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geraldo sarno - Instituto Moreira Salles

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o próprio saber que se opõe a si mesmo e, portanto, que a si opôs uma nadidade<br />

(um nada, que é o objeto), algo que não tem nenhuma objetividade fora do saber;<br />

ou dito de outro modo, o saber sabe que, ao relacionar-se com o objeto, está apenas<br />

fora de si, que se exterioriza, que ele mesmo só aparece ante si como objeto ou que<br />

aquilo que se lhe aparece como objeto só é ele mesmo.”<br />

Estamos no campo do puro idealismo. Mas o objeto do documentário é a forma<br />

imprecisa e nem sempre facilmente apreensível que surge da maneira de ver, de<br />

saber o mundo em movimento no qual se está inserido e que nos perpassa, a forma<br />

na qual se manifesta o saber artístico, a Imagem. Parece-me que Marx concebeu<br />

estatuto distinto para arte. Na introdução de Para a critica da economia política,<br />

(Gundrisse), pode-se ler: “Para a consciência, pois, o movimento das categorias<br />

aparece como o ato de produção efetivo – que recebe infelizmente apenas um<br />

impulso do exterior – cujo resultado é o mundo, e isto é certo (aqui temos de novo<br />

uma tautologia) na medida em que a totalidade concreta, como totalidade de pensamentos,<br />

como um concreto de pensamentos, é de fato um produto do pensar, do<br />

conceber; não é de modo nenhum um produto do conceito que pensa separado e<br />

acima da intuição e da representação, e que se engendra a si mesmo, mas da elaboração<br />

da intuição e da representação em conceitos. O todo, tal como aparece no<br />

cérebro, como um todo de pensamentos, é um produto do cérebro pensante que<br />

se apropria do mundo do único modo que lhe é possível, modo que difere do modo<br />

artístico, religioso e prático-mental de se apropriar dele.”(Grifo meu).<br />

Portanto há um modo diferenciado da arte apreender o mundo. Porém não tenho<br />

certeza de que, em sua obra, haja momento em que se detenha sobre esta questão.<br />

04/06/2008: “Somos artistas porque consideramos conteúdo os que não-artistas chamam<br />

de forma. Por isso pertencemos a um mundo ao inverso: o conteúdo torna-se<br />

para nós alguma coisa de puramente formal, inclusive nossa vida.”<br />

Nietzsche, Gallimard, XIII, p. 213.<br />

15/04/2008: “ O oleiro deixa a marca de sua mão no vaso de argila”.<br />

Walter Benjamin.<br />

07/10/2008: “A ambigüidade é a manifestação imagética da dialética, a lei da dialética<br />

na imobilidade. Esta imobilidade é utopia e a imagem dialética, portanto,<br />

imagem onírica. Tal imagem é dada pela mercadoria, como fetiche. Tal imagem é<br />

representada pelas passagens, que são tanto casa quanto rua. Tal imagem é representada<br />

também pela prostituta, que é vendedora e mercadoria numa só pessoa.”<br />

Benjamin, Passagens, p. 48.<br />

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