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Memória da Dança em São <strong>Paulo</strong> ::<br />

Mas a Yanka trabalhava todas as qualidades do movimento proposto<br />

pelo Laban, só que ela não explicava isso; ela mostrava com exemplos<br />

práticos. Ela trabalhava o espaço de maneira fantástica. Estudei durante<br />

dez anos com a Yanka, com muitas interrupções. Era apaixonada, adorava<br />

suas aulas. Ela era bailarina, criadora e coreógrafa. Era um prazer ver essa<br />

mulher dançar na nossa frente e a gente tentar imitar (muito mal) o que ela<br />

fazia porque ela era uma excelente bailarina e uma excelente coreógrafa,<br />

uma pessoa que dava exemplo com a própria maneira de organizar as<br />

coreografias, de mostrar os movimentos que ela queria que a gente<br />

fizesse. Não que ela tirasse a nossa liberdade: ela nos deixava improvisar e<br />

incentivava isso. As aulas dela eram aulas dançadas. As pessoas adoravam<br />

assistir às aulas da Yanka porque era um grande prazer.<br />

Fiz também balé clássico, em 1958, com o Veltchek, fundador da Escola<br />

Municipal de Bailados. Nessa época, ninguém me recusava mais porque<br />

já tinha dançado até profissionalmente com a Aída Slon. Contudo, nunca<br />

poderia ser uma bailarina clássica. Imagine nessa altura... Quando comecei<br />

a estudar com ele, em 1958, já tinha 28 anos, jamais me aceitariam. Fazia<br />

aulas com as meninas porque eu não tinha condição de fazer com adultos,<br />

era principiante em clássico.<br />

39<br />

:: Maria Duschenes<br />

A história começa com a ida da Yanka <strong>para</strong> Salvador. Nós, que<br />

estudávamos com ela, sentimo-nos perdidas; não sabíamos com quem<br />

estudar porque havia somente balé clássico. Uma das alunas da Pró-<br />

Arte, chamada Ruth Mehler, nos levou <strong>para</strong> a escola de Maria Duschenes.<br />

Descobrimos que era uma pessoa maravilhosa, supermoderna e que já<br />

tinha visto alguma coisa da Yanka porque as alunas que foram da Yanka<br />

ela tratava como “as bailarinas”, não como “as alunas”. Estudei com a<br />

Maria durante oito anos. Fiquei em Belém de 1963 a 1965, mas sempre<br />

que vinha a São <strong>Paulo</strong> participava de curso ou de espetáculo da Maria<br />

Duschenes. Fiz parte da primeira geração de bailarinos que ela formou.<br />

Quem fez aula com ela se modificou; ela transformava as pessoas. Até a<br />

simples convivência com essa criatura é transformadora porque era uma<br />

pessoa muito especial, generosíssima, de uma sensibilidade incrível.<br />

Ela tratava os alunos com muito carinho. Quando alguém tinha uma<br />

dificuldade qualquer, ela não insistia, procurava outros caminhos, sem

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