<br />
deste mesmo autor:”Vozes veladas, veludosas<br />
vozes,/ Volúpias dos violões, vozes veladas,/<br />
Vagam nos velhos vórtices velozes/ Dos<br />
ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”<br />
16) INCORRETA – A sinestesia é uma figura<br />
de linguag<strong>em</strong> que valoriza a relação feita<br />
entre vários sentidos, quanto mais sentidos<br />
for<strong>em</strong> relacionados <strong>em</strong> uma única conjunção<br />
sensorial, mais valia ela terá, contrariando a<br />
proposição que relaciona a sinestesia apenas<br />
com a visão.<br />
13. Leia o fragmento do romance Irac<strong>em</strong>a, de José de<br />
Alencar, e assinale o que for correto sobre esse<br />
trecho, sobre o romance ao qual ele pertence, e<br />
sobre a obra do autor.<br />
– Vai, e torna com o vinho de Tupã.<br />
Quando Irac<strong>em</strong>a foi de volta, já o Pajé não estava<br />
na cabana; tirou a virg<strong>em</strong> do seio o vaso que ali trazia<br />
oculto sob a carioba de algodão entretecida de penas.<br />
Martim lho arrebatou das mãos, e libou as gotas do<br />
verde e amargo licor.<br />
Agora podia viver com Irac<strong>em</strong>a, e colher <strong>em</strong> seus<br />
lábios o beijo, que ali viçava entre sorrisos, como o fruto<br />
na corola da flor. Podia amá-la e sugar desse amor o mel<br />
e o perfume, s<strong>em</strong> deixar veneno no seio da virg<strong>em</strong>.<br />
O gozo era vida, pois o sentia mais forte e intenso;<br />
o mal era sonho e ilusão, que da virg<strong>em</strong> não possuía<br />
senão a imag<strong>em</strong>.<br />
Irac<strong>em</strong>a afastara-se opressa e suspirosa.<br />
Abriram-se os braços do guerreiro adormecido e<br />
seus lábios; o nome da virg<strong>em</strong> ressoou doc<strong>em</strong>ente.<br />
A juriti, que divaga pela floresta, ouve o terno arrulho<br />
do companheiro; bate as asas, e voa a aconchegar-se<br />
ao tépido ninho. Assim a virg<strong>em</strong> do sertão aninhou-se<br />
nos braços do guerreiro.<br />
(Alencar, José. Irac<strong>em</strong>a. São Paulo: Moderna, 1993, p. 50 e 51)<br />
Página 11