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Memória da Dança em São <strong>Paulo</strong> ::<br />

precisa ser levado adiante. É tão importante que, evolutivamente, já produziu<br />

várias estratégias. Um exemplo é aquele papo depois do espetáculo, em<br />

que se convida um especialista <strong>para</strong> mediar uma discussão. É a abertura<br />

de um outro tipo de espaço, <strong>para</strong> um outro tipo de público, justamente<br />

um exercício de pensamento crítico. Sem o exercício crítico, demoraremos<br />

muito <strong>para</strong> chegar aonde precisamos, que é sempre lá na frente.<br />

:: Dança e público (platéia)<br />

Vamos falar mais especificamente porque a dança contemporânea não<br />

tem público. Esquecemos que a outra dança, que não a contemporânea,<br />

também é elitista, mas por razões diferentes porque filtra seus assistentes<br />

pelo preço do ingresso. A estratégia é a seguinte: se você aceita a questão da<br />

dança contemporânea não ter público, ser elitista, e começa a explicar, você<br />

já compactuou com o inimigo. Você não pode aceitar a acusação de que a<br />

dança foi ou é elitista porque a questão deve ser colocada de outra maneira.<br />

Se partirmos do entendimento de que a dança nasceu elitista porque ela<br />

nasceu no palácio, e entendemos que seu destino era ser da nobreza e, com<br />

a substituição da nobreza, ser da burguesia, isso significa que sempre existiu<br />

um filtro social <strong>para</strong> a dança quem ia ao palácio ou quem era da burguesia.<br />

Ao lado dessa dança, aquela que se tornou moderna e contemporânea não se<br />

relacionou com o palácio. Acho que apontar o problema dessa maneira não<br />

é legal.<br />

Se prestarmos atenção na dança moderna e na contemporânea, veremos<br />

que a dança moderna nasce como toda a arte moderna: com o discurso de<br />

que quer ser uma arte do seu tempo e não mais uma arte como a dança<br />

tinha sido até então. É uma discussão do tempo da história, do que é a<br />

sua época. Ela não quer falar mais de príncipe, das fantasias dos livros<br />

de lendas. Ela quer falar das questões da sociedade na qual ela acontece<br />

naquele momento. Essa proposta dos artistas da modernidade, de falar<br />

dessas questões, curiosamente, não carregou a platéia. O que interessa na<br />

arte é o “como”, nunca é o “o que”. Não é o assunto, é a maneira como o<br />

assunto é tratado. O assunto, você pode tratar de um jeito a, b, c ou d, ele<br />

serve a várias maneiras de tratamento. Você pode olhar <strong>para</strong> um quadro e<br />

não ter condição de leitura porque você não consegue entender a pergunta<br />

que ele está fazendo, e alguém lhe contar que o quadro está ali por conta<br />

do tipo de disposição de materiais, do tipo de organização espacial, do tipo<br />

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