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Memória da Dança em São Paulo :: da peça. Tom Paine tinha treze atores e cinco músicos bem remunerados, e nós precisávamos ter na platéia duzentas pessoas por noite para amortizar o custo do espetáculo, mas a gente tinha 30, o que ajudou a afundar o grupo. Era realmente um investimento maluco, contando que seria um sucesso, pois havia um grande elenco: Othon Bastos e Miriam Muniz, com direção do Ademar Guerra. Foi uma iniciativa muito prestigiosa, mas a coisa desandou e perdemos realmente tudo. Simplesmente afundamos. Tivemos que vender um teatro equipado, com piano, com refletores, com arquibancadas, com um escritório muito bem transado por um preço de banana para salvar um pouco de dinheiro. Foi uma aventura. Entrei em depressão. Fazia tratamento porque dormia na rua, no ônibus. Depois disso, entrei em parafuso porque fazia tudo ao mesmo tempo. Já estava na EAD, estava trabalhando, fiz a coreografia de Numância, a primeira montagem dirigida pelo Zé Rubens nesse teatro, uma coreografia difícil. Eu estava em processo de sair da Prefeitura para ficar na EAD porque não dava pra conciliar. Minha vida era uma roda-viva. Depois dessa história, decidi que iria parar. 49 Depoimento dado às pesquisadoras da Equipe Técnica de Pesquisas de Artes Cênicas/Dança, Maria Cristina B. Lopes Coelho e Renata Ferreira Xavier, em 11/ março/2003, no Centro Cultural São Paulo. Colaborou Maria Cláudia Alves Guimarães
:: Depoimentos - IDART 30 Anos :: Antonio Carlos Cardoso O gaúcho Antonio Carlos Cardoso foi o responsável direto pela reestruturação do Corpo de Baile Municipal, mais tarde Balé da Cidade de São Paulo. Coreógrafo e bailarino, trabalhando na Bélgica, nos anos de 1970, foi indicado para assumir a direção do Corpo de Baile Municipal. Numa mudança radical, reestruturou a companhia e modificou seu repertório, surgindo daí uma companhia de dança contemporânea aberta a novas tendências e experimentando novas propostas. 50 :: Corpo de Baile Municipal (CBM)/ Balé da Cidade de São Paulo (BCSP) O Corpo de Baile Municipal veio a chamar-se Balé da Cidade de São Paulo por minha sugestão. A companhia, por várias razões, acabou dando “régua e compasso” à dança que até então era feita na cidade. Em 1974, quando fui chamado para reestruturar a companhia, o único grupo profissional existente era o Ballet Stagium. Período muito trabalhoso porque foi necessário “ensinar” à administração pública o que era ter uma companhia profissional no seu quadro. Período muito trabalhoso, desde a construção de barras móveis, piso adequado, o uso do linóleo no palco e na sala de ensaios, espelhos adequados, como contratar artistas, etc. A administração não entendia a contratação de projetista de iluminação já que o Teatro Municipal tinha eletricistas de palco no seu quadro funcional. Foi como ensinar o beabá. Tudo começou em 1974, quando eu trabalhava na Bélgica, contratado como bailarino e também iniciava a criação de coreografias para a companhia, a exemplo do Victor Navarro no então Ballet Real de Flandres, na cidade belga de Antuérpia. José Luiz Paes Nunes, então diretor do Movimento Mário de Andrade, departamento vinculado à Secretaria Municipal de Cultura, convidou Marilena Ansaldi para assumir a direção do Corpo de Baile Municipal com a missão de reestruturá-lo e renová-lo. Marilena declinou do convite e indicou meu nome, pois achava ser eu a pessoa ideal para tal cargo. Quando cheguei, houve a mudança do secretário de cultura, a desativação do Movimento Mário de Andrade e a conseqüente saída do José Luiz Paes Nunes.
Page 2 and 3: Memória da Dança em São Paulo ::

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