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Memória da Dança em São Paulo ::
que para elas o mundo passa a ser outro quando entram na escola. O
balé é um mundo de escapismo, sim, mas proporciona esse momento de
beleza para essas meninas e suas famílias, que levam uma vida muito
difícil. Elas não vêm dos Jardins nem da Vila Madalena, mas da periferia
da cidade à procura de um momento de beleza em que possam mergulhar
num momento de fantasia. Creio que, depois da minha gestão, a escola
ficou mais disciplinada por conta do novo regimento, de um ambiente
mais agradável e de algumas pessoas que levaram para o trabalho uma
postura diferente.
:: APM
Foi possível também, na minha gestão, introduzir um novo tipo de
relacionamento com os pais. Eu ficava à disposição deles, no saguão de
entrada, disposto a ouvir o que eles tinham para falar. Isso era novidade.
Numa dessas reuniões da época do fechamento da escola, uma das
mães, Cecília, chegou para mim e disse que queria ajudar. Ela deu um
ordenamento jurídico para a associação de pais e mestres, com eleições,
etc. Hoje, os pais assistem mas não participam diretamente dos exames,
porém estão dentro da sala para tirar qualquer tipo de fantasia a respeito
da avaliação. Esse ordenamento da relação dos pais com a escola também
foi muito útil para o trabalho.
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:: O teatro hoje
Fiquei ligado ao teatro mais para o lado do teatro-educação. Eu e a
Joana Lopes desenvolvemos juntos um método de trabalho que uso até
hoje nas minhas aulas. Quando preencho uma ficha de hotel, escrevo
“profissão: professor”. Minha profissão é professor, apesar de tudo o que
já fiz. Trabalhei como ator no espetáculo A Viagem, produção da Ruth
Escobar. Nós, alunos da ECA, ajudávamos nas montagens da EAD. Trabalhei
com Celso Nunes, com José Renato; fiz vários trabalhos como coreógrafo e
como preparador corporal. Percebo que dá certo fazer esse tipo de trabalho
se existir sintonia entre mim e o diretor. Não dá muito certo tentar fazer,
com um elenco, um trabalho de integração de grupo, de percepção
corporal. O que eles querem é “dois pra lá, dois pra cá, gira, etc.” Eu já fiz,
não faria de novo. Os atores são todos muito individualistas, e o tempo
para uma montagem é muito curto. Já dirigi um espetáculo com Umberto